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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Frase do dia

“Chico Mendes morreu pelos seringueiros, mas Xapuri está morrendo pela falta de habilidade de seus Administradores”
Dep. Federal Marcio Bittar em recente passagem por Xapuri

Um Grande Poeta

Há quase um mês atrás encontrei-me com o Sr. Francisco de Aquino e Silva, Paraense de Castanhal de nascimento, mas que desde 1943 adotou as terras de Xapuri como “terra do coração” como assim se referiu. Aqui constituiu família e como tantos outros brasileiros que nesta época que por aqui aportaram permaneceu. O Sr. Francisco é uma testemunha viva da história xapuriense, vivenciou os anos gloriosos da “princesinha” da mesma forma que presenciou a decadência dos anos pós guerra, foi testemunha do “desenvolvimento” sulista fomentado pelo Governo e personagem vivo da condição e situação da figura do seringueiro frente a todos esses acontecimentos.

Toda a experiência de vida e toda a situação testemunhada pelo Sr. Francisco “O Poeta Xapuriense” acabou se transformando em 2 livros em Literatura de Cordel e segundo o Poeta somente não continua a escrever devido a grande burocracia requerida para a publicação, porém confidenciou-me que mesmo com tantos percalços a Literatura de Cordel continua a ser uma grande paixão.

A Primeira obra publicada em 2005 com o título “A Despedida da Floresta” trata de forma humorada do convívio do seringueiro com o patrão” relata entre tantas mazelas da época da triste realidade de individamento e de exploração vivida pelos seringueiros face aos seringalistas. A obra estabelece de forma descontraída de como se estabelecia a relação dos seringueiros com o seu “Patrão” e com o meio social. Praticamente isolado do resto o mundo o seringueiro durante muito tempo foi considerado nada mais que um simples instrumento de trabalho sem direitos, sem voz, sem voto , apenas um ser alienado da sociedade.

A segunda obra “Contos da Floresta”, relata da transição do seringueiro da floresta para a cidade, da forma impactante do homem da floresta em ver o meio urbano. Nesta Obra seu Francisco aborda alguns acontecimentos da “palaciana” Xapuri, como o caso do acidente aéreo ocorrido no Sumaré, onde na época devido a ocorrência de urubus em razão da localização do lixão um avião monomotor após colidir com uma dessas aves e ter o seu parabrisa quebrado teve que realizar um pouso de emergência nas proximidades de onde hoje localiza o Motel Erus na Estrada da Borracha.

Os livros do Sr. Francisco antes de mais nada são peças históricas de uma realidade que muitas vezes não compreendemos ou que insistimos não compreender por não fazer parte da realidade de muita gente, mas que foram a partir de histórias como as narradas de forma cômica nas obras a despedida e contos da Floresta que tornaram Xapuri um ícone de resistência.

Mas como compreender uma veia poética para um senhor de “pouca leitura” como o senhor Francisco, que sempre dedicou-se ao trabalho braçal sem oportunidades de acesso a educação formal. Segundo o próprio autor influencia do Pai, um nordestino de Sobral que adorava ler os “folhetos” adquiridos a duras penas e lidos dezenas quiçá centenas de vezes para a família, “a leitura dos folhetos era um momento que obrigatoriamente reunia toda a família” afirma o autor. Interessante que após a leitura desses “livretos” por repetidas vezes as pessoas daquela época passavam a declama-los sem a necessidade de lerem os mesmos e o respeito aos “cordelistas” eram portanto proporcionais a quantidade de “livretos” por eles decorados, sobretudo por que essas pessoas tinha porquíssima leitura, porém detinham uma capacidade de memoria fantástica.

O gosto pela leitura o Sr. Francisco adquiriu quando no final da década de 60 fora construída uma escola no Seringal Novo Catete, e uma pequena quantidade de livros para lá foram direcionados e mesmo não podendo frequentar normalmente as aulas a professora da escola permitia que o mesmo tomasse emprestado algumas obras. “como na comunidade eu era um dos poucos que sabia ler, li quase todos os livros de lá, pra mim e para meus irmãos, já éramos uma família de 7 irmãos homens.

