Caros Leitores, desde a sua criação o Blog Xapuri News, o intuito sempre foi de ser mais um espaço democrático de noticias e variedades, diretamente da Princesinha do Acre - Terras de Chico Mendes - para o mundo, e passará momentaneamente a ser o instrumento de divulgação das Ações da Administração, Xapuri Nossa Terra, Nosso Orgulho, oque jamais implicará em mudança no estilo crítico das postagens.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Charge do Dia!!!

É Carnaval...

Desde o dia 12 que não postava nadica de nada nesse blog, amigos e leitores já estavam me cobrando, nem que fosse um comentariozinho sequer. Também senhores, tive um após 23 dias de férias um turbulento inicio de Trabalho, alguns deslocamentos até Rio Branco e Brasiléia, uma semana de planejamento com os colegas professores do ensino médio, seguida da semana de volta as aulas, onde de uma tacada tenho 6 turmas totalizando quase 250 estudantes e somando a tudo isso, tive problemas com a internet, vírus no meu PC, meus arquivos de um pendriver de 16 gb quase foram para as cucias perdi quase 03 dias para recupera-los, enfim o vidinha de cão nesse últimos 15 dias, mas estou de volta com a rotina de sempre e para recuperara o fôlego e entrar no ritmo cai no carnaval....

Apesar de não lá essas animações todas, caí na folia, ladeado por amigas e amigos, estou tomando todas – coisa que não posso fazer – e aproveitando para rever pessoas que geralmente só nessas épocas é que “dão as caras por essas bandas”.

Comecei o carnaval já meio puto, a galera do Bloco “KEN” depois de atrasar a entrega dos abadás já que os mesmos só chegaram em Xapuri no inicio da tarde de sábado, simplesmente deram o meu abadá para outra pessoa... que papelão... mas, não seria devido um abadá que eu não cairia na folia mais que depressa adquiri um outro do Bloco Leva Eu, que por sinal a minha amiga Deka, deu aqueles ajustes e pronto Lá vou eu....

Prometi que não beberia, seria abastecido apenas de muita água durante a festa, mas de cara já encontro no início da noite a “turma do pizero” aí lascou-se tudo, caí na farra de vez... Quando me vi já estava paulado e pulando no meio do povo... Que coisa boa.... Carnaval tem dessas coisas de unir a todos independentemente de quaisquer diferenças ou divergências existentes.

Carnaval em Xapuri é tudo de bom é uma festa familiar “ou não”, onde violência quase não existe, com exceção de alguns que com a cabeça cheia da “marvada da cachaça” extrapola os limites, porém nada que uma noite na delegacia de cueca não resolva. Em Xapuri ainda se pode ver aqueles que fazem suas “bebidas” em casa e levam para a festa, ainda se pode ao final ir para casa de pé conversando com amigos, que caso ainda queira ficar sentado junto aos meio-fios das praças papeando até amanhecer o dia, esperando o café da manhã na “pensão da Tia Vicença” ou ainda os quitutes da Dona Maria ao Lado do Basa. Xapuri ainda se pode ir a uma noitada de carnaval somente para observar os foliões e cair na festa sem um centavo no bolso e no final estar completamente bêbado, e é por essas e por muitas outras coisas que carnaval em Xapuri, como dizia a minha Avó “é uma porretada na muleira de bom”

Sem queixas, estou aproveitando e torcendo para aquentar esta terceira noite e a quarta e ainda estar vivo na quinta quando do retorno ao trabalho!!!

Rapidinhas do Carnaval Xapuriense

Apesar de não ser o meu forte, vou arriscar-me a dar uma de colunista e comentar os bastidores do carnaval de Xapuri. Por favor não me levem a mal é só uma pitadinha de veneno e para descontrair um pouco...

Ponto para o Prefeito Bira
No quesito organização realmente o carnaval deu uma melhorada, ponto para o Prefeito Ubiracy que diferente do anterior primou pela inteligência e não pela ostentação. Digo em relação à valorização de Xapuri no Carnaval: Bandas locais, seguranças da comunidade, decoração moderninha porém simples, organização na praça de bebidas e comidas, antecipação do pagamento do funcionalismo municipal e principalmente no quesito de se fazer presente do inicio até quase o fim da festa nestes dois dias.

