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quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Nossa que noite!!!

Para as pessoas que convivem comigo, sabem que sou um típico ser noturno, que além do meu diabetes convivo com um fortíssima insônia e não diferente de muitas outras noites, ontem como estava bastante estressado sabia que teria mais uma noite de boas reflexões, um belo cigarro e bons copos de café, porém repentinamente me batera uma forte vontade de fazer o que há muito tempo não o realizava que é dar um belo passeio pelas ruas escuras e tranqüilas da minha querida Xapuri.
Enganei-me totalmente!!!

Com um saudosismo incrível, vesti um short, camiseta, sandálias havaianas, minha cigarreira e me pus a dar um belo passeio, porém infelizmente as noites xapurienses não são como de costume se apresentam, pude notar o trânsito constante de veículos de candidatos durante todo o período que permaneci na caminhada, e somente aí percebi o quão essas eleições estão acobertas de sinistras ações.

Fiquei triste porque numa caminhada de pouco mais de 2.000 metros percebi ações sorrateiras de crimes eleitorais ocorrendo na noite, diga-se de passagem, que pouco mais das 23:00 horas, presenciei comportamentos burlescos de pessoas que pleiteiam ser nossos representantes, vi a vulgaridade das ofensas proferidas entre inimigos políticos. Quanto amadorismo!!! Quanta falta de hombridade!!! Quanto desperdício de tempo!!! Só me intriguei por uma situação, já que segundo as bocas pequenas de Xapuri dizem que a Policia Federal e o TRE estão coibindo este tipo de ação, acredito que ontem era a folga deles...

Pude também notar, nas imediações da Rua do Ibama, ações um tanto suspeitas de jovens que insistem em permanecerem debaixo de postes semi-apagados e que se esquivam repentinamente quando passamos... mil coisas podem sugerir tais atitudes. A preocupação veio a tona... será que a ilegalidade de algumas situações costumeiramente conhecidas pela proximidade com a fronteira da Bolívia, está sendo explorada às caras de todos? Sugiro aos nossos nobres componentes da força policial que dêem uma atenção a esse tipo de sinistro. Força Policial esta que inclusive quero parabenizar, já que pelo que tenho acompanhado muito tem esforçado no tocante à Segurança dos munícipes e gostaria de pontuar a gradativa melhora na questão de relacionamento interpessoal da Policia Militar para com a comunidade Xapuriense.

Outro incomodo... a cada 50 metros alguém me abordava para pedir um cigarro. Nossa que inconveniência... não pela questão de dar o cigarro, mas simplesmente pelo fato de não conhecer as pessoas ou acreditar que teriam simplesmente uma intenção dúbia. Depois como terminaria a minha caminhada????

Já mais estressado do que quando havia saído de casa pude presenciar, passando pela calçada do Cemitério Municipal o descaso do Poder público para com aquele lugar sagrado. Mesmo estando no verão o terreno totalmente sujo, vegetação alta... enfim um abandono total, mas o fato a priori me sugeriu recordar dois fatos interessantes: o primeiro de uma citação de um livro há muito tempo lido – Gestão Eficiente na Administração Pública - da editora do Instituto Etthos que parafraseava um texto atribuído a Maquiavel... “Conhecemos como um administrador cuida das pessoas de sua cidade, quando vemos a forma que cuida daqueles que repousam na paz celestial”... Nossa!!!não vou nem entrar no mérito da questão.

O segundo fato é que ironicamente olhando com bastante cuidado para o interior do Cemitério, levei um susto, um boi enorme pastava tranqüilamente entre as sepulturas, não sei por que, mas me veio uma composição de João Vitor e Machado cantada pelo inaudível Tiririca - O touro do Cemitério – e comecei a rir, o ataque de risos foi maior quando recordei que bois e cemitério de Xapuri não combinam, pois história parecida já deu até participação no Programa do Jô Soares Onze e Meia, ou quem não lembra de um coveiro da Sibéria que enterrou um boi no cemitério e deu o maior trelelê? Enfim depois dessa achei melhor caminhar rumo a minha casa, mas como se não bastasse a minha rica experiência da noite ainda tive o desprazer de me encontrar com pessoas de extrema imbecilidade, que se dizem filhos de Xapuri e que possuem altos Cargos no Governo estadual, mas que vivem de afrontar a inteligência e a postura de quem não congrega com seus ideais de “panelinha politica”.

