Recebi um email enfatizando que alguns blogs e seus respetivos autores estão confundindo liberdade de expressão com libertinagem. Discordo, poderia eu enumerar sentenas de situações que diferem a presente situação, porém vou ser mais imparcial doque geralemnte o sou, mas como sempre faço contribuirei para uma discurssão inteligente acrca do assunto.
Não me limitarei aos comentários dos jornais, blogs e outros meios de comunicação, mas no sentido amplo da expressão liberdade...
Alguém já disse que nós somos o resultado do que pensamos e do que comemos. É claro, falando de um modo geral. Mas como dizia um saudoso professor de Filosofia: as coisas não são tão simples assim. Há que levar em conta, além dos fatores hereditários, os relacionamentos e as vivências de cada qual, na formação de cada pessoa.
Fatores como a vida em família, em sociedade, na escola e na universidade, no trabalho, e até fatores ambientais e climáticos, e principalmente o fator político, hoje contextualizado na participação de cada cidadão, influenciam na composição e na moldagem de cada ser humano.
Somos, portanto, diferentes uns dos outros. Ainda que existam pessoas bem parecidas, física e mentalmente, cada ser guarda sua cota de ser único.
Partindo desses pressupostos, é forçoso concluir que cada pessoa pensa diferente. Cada pessoa tem sua própria verdade. Mas, se por um lado, temos a nossa própria visão e compreensão das coisas, por outro lado, isto não significa dizer que cada tem a sua razão, a sua verdade, no sentido da verdade única. Da verdade verdadeira. E isto porque a verdade verdadeira é única.
O que cada pessoa tem, na realidade, como sendo sua verdade, é, na verdade, sua verdade aparente. E a verdade aparente, como tal, pode variar de pessoa para pessoa.
Seguindo por esta linha de raciocínio, podemos afirmar que o conhecimento humano, de modo geral, tal como a verdade, é compreendido pelas pessoas de forma bastante variada. Pois a maioria das pessoas não conhecem, com profundidade, todas as verdades de todos os ramos do conhecimento humano.
Por isso, nenhuma verdade aparente se sustenta diante de fatos e argumentos verdadeiros.
O caso de usuários de maconha e de outras drogas consideradas ilícitas, bem como os que fazem excessivo e habitual de bebidas alcoólicas, que exercem influência direta na mente e no modo de pensar e agir das pessoas, é bom exemplo.
Geralmente, estas pessoas procuram “justificar” o injustificável”. Ou apelando para a quantidade: dizendo que se drogam, mas com moderação. que têm consciência do que fazem, ou indo mais além: afirmando que se drogam porque não acreditam em Deus; que religião é carótica; que o importante é curtir a vida; o sexo pelo sexo; e assim por diante.
E há pessoas que insistem em dizer que são livres, e que ninguém tem o direito de intervir em sua liberdade. Será? Vamos saber o que pensa a respeito o doutor Cormac Burke, Irlandês, nascido em 1927, e autor do livro “Somos Livres? *(traduzido por José António Rangel Macedo, Ed. Quadrante, 1989).
A primeira coisa que aprendemos é que a liberdade não se confunde com o a possibilidade de fazer tudo aquilo que nos apetece.
Comer de tudo, por exemplo, pode nos tirar a liberdade. E deixar-nos em casa, presos no banheiro, com uma bruta indigestão.
A liberdade flúi do espírito, da alma, como propriedade ou característica da vontade: “a liberdade implica o poder de a pessoa ser plenamente ela mesma; a possibilidade de chegar plenamente ao seu potencial humano”.
”O homem, a rigor, não nasce livre, porém nasce com o poder de sê-lo, isto é, de tornar-se dono de suas acções. O homem nasce com o poder de se fazer homem”.
Diferente dos animais. Um cão transforma-se, naturalmente, num cão. Uma criança, no entanto, não necessariamente se converte num homem. Um homem, no sentido de que atingiu ou está no caminho de atingir seu desenvolvimento físico, espiritual e moral, “Não se chega a ser homem pelo simples fato de se ter atingido os vinte ou os quarenta anos.”
