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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Charge do Final de Semana

TCU libera obras na BR-317

A partir da próxima semana, as obras da BR-317 no trecho que liga Boca do Acre, no Amazonas, ao Acre devem ser reiniciadas. A informação foi anunciada na quarta-feira, dia 7, durante a sessão do Tribunal de Contas da União (TCU).

Os membros do TCU apreciaram durante a sessão de ontem todas as demandas relativas às obras da rodovia. Na ocasião, foi informado que todas as supostas irregularidades apresentadas foram sanadas, incluindo a licença ambiental.

O governador do Amazonas, Eduardo Braga e o deputado federal Silas Câmara acompanharam a sessão do TCU em Brasília. Segundo informações, o chefe de gabinete do Amazonas, José Melo deverá ir ao município de Boca do Acre na sexta-feira para levar a ordem de serviço da obra ao prefeito do município e para o responsável pela empresa Colorado, Orleir Cameli, que executará as obras de construção da estrada.

“Esperamos que nos próximos quatro meses possamos ir de Rio Branco para Boca do Acre tranquilamente de carro”, declarou o deputado Silas Câmara.

A conclusão da BR-317 é um sonho almejado há muitos anos pelos moradores de Boca do Acre. A parte da estrada que fica no território do Acre teve as obras concluídas na gestão do ex-governador Jorge Viana. De lá para cá, os moradores do município amazonenses aguardavam ansiosos para que o governo federal liberasse a verba e licença ambiental para que a estrada fosse completamente asfaltada.

A tentação de ensinar

Escrito por Gabriel Perissé
As tentações existem. São diferentes das que nos acossaram outrora, mas continuam aprontando confusão.

Cada profissão tem suas peculiares tentações.

A tentação do escritor é escrever o dia inteiro e a noite toda até que lhe doam a mente e as mãos.

A tentação do psicólogo é mergulhar na alma alheia, mar sem fim, e ali perder a respiração.

A tentação do pescador é pescar o tubarão.

A tentação do cozinheiro é não sair do forno e fogão.

A tentação de cada um é ser o que é para além de todo e qualquer limite, e então perder sentido e noção.
A tentação do professor é ensinar tudo e um pouco mais, dar todas as lições do livro e da apostila, sempre com as melhores intenções.

O professor é tentado pelo demônio diplomado, pelas excelentes idéias pedagógicas que povoam sua inteligência, sua memória e imaginação.

O professor é tentado a cuidar da avaliação, como se avaliar pudesse todas as dimensões do ser humano, esse mistério em mutação, microcosmo em rotação, poço sem fundo em constante ebulição.

O professor é tentado a resolver os mais diversos problemas que invadem sua sala — da Aids às drogas, do tédio ao suicídio, do pavor à depressão... mas não só grandes questões, também problemas menores como infestação de piolhos, gripes, briguinhas, bagunça, conversa paralela e xixi no chão.

O professor vive caindo em tentação porque acredita possuir, sempre, para tudo, a melhor solução.

O professor é tentado a aceitar humilhações em nome do dever, do amor e da paz, e do perdão... tudo por abnegação.

O professor é tentado a gemer um "não" quando deveria gritar "sim", ou a conceder seu "sim" quando seria hora de dizer, apenas, "não".

O professor é tentado no deserto a definir o errado e o certo, a ser representante da ética, e a repartir com todos o seu pão, e a repetir, parafraseando Pessoa, que tudo vale a pena quando não é pequeno o coração.

O professor é tentado a acreditar em ilusões e esquecer a realidade, ou a só pensar no real e colecionar desilusões.

O professor é tentado a prometer a salvação, liderar revoluções, promover a pedagogia da libertação.

Ó professor, não se deixe cair em tentação! E que nós nos livremos do pressuposto equivocado de que aprender é, tão somente, ouvir instruções.

Gabriel Perissé é doutor em Educação pela USP – Web Site: http://www.perisse.com.br/

Olim...piada Brasil

Escrito por Waldemar Rossi
Nada como um bom jogo de cena midiática para deixar o povo feliz! Grande espetáculo armado no grande circo de Copenhague (Dinamarca), numa espetacular cobertura da mídia, com destaque para a Rede Globo. A mesma Rede Globo responsável por tantos feitos grotescos – como aquele da disputa entre Collor de Mello e Lula, em 1989, que culminou com a virada collorida sobre o operário de São Bernardo. E o povo realmente ficou feliz! Ao menos foi isto o que a telinha mostrou para o mundo inteiro.