Segundo o autor dois de seus filhos possuem o mesmo dom poético, o que para ele significa a continuidade das suas obras. Indagado sobre a importância da leitura e do incentivo nas escolas sobre a escrita o Sr. Francisco foi enfático em dizer que se precisa ter mais responsabilidade com a educação das crianças e dos jovens, porque “cada vez mais menos jovens se interessam pelo habito da leitura e o estudo é tudo”
O senhor Francisco é de uma época em que as pessoas eram forjadas na humildade e na capacidade e fazer o bem aos outros, demonstra uma sinceridade e uma experiência de vida que nenhum estudioso poderia compreender se não vivenciasse ou antes compreendesse de como toda a sua bagagem cultural e poética foram construídas.

É de fato uma prova viva de que para muitos alcançar determinados
conhecimentos faz-se necessários anos e anos de estudos acadêmicos, outros o conseguem pela forma muito mais sólida porque são os sujeitos que constroem esse conhecimento almejado por nós.

Parabéns senhor Franscisco Aquino o grande Poeta Xapuriense.

Até que enfim

Após uma exaustiva semana de intenso incomodo pelo alto volume e pela falta de bom senso de alguns “irmãos” pregadores da semana evangélica de Xapuri, poderei finalmente dar aula sossegado. Digo isso por que durante toda a semana passada foi praticamente impossível dar aula no período noturno no Divina Providência devido a realização do evento evangélico no mesmo horário das aulas e o pior a pouco menos de 200 metros da instituição de ensino.

Acredito que somente dois dias os “irmãos” maneraram no volume do som que diga-se de passagem de uma qualidade fenomenal, que superou dos eventos festivos costumeiros na “princesinha”, porém nos outros o volume era ensurdecedor, que misturavam choros, pregações, gritos, músicas, palavras de ordens e outras comportamentos do gênero.

Não quero aqui questionar o direito inalienável dos pentecostais de Xapuri realizarem seus cultos religiosos, inclusive nesta semana de direito, porém convém lembrar que nenhum direito assegurado a uma classe, pode sobrepor a um direito já assegurado pela Legislação Vigente é caso do Funcionamento de Estabelecimento de Ensinos que teve prejuízo nas suas atividades durante essa semana durante os eventos.

Lembro-me que durante o carnaval uma dessas denominações evangélicas fixou uma faixa com os dizerem “Sim a Jesus, Não ao Carnaval”, próximo ano durante a semana evangélica vou aderir a faixa “Sim a Jesus, mas sim também ao silêncio e ao bom senso”.

Por falar em semana Evangélica e também em Caminhada para Jesus uma história me chamou bastante atenção nos cartazes de divulgação. Constava naqueles cartazes que a realização do evento era da Prefeitura Municipal com o apoio das Igrejas Pentecostais. Não deveria ser o contrário?

Inicialmente em um Estado de direito democrático o Estado é Laico ou seja não pode diante da Legislação Vigente preterir nenhuma denominação religiosa e se realiza algo desse tipo fere mortalmente inclusive a Carta Magna Brasileira. A Prefeitura pode e deve sim apoiar iniciativas religiosas porém jamais realizá-las, é algo que os vereadores deveriam verificar qual a intenção da municipalidade tomar a frente de um evento como esse.

Um certo analista já havia acertado quando inteligentemente comentou “a melhor maneira de um gestor acalmar as massas é mantê-las caladas através das instituições religiosas, apoiando as mesmas massifica a dúbia realidade de que tudo está bom, e se não estar, não precisa questionar, basta apelar a Deus”.

Se esse for o caso Deus ouvirá muitos pedidos por Xapuri, isso se os seus tímpanos estiverem intactos depois da semana passada.