Só as potências físicas do homem se desenvolvem automaticamente. Todavia, as características - ou potências de ordem espirituais - precisam de actuação da vontade. E dependem do modo de agir e de pensar. Podem, portanto, serem desenvolvidas tanto para o bem, como para o mal.
Ou seja, podem ficar subdesenvolvidas. Neste caso, pode-se dizer que, independente da idade, “ainda não exercem a sua liberdade e, portanto, ainda não são propriamente livres.”
”O homem é livre e responsável porque pode escolher.” É preciso lembrar, no entanto, que, queiramos ou não, estamos sempre num processo de mudanças. E neste processo, a medida que viveríamos as “verdades”, acontecem as variações em nossa personalidade.
Fruto, aliás, de nossas decisões livres. Quando dizemos sim, no lugar de não (ou não, no lugar de sim), estamos fazendo escolhas, e moldando nossa personalidade.
Saber o que escolher, portanto, e quais as implicações da escolha para a formação de nossa personalidade, é a chave para a melhor escolha : a escolha do caminho correcto; o caminho onde as certezas trasfegam com maior transparência; onde não há curvas nem desvios enganosos.
Seguir por um caminho trilhado é um modo “não-livre” de escolha. Próprio das pessoas que são egoístas; aquelas que vivem achando o trabalho e a vida familiar cansativos e enfadonhos; aquelas que acham que a vida se reduz a “torcer por um ti me ou a desfrutar de meia dúzia de comodidades...; aquelas que, em suma, não fazem nenhum esforço por desenvolver-se”.
“Um homem está completamente perdido, (...) se não souber aonde o leva o caminho que está trilhando. Se não se propôs uma meta e não utiliza a sua liberdade de escolha para alcançá-la...”. Geralmente, quem entende errado o conceito de liberdade, alega que as restrições que lhes são impostas, tolhem-lhes a liberdade. Será isto verdade? A resposta é não.
Há restrições, exatamente para garantir a liberdade.
E o supracitado autor nos dá exemplos interessantes.
“Dentro de um avião, o espaço é bastante reduzido; e há pouca liberdade de movimentos. Nem por isso, por conta dessas restrições, iremos achar que estão tolhendo a nossa liberdade de ir e vir. De passear dentro e fora do avião. No caso, a liberdade que nos interessa é a de chegar no destino. E as restrições impostas, - pressurização, altura, velocidade, cinto de segurança, enfim - são as restrições que nos permitirão usufruir de nossa liberdade de escolha: de chegar ao nosso destino.”
Nas estradas, outro bom exemplo. Ali encontramos restrições de sinalização, de rectas, de curvas. Se alguém não aceitar tais restrições, em nome de sua “”liberdade” de agir, provavelmente não tardará a descobrir que a afirmação desse seu conceito de liberdade o levará para o fundo de um barranco ou o deixará parado em frente ao primeiro poste que encontrar, arcando com as consequências do acidente.
Do mesmo modo, aqueles que não admitem nenhuma restrição no campo sexual, correm o risco de perder a sua liberdade para o amor. “Ao dizerem sempre sim a um instinto tão imperioso como o sexual, acabam por perder a capacidade de dizer não”.
“De pouco serve a liberdade àquele que carece de valores ou ideais porque, não tendo na sua vida metas que valham a pena, as sua opções têm pouco ou nenhum valor real”. “Para realmente sermos livres, devemos amar, e devemos amar algo que mereça ser amado. Só então nos será possível comprometer-se livremente, e todos os compromissos serão compromissos de amor, porque a necessidade essencial do amor é comprometer-se com a pessoa amada”.
