DESCASO

O que era para ser um projeto pioneiro quando de sua implantação, o aterro controlado que recebe todo o lixo doméstico de Xapuri se transformou em um verdadeiro lixão à céu aberto. Revoo de urubus, moscas, cheiro desagradável, trânsito de animais domésticos entre as montanhas de resíduos são cenas comuns a serem vistas a quem visita o local.

Localizado na Estrada do Café a aproximadamente 4 km da cidade de Xapuri o Lixão (aterro controlado), é uma fonte de contaminação e desrespeito ás normas técnicas que disciplinam através de legislação própria a destinação final de resíduos sólidos. Na concepção do projeto foram projetadas uma série de estruturas que nunca foram respeitadas ou implementadas, desde o inicio da execução do projeto na gestão do ex-prefeito Júlio Barbosa, só não foi esquecido na gestão de Vanderley Viana porque era usado muitas vezes como objeto de denúncia por vereados da bancada de oposição nos órgãos ambientais, Policia Federal entre outros e por fim na atual Administração o descaso aumentou e infelizmente está faltando pressão de organismos ambientais e de representantes da comunidade para a resolução do problema.

O Projeto inicial previa que todo os resíduos sólidos com exceção daqueles de origem vegetal/orgânicos deveriam serem dispostos em células abertas, sendo que a cada postagem de material deveria receber uma camada de terra para que não possibilitasse possível contato de animais ou ainda que a o vento viesse a transportar materiais que poderiam ser consumidos por animais das imediações, para tanto previa a aquisição de um trator modelo retro-escavadeira com lâmina frontal para abertura das células e remoção de material... nunca foi adquirida porque as administrações não cumpriram com as etapas previstas de implantação, sendo que o trabalho de abertura e remoção dos resíduos sólidos quando realizados sempre foram ou por máquinas alugadas, ou ainda quando uma vez no ano desloca-se uma da frota municipal.

Constava também no projeto inicial a execução de atividades de controle e de estudos do impacto da área com a implantação do projeto, sendo que para tanto foi adquirida a preço exorbitante uma super balança destinada ao estudo da quantidade de resíduos que o aterro receberia diariamente, bem como para análises futuras de suporte de capacidade.. tal instrumento nunca foi colocado para funcionar... em 2006 através de ação movida pelo MPF e Policia Federal a Prefeitura foi obrigada a realizar a sua instalação já que até aquela data nem isso havia sido realizado, porém os equipamentos eletrônicos jamais foram instalados, se é que ainda existem.

Outra ação que nunca foi devidamente cumprida foi o acompanhamento do grau de poluição gerada na corrente de água nas proximidades bem como do lençol freático da área. Somente esses pontos já seriam necessários para classificar o projeto do aterro controlado de Xapuri como um produto falho, uma síndrome da incapacidade de várias administrações em manter de forma correta a destinação final dos resíduos sólidos do município.

O Xapurinews já denunciou a falta de respeito às leis ambientais e os diversos problemas acarretados pela situação que vem se arrastando ao longo de vários anos e desta vez através do convite de alguns alunos que foram até o local para a realização de trabalhos escolares, percorremos em uma caminhada da cidade até o local constando e registrando algumas irregularidades.

A própria estrada que dá acesso ao local tornou-se em pré-depósito de lixo, já que em vários pontos à sua margem foram depositados lixo proveniente de construções civis, restos de madeiras, concretos, embalagens de cimento e o pior muitos pregos que são verdadeiras armadilhas para transeuntes. Além da questão do desrespeito à questão ambiental, é valido questionar sobre a origem desse material já que segundo a legislação municipal toda obra na área urbana deverá possuir alvará de licenciamento de realização o que nesse caso implicaria o acompanhamento da obra pelo poder publico municipal, e se algo dessa natureza está ocorrendo, sugestiona ou ao não acompanhamento por parte da Prefeitura ou a existência de várias obras irregulares ou em caso pior a conivência de autoridades com tal atitude.

Ao longo da via, sacolas plásticas, embalagens e todo tipo de material caem dos veículos que transportam os resíduos sólidos causando não somente poluição como tabém grande preocupação aos proprietários de gado daquela área já que se os animais ingerirem tais produtos, poderão morrer com intoxicação.

Durante o percurso é comum avistar dezenas de urubus nas proximidades, pousados nas estacas das cercas, nas árvores e em voos circulares à região. Logo na chegada a placa de advertência alerta para a proibição da entrada de pessoas naquele local, porém em nenhum dos dois acessos ao local existe nenhum instrumento, como porteira ou colchete que possibilite a exequibilidade do alerta. O mais interessante é que na placa consta o logotipo do Ministério do Meio Ambiente, financiador do projeto, que em tese está chancelando a situação grotesca que deveria fiscalizar.

Ao adentrar no lixão propriamente dito o visitante é de imediato surpreendido por um revoo de centenas de urubus que se fartam nas muitas pilhas de lixo e no manto de resíduo fartamente jogados diariamente sem nenhum tipo de observação ou controle. Com exceção do lixo hospitalar que em termos está sendo acondicionado de maneira adequada, todo o restante do que se é coletado pelos caminhões de lixo na área urbana são lançados de forma mais inadequada possível, tornando o local uma possível fonte de contaminação e risco à saúde publica. É possível constatar em poucos minutos no local que vários animais domésticos transitam entre o lixo e de que materiais mais leves são transportados pelo vento para os pastos nas imediações.

Tentei localizar os poços de verificação da potabilidade do lençol freático da área, como minhas tentativas não lograram êxito devido a altura do capim da área, passo a suspeitar que ultimamente o monitoramento deste também não está sendo realizado.

Para um município que ousa em se auto intitular como um dos berços da luta ecológica na Amazônia, o lixão é uma péssima propaganda e constatação de que muito mais do que discurso, necessitamos de ações rápidas e devidamente comprometidas com a realidade local.

Falta de Respeito

Entre montanhas de lixo pude verificar que nem mesmo as autarquias do Poder Executivo fazem o dever de casa, ou pelo menos não se preocupam com informações pessoais da população, já que jogam documentos com informações em que constam nome completo, filiação, endereço, RG, CPF de esportistas locais no lixo sem destruí-lo ou inutiliza-los.

É um procedimento normal aos órgãos públicos se desfazerem de documentos que juridicamente perdem o valor para aquela após alguns anos em seus arquivos, porém é recomendado que ou sejam destruídos através de fragmentação, fogo ou inutilizados de forma a impossibilitar o acesso de terceiros às informações ali contidas por mais insignificantes que estas possam ser.

A Fundação Municipal de Cultura e Desporto, simplesmente se desfez de fichas de inscrição de atletas xapurienses com dados pessoais em pastas e documentos totalmente conservados, podendo ocasionar prejuízos aos que naqueles documentos constam suas informações, já que de posse de informações como aquela qualquer pessoa de índole duvidosa pode causar danos financeiros e quiçá danos de ordem criminal.

Dizem que o seguro morreu de velho e que o prevenido ainda esta vivo

Para não dizer que não falei de flores

Na minha despedida daquele local pude registrar a bela flor de algodoeiro, provando que sempre há uma esperança por pior que sejam as expectativas, já que mesmo em um local tão insalubre, esquecido pelo poder público a natureza insiste em mostrar a sua generosidade e beleza de forma gratuita.

Vídeo da denúcia