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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Bancos continuam em greve nesta quarta-feira


Agências continuam fechadas para atendimento ao público nesta quarta-feira. Greve entra no 14º dia!


Escrito por Alexandre Lima Sem negociação prevista para amanhã, dia 7, a greve dos bancários entra no 14º dia sem acordo entre trabalhadores e Fenaban. Para tentar explicar à população como está o processo de negociação e os motivos da paralisação, a diretoria do Sindicato dos Bancários se reúne na manhã desta quarta-feira com deputados na Assembléia Legislativa do Acre (Aleac).

Apesar da segunda semana sem atendimento do públicos, os bancos mantém 30% dos serviços em funcionamento como abastecimento de terminais eletrônicos visando o saque, transferências, débitos em contas. Os gerentes das agências bancárias continuam trabalhando internamente para desempenhar as funções emergenciais.

Bancários pedem 10% de reajuste salarial, maior participação nos lucros e resultados, segurança, contratação de mais funcionários, melhores condições de trabalho, manutenção do emprego. A Federação Nacional dos Bancos oferece 4,5% e alguns bancos se recusam a oferecer todas as cláusulas à categoria. No Acre estão em greve os trabalhadores da Caixa Econômica Federal, ABN Real Santander, HSBC, Banco da Amazônia e Banco do Brasil. Bradesco e Itaú conseguiram liminar de interdição da greve e estão atendendo normalmente aos clientes.

Conselho de Ética da câmara de vereadores de Rio Branco tem 90 dias para julgar Vieira


Com a definição da relatoria nas mãos do vereador Luis Anute (PPS), começa a contagem regressiva para a Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Municipal, deliberar sobre a cassação ou nao do vereador Vieira (PHS), acusado por desvio das verbas de gabinete que foram destinadas à criação de um "fundo de saúde fantasma" administrado pela Associação dos Militares do Estado do Acre.

Segundo o presidente da Comissão, vereador Elias Campos, em 90 dias deverá ser apresentado o relatório final do caso. A CEI quer saber quem recebeu e como foram destinadas quatro assessorias parlamentares do gabinete do vereador Vieira.

"As verbas de gabinete para assessores só podem ser gastas com assessorias, não podem ser destinadas a nenhum fundo ou instituição; isso representa desvio de finalidade e quebra de decoro", frisou.

A situação é grave. Na sessão de ontem o sargento Vieira pediu afastamento por 15 dias dos trabalhos legislativos alegando problemas de saúde. Para alguns analistas, o afastamento do vereador revela uma estratégia para o parlamentar ganhar tempo e levar o julgamento de seu processo para depois do recesso parlamentar.

Na tarde de segunda-feira, o presidente afastado da AME, declarou seu afastamento, mas saiu sem deixar a prestação de contas das assessorias que, segundo denúncias, ele próprio gerenciava. O atual presidente deu declarações afirmando que o caso é particular e deve ser resolvido entre Natalício Braga e o vereador Vieira.

A Comissão garantiu direito ao contraditório, porém, após ter dado declarações públicas sobre o repasse das assessorias para a criação de um fundo de Saúde inexistente, Vieira agudou a crise em uma das maiores instituições sindicais do Acre: a AME. A situação é reconhecida pelo sargento Ribeiro que trabalha agora para reverter a imagem negativa da categoria e dar seqüência a pauta de reivindicações.

Jairo Carioca - Da redação de ac24horas
js.carioca@hotmail.com
Rio Branco, Acre

Liberdade e justiça social


Escrito por Frei Betto
Na década de 1980 visitei, com freqüência, países socialistas: União Soviética, China, Alemanha Oriental, Polônia, Tchecoslováquia e Cuba. Estive também na Nicarágua sandinista. As viagens decorreram de convites dos governos daqueles países, interessados no diálogo entre Estado e Igreja.

Do que observei, concluí que socialismo e capitalismo não lograram vencer a dicotomia entre justiça e liberdade. Ao socializar o acesso aos bens materiais básicos e aos direitos elementares (alimentação, saúde, educação, trabalho, moradia e lazer), o socialismo implantara, contudo, um sistema mais justo à maioria da população que o capitalismo.

Ainda que incapaz de evitar a desigualdade social e, portanto, estruturas injustas, o capitalismo instaurou, aparentemente, uma liberdade – de expressão, reunião, locomoção, crença etc. – que não se via em todos os países socialistas governados por um partido único (o comunista), cujos filiados estavam sujeitos ao "centralismo democrático".

Residiria o ideal num sistema capaz de reunir a justiça social, predominante no socialismo, com a liberdade individual vigente no capitalismo? Essa questão me foi colocada por amigos durante anos. Opinei que a dicotomia é inerente ao capitalismo. A prática de liberdade que nele predomina não condiz com os princípios de justiça. Basta lembrar que seus pressupostos paradigmáticos – competitividade, apropriação privada da riqueza e soberania do mercado – são antagônicos aos princípios socialistas (e evangélicos) de solidariedade, partilha, defesa dos direitos dos pobres e da soberania da vida sobre os bens materiais.

No capitalismo, a apropriação individual e ilimitada da riqueza é direito protegido por lei. E a aritmética e o bom-senso ensinam que quando um se apropria muitos são desapropriados. A opulência de uns poucos decorre da carência de muitos.

A história da riqueza no capitalismo é uma seqüência de guerras, opressão colonialista, saques, roubos, invasões, anexações, especulações etc. Basta verificar o que sucedeu na América Latina, na África e na Ásia entre os séculos XVI e a primeira metade do século XX.

Hoje, a riqueza da maioria das nações desenvolvidas decorre da pobreza dos países ditos emergentes. Ainda agora os parâmetros que regem a OMC são claramente favoráveis às nações metropolitanas e desfavoráveis aos países exportadores de matérias-primas e mão-de-obra barata.

Um país capitalista que agisse segundo os princípios da justiça cometeria um suicídio sistêmico; deixaria de ser capitalista. Nos anos 80, ao integrar a Comissão Sueca de Direitos Humanos, fui questionado, em Uppsala, por que o Brasil, com tanta fartura, não conseguia erradicar a miséria, como fizera a pequena Suécia. Perguntei-lhes: "Quantas empresas brasileiras estão instaladas na Suécia?". Fez-se prolongado silêncio.

Naquela época, nenhuma empresa brasileira operava na Suécia. Em seguida, indaguei: "Quantas empresas suecas estão presentes no Brasil?". Todos sabiam que havia marcas suecas em quase toda a América Latina, como Volvo, Scania, Ericsson e a SKF, mas não precisamente quantas no Brasil. "Vinte e seis", esclareci. (Hoje são 180). Como falar em justiça quando um dos pratos da balança comercial é obviamente favorável ao país exportador em detrimento do importador?

Sim, a injustiça social é inerente ao capitalismo, poderia alguém admitir. E logo objetar: mas não é verdade que, no capitalismo, o que falta em justiça sobra em liberdade? Nos países capitalistas não predominam o pluripartidarismo, a democracia, o sufrágio universal, e cidadãos e cidadãs não manifestam com liberdade suas críticas, crenças e opiniões? Não podem viajar livremente e até mesmo escolher viver em outro país, sem precisar imitar os "balseros" cubanos?

De fato, nos países capitalistas a liberdade existe apenas para uma minoria, a casta dos que têm riqueza e poder. Para os demais, vigora o regime de liberdade consentida e virtual. Como falar de liberdade de expressão da faxineira, do pequeno agricultor, do operário? É uma liberdade virtual, pois não dispõem de meios para exercitá-la. E se criticam o governo, isso soa como um pingo de água submergido pela onda avassaladora dos meios de comunicação – TV, rádio, internet, jornais, revistas – em mãos da elite, que trata de infundir na opinião pública sua visão de mundo e seu critério de valores. Inclusive a idéia de que miseráveis e pobres são livres...

Por que os votos dessa gente jamais produzem mudanças estruturais? No capitalismo, devido à abundância de ofertas no mercado e à indução publicitária ao consumo supérfluo, qualquer pessoa que disponha de um mínimo de renda é livre para escolher, nas gôndolas dos supermercados, entre diferentes marcas de sabonetes ou cervejas.

Tente-se, porém, escolher um governo voltado aos direitos dos mais pobres! Tente-se alterar o sacrossanto "direito" de propriedade (baseado na sonegação desse direito à maioria). E por que Europa e EUA fecham suas fronteiras aos imigrantes dos países pobres? Onde a liberdade de locomoção?

Sem os pressupostos da justiça social, não se pode assegurar liberdade para todos.

Frei Betto é escritor, autor de "Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura militar brasileira" (Rocco), entre outros livros.