Caros Leitores, desde a sua criação o Blog Xapuri News, o intuito sempre foi de ser mais um espaço democrático de noticias e variedades, diretamente da Princesinha do Acre - Terras de Chico Mendes - para o mundo, e passará momentaneamente a ser o instrumento de divulgação das Ações da Administração, Xapuri Nossa Terra, Nosso Orgulho, oque jamais implicará em mudança no estilo crítico das postagens.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Final de Semana

Como aos Finais de Semana estou reservando todo o tempo para o meu descanço, longe de celular, internet e acesso ao trabalho, novamente deixarei de fazer postagens no sábado e no domingo, mas aguardo a visita de todos na segunda a tarde...

Tenham todos um bom Final de semana com seus familiares, amigos, amores e tudo mais...

e quem sabe aos amigos xapurienses nos encontremos pelas badalações noturnas de final de semana

Religiosidade ou Preconceito escancarado.

Nos últimos 4 anos Xapuri tem assistido uma explosão de novas religiões que aqui se estabelecem, muitas sérias que merecem respeito e com certeza permanecerão fazendo o seu trabalho de doutrinação religiosa para com as novas ovelhas arrebanhadas, outras como de costume não conseguem permanecer sequer nos dois primeiros anos, pela ausência de seus seguidores.

Independentemente da questão religiosa, considero de grande valia o trabalho desempenhado por alguns pastores, monitores, diáconos entre outros em prol de certos membros da comunidade xapuriense. Porém alguns exageros estão sendo cometidos, já exorcismos de homossexuais estão acontecendo com a suposta prerrogativa de que a opção homossexual seria acarretada por uma pretença pocessão demoníaca, ou até mesmo uma doença diabólica.

Ora senhores, isso além de ser criminosa a postura homofóbica é imbecilizada, porque não possui nenhum amparo de pesquisa seja na área teológica seja na área das ciências humanas, que inclusive em 1982, a Organização Mundial de Saúde há exatos 26 anos atrás retirou da lista de patologias clinicas a Homossexualidade e desconheço biblicamente qualquer texto que tipifique tal pratica como demoníaca ou patológica, há sim tipificação do pecado carnal.

Quanto a postura homofóbica, já que há legislação que tipifica como crime, já efetuei propositura de denuncia aos órgãos competentes, já que considero absurda a ação, porém compreendo já que esse tipo de postura de religiosos em relação aos homossexuais não é nova, cito por exemplo que o embate entre religiosos e militantes homossexuais contra a aprovação de leis, é uma verdadeira queda-de-braço entre evangélicos e defensores dos chamados direitos humanos, que nesse ano tomou conta do país.

Na mira de ambos estão dois projetos que pretendem assegurar novos direitos aos gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transgêneros : O PLC (Projeto de Lei da Câmara) 122/2006 e o PL 6.418/2005.

Enquanto os religiosos se reúnem em campanhas de mobilização para impedir a aprovação dessas leis e outras similares, os militantes da causa homossexual, por seu turno, contra-atacam com um discurso afiado pela defesa de seus direitos e com processos judiciais contra os cristãos.

O caso mais recente aconteceu no Estado da Paraíba e envolveu a Visão Nacional para a Consciência Cristã (VINACC) – uma organização evangélica com sede em Campina Grande (PB) – e a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, travestis e Transgêneros (ABGLT), com sede em Curitiba (PR).

Tudo começou em junho de 2007, quando a (VINACC), iniciou uma campanha com outdoors espalhados em Campina Grande (PB), nