A tragédia que aconteceu com o presidente da Câmara de Rio Branco, Jessé Santiago (PSB), deverá se refletir nas disputas para as vagas de deputado federal. Jessé vinha num ritmo de campanha muito forte. Mesmo nas pesquisas internas de candidatos federais concorrentes, o nome do vereador aparecia entre os cinco com mais intenções de votos. A questão será saber para qual candidatura migrarão esses votos. Mesmo porque a disputa para uma das oito cadeiras acreanas à Câmara Federal é quase majoritária.
O secretário de comunicação do PSB, Natal Chaves, explicou, ontem, que por enquanto a executiva do partido ainda não pensou na possibilidade de uma substituição da candidatura. Isso é permitido pelo TRE, no entanto, seria muito difícil para o PSB encontrar outro candidato com as mesmas características de Jessé. O vereador tinha o apoio de uma parcela significativa da comunidade evangélica. Além disso, com duas legislaturas como vereador também angariava a simpatia de outros setores da sociedade.
Jessé Santiago foi o vereador da Capital mais votado na eleição de 2008, com cerca de quatro mil votos. Uma votação que serviria para elegê-lo até mesmo para deputado estadual. O candidato falecido também vinha se preparando para o pleito atual desde que assumiu a presidência da Câmara de Rio Branco. Uma troca simples de nomes dentro do PSB demoraria para ser assimilada pelos eleitores. Mesmo se levando em conta que o partido tem 36 concorrentes a deputado estadual que poderiam ajudar alavancar a nova candidatura.
Aliás, essa é outra questão relevante. Se não surgir uma nova candidatura socialista a federal, com quem esses postulantes à Aleac marcharão na eleição? Acredita-se que deverá haver uma distribuição de apoios para outros concorrentes a deputado federal dentro da Frente Popular. “O partido não estava preparado para uma fatalidade dessas. Vamos ter que conversar internamente com todos os nossos candidatos a estadual e também com a própria FPA para tomarmos uma decisão”, disse Natal.
Eleitorado evangélico
Particularmente não acredito que haja uma hegemonia em todo eleitor de orientação religiosa evangélica. Uma coisa é uma pessoa professar uma religião e outra é seguir como cordeiro uma determinação política. No entanto, com a morte de Jessé Santiago seguem postulando a vaga de deputado federal duas candidaturas com raízes evangélicas. Na minha opinião, dentro dessa tendência, Henrique Afonso (PV) poderá angariar parte significativa do eleitorado de Jessé. Antônia Lúcia (PSC), faz parte de um segmento evangélico diferente do vereador falecido. Não acredito que possa conquistar esses eleitores.
Mas considero que outros candidatos a federal como Gladson Cameli (PP), Fernando Melo (PT), Taumaturgo Lima (PT), Márcio Bittar (PSDB) e Flaviano Melo (PMDB) também possam herdar quantidades dos votos que iriam para Jessé. Na realidade, as pesquisas mostram que uma porcentagem ainda pequena de eleitores acreanos já definiram seus votos para deputado federal. O pleito está aberto e serão as atividades de campanha, os comícios e a propaganda eleitoral gratuita de rádio e TV que definirão o fluxo dos sufrágios.
A questão da presidência da Câmara Municipal
A eleição para definir o novo presidente da Câmara Municipal de Rio Branco estava definida para daqui a quatro meses. Neste período, quem assumirá um mandato tampão será o vereador Elias Campos (PRP), atual vice-presidente. Mas o secretário municipal, Márcio Batista (PCdoB), que faz a articulação política da prefeitura com o legislativo, já avisou: “aqueles ve-readores que se arvorarem precipitadamente ao cargo estarão, na realidade, se inviabilizando.
A bancada de sustentação do prefeito tem 10 vereadores. A decisão sobre quem deverá ser o novo presidente da Câmara passará por uma discussão interna na FPA. Inclusive, deverá ter a participação e a anuência dos cardeais do nosso grupo político”, afirmou.
Márcio faz questão de ressaltar que a perda para a base do prefeito é enorme. “Nós atuamos juntos durante a legislatura anterior quando eu também era vereador. Com a minha nova função nos aproximamos ainda mais. O Jessé exercia a presidência da Câmara com amplo diálogo, inclusive, com a oposição. Vai ser difícil encontrar alguém com a serenidade e o bom humor do Jessé”, argumentou.
A suplência do vereador
A cadeira de Jessé Santiago na Câmara Municipal será do professor Roger (PSB), que é o primeiro suplente do partido. Segundo Natal Chaves, Roger foi o terceiro mais votado do PSB nas eleições de 2008. “Ele foi professor de diversos cursinhos de pré-vestibular na Capital e da Uninorte. É advogado e tem grande identificação com a área de educação.
O Roger também é atualmente candidato a deputado estadual. A direção do PSB deverá se reunir, em breve, com o Roger, mas a atuação parlamentar dele não deverá ser um problema para a base de sustentação do prefeito Raimundo Angelim (PT)”, revelou Natal.
Outro fato interessante que Natal comentou: “o Roger estava muito abalado com a morte do Jessé. Ele não queria ir para o velório e o enterro para não parecer oportunista. Na realidade, ele estava muito chocado com os acontecimentos. Ele me disse que não estava preparado para assumir a cadeira de vereador nessas condições.
Mas conversamos bastante e o Roger acabou participando das homenagens ao Jessé e tenho certeza que o novo vereador poderá dar uma contribuição importante na Câmara, já que é uma pessoa bastante qualificada”, avaliou.
NELSON LIANO JR. - A Gazeta
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