Escrito por Raymundo Araujo Filho
O ministro Mangabeira Unger, na presença de altos comandantes militares, anunciou: "No dia 7 de setembro, apresentaremos um conjunto de medidas, projetos e propostas para a defesa, a proteção e o desenvolvimento da Amazônia". A satisfação foi enorme, civis e militares se congratularam, se festejaram, se consideraram vitoriosos, sem procurar saber se uns estavam de ternos e outros de uniformes.
O próprio repórter Carlos Newton, ouvindo gente de todos os lados, recolheu a informação e a convicção: "O presidente da República dará carta branca aos militares para que projetem e desenvolvam a Amazônia. Mesmo os ministros civis, envolvidos e responsáveis pelo desenvolvimento da Amazônia, trabalharão com os militares" (Coluna ‘Em primeira mão’, Hélio Fernandes, TI 07-08-2008).
Esta notícia divulgada pelo jornalista Hélio Fernandes, sem nenhum desmentido ou repercussão posterior, para mim é indicativo de que vem caldo grosso por aí. Só ingênuos ou mal intencionados podem pensar que o ministro futurólogo Mangabeira Unger está no governo Lula apenas para figuração.
Não! Tenho a convicção que ele foi chamado como estratégia para solapar de vez a figura da ex-ministra Marina Silva, já completamente derrotada e exaurida, mas fazendo "jogo duro" para deixar o cargo, causando problemas ao presidente Lula, mais por sua (dela) figuração do que por qualquer ação ambiental decente.
A doação do tal Plano Amazônia para este histriônico, falso e reacionário ministro harvardiano M. Unger, que tem Caetano Veloso como discípulo e admirador (vejam só!), foi o golpe fatal que fez a então ministra dar muxoxos, fazer bico e quase perder a linha. Mas, petista-dependente como é, apenas saiu fora. Vai piar só no Senado federal. E pouco. Senão, não terá legenda em 2010 para concorrer ao governo do Acre.
Ninguém duvide que os militares tenham um forte esquema palaciano, representados principalmente pelo ministro da Defesa (só se for dos interesses estrangeiros) Nelson Jobim como braço político e o M. Unger como braço executivo da entrega da Amazônia.
Os risos e afagos nesta reunião descrita acima apenas significam uma coisa: as Forças Armadas estão apaziguadas pelo presidente Lula, na promessa de que terão tudo o que querem em termos de recursos para "defender" o país.
Para isso, fazem cortina de fumaça com falso discurso nacionalista que infelizmente engana alguns nacionalistas ingênuos e outros histriônicos, mas que apenas serve de fachada para a militarização da vida brasileira, CONTRA as reivindicações populares. E que têm como primeiro alvo a Amazônia.
Além das armas, recursos e promoções, o que mais ganharão os militares, liderados a esta altura por viúvas de pijama e camisolas, saudosas da ditadura militar?
Ganharão a permissão de se infiltrar, monitorar e reprimir os movimentos sociais e indígenas em luta contra a devastação e ocupação irracional da Amazônia. Estarão gritando contra as ONGs, mas prendendo ou atirando em brasileiros pobres.
Estarão em breve sendo autorizados, os militares, a fazer a "segurança" das hidrelétricas, que irão gerar energia para mover as siderúrgicas para a peletização dos minérios, para exportação primária para o primeiro mundo. Inundarão e desalojarão culturas para servir aos poderosos.
Também irão poder se associar subalternamente às 19 bases militares dos EUA no entorno da Amazônia para dar prosseguimento ao Plano Colômbia, agora finalmente internacionalizado pelo Brasil. Com fortes reflexos nas relações do Brasil com a Venezuela, Bolívia, Equador e Paraguai.
O Exército Brasileiro prepara-se para servir de Capitão de Mato dos interesses estrangeiros, a perseguir guerrilheiros (ou qualquer coisa que se assemelhe ou que eles pensem que são) e membros dos movimentos sociais que se organizam contra o imperialismo e contra a entrega do país.
Reativarão o discurso de "vigilantes das fronteiras" para vigiar os pobres e suas revoltas. Não foram à toa os ensaios desastrados no Haiti e no Rio, onde se tenta tornar palatável a presença de militares na segurança interna do país. Em pouco tempo, veremos gorilas bradando seus galardões e exigindo respeito com as "otoridades".
A corrupção hoje existente e silenciada pela imprensa, que dizem acontecer nas Forças Armadas, aumentará muito. E rápido. Se hoje as Intendências de Materiais de Consumo e Bélico não resistem a uma auditoria profissional, daqui a pouco não resistirão à sapiência de uma criança de 5 anos.
E a desastrada atuação megalosolitária e exibicionista do ministro televisivo Didi Mocó Tarso Genro, fazendo festim de coisa séria, como é a Anistia e Crimes da Ditadura, apenas aumentou a pressa e reafirmou o compromisso de Lula (ou exigência dos militares?) com este dote macabro, prometido para o dia 7 de Setembro de 2008.
Quem viver verá!
P.S.: Nada tenho, "a priori", contra o Exército (a não ser a sua história repleta de oficiais aristocratas e carniceiros). Respeito muito os oficiais do Exército Venezuelano, estes sim irmanados com seu povo.
Raymundo Araujo Filho é médico veterinário homeopata e, apesar de tudo, espera estar vivo no próximo dia 7 de Setembro.
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