Ouvi gracejo, insinuações, bocas e trejeitos de gente que pensa que manda no mundo, mas que na verdade não passam de substrato do pó da merda, e aproveito para mandar um recado – há quatro anos atrás dissemos não ao seu grupinho e me orgulhei muito do povo de Xapuri por isso, e estou torcendo e fazendo a minha parte para novamente possamos dizer outro NÂO.

Percebi nessa situação a arrogância e a antipatia de quem está em Xapuri para colaborar em Campanha eleitoral, notei que se acham os donos da verdade ou os donos do mundo, porém como toda necrose em forma de pessoa humana nos ajuda a refletir sobre a vida rememorei um sermão de Dom Luiz Eccel que falava o seguinte: São muitas as pessoas que não se dão conta de que são passageiras do trem da vida. Não importa em qual vagão você está e nem a classe do vagão. Em algum momento ele chegará ao ponto final. Muitas vezes, por acidente de percurso, não chega ao destino previamente traçado. A ânsia e a ganância estão tão impregnadas em algumas pessoas que pensam e agem como se fossem donas da verdade, da própria vida e da vida de outras pessoas, donas do mundo. Em virtude disto o estrago e o atraso na construção de um mundo fraterno, justo, solidário e igualitário é enorme. É importantíssimo recordar diariamente que, na verdade, não somos donos de nada, nem mesmo da nossa própria vida. Somos apenas administradores e livremente escolhemos ser fiéis ou não. Porém, com mais tristeza se enche o coração quando sabemos que pessoas que hoje se fazem passar por donas da verdade, da justiça e do mundo, esqueceram que fazem parte da história do mundo. Negam suas origens, suas raízes. Negam de forma tão bruta que não permitem aos deserdados de hoje: os sem teto, sem comida, sem terra, sem saúde, sem trabalho, sem dignidade,... buscarem um lugar ao sol, na luta, por um pedaço de terra para morar, trabalhar e viver, como os nossos antepassados. Alguém entende esta reação?A estas pessoas é preciso recordar sempre: Cuidado porque a terra é nossa dona. Um dia, o trem da vida vai chegar ao seu destino e será a mãe Terra que irá nos acolher no seu útero.

É depois de tudo isso achei melhor voltar pra casa, fumar mais um cigarro, tomar mais um copo de café e madrugar no computador....

Quão Injusto é a Vida e a Morte

Há dias em que eu acredito realmente que não há nenhuma justiça no mundo. Especialmente justiça divina. Dizem por aí que “aqui se faz, aqui se paga”, mas isso não é – necessariamente – verdade.

Conheço muita gente – muita gente mesmo! – que bebe, que fuma, que consome gorduras, que dorme pouco e que faz todo esse monte de coisas que encurtam a vida. Ainda que façam isso apenas eventualmente, elas corrompem o organismo e deveriam morrer bem mais cedo do que as pessoas que não o fazem, não é?eu sou o exemplo disso. Essa deveria ser a lógica. É assim que – ao menos teoricamente – deveria ser a lei da vida. Acontece que no mundo real a coisa é bem diferente...

Há uma semana morreu em Goiania um grande Amigo André Freitas, morador de Rio Branco e politicamente correto com a saude, foi um choque porque ele era da tal geração saúde: alimentação equilibrada, lotada de alimentos saudáveis, não bebia, não fumava, fazia exercícios... Tudo que deve prolongar a vida. Ele não tinha nenhuma doença pré-existente e morreu. Foi-se jovem, tinha apenas 29 anos, era ativo, feliz, cheio de vida...

