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O Brasil é um país “sui generis” em matéria de política. E, quando eu digo isso, não me refiro à deslavada falta de vergonha na cara e a ânsia com que nossa classe política vai ao pote de bondades ou se farta nas tetas da República.
Somos uma das poucas (ou a única) nação do mundo que não têm partidos “de direita”. Sim, porque mesmo que a petralhada insista em dizer que todo não filiado ao PT seja “de direita”; na realidade as coisas são bem diferentes.
Se você perguntar a qualquer integrante de qualquer partido – ou mesmo consultar os seus manifestos de fundação – perceberá que ninguém é conservador ou assume uma posição “de direita”. São todos “progressistas” e “socialistas”. Isso porque, aqui no Brasil, “de direita” virou sinônimo de mal e de algo “contra o povo”. Assim, somos uma nação de esquerdistas.
Mas, se analisarmos de perto a situação; perceberemos que nem o “dono e proprietário” da alcunha “de esquerda” é um partido “de esquerda”. Afinal de contas, como ser “de esquerda” compactuando e fazendo todo tipo de alianças com a mais fina flor do ranço autoritário e filhotes da ditadura como faz o PT? Alguém aí, em sã consciência, vai dizer que José Sarney, Fernando Collor, Renan Calheiros, Milton Temer e tantos outros que são amados e idolatrados por Lula são “esquerdistas” e elementos “progressistas” com “forte visão humanística”? Certamente, num último estertor para tentar tornar palatáveis essas alianças espúrias, você dirá que tudo isso é em nome da governabilidade. Sim; “eu acredito”.
A “indigência programática” aqui é tão explícita que os próprios partidos tradicionalmente “de esquerda radical” não conseguem se entender. Todos querem “o bem do povo”, “um país forte” e expulsar o “imperialismo estadunidense”. Mas, ao invés de unirem-se e lutarem pelo que acreditam; ficam se debatendo e se dividindo ao menor sinal de contrariedade aos interesses pessoais dos líderes ou de seus integrantes.
Foi assim nas eleições que Lula perdeu, o PT ao invés de buscar alianças com os partidos “de esquerda” em pé de igualdade, queria apenas impor sua “força” e desejava que os outros partidos se curvassem aos seus desejos. Os outros, por sua vez, sob o manto da desculpa de lutar para ganhar relevância no cenário nacional, recusavam-se a unir forças e insistiam em candidaturas sem qualquer esperança apenas para “divulgarem o programa” na propaganda eleitoral gratuita. Com isso, a esquerda brasileira tomava “na cabeça” eleição após eleição.
Só com a união de esforços conseguiu-se, enfim, eleger Lula finalmente em 2002. Mas, ao invés de pacificarem-se e se consolidarem como orientação política definitiva, os partidos “de esquerda” começaram a sucumbir ante a sede de poder que tomou conta do PT e, mesmo este, iniciou um processo de divisão interna que ainda é sentido hoje. Os interesses pessoais, a fome de cargos e a sede insaciável por status ou pela paternidade de todas as “salvações” propostas para o país; levaram a frágil coalizão a explodir em milhões de pedaços e a perder relevância rapidamente.
Assim, para continuar com seu plano de dominação, o PT teve que se aliar com as oligarquias, e com os “Filhotes da Ditadura” que tanto dizia odiar. De uma hora para outra, “malditos sanguessugas”, “coronéis oligarcas” e toda sorte de membros e representantes da “direita burguesa, exploradora e atrasada” passaram a ser considerados “aliados com biografia” e ganharam a alcunha de “amigos”.
Agora, com mais uma eleição chegando, a “esquerda” brasileira dá mostras de que mais uma vez os interesses pessoais e as rusgas provocadas pelas vaidades feridas é que determinam a ideologia de quem milita nesses partidos “autênticos”.
O PSOL, dissidência mais importante do PT e atual “dono e proprietário” do termo “de esquerda” – na concepção da palavra – pois, até pelo PT é chamado de “radical”; ameaça explodir em pedaços pelas declarações de Heloísa Helena em favor de Marina Silva. Tanto PV quanto PSOL e todos os outros partidos e pessoas que deixaram o PT por acreditarem que o partido traiu os ideais e violou o seu próprio programa ao se aliar com o que há de pior na política nacional (e realmente o fez); mostram com clareza absurda e de forma triste como as vaidades pessoais e os interesses escondidos a sete chaves são os verdadeiros determinantes dos rumos partidários e da orientação ideológica das pessoas aqui no Brasil.
Se PV, PSOL e outros acham que o PT é o “Novo Satã” e o novo “imperialismo oligárquico”, muito mais simples seria uma união de todos em uma larga frente “purista” que conclamaria os dissidentes ainda filiados ao PT e todos os eleitores que se encantam por essa orientação para “derrotar” o “grande mal”.
Mas, o que fazem na realidade? O PV lança Marina Silva como candidata – que realmente é a figura de maior expressão nacional que esse pessoal tem – e o PSOL – por rusgas pessoais e interesses não atendidos – lança um candidato sem qualquer expressão e sem a mínima chance de tomar um sorvete no dia da eleição; quanto mais se eleger para algo. A única figura que poderia fazer frente à Marina no aspecto de relevância nacional seria Heloísa Helena. No entanto, esta já passou pelo crivo das urnas e obteve um resultado pífio – também provocado pela divisão das esquerdas à época.
Agora, o próprio PSOL ameaça implodir apenas pela constatação óbvia – feita por Heloísa Helena – de que a candidata do PV é muito mais relevante do que o “ilustre desconhecido” Plínio de Arruda Sampaio (PSOL). Não que Plínio seja alguém sem relevância ou realmente desconhecido. Mas, é inegável que entre Plínio e Marina, esta última ganha “de lavada” em matéria de reconhecimento nacional, imagem carismática e relevância no atual cenário político.
Assim, como nas eleições que antecederam a tomada de poder de Lula, a “esquerda” se divide e reduz a sua força para deixar o caminho aberto para o PT transformar a eleição num plebiscito e vender a idéia de que apenas ele é “de esquerda” e o PSDB é o fantasma “da direita”.
Enquanto isso; PSDB, DEM e os outros partidos que teoricamente fariam o contraponto aos desvarios autoritários do PT e do radicalismo inconseqüente do PSOL também se declaram “de esquerda” em sua essência por serem partidos com profunda “preocupação social”.
Nisso tudo, o único pensamento que me conforta (ou atormenta – por lançar-me na desesperança e na perspectiva de que nada mudará tão cedo – pelo menos para a melhor) é o mesmo citado pelo Guto Cassiano. Como ele diz ( e me parece cada vez mais evidente) em relação a política nacional no Brasil; a única diferença entre “de esquerda” e “de direita” é ditada pela mão que se usa para roubar e enganar o povo. Além disso, a conclusão óbvia é de que os partidos “de centro” são, na verdade, ambidestros.
Pense nisso.
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