Escrito por: Waldemar Rossi
A frase que dá nome a este texto não está sendo escrita no sentido pejorativo. Está apenas querendo mostrar que nosso sistema educacional vai de mal a pior.
O Diário de S. Paulo 18 de fevereiro traz mais uma péssima notícia para as nossas famílias. Sua manchete é bem sugestiva: "Desempenho em português cai entre alunos da 4ª série". Trata-se de avaliação do aprendizado de crianças em escolas públicas do Ensino Fundamental do município de São Paulo, cidade conhecida como motriz da economia e da cultura (?) nacional. "A avaliação foi feita pelo Movimento Todos Pela Educação, com base em dados da Prova Brasil, avaliação aplicada pelo governo federal", diz a matéria. Pela avaliação de entidade federal, as crianças do ensino público paulistano deixam muito a desejar em termos de aprendizado da nossa própria língua.
Apenas 26,9% dessas crianças atingem a média necessária para serem consideradas satisfatoriamente alfabetizadas. É bom que se diga que a média esperada deveria atingir apenas 31% das crianças. Média baixíssima para que essas crianças possam ter um desempenho escolar seguinte com bom aproveitamento. Medíocre se queremos que nossas escolas preparem nossos filhos para a vida de trabalho, social e de cultura, para que "tenham vida em plenitude", como nos revelou o mestre Jesus Cristo.
A matéria vai além ao afirmar que "São Paulo teve um desempenho dentro do padrão Brasil. Nossa expectativa era de que fosse melhor, por causa dos recursos e da estrutura existente na cidade". São palavras de Mozart Ramos, presidente executivo do Todos Pela Educação.
Ora, se apenas 26 alunos entre 100 atingem um conhecimento de nossa língua razoavelmente adequado, o que podemos esperar do futuro dessa geração? Que capacidade terão esses futuros jovens para ler jornais e revistas e se informar? Que possibilidade terão de entrar no mundo das leituras que se fazem necessárias para compreender os graves problemas econômicos, sociais e culturais do mundo atual, especialmente do Brasil?
Avançando, a matéria revela ainda que na oitava série (fim do ensino fundamental) a matemática foi a grande vilã com apenas - pasmem – 7 crianças entre 100 atingindo um índice de aprendizado satisfatório. Vendo por outro lado, de cada 100 crianças 93 não fizeram o aprendizado mínimo na disciplina.
Se a estrutura escolar permitia prever melhor desempenho, ainda que medíocre, que nível de estrutura educacional é esta? Que quantidade de recursos vem sendo aplicada para a formação de nossa infância e juventude? Se compararmos o montante de dinheiro público que vem sendo jogado para o colo dos banqueiros agiotas – muitas centenas de bilhões de reais em apenas alguns anos –, veremos o grau do crime político e social que esses governantes (municipais, estaduais e federal) vêm cometendo contra todo o povo brasileiro.
Ficam algumas perguntas: onde estão os profissionais da educação que se calam ante essa barbárie? Como podem aceitar calados que sejam responsáveis por aplicar essa nefasta política educacional que vem sendo imposta pelos governantes inescrupulosos? Será que não pensam que estão construindo um mundo piorado para as futuras gerações, incluídos aí seus filhos, filhas, netas e netos? Onde estão os dirigentes de sindicatos e associações de professores que se contentam em disputar eleições e imprimir alguns jornais sem propostas de mobilização nacional? Com quem estão comprometidos? Com a qualidade de vida do nosso povo ou com aqueles que estão no poder?
A última pergunta vai para pais e mães: por que não aderir de corpo e alma aos movimentos que defendem a implantação de um sistema de educação que ajude a formar seus filhos para a vida, e para a vida com qualidade, em vez de vida vegetativa e de carneiros que tudo aceitam passivamente? Afinal, somos ou não responsáveis pelos filhos que colocamos no mundo?
Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.
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