Este ano não vai “ter” prefeito cantor?
Muita gente comentava no sábado e na noite de ontem que já estavam com saudades das marchinhas carnavalescas que o intrépido Vanderley Viana cantava nos carnavais de seu mandato após umas boas doses na cabeça. Pelo jeito esse ano não ouviremos do atual prefeito as melodias: Se a canoa não virar, o cravo e a rosa, eu matou que roubou minha cueca e tantas outras...

Ninguém entendeu...
Uma pergunta que insiste em me imcomodar, o aparato de segurança do carnaval 2009 em Xapuri, conta com a participação de uma viatura “caminhão” do Corpo de Bombeiro e uns quatro agentes... Pra que mesmo?

Reinado Solitário...
Com merecimento foram eleitos na noite sexta passada o Rei Momo e a Rainha do Carnaval de Xapuri, leia-se Toni Lopes e Maiele de Paula, ambos com muita agitação e samba no pé, só que quase não aparecem juntos... quando um está no norte o outro está pra lá do sul. Reinado moderninho.... merecidamente os dignos representantes participam dos maiores e mais animados blocos da cidade – o Rei Momo é um dos principais coordenadores do Bloco Os Virgem e a Rainha do “K entre Nós”...

Gato por Lebre
Por falar no bloco K entre Nós, achei muito interessante a apresentação do mesmo com valorização da cultura regional, onde esboçaram a lenda da Iara “mãe d’água”, porém uma coisinha me intrigou... no estandarte de abertura do bloco estava impresso uma figura do personagem “pequena sereia” da Disney e a Iara é da Amazônia,viu queridinhos.......

Ponto para os números oficiais
Segundo o sítio da agencia de noticias do Acre, noticias veiculada através da jornalista Dayana Soares, com informações do Presidente da Fundação Municipal de Cultura, dão conta de que até agora cerca de 2 mil pessoal participaram do evento.... bom senso na quantificação, por que realmente expressa a verdade, já que não tem tanta gente como costumeiramente acontece.... e em Xapuri já é costumeiro multiplicarem os números por 10 quando se fala em comparecimento a eventos

Sem grana.... sem diversão!!!
Não tem que se esforçar muito para saber por que o número relativamente pequeno de pessoas no carnaval deste ano... falta de dinheiro... apesar da antecipação do pagamento dos servidores públicos a crise ronda todo mundo... outra situação é a forma de olhar as pessoas, já que quando havia toda estrutura do barracão coberto, dos camarotes, das arquibancadas e tudo mais no espaço do evento acabava faltando espaço de concentração, hoje com toda a área livre necessitaria de 3 vezes mais gente do que antes para reproduzir o efeito de quantidade anterior... olhar matemático senhores

A onda é sangue novo...
Não tenho neuras em relação a relacionamentos entre pessoas com diferenças de idade, nem mesmo do mesmo sexo, mas estou “pretérito” em observar que nesse carnaval as minhas amigas quarentonas só querem os bebezinhos de 15, 16, 17 anos... valei-me!!!
Olha o Conselho Tutelar suas ninfetas pedófilas... kkkk

Linha Dura
Por falar em Conselho Tutelar, belíssima atuação dos novos Conselheiros, assim como alguns do mandato passado com uma ação rigorosa aconselha, disciplina e fiscaliza a presença de menores nos eventos. Assiti algumas intervenções dos Conselheiros e denotei grande flexibilidade, carinho e respeito nas abordagens...

E Finalmente
Me enviaram pó email algumas fotografias das minhas peripécias nesse Carnaval, e digo logo que não posso publica-las, o que que a cerveja não faz!!!!

Polícia Rodoviária Federal Intensifica Operação Carnaval nas estradas acreanas

A Polícia Rodoviária Federal iniciou na madrugada de quinta feira a operação Carnaval. A fiscalização está sendo realizada com o reforço de todo o efetivo da corporação e algumas vias como a BR 364, BR 317 e Via Verde serão os pontos principais de fiscalização. A Operação Carnaval obedece a um calendário nacional e será encerrada à meia-noite da quarta-feira de cinzas, dia 25 em todas as rodovias do país.

Segundo o inspetor Lauro Silva, chefe substituto de fiscalização da PRF, o trabalho das equipes será intenso com o objetivo de coibir práticas comuns nesse período, como a ingestão de bebidas alcoólicas, ultrapassagens não permitidas, retornos proibidos além de repressão aos crimes de descaminho e contrabando de cargas principalmente na BR 317 que liga Rio Branco a Brasiléia.

O inspetor alerta ainda aos cuidados que os motoristas devem ter antes de pegar a estrada, a fiscalização será intensa quanto aos itens obrigatórios nos veículos assim como o uso de cintos de segurança e capacidade máxima de passageiros. “Reduzir o número de acidentes e proteger as vidas nas estradas” é o principal objetivo da Operação Carnaval da PRF do Acre, enfatiza o inspetor.

E a operação já está dando resultados, já que no inicio da operação, uma equipe da PRF que estava realizando uma operação de rotina na BR 317, próximo ao nosso querido Município de Xapuri, pararam um veículo taxi, modelo Fiat Palio, Placa CNB-6978, que vinha de Brasiléia com destino a Rio Branco.
Ao realizar a vistoria nas bagagens, encontraram uma pistola calibre 9mm, 01 carregador e 15 munições no meio dos pertences de Alexandre de Azevedo Costa. O mesmo afirmou que havia adquirido a arma na cidade de Cobija, na Bolívia, por U$ 500,00 (quinhentos dólares americanos) .

Segundo informações, a arma tinha o número de série raspado o que dificulta saber a origem e fabricante. Policiais suspeitam ter sido uma das armas usadas nos assaltos que acontecerem nas cidades de Brasiléia e Epitaciolândia. Alexandre foi encaminhado para a Delegacia da Polícia Federal de Epitaciolândia para ser ouvido pelo delegado de plantão.

Ex-deputado Sérgio Naya é encontrado morto na BA

O ex-deputado Sérgio Naya foi encontrado morto na tarde de hoje num quarto do hotel Jardim Atlântico, em Ilhéus, na Bahia, onde pretendia passar o feriado de carnaval. Segundo o médico chamado para o atendimento, a provável causa da morte foi um enfarte. As informações são do serviço de comunicação do hotel baiano.

Segundo o estabelecimento, o motorista de Naya solicitou que o ex-deputado fosse chamado, pois não estava no lugar marcado para encontrá-lo. Os funcionários chegaram a procurá-lo em outras dependências do hotel, antes de entrar no quarto.

O corpo de Naya foi encaminhado ao Instituto Médico legal (IML) da cidade, onde aguarda a chegada dos familiares, que já foram avisados. Ele era proprietário da construtora Sersan, que ergueu o prédio Palace II, na Barra da Tijuca, na zona oeste da capital fluminense. O imóvel desabou em 22 de fevereiro de 1998, provocando a morte de oito pessoas.

Que o diabo o receba de braços abertos!!!!

Polícia Federal faz alerta em relação às notas falsas

A Polícia Federal reuniu na manhã da sexta-feira, 20, a imprensa para fazer um alerta em relação às notas falsas que podem ser repassadas em maior número no período do carnaval. “As pessoas precisam verificar a autenticidade das cédulas principalmente nessa época do ano quando é comum aumentar a incidência de notas falsas no mercado”, destacou o perito criminal federal Francisco Pessoa.

A Polícia orienta ainda que as notas suspeitas devem ser encaminhadas à sede da Polícia Federal, já que assim como repassar cédulas falsas, o porte também é crime. As pessoas podem ainda procurar uma agência bancária ou uma representação do Banco Central do Brasil para solicitar o exame de autenticidade.“Quando se recebe uma nota falsa é preciso recolher o maior número de dados da pessoa que porta a cédula”, enfatizou o perito. Quem tentar colocar uma cédula falsa em circulação depois de tomar conhecimento de sua falsidade, mesmo que a tenha recebido de boa fé, pode ser condenado a uma pena de 6 meses a 2 anos de detenção.

Para verificar a autenticidade das notas de R$ 10, 20, 50 e 100 alguns itens devem ser observados como o fio de segurança feito com material plástico, as fibras coloridas, a impressão em alto relevo, a presença do símbolo do Banco Central, das micro-letras e da marca d’água do lado esquerdo das cédulas. “A maioria das notas falsas apreendidas no Estado é identificada facilmente”.

Vale lembrar que, de acordo com informações do Banco Central, quando a pessoa que recebe a nota encontra sinais evidentes de que pode se tratar de uma falsificação, é um direito do cidadão se recusar a receber a cédulas.

O Carnaval e Minas colonial

Escrito por: Frei Betto
Em sua origem o Carnaval era festa religiosa. Proibidos de comer carne e manter relações sexuais durante o período da Quaresma, os cristãos reservavam os três dias que antecedem a quarta-feira de Cinzas para se fartarem. Aos excessos da mesa e da cama se acresceram bailes a fantasia, marchas e desfiles. Com o tempo, o Carnaval paganizou-se e, hoje, sob outro prisma, continua a corresponder à sua etimologia: festa da carne...

Brasileiros e estrangeiros contemplam, embevecidos, os desfiles de escolas de samba. Causam admiração a suntuosidade dos carros alegóricos, os ricos detalhes das fantasias, os enredos, a música, o requebro das mulatas e o gingado dos passistas.

Ora, o primeiro desfile que, sem exagero, pode ser considerados primórdio do Carnaval no Brasil ocorreu em Vila Rica, atual Ouro Preto, em 1733, e foi descrito em detalhes pelo português Simão Ferreira Machado, que a tudo assistiu. Trata-se do Triunfo Eucarístico, procissão que transladou a eucaristia da igreja do Rosário à inauguração da igreja do Pilar.

Cinco elevados arcos, a boa distância um do outro, assinalavam o trajeto do cortejo. As ruas atapetavam-se de cenas bíblicas modeladas com serragem colorida, borra de café, farinha, areia, sal, vidro moído, folhas e flores. Aqui um desenho evocava a primavera; ali, os mistérios da distante Arábia. Crianças negras se vestiam como príncipes, mucamas como rainhas, mendigos como doutos cardeais.

À frente da procissão, figuras em trajes militares representavam mouros e cristãos. A cada esquina o cortejo fazia pausa para encenar o conflito através de animada dança. Do alto de carros alegóricos, primorosamente pintados, a tudo assistiam o Imperador e o Alferes, interpretados por renomados atores. O carro maior, em forma de abóbada, ocultava um cavaleiro que, saído de dentro, montava a cabeça da serpente, símbolo da vitória do bem sobre o mal.

Atrás, quatro figuras a cavalo representavam os ventos Norte, Sul, Leste e Oeste. O Oeste, soprado na estridência de uma trombeta revestida de fitas multicores, trazia à cabeça uma caraminhola de tisso branco. Na fronte, um laço de fita de prata, cor-de-rosa, exibia ao centro um broche pontilhado de diamantes. O Vento Leste cobria-se com um cocar de plumas brancas cingido de arminhos. O capilar de seda branca do Vento Norte, guarnecido de galões de prata, estampava flores verdes. O Vento Sul trazia borzeguins cobertos de penas e, nas costas, duas asas; na mão esquerda, uma trombeta, da qual pendia um estandarte de cambraia transparente, bordada a mão, com aplicações de laços de fita de prata em cores rosa e vermelho.

Atrás dos ventos vinham as ninfas com os cabelos semi-encobertos com turbantes bordados de prata e muitas pérolas. Vestiam seda com franjas de prata. Do ombro esquerdo de cada uma pendia, por cordão de ouro, a aljava; no braço direito, o arco; na mão, a seta. A mão esquerda conduzia um cão perdigueiro preto, de cujo dorso pendiam fitas azuis; tinham o pescoço enroscado por cascavéis de prata.

Atrás despontava a Fama montada a cavalo, coroada por um toucado de diamantes em forma de flores. O peito recobria-se de renda em ouro e pedrarias e, nas costas, abriam-se duas asas marchetadas. A mão direita empunhava um estandarte com a pintura, numa face, da Arca da Aliança e, na outra, uma custódia. Acolitavam-na dois pajens de fraldins rubros e corpetes holandeses, e com asas nos chapéus, nas costas e nos pés.

Surgia em seguida a Lua, montada em formoso cavalo branco coberto com manta ajaezada toda bordada em prata. Revestia-lhe a cabeça um turbante azul bordado com pérolas.

Atrás vinha Marte cercado por três figuras com toucas mouriscas de carmesim de prata e fitas verdes derramadas sobre os ombros. A figura do meio tocava caixa de guerra; a da esquerda, pífano; a da direita, trombeta.

Rodeado por um colar de anjos, despontava o Sol, a cabeça coroada de luzes, a cabeleira em fios de ouro. Vestia tisso cor de fogo, o peito coberto de diamantes unidos por costura em ouro. Dali erguia-se um círculo de raios em ouro e pedras preciosas. Nas mãos, uma harpa dourada.

Os negros faziam soar charamelas, pífanos, tambores e trombetas, dançando em roda no centro da qual se erguia um alemão a soprar um estridente clarim. Os fiéis das irmandades fechavam o desfile, ou melhor, a procissão, trajando damasco carmesim franjado de ouro, opas de seda branca e chamalote verde. Encobriam o cabelo com chapéus de plumas.

Num dos carros triunfais, puxado por duas águias coroadas de ouro, Júpiter se destacava. Vênus se projetava em outro carro em forma de concha que, por engenhoso artifício, movia-se como que tocada pelo balanço das águas do mar.

Nunca se soube quem bancou tamanho esplendor que, segundo o anônimo mecenas, deveria refletir a magnificência digna das glórias celestiais.

Quem pensa na casa

Escrito por: Gabriel Perissé
Morar numa casa. Numa casa com asas. Voar lá dentro, para fora. A casa em que você mora, em que você ri e chora, em que você ama e dorme, come e brinca, lê e escreve, pensa e morre. A casa para a qual você corre no fim do dia. Na casa, teto e paredes, escada e jardim, banheiro e cozinha, quintal e copa, sala e quartos, janelas e portas.

Na casa, você conversa com aqueles que ama e admira. Você faz versos. Você se veste e se despe. Você recepciona e se despede. Na casa, você anda descalço, toma remédio, toma café, troca lâmpada, lava louça, tira soneca, vê TV, xinga político, beija filhos, faz de tudo um pouco.

Não há casas perfeitas. Em toda casa falta um copo, falta uma linha, um motivo a mais de segurança. Em toda casa há um fantasma, pequeno que seja, num canto, gemendo, assombrando nossa imaginação.

Quem pensa na casa já está morando ali. Quem pensa na casa leva o pensamento longe demais. A casa voadora atravessa o tempo, bebe do passado, afugenta o presente, pisca um olho para o futuro.

Minha casa não é esta ou aquela. A casa definitiva não se deve construir no meio da ponte. A vida é ponte que nos leva para além do poente. Mas enquanto estamos a caminho, é bom ter uma casa onde possamos entrar para descansar as pernas.

A casa possível jamais será a casa ideal. A ideal não tem nada de mau. A casa ideal já existe. Eu é que ainda não recebi as chaves. A casa ideal foi edificada com materiais eternos. A casa ideal flutua divinamente.

Por enquanto, preciso da casa possível. A imperfeita casa, na qual baratas entrarão. Na qual encontrarei rachaduras. Na qual sentirei por vezes calor excessivo, frio, tédio, medo, solidão, angústia.

Casa, casinha, casarão. Casa pedindo reforma. Casa vulnerável. Casa aconchegante. Casa que um dia cairá, casa à mercê da podridão, à mercê da maldade humana.

Estou pensando na casa, cheia de luz, livros, crianças, quadros, cores, sabores, perfumes, palavras, silêncios, verdades.

A casa também pensa em nós. Está aberta e trancada, vigiada e inocente, na rua movimentada, no beco, necessitada e indiferente, cercada de flores, no meio do deserto, habitada por segredos, cobiçada e desprezada, imagem perdida e reencontrada no horizonte.

Gabriel Perissé é doutor em Educação pela USP e escritor.
Website:

Sugestão de Leitura

Saramago-A Viagem do Elefante , seu livro mais recente. "Ler´José Saramago, é atrair para nós o imponderável e para nossa cultura, um acervo, sedutor!"

Acredito que já devem ter ouvido falar das obras de Saramago, Nobel de Literatura, autor típico daquelas pessoas que como eu viajam filosoficamente em um bom livro, porém difícil de ler.

Pessoalmente, há alguns autores que eu adoro ler , mas confesso que me cansam , um pouco. Guimarães Rosa, Gregório de Mattos , Euclides da Cunha, o livro FILOSÓFICO de Sartre , O SER eo o NADA. São prolixos, herméticos e a leitura não flui como eu gostaria que fluíssem...

Comprei o livro "A Viagem do Elefante" , o último de José Saramago. . Li com muito entusiasmo, prazer e proveito. Confesso que esse livro flui, desde o início. É um livro, essencialmente de ficçao. Só é verdade, alguns 10% ou menos, mas, fiquei completamente encantado com a lógica alegórica/literária pela qual passeiam os personagens , principalmente o Elefante - Salomão é o nome dele.

O elefante e o outro personagem chamado Subhro , um indiano são os dois privilegiados , nesta saga de Saramago. A missão dos dois é bastante amarga, pois ficam a nadar no meio de um viés ateísta . O narrador é bárbaro, de maneira que você navega com deleite, pelo texto que o Saramago dá o nome de conto e não romance.

Li que quando perguntado o motivo dele falar que o livro é um conto, ele declara que, na obra, faltam todas as características de um romance. Para mim, é um romance, porque se, Saramago, nem definiu o conto e nem o romance, não vai ser eu , um mero mortal, querer dizer algo ao contrário.

A narrativa é gostosa e não conta com as saliências que em tempos idos, faziam o leitor "suar" ou então parar de ler, já nas primeiras páginas. Aliás, já existe uma "máxima" filosófica que diz : ´Se até á página 50 ou menos , ou mais , conforme o tamanho do livro , você não gostou , não se entusiasmou, largue o livro de lado”

Para terminar: há 2 coisinhas que eu não gostei. Uma delas até posso contar, mas a que eu detestei, não conto. Afinal você deve ler o livro, não é?

Para quem aceitar a dica... Boa leitura , divirta-se da melhor forma possível.

Brasil, um país de mal educados

Escrito por: Waldemar Rossi
A frase que dá nome a este texto não está sendo escrita no sentido pejorativo. Está apenas querendo mostrar que nosso sistema educacional vai de mal a pior.

O Diário de S. Paulo 18 de fevereiro traz mais uma péssima notícia para as nossas famílias. Sua manchete é bem sugestiva: "Desempenho em português cai entre alunos da 4ª série". Trata-se de avaliação do aprendizado de crianças em escolas públicas do Ensino Fundamental do município de São Paulo, cidade conhecida como motriz da economia e da cultura (?) nacional. "A avaliação foi feita pelo Movimento Todos Pela Educação, com base em dados da Prova Brasil, avaliação aplicada pelo governo federal", diz a matéria. Pela avaliação de entidade federal, as crianças do ensino público paulistano deixam muito a desejar em termos de aprendizado da nossa própria língua.

Apenas 26,9% dessas crianças atingem a média necessária para serem consideradas satisfatoriamente alfabetizadas. É bom que se diga que a média esperada deveria atingir apenas 31% das crianças. Média baixíssima para que essas crianças possam ter um desempenho escolar seguinte com bom aproveitamento. Medíocre se queremos que nossas escolas preparem nossos filhos para a vida de trabalho, social e de cultura, para que "tenham vida em plenitude", como nos revelou o mestre Jesus Cristo.

A matéria vai além ao afirmar que "São Paulo teve um desempenho dentro do padrão Brasil. Nossa expectativa era de que fosse melhor, por causa dos recursos e da estrutura existente na cidade". São palavras de Mozart Ramos, presidente executivo do Todos Pela Educação.

Ora, se apenas 26 alunos entre 100 atingem um conhecimento de nossa língua razoavelmente adequado, o que podemos esperar do futuro dessa geração? Que capacidade terão esses futuros jovens para ler jornais e revistas e se informar? Que possibilidade terão de entrar no mundo das leituras que se fazem necessárias para compreender os graves problemas econômicos, sociais e culturais do mundo atual, especialmente do Brasil?

Avançando, a matéria revela ainda que na oitava série (fim do ensino fundamental) a matemática foi a grande vilã com apenas - pasmem – 7 crianças entre 100 atingindo um índice de aprendizado satisfatório. Vendo por outro lado, de cada 100 crianças 93 não fizeram o aprendizado mínimo na disciplina.

Se a estrutura escolar permitia prever melhor desempenho, ainda que medíocre, que nível de estrutura educacional é esta? Que quantidade de recursos vem sendo aplicada para a formação de nossa infância e juventude? Se compararmos o montante de dinheiro público que vem sendo jogado para o colo dos banqueiros agiotas – muitas centenas de bilhões de reais em apenas alguns anos –, veremos o grau do crime político e social que esses governantes (municipais, estaduais e federal) vêm cometendo contra todo o povo brasileiro.

Ficam algumas perguntas: onde estão os profissionais da educação que se calam ante essa barbárie? Como podem aceitar calados que sejam responsáveis por aplicar essa nefasta política educacional que vem sendo imposta pelos governantes inescrupulosos? Será que não pensam que estão construindo um mundo piorado para as futuras gerações, incluídos aí seus filhos, filhas, netas e netos? Onde estão os dirigentes de sindicatos e associações de professores que se contentam em disputar eleições e imprimir alguns jornais sem propostas de mobilização nacional? Com quem estão comprometidos? Com a qualidade de vida do nosso povo ou com aqueles que estão no poder?

A última pergunta vai para pais e mães: por que não aderir de corpo e alma aos movimentos que defendem a implantação de um sistema de educação que ajude a formar seus filhos para a vida, e para a vida com qualidade, em vez de vida vegetativa e de carneiros que tudo aceitam passivamente? Afinal, somos ou não responsáveis pelos filhos que colocamos no mundo?

Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.

A DOENÇA DA PRETENSÃO

Nossa liberdade, fruto do livre arbítrio, nos habilita a promover nossas potencialidades, proporcionando maior bem estar e provisão do que necessitamos de indispensável no curso de nossa exixtência em sentimento e matéria.

É essa liberdade que nos faz conhecer a nós mesmos mostrando nosso eu do qual não é possível nos escondermos pela didática de não se poder permitir nenhum tipo de aprisionamento do espírito, o que ocorrendo, faz nosso ser ficar pequenino diante de nossas realidades, o que acontece com a pobreza interior do pretensioso, embora sua incapacidade não ouça os clarins de seus absurdos.

A pretensão tem um exclusivo remédio, o prêmio da indiferença.Nossas realidades nos dão alegrias ou depressão, esta precedida de angústia e ansiedade, fobias e descaminho.

Se permitirmos, de alguma forma que algo ou alguém vede esse amplo abraço espiritual que nos devemos, chegado pela inteligência mediana, diante da legítima liberdade de pensar e agir que nos é inerente, teremos a presença forte dos grilhões que impossibilitam a grandeza de nossa caminhada plena, que é só nossa. Ninguém deve necessitar do aplauso barato de terceiros, nem do reconhecimento originado de qualquer espaço por um simples motivo, os julgamentos dos outros , embora respeitáveis, são locais de nenhuma valia para nossos credos ou condutas.

NINGUÉM É SOZINHO SE TEM RIQUEZA INTERIOR, IMUNE A ELOGIOS!

A pretensão engana o pretensioso, desconhecedor de seus limites, pequenos, como a inveja pune ao invejoso, comendo sua própria carne, da mesma forma que o avarento acumula para transferir o que tem no futuro, sem usufruir o que tinha, e ainda assim se acha inteligente.

Essa vontade fica sobre nós mesmos, deve ser repelida, imaginosa e imaginária, escorregadia no terreno alheio ao que somos, gerando o pântano da desordem espiritual, nos levando ao caos como ser existencial, entre vícios e comprometimentos.

Barrar nossos limites que teimamos em não enxergar, pretendendo ser mais do que
somos é necessário para ordenar nosso ser.

Precisamos enquanto vivemos, na curta passagem que é um sopro como percebia Santo Agostinho, fazer valer nossos sonhos pois tudo que vive é sagrado e deve ser altar do respeito de todos e sacrário da liberdade inviolável.

Realizar tudo que se coaduna com o que somos e aspiramos é missão que não deve ficar vazia, sem o que comprometemos nosso eu na formalização do sentido maior traçado para o que viemos em nossa brevíssima passagem.

Sem tal posicionamento seriamos um espírito que vagueia em busca de sua razão corpórea irrealizada, mesmo após a passagem para outros espaços no transcendentalismo acreditado pelas razões encontradas na fé.

Somente sendo sinceros com nossas verdades, com nós mesmos, com nosso mundo
imodificável, entendendo que não somos o mundo mas do mundo e nossa estatura é do tamanho dado por Cristo e seu Pai, é que podemos realizar nossos sonhos.

Poderemos nesta visão de realidade perceber que não somos mais do que somos, mesmo que tentemos ou nos enganemos, mas o que somos devemos ser, fazer e existir e por isso lutar.

Sendo o que somos podemos mais, não só por projetarmos a verdade mas também por deixar acesa a vela da honestidade de conduta social, iluminando o que não vê, o que não se quer ver, e principalmente o que se esconde de si na imaginação que traça as linhas fictícias alimentadas por todas as seqüelas de vontades inatingíveis, patológicas, viciadas, escondidas na sombra da pretensão vazia,fantasias surda a todos e muda na fala que não comunica, os doentes do ego,fechados à caridade sem trocas e ao altruísmo, por só verem a sua anã realidade que não transpõe o umbral da mentira, isolados sob as cortinas do teatro sem espectadores achando que está cheio.

A benção de sermos nós mesmos une a vontade à realidade, construindo o projeto de vida que a nós destinado. Aí está a missão sagrada que afasta as intempéries do caráter duvidoso, por esse meio achada a felicidade de encontrar dentro de nós todas as verdades e assim podendo encontrar a verdade maior, nós mesmos,imagem e semelhança de Deus, a criatura próxima do Criador.

Apaguemos esse invólucro irreal, necessidae de fugir de nós mesmos, por todos os meios sejam quais forem, empunhando a adarga da patologia, arrastando vícios e seqüelas de toda sorte na procissão da insegurança que arrasta inocentes e vítimas. consciência, da qual nada pode se subtrair, nosso implacável tribunal, mostra o que somos, juntamente com toda a sociedade em que vivemos.

Somos muito, somos descendentes do Cristo e de David na ancestralidade que faz de todos um só. E o que somos é o resultado da mais perfeita celebração da natureza, alma e pensamento somados ao pó animado que inala oxigênio, antes do encontro com a subida da montanha, quando realmente desnudos ao vento e dissolvidos seremos também a luz do sol.

Em “A Linguagem de Deus”, obra prima do momento, esgotada em praticamente todas as livrarias, o notável cientista crente em Deus Francis Collins, que mapeou o genoma, subsidiado o projeto pelo governo americano diz: “Primeiramente, reconheçamos que uma grande parcela de nosso sofrimento e de nossos semelhantes origina-se do que fazemos uns aos outros”.

Com todo a reverência que merece quem irá ser conhecido em cem anos próximos como um dos mais eminentes cérebros em termos de descobertas, pior que o mal que fazemos uns aos outros, que é de grandes proporções, desde a família, na comunidade e nas nações, é o que fazemos a nós mesmos,e este é origem daquele.

Não sendo o que somos, seremos casca de um fruto amargo que nós mesmo repudiamos e assim não podemos olhar nosso interior, só o fazendo através da pretensão, félea.