Escrito por Gilvan Rocha
É corrente o repúdio aos políticos de carreira. Eles funcionam como saco de pancada da sociedade para satisfação do capitalismo. Ao invés de acusar-se o sistema pelas mazelas sociais, o povo letrado e iletrado ocupa-se em acusar o político de carreira como causador de nossas agruras, deixando de lado a sua verdadeira causa. Ora, o político de carreira é uma peça na imensa máquina de dominação burguesa. Tanto serve para gerenciar os negócios como também para desviar as atenções do que realmente provoca os desacertos sociais. Mas não são eles a causa, como não seriam a via pela qual teríamos nossos problemas sociais resolvidos. A solução depende exclusivamente do povo consciente e organizado, isto é, do político eleitor.
Como anda, porém, esse político eleitor? Como ele tem se comportado diante de nossas mazelas sociais?
Ninguém vive sem um discurso político, desde o gari ao erudito senhor, todos têm na ponta da língua um discurso pronto. É incrível a semelhança de conteúdo entre o discurso dos iletrados e dos letrados. Alguns pretendem um discurso elaborado falando que somos filhos de negros, brancos degradados e índios. Outros proclamam que falta vergonha na cara. E assim se sucedem os discursos que povoam a cabeça do político eleitor, esse que haveria de nos salvar da tragédia total para a qual nos arrasta o capitalismo.
O político eleitor tem sido desinformado ou mal informado. Quem deveria bem informá-lo seriam os partidos de esquerda, mas eles, por sua maioria, têm preferido se lambuzar no doce mel do sistema corrompido e corruptor. Assim é que o político eleitor, sem clareza, elege Paulo Maluf como deputado mais votado do Brasil. Elege Fernando Collor senador da República e tantos outros notáveis larápios.
É bem verdade que o simples voto não levaria à necessária transformação social, mas o voto despolitizado, desinformado, retrata o nível desse político tão essencial para a nossa história, o político eleitor, que por enquanto tem se mostrado o pior dos políticos, pois, omisso, quando não irresponsável.
Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP
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