Qual é a lógica disso? Onde está a justiça na morte? E eu nem vou falar de mortes violentas porque essas fogem a quaisquer regras, mas a morte vista assim, natural, essa não tem lógica também.

Esteja em paz, André, e que Deus ilumine a vida de seus pais para que eles suportem a dor e que tenham serenidade bastante para acompanhar a inversão total da ordem – que deveria ser natural – das coisas...

Reinaldo Azevedo culpa Marina Silva por desmatamento e a classifica como ‘incompetente’

É fato público, notório, que o Incra é um braço do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Seu presidente, Rolf Hackbart, é um dos comandados de João Pedro Stédile, que indica também os diretores regionais. Assim, sempre que se falar em Incra, é bom ter claro que se está falando de MST. Adiante.

Ontem, ficamos sabendo que o instituto lidera os desmatamentos no país. Fiz a conta, como vocês podem ver no post de ontem: seis de seus oito assentamentos são os primeiros em áreas desmatadas; na lista de 100 desmatadores, os oito projetos respondem por 44% da área total. E como reagiu Hackbart?

Bem, ele está enxergando, claro, uma conspiração contra a reforma agrária. Já trato desse assunto. Antes, cumpre indagar? Será que aquela entidade da floresta chamada Marina Silva nunca soube disso? Será que o próprio Hackbart ignorava o assunto? Será que o ministro da Reforma Agrária não tinha ciência do fato?

Dou a essas pessoas todas duas alternativas apenas:

a) são idiotas, incompetentes;

b) agiram com má-fé ideológica.

Em se tratando do grupo, acho que a segunda opção será sempre mais forte do que a primeira, sem jamais descartá-la, já que uma ideologia rombuda, que faz o pacto com o atraso, é sempre íntima da ignorância.

Não! Quem divulgou o levantamento não foi o DEM, que o PT anuncia por aí que quer esmagar; quem divulgou o levantamento não foram os produtores de soja. Quem divulgou o levantamento foi o Ministério do Meio Ambiente. Não dá para acusar, desta feita, uma conspiração dos adversários. Mas o sr. Hackbart se dá por achado? De jeito nenhum! Continuou a acusar os produtores de soja.

E por que ele faz isso? Porque, seguindo as orientações de seu chefe — que não é Lula, mas Stédile —, ele também é contra o agronegócio, que gera emprego e traz divisas para o país. E foi adiante: aproveitou para acusar outro organismo federal de desmatar ainda mais do que o Incra: a Funai. Segundo ele, em terras indígenas, a situação é muito pior.

Alô, senhores ministros do Supremo. Alô ministro Ayres Britto, que cantou as glórias preservacionistas dos indígenas naquele voto equivocado sobre Raposa Serra do Sol: o Incra está dizendo que índios e Funai são notórios “desmatadores”. Alguém vai se interessar pelo assunto? Hackbart, afinal, é governo...

Vigarice argumentativa

A vigarice argumentativa dessa gente não tem limites. Ao mesmo tempo em que nega o desmatamento, o sr. Hackabart aproveita para informar que os oito assentamentos foram feitos entre 1995 e 2002. Entenderam? 1995 é o primeiro ano do primeiro mandato de FHC, e 2002 é o último do segundo. Se lhe perguntarem quem garantiu a reforma agrária ali, ele certamente dirá que foi Lula; se lhe indagarem quem é responsável pelo desmatamento, aí é FHC mesmo... O valente quer nos fazer crer que a devastação se deu até 2002, mas só foi percebida agora.

Estamos diante de uma máquina de fabricar mentiras e mistificações. Sempre se soube que os ditos sem-terra não têm qualquer compromisso com a chamada preservação ambiental. E será tanto pior quanto mais se investir da mistificação pilantra de que todo mundo que “quer” terra tem direito a "ter" terra.

