O Parlamento Acreano realizou na manhã de terça-feira, a Moção de Desagravo ao Poeta MAuro Modesto e a sua familia por terem sido citados pela Advogada Joana D'Arc, por ocasiao da CPI da Pedofilia no Acre.A Sessão foi completa. Casa cheia e todos os deputados que usaram da palavra, mais uma vez, ficaram ao Lado do Poeta e não pouparam críticas severas a senhora que citou o seu nome na CPI.
Mauro por ocasiao leu o seguinte desagravo durante a sessão:
Senhor Presidente, deputado Edvaldo Magalhães
Presidente da CPI da Pedofilia, deputado Tchê
Senhoras deputadas e senhores deputados
Meus cumprimentos aos deputados, colegas de imprensa e aos meus amigos que em nenhum momento deixaram de acreditar na minha inocência
Meus familiares, amigos e acadêmicos.
A Assembléia Legislativa do Estado do Acre com a realização dessa Moção de Desagravo a minha pessoa, evidencia mais uma vez o seu compromisso com a verdade e com o respeito ao ser humano. Esta Moção, é mais uma prova que esta Casa de tantas lutas, continua sendo o fio condutor da razão, da honra e da dignidade.
Mesmo assim o meu momento não é de poesia: Vivo sem emoção pela emoção. A minha emoção é de tristeza, é de aflição com aspecto revelador de muita dor no coração.
Cresci ouvindo minha mãe dizer... “A verdade por menor que ela seja, cabe em qualquer lugar”.
Senhores, a dor que ainda me maltrata, o constrangimento que ainda sou obrigado a com ele conviver, tornaram-se o grande drama da minha vida.
Por este fato lastimável, acreditem, continuo sendo torturado. É muita violência. A truculência perdeu a medida. Chegou-se ao absurdo. O limite da vida e suas fronteiras não foram respeitados.
Nas minhas conversas com Deus, quantas vezes eu questionei, perguntando: Oh Deus, onde estás?! Por onde andas? O que estás fazendo? Onde repousas? Em qual jardim estás cultivando? Oh Deus, qual dos mares estás navegando? Em que sol, em que estrela, em que céu estás apregoando a tua bondade, a tua doçura? Oh Deus, em qual fonte, qual dos montes, estás abençoando os teus filhos, estás irradiando a tua sabedoria? Em que direção, Senhor, está estendida a tua mão, o teu olhar divino?
Oh Deus, os mentirosos, os caluniadores, os truculentos, os brutos, os violentos, os homens cruéis estão precisando da justiça dos homens, da justiça da terra. Ilumina, ilumina senhor a mente dos homens para que outros inocentes não sejam condenados!
O que fizeram comigo foi uma punição à minha inocência.
Subtraíram meus direitos, transgrediram, violentaram meu patrimônio moral.
Pela minha história, pela minha biografia não estou aqui para provar minha inocência. Não preciso provar o compromisso que tenho com o meu Estado. O meu compromisso é com o Hino Acreano, com a educação e com o patrimônio histórico, ambiental e cultural do Acre.
. Todos nós sabemos o tamanho da dor, da angústia, do sofrimento físico e mental que a violência é capaz de provocar.
A falta de compromisso com a palavra, com a sociedade vem sempre acompanhada da mais brutal violência. Hoje eu sei o dano moral que a violência, a mentira, o falso testemunho são capazes de produzir a um cidadão.
Afirmo isso aos senhores, porque continuo sendo violentado nos meus direitos, violentado no meu ir e vir. Violentado na minha cidadania. Violentado na minha estima. Tiraram meu sono, meu prazer de abraçar, de colocar no colo, de beijar e fazer carinhos nas minhas próprias netas.
A mim, está sendo negado o direito de admirar a inocência de uma criança, de cumprimentar carinhosamente uma senhora grávida que para os meus olhos é o mais bonito quadro que Deus pintou.
O meu nome foi servido numa bandeja e jogado às feras, na latrina, no fosso de detritos, no esgoto, na podridão.
