Hoje, resolvi abrir meu arquivo de memórias dos presentes e afagos recebidos dos amigos, tudo isso por que fui presenteado pelo colega Carlos por coleção de Cds de musicas dos anos60 aos 90,pela passagem do dia do Mestre. Gostei tanto da idéia que acabei ouvindo um dos Cds várias vezes.
Junto com a coletânea, o sacana colocou um bilhete bem descontraído que li e guardei em uma caixa que carinhosamente chamo de Baú da Saudade . Porém, ao abrir o tal baú comecei a ler outros bilhetes e cartas já amarelados pelo tempo. Fui-me entretendo e me deixei levar por aquelas doces lembranças. O saudosismo tomou conta de mim e fiquei umas três horas com o meu ‘mofo’.
Mofo, é assim que minha mãe chama os assuntos que remetem ao passado. Aliás, quem não tem seus mofos? A verdade é que reler aqueles bilhetes e cartas fez-me um bem danado!
Talvez minha mãe esteja certa de chamar meu baú da saudade de mofo, mas gosto de me embrenhar no meu passado e lá, às vezes, acho as soluções para umas coisas do presente. Essa releitura trouxe-me algumas certezas: sou muito querido por umas poucas pessoas; gosto muito de algumas pessoas que sequer sabem que estão no meu baú, mas saberão agora; nos últimos quatro anos não tenho recebido cartões de natal nem bilhetes.
Acredito que a internet e o telefone celular mudaram o jeito romântico que tínhamos de escrever um recado quando não encontrávamos alguém em casa ou no trabalho. Agora ficou fácil... e anti-romântico. Se a pessoa não está, a gente envia um correio eletrônico ou liga no celular dela, e pronto, o recado está dado. Acredito que a internet e o celular afastaram os colegas de me escreverem cartas e cartões de felicitações ou das paqueras . Aí surge a pergunta, já que não se escrevem mais cartas e bilhetes, como será o baú dos nossos netos? Talvez seja um ‘blog’ na internet com a desvantagem que muita gente saberá o conteúdo do ‘blogaú’. O baú convencional tem a magia de que somente o dono sabe o que tem lá dentro e lembra-se do momento e das situações em que cada bilhete foi escrito.
O que chamo de Baú da Saudade na verdade é uma Caixinha de madeira,que guardo carinhosamente sob meu quarda-roupas, que segundo minha mãe pertencia a meu Pai. Pela primeira vez com a minha mente fertil percebi que o forro interno da tampa é revestido com cinco faixas nas cores rosa, azul, amarelo, laranja e verde. Agora me dei conta que são as mesmas cores da bandeira do movimento GLS – Gays, Lésbicas e Simpatizantes.
Bem,mas no meu Baú da Saudade pude encontrar:
23/12/1994 – cartão de natal da migo Sabrina;
06/05/1992 - cartinha que mefoi entreque por em homenagem a a uma paixão proibida: “Iludidos... nós dois, seguimos lado a lado com passos firmes e seguros. E assim, caminhas ao meu lado como um desconhecido qualquer. Quem há de imaginar o que aconteceu entre nós? Eu, na hipocrisia da ilusão com que iludo a vida. E, tu na esperança de outras vezes se envolver em meus braços e sermos felizes momentaneamente. Pessoa alguma, jamais pensa ou advinha. Eu não direi e também tu não demonstras que um dia eu fui teu e tu fostes meu. São inúmeras as noites, que penso até quando continuaremos infelizes, alimentando essa hipócrita ilusão”;
1992 – fotografia dos amigos do Divina Providência na semana da Pátria;
1994 – Cartas dos colegas de aula, quando estiveinternadopor esgotamentofísico;
18/08/1989 – marcador de livro presenteado pela Professora Fátima Sarkis: “Joscíres, obrigado pela amizade”;
12/04/200 – Carta da ex-namorada Cassiane de Capixaba, boaslembranças
1990 – slides com fotos dosMoradores da Antiga União Baiana -Primeira Organização de agricultores de Xapuri;
12/01/2003 – carta do erterno Amigo Caleb...”
28/06/2005 – bilhete com assinatura não identificada: “Obs.: I- não estude demais; II- Cuide para não ficar gripado”;
27/12/2002 – cartão natalino do saudoso amigo Tadeu: “...que o tempo não apague nossas lembranças e nossa amizade”;
23/12/1996 – cartão natalino da amiga Nilde: “Mude apenas para o melhor de você”;
Data provável 1998 - bilhete de uma aluna. Nunca rolou nada entre nós e não o rasguei como forma de me defender de algum possível assédio moral: “Estou afim de você, no começo te achava um pouco chato mas agora dá para lhe aturar... Caso a resposta seja sim, não rasgue este bilhete e não mostre para ninguém”.
15/10/2000 – um Poema do 2. ano de formação:
Joscires!!! Potinho de mel, que tem nos olhos pedacinhos de céu.
Rios de ternura, coração, ás vezes espalhando SEENTES de emoção.
Viva a alegria contida, pro mundo sentir seu gosto, que gostar tem gosto de ...vida!
Data provável 15 de outubro de 1992/1999 – carta da aluna Juranice em homenagem ao Dia do Professor: “professor, olhe bem para este mundo quanta coisa o homem fez... fez o ferro, o aço, as pirâmides do Egito, castelos, templos majestosos, na medicina fez transplantes... Feliz dia do Professor”;
14/02/1999 - Uma carta da sempre amiga Neide, onde ela me chama de “querido dádiva de Deus”;
30/08/1998 – uma folha de caderno dos meus alunos escrita em letras pretas bem grandes: “Fã clube Rios de amor!!!”
Sem data – bilhete de uma aluna anônima: “Se jogares fora este cartão, me ama; se rasgares me adora; se deres alguém me deseja; se rabiscares gosta de mim; se guardares por mim choras; se devolveres quer um beijo meu; se queimares quer namorar comigo; se quiseres namorar comigo, dobre-o”;
Sem data – uma carta de 2,80 metros da aluna Vera, com as palavras Viver, Felicidade, Amor, Sorriso e Esperança;
Sem data – bilhete não assinado de uma aluna engraçadinha: “Jocire, você com esse corpo tão musculoso e essas pernas de saracura... te amo demais”.
e Fotos e muitas fotos....
Pude perceber também que na verdade sou produto de cada pessoa do meu baú. Cada uma individualmente tem uma importância inimaginável para construção do meu ser.
Quando voltei do passeio pelos meus mofos, vi que minha casa e minha vida estão repletas de anti-mofos. Os meus baús estão cheios de boas lembranças e de pessoas importantíssimas.
Obrigado meus amigos!!!!
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