Os “amantes dos oprimidos" devem estar muito chocados. Não sabem agora se preservam a floresta ou defendem os sem-terra-com-terra-desmatada e, pois, a continuidade dos desmatamentos. O Incra já deve ter uma idéia: por que não expropriar as terras produtivas? Stálin fez isso na URSS, e Mao, na China. Com excelentes resultados...

Fonte:veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/

Tolerância Zero

Se existe uma coisa no mundo que se prolifera mais depressa que bactéria é a pergunta idiota. É impressionante a velocidade com que esta praga voa da boca dos mais desavisados para os ouvidos de gente irritável como eu. É quase uma maldição! Já reparou? Multiplicam-se também os posts – tais como este meu – de gente que não suporta este flagelo.

Tudo bem, eu confesso que muitas vezes eu tolero uma ou outra pergunta deste gênero. Ou para ser simpático ou porque, eventualmente, cabe a pergunta por mais óbvia que possa vir a ser a resposta. Porém há casos em que eu tenho que clamar pela Santa Paciência antes de dar a resposta mais cretina do universo. Em algumas ocasiões a Santa falha...

Se eu estiver saindo de casa, por exemplo, e alguem me perguntar “Você vai sair?” em um bom dia eu vou apenas responder que sim com um sutil sorriso nos lábios. Não porque a questão seja pertinente – sim porque se eu estou no portão da minha casa em direção à rua não estou tentando entrar, não é? – mas apenas por simpatia.

Por outro lado, casualmente a pergunta pode ter cabimento, mas não fica menos estúpida por isso. Realize a cena: São 10:00 horas da manhã de sábado. O sujeito está em casa e toca o telefone. Ele atende e o amigo pergunta “Acordei você?”. A pergunta é idiota? Sim. E o é porque agora que o sujeito está ao telefone não faz mais nenhuma diferença – nem a ele e nem ao amigo – qual atividade o cara exercia antes de atender à ligação. A pergunta é legítima? Claro! O infeliz poderia estar dormindo, como poderia estar se barbeando ou tomando café da manhã. Trata-se de curiosidade e, portanto de uma pergunta totalmente desnecessária, mas o intuito do amigo poderia ser apenas desculpar-se pelo infortúnio.

O que é sofrível mesmo são aquelas perguntas que de tão imbecis passaram a compor piadas. Em alguns dias eu apenas me irrito. Em outros eu me descontrolo. E quando elas vêm de alguém que me conhece bem? Eu piro!

Já aconteceu comigo de estar indo trabalhar e sendo periodo invernoso- inicio de dezembro, ruas cheias de mangas, levar aquele escoregão e me lambuzar todo de lama, estar retornando e alquem me pergunta caiu??? Não me joguei numa poça d"agua e fiquei me lambuzando para melhorar minha aparência.

Em outra oportunidade um grupo de amigos havia combinado uma reunião na casa de um deles. Estava marcado para 19:00 horas e eu só consegui chegar com mais de duas horas de atraso. Logo fui justificando: “Desculpem-me, mas eu só consegui sair do trabalho agora. Imediatamente um deles pergunta “Estava trabalhando?”. Não. Eu estava jogando futebol! Não é isso que você faz no escritório?

Hello! Por acaso isso é tipo de pergunta que se faça? Se a pessoa não tem nada melhor para dizer, por que diabos não fica quieta?

Perguntas desta natureza não são só imbecis. Elas são irritantes e simplesmente não mereceriam qualquer resposta. Mas eu dou. Em algumas oportunidades não dá pra ignorar. Às vezes estou mais suscetível e uma pergunta dessas me tira do sério! E tem mais exemplos:

a. Chegando da manicure: “Foi fazer as unhas?” Não. Fui amputar os dedos!
b. Chegando ao trabalho com os pés molhados e guarda chuva nas mãos: “Está chovendo?” Não. Parei no banheiro e me molhei na pia só pra enganar você!
c. Acendendo o cigarro depois do almoço: “Você fuma?” Não. Eu só gosto de acender e jogar fora!
Irritou? Eu me irrito. E muito!