A começar pelos "embaixadores brasileiros" lá presentes, Lula Pelé, Nuzman e tantos outros sanguessugas do nosso dinheirinho, fazendo festa. Comitiva brasileira com mais de cem convidados que tiveram todas as despesas bancadas, não se sabe ainda por quem, porque tudo está guardado "a sete chaves". Estes sim fizeram a grande festa pessoal, em nome do povo.

Manchete de um dos jornais de grande circulação: "Brasil no Olimpo!" (Olimpo, a morada dos deuses gregos). Enquanto a telinha alternava suas imagens com a festa de milhares de brasileiros, em plena Copacabana abarrotada, celebrando a "vitória" do Rio sobre Chicago, Tóquio e Madri! Uma festa de quem imagina ter chegado ao Paraíso! E todos passaram a "viver felizes para sempre!", num belo conto de fadas. Telinha mostrando homens e mulheres chorando de emoção e emocionando outros tantos milhares postados diante dela. Que maravilha! Segundo os jornais, agora o Brasil, realmente, entra para o reduzido Universo do Primeiro Mundo. Fomos promovidos. Promovidos?

Nada contra a que pessoas disputem um lugar ao pódio, em competições sadias e que de fato sejam uma expressão de lazer e de desconcentração. Tudo contra a transformação dessas competições em mera mercadoria, onde o capital fatura se apropriando do dinheiro dos povos. Será que aquele mesmo povão, sabendo que a realização de tal Olim... piada no Rio vai significar o desembolso de mais de R$ 30 bilhões (já previstos, mas não limitados a este montante), iria se sentir tão realizado? Se soubesse que tal dinheiro sairá dos orçamentos da União, do estado do Rio de Janeiro e do município do Rio, e que esse mesmo dinheiro estará faltando para os serviços essenciais da saúde, da educação, do saneamento básico, do transporte - entre outras prioridades para uma vida sadia e feliz -, será que esse povo se sentiria no Olimpo, na morada dos deuses?

Mas os nossos governantes não estão preocupados com essas "questiúnculas". O que interessa é sentir o crescimento de suas popularidades e agradar os verdadeiros ganhadores nessa competição: as grandes empreiteiras, a indústria do cimento, do material elétrico, do plástico, da metalurgia em geral, as redes de comunicação televisiva, as emissoras de rádio, os jornais e revistas, as fábricas de bebidas, os bancos... e, finalmente, as empresas do turismo, além, é claro, daqueles políticos que receberão um bom incentivo financeiro desses setores privilegiados que, com muito mais prazer, custearão suas ricas candidaturas.

Enquanto governantes prometem investir 28,8 bilhões de reais na cidade do Rio, esquecem de informar que o dinheiro reservado para a despoluição da Lagoa Rodrigo de Freitas, durante o Pan realizado no mesmo Rio, sumiu e ninguém viu; não informam por que não houve a tão prometida expansão do metrô carioca, talvez o único que traria algum benefício popular; também não informam que as obras faraônicas do Pan se transformaram em "elefantes brancos", sem nenhuma utilidade para o povo carioca; nem mesmo deram satisfações sobre as falcatruas nos faturamentos das empresas que enriqueceram escandalosamente com aquelas obras.

Ainda assim o povo ficará muito feliz porque teremos pela frente sete anos de intensa propaganda - verdadeiro ópio ideológico - sobre a Copa do Mundo de 2014 e sobre os maravilhosos preparativos para as Olim... piadas brasileiras em 2016. Assim, com muito circo e pouquíssimo pão, o povo trabalhador irá curtindo a felicidade de ser o anfitrião da Copa e dos Jogos Olímpicos. Em troca, alguns esportistas – dopados ou não – conquistarão medalhas de ouro, prata e bronze e estaremos entrando para o "universo dos países do primeiro mundo"!

É bem verdade que, até lá, trabalhadores serão temporariamente contratados, conseguirão ganhar algum dinheirinho e adiarão por alguns anos suas angústias pelo desemprego, trabalho precário e salários irrisórios. Aí as Olim... piadas passarão e nada terá mudado para o povo. Mas os donos do capital estarão muito felizes, com suas burras abarrotadas com nosso dinheirinho, certamente boa parte resultado de contratos fraudulentos, que estará faltando para a saúde, educação, moradia popular, saneamento básico, transporte...

Os Jogos Olímpicos serão sentidos, então, como um possível grande evento brasileiro, cantado em prosa e verso pelo mundo capitalista. Porém, ninguém terá coragem para afirmar que os Jogos terão sido um acontecimento, porque nada vai mudar na vida da nação. Eventos passam como a brisa sem nada mudar. Acontecimentos permanecem como vida para o povo. Mas sabemos que não será um Acontecimento. Assim, "depois que a banda passar"...


Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.