Qualificaram-me de criminoso da pior espécie.
Passados alguns meses desse fato lamentável, o meu silêncio, o sussurro da minha brisa, minhas manhãs de setembro, a minha primavera, o meu pôr-do-sol, o canto da minha Ave Maria, os meus passos, tudo que faço, continua sendo violentado.
E o pior de tudo é o constrangimento, a coação psicológica que obrigatoriamente tenho que conviver minuto após minuto, dia após dia.
Compeliram, transgrediram, tolheram a minha liberdade, violentaram, violentaram inclusive o aroma das minhas rosas e a fragrância das minhas flores.
Quando se calunia alguém, dá-se adeus aos bons costumes, aos bons princípios e aí, está se permitindo conviver no mais obscuro dos caminhos. Permite-se conviver com a arrogância, com a insolência, com a inconveniência e com o desaforo.
Senhores e senhores, a irrespeitabilidade e a indecência, levam ao caminho da podridão, o caminho da mentira, o caminho da farsa. Quando nos falta a honra, fatalmente vamos nos tornar lixo e quem é lixo não tem o direito de viver em sociedade.
Estou aqui diante dos senhores em decorrência da irresponsabilidade e da falta de pudor de pessoas desonestas. Além de não ter praticado o crime a mim imputado, sei que já fui julgado por alguns e condenado por outros.
A partir dessa agressão contra a minha inocência, contra a minha família, transformaram minha vida num verdadeiro inferno, colocaram-me no limite da vida.
Logo após os primeiros minutos dessa calúnia, desse ato terrorista, dessa truculência irresponsável e constrangedora, passei a viver o “inferno de Dante”. Hoje, posso assegurar que conheço bem de perto, o “inferno de Dante”. O “inferno de Dante”, é doloroso, é sofrido, amargurado e tenebroso.
Tenho sofrido muito. Perdi e continuo perdendo muitas noites de sono. A minha dor causada pela mentira, pela calúnia, é muito forte, é uma dor sem medida, sem extremos.
Cheguei a CPI da Pedofilia inocente, permaneci nela inocente, estou saindo inocente, mas não vitorioso. Não saio vitorioso porque o tiro que me deram pelas costas, foi um tiro de covardia, um tiro de crueldade, um tiro pérfido, um tiro mentiroso, um tiro de calúnia, um tiro de traição que não acertou o meu coração, acertou a minha alma. Acertaram traiçoeiramente a alma do poeta. Esse tiro tem um nome, chama-se O Tiro da Covardia!
Próximo dos 70 anos de idade, pensava eu que conhecia o som das armas da decepção. Estava completamente enganado. Agora senhores, tive que conhecer o rufar dos tambores da truculência, da falta de honradez, da violência e do rancor. Fui obrigado a conhecer o poder da covardia.
Estou triste e decepcionado. Mataram muito de mim. Por muito pouco não tiraram a vida deste poeta, deste poeta que há 40 anos, de forma voluntária, sem ajuda financeira de quem quer que seja, dedica a sua vida incentivando, fazendo o intercâmbio, difundindo a importância e a força da cultura acreana Brasil afora.
Senhores, o Acre é o lugar em que eu nasci. Esta é a cidade em que eu moro, portanto, devemos ter compromissos selados com a nossa cidade, com o nosso Estado.
A minha família, os d’Ávila chegou ao Acre, em 1877. Daí, termos a obrigação de defender os nossos ideais, que são os ideais daqueles que lutaram por um Estado brasileiro, porque somente assim, estaremos respeitando nossos pais, nossos irmãos, nossa história que é manchada de sangue, de sangue guerreiro, de sangue derramado para que fôssemos brasileiros.
Já ouvi muitas vezes alguém dizer: “Temos o hábito de cuspir no nosso próprio retrato”. Dá-nos a impressão que não sabemos ou não queremos estabelecer méritos às mulheres e aos homens que formam o nosso patrimônio cultural e social. Não valorizamos nossos artistas, nossos seringueiros, nossas lavadeiras, nossos cientistas, nossos médicos, nossos poetas, nossos educadores, nossos jornalistas, nossos historiadores, nossos escritores, nossos empresários e nossos políticos.