Certas vezes eu me pego pensando se eu também não irrito os outros com isso. E a resposta é sim. É a tal da pergunta que está embutida em todo mundo. E eu busco me controlar. Então recomendo: controle-se! Se cada um fizer um pouquinho a coisa vai melhorar. Eu acredito nisso. E você?

É Sempre Bom Recomeçar

Em todos os sentidos, a palavra recomeçar tem um significado especial, como quando reencontramos aquele amigo que há muito tempo não víamos e retomamos o convívio, a amizade, ou quando nos desentendemos com a pessoa amada e há a pausa para o diálogo e o recomeço da relação, ou mesmo quando depois de muito tempo voltamos a desempenhar uma atividade que nos dá prazer, que nos realiza profissionalmente.

A vida nos proporciona isso, por isso mesmo ela é mágica, é desafiadora, é excitante. Todos os dias nós temos a oportunidade de recomeçar algo, de reescrever nossa história, de mudar o rumo das coisas, de reinventar o caminho que poderá nos trazer o desfecho que pretendemos, o tão esperado final feliz.

O bom disso tudo é que não há idade para recomeçar, podemos fazer isso aos vinte, aos quarenta ou aos sessenta anos, nunca é tarde, sempre há tempo, sempre se pode dar um jeito, sempre é possível. O necessário para que isso ocorra em nossa vida, é algo pouco usado, já que não tomamos o devido cuidado, não percebemos a extrema importância que isso tem, ou a revolução que isso é capaz de nos trazer, por ser um dom natural, o dom da iniciativa, a força de vontade de promover as mudanças, de reaver o tempo perdido.

Muitas pessoas simplesmente esperam, esperam o melhor dia, esperam a melhor pessoa, se conformam, se deformam, acomodam-se na mesmice do sofá da sala, se contentam com as medíocres enganações televisivas, enquanto a vida passa por elas com a velocidade que só os anos vão nos fazendo entender, que só as oportunidades perdidas vão nos fazendo lamentar, que só as lembranças do que já fomos ou fizemos vão nos mantendo vivos.

Certa vez me disseram que o dia mais importante é o hoje e que a pessoa mais importante é a que está em nossa frente, acredito nisso, já que o ontem não volta e o amanhã é incerto. Portanto vamos viver o hoje com a intensidade única que só os momentos felizes são capazes de nos proporcionar, vamos valorizar as pessoas que estão à nossa volta, vamos nos permitir mais, nos cobrar menos, vamos fazer aquilo que temos vontade, não se importando com que os outros vão dizer, vão julgar, afinal, somos os únicos e verdadeiros donos de nossas vidas.

Experimente isso, reescreva sua história, cante, dance, sorria, permita-se sonhar, reviver, reinventar em fim, recomeçar, verá que a sua vida terá outro significado, verá que a nossa realização, nossa satisfação, está nas coisas simples, no sorriso, no abraço, nas boas ações que nos deixam mais leves, que nos deixam na boca o gostinho doce que nos renova o gosto gostoso do recomeço...

*Texto escrito para motivação em Encontro de Diagnostico de Rendimento

A despolitização da política

Por Frei Beto
Campanha eleitoral se ganha com TV. Toda eleição os partidos contratam equipes para cuidar da imagem de seus candidatos. Em geral, equipe comandada por um publicitário que não é do partido, não gosta do partido e não vota no partido. Mas tem fama de competente...
 
Ora, competência rima com convicção. Qualquer manual de marketing, desses que ensinam a vender poluição atmosférica para ecologista, aconselha o vendedor a estar convencido da qualidade de sua mercadoria. Por isso, em muitas campanhas o programa de TV emperra. Troca-se de publicitário, de equipe e de estilo. E confunde-se o eleitor, pois, de uma semana a outra, o candidato light vira xiita ou vice-versa.
 