Fazer “aquilo que dá vontade” , “que dá gana”, “que desejamos com fervor”, “que nos dá muito prazer”, não tem nada a ver com liberdade, mas, sim, com a falsa liberdade. Com uma noção inexacta de liberdade. Mas essa liberdade não se sustenta diante de uma análise mais profunda. Na verdade, se deve mais a um raciocínio superficial e enganoso. Um desejo de propagar uma ideia libertina da liberdade, mais nada. No fundo, apenas engana quem pensa assim.
“O caminho que leva à liberdade é um caminho de montanha, e quem quiser percorrê-lo, terá que subir a encosta da justiça, do serviço, da humildade e do amor”.
E eu diria mais: da obediência às regras, principalmente as regras da natureza, do respeito ao seu corpo e ao seu pensamento, aos seus ideais cristãos.
Outra confusão que se faz é com relação a Igreja. Dizem alguns, em sua defesa, que não vão a Igreja, ou que não acreditam em Deus, porque, segundo eles, isto causaria restrições à sua liberdade de pensar e de agir. Novamente usam o conceito de liberdade de forma errada.
A Igreja católica, por exemplo, não coage ninguém. Ninguém me pode forçar a ser católico ou a crer naquilo que a Igreja ensina. Do mesmo modo, ninguém me pode forçar a pertencer a este ou aquele partido político, a esta ou aquela religião. Se sou católico é porque quero. Porque os princípios que me foram colocados para reflectir me convenceram. Eu fiz a escolha. Ninguém desconhece que há conflitos na própria Igreja. Mas isso nada tema ver com minha crença. Primeiro porque os conflitos são casos isolados. São excepções. Próprios da fragilidade da condição humana. Não interfere na conscientíssima da tomada de consciência pessoal a respeito da minha fé.
Isto, na realidade, acontece em função da “ compreensão superficial do que significa ser católico e da incapacidade de perceber que a sua posição de católicos implica liberdade e autodeterminação”.
E para finalizar, falemos um pouco da liberdade de comunicação. Que, a rigor, leva ao entendimento ou ao desentendimento do que seja a verdadeira liberdade. E isso, a rigor, pode até prejudicar o entendimento e colaborar para o aumento da libertinagem.
A liberdade de expressão é inerente ao sistema democrático. Mas a responsabilidade é o outro nome da liberdade, diz o Prof. Carlos Di Franco, titular de Ética Jornalística, da Faculdade de Comunicação Social Casper Líbero. O citado professor nos lembra, ainda, que “a verdadeira democracia é aquela que respeita a dignidade da pessoa humana”.
“Na verdade, o cidadão médio, alheio a outras fontes de conhecimento e de pensamento, fica inteiramente exposto à influência dos meios de comunicação social, particularmente os electrónicos. (...) assim, a própria consciência nacional, os padrões culturais e morais, as crenças, hábitos e anseios, são, em larga medida, modelados por esses veículos de comunicação. (...) Os meios de comunicação social vêm adquirindo uma espécie de monopólio sobre o tempo de lazer das pessoas, e lidar bem com esse monopólio seria a grande responsabilidade de todos os veículos. (...) “O excessivo apelo sexual já não se limita ao horário destinado ao público adulto...Curiosamente, uma portaria do Ministério da Saúde determinou que a propaganda do cigarro nas emissoras de rádio e televisão só será permitida no horário reservado ao público adulto. Como se o cigarro não fizesse mal aos maiores de dezoito ou vinte e um anos. A política de prevenção da aids, também é bom exemplo, de mau exemplo. “Limite o número de parceiros e faça sexo com segurança”.
A mensagem transforma a autoridade pública em cúmplice da quebra e dissolução dos bons costumes. Chegamos ao ponto de o governo ofertar seringas descartáveis aos usuários de drogas, para evitar a droga maior da Aids.
“Não se cura o avarento dizendo – lhe que se dedique cada vez mais ao seu vício, mas fazendo-lhe ver, com a paciência necessária, que a vida humana é algo mais amplo, mais rico e mais profundo que a mera ânsia de acumular dinheiro” e, completando, de acumular, também, prazeres indiscriminados.
Pensem nisso!!!!
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