Para ser bom cidadão, não se deve colecionar injustiças, incentivar a difamação, injuriar, mentir, usar a desonestidade, ofender as pessoas, porque tudo isto, é ser contrário ao Estado de Direito.
Não podemos permitir a inverdade, o conceito antecipado e sem fundamento, a injúria e a intolerância.
Senhores, a sociedade do meu Estado, exige de cada um de nós, a regra do respeito, da cidadania, do direito, da legalidade, e todas essas regras, quando me jogaram a pedra da violência, todas estas regras foram rompidas e desrespeitadas.
Queria fazer um questionamento a todos os senhores, principalmente, aos ilustres deputados que compõem a CPI da Pedofilia desta Casa. Se eu, Mauro d’Ávila Modesto fosse considerado culpado, sairia daqui preso e algemado, correto deputados? E não poderia ser diferente... Se culpado fosse, sairia desta sala preso e algemado. Pelo menos em sentido figurado.
Senhor presidente e senhores deputados, quando uma pessoa mente para uma CPI, é crime? Quando um cidadão presta falso testemunho a uma CPI, é crime? Quando um indivíduo pratica falsidade ideológica a uma CPI, é crime? Quando um ser humano é infiel à boa fé de uma CPI, é crime? Quando um elemento tenta lesar uma CPI, é crime? Quando um sujeito causa danos morais e torturas psicológicas a outrem, à sociedade diante de uma CPI, é crime? Quando uma mulher ou um homem é contrário às regras ou os preceitos de uma CPI, é crime? Quando um cidadão afronta a ordem de uma CPI, é crime? E quando uma pessoa de nível superior, que tem muito mais responsabilidade do que uma pessoa comum, de poucos estudos, rompe, altera a verdade acerca de um fato jurídico numa CPI, é crime?
Confesso aos senhores, que sempre tive dificuldades de crer em Papai Noel e de acreditar no paraíso.
Esta maldade a mim dirigida foi um namoro com a perversidade, com a malícia, com a crueldade. Esta mentira que praticaram contra este construtor de versos, foi um flerte com a deslealdade, com a imoralidade. Esta doutrina de juízo falso que fizeram contra este rabiscador de versos, é algo relacionado com a truculência, com a malvadeza. Este episódio foi uma ação contra a decência, ao cidadão, a honra, ao homem e ao pai de família.
As falsas declarações contra este escrevedor de versos, foi no mínimo, um galanteio à falta de respeito a si mesma.
Quando não usamos a educação, a ética, o compromisso com a verdade, o respeito e a responsabilidade estes valores oxidam-se, e depois da ferrugem são esquecidos, ficam fora de uso, abandonados, perdem o vigor. Quando isso acontece, a sensibilidade do ser humano estaciona, e aí, o homem torna-se desprezível, perde a elegância do comportamento.
Aprendi na escola humanística que elegância é saber guardar o silêncio nas horas importunas, é permanecer distante da maldade, da mentira, da intriga, da crueldade, da malícia e da perversidade. Assim como defender os direitos humanos, não é cercear a liberdade, não é praticar ações mesquinhas e infames.
Ser elegante não é se permitir acusar pessoas inocentes, nem prestar falso testemunho, não é violar os direitos do cidadão, e sair acusando indivíduos que estão no pleno gozo dos direitos civis e políticos. Ser elegante não é incriminar a prática de abusos sexuais contra menores, sem o menor indício, sem provas, na base do “ouvi dizer”.
Ser elegante, é ser justo, é ser imparcial, é de levar às barras da justiça os difamadores, os levianos, os caluniadores, aqueles que fazem o uso da prática de abusos psicológicos e os que agridem a ordem da integridade moral.
Senhor presidente, senhoras e senhores, encerro minha fala, dizendo: Ser elegante não é dar um tiro covarde e traiçoeiro na alma de um poeta.
Mauro d’Ávila Modesto
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