O mais dramático é constatar que se troca a ética pela estética. Não importa se o candidato é bandido, corrupto ou incompetente. Uma boa imagem fala mais que mil palavras. Assim, opera-se a progressiva despolitização da política, que é um dos objetivos do neoliberalismo. Tira-se a política do âmbito público como ferramenta de promoção do bem comum, para reduzi-la ao âmbito privado, à escolha de candidatos baseada, não em propostas e programas, e sim em simpatias e empatias.
 
A razão é simples: no sistema capitalista, a política é teoricamente pública e a economia privada. Universaliza-se o voto e privatiza-se a riqueza. Se no Brasil há mais de 100 milhões de eleitores, apenas 19 milhões concentram em suas mãos 75,4% da riqueza nacional (Ipea, maio 2008).
 
Numa verdadeira democracia, a universalização do voto deveria coincidir com a socialização das riquezas, no sentido de assegurar a todos uma renda mínima e os três direitos básicos, pela ordem: alimentação, saúde e educação. Como isso não consta da pauta do sistema, procura-se inverter o processo: inocula-se na população o horror à política de modo a relegá-la ao domínio privado de uns poucos. Quem tem nojo da política é governado por quem não tem. E os maus políticos tudo fazem para usar o poder público em benefício de seus interesses privados.

Veja-se, por exemplo, o movimento em favor do voto facultativo. O que muitos encaram como positivo e condizente com a liberdade individual é uma maneira de excluir parcela considerável da população das decisões políticas. Aumenta-se, assim, o grau de alienação dos potenciais eleitores. Quando perguntam por minha opinião, digo com clareza: sou a favor, desde que seja também facultativa a atual obrigação de pagar impostos. Por que ser obrigado a sustentar economicamente o Estado e desobrigado de influir na sua configuração e nos seus rumos?
 
O desinteresse pela política é um dos sintomas nefastos da ideologia neoliberal, que procura dessocializar os cidadãos para individualizá-los como consumistas. Troca-se o princípio cartesiano do "penso, logo existo", para o princípio mercadológico do "consumo, logo existo". É nesse sentido que a propaganda eleitoral também se reveste de mercadoria. Oferecem-se, não idéias, programas de governo, estratégias a longo prazo, e sim promessas, performances, imagens de impacto.
 
Se há aspectos positivos nas restrições oficiais às campanhas eleitorais, porque deixam a cidade limpa e evitam que os comícios atraiam público, não em função do candidato, e sim dos artistas no palanque, é óbvio que favorecem a quem tem mais dinheiro. E enquanto não chega a prometida reforma política, o financiamento e o controle público das campanhas, o caixa dois prossegue fazendo a farra de quem posa de ético e, ao mesmo tempo, angaria recursos escusos e criminosos.
 
É hora de abrir o debate sobre as eleições 2008 em todos os espaços institucionais e populares: escolas, empresas, denominações religiosas, clubes, associações, sindicatos e movimentos sociais. Não se trata de favorecer este ou aquele candidato, e sim de fomentar o distanciamento crítico frente ao marketing eleitoral e acentuar os critérios de discernimento político.
 
Se a sociedade não se empenhar na educação política de seus cidadãos, em breve teremos parlamentos e executivos ocupados apenas por corruptos, milicianos, lobistas e fundamentalistas. Então o Brasil se verá reduzido a uma imensa Chicago dos anos 30, com os Al Capone dando as cartas ao arrepio das leis, de um lado, e os Bin Laden versão tupiniquim de outro, convencidos de que, em nome de sua religião, foram escolhidos por Deus para governar erradicando o pecado, ou seja, combatendo a ferro e fogo todos que não rezam pela cartilha deles.
 
Frei Betto é escritor, autor de "Cartas da Prisão" (Agir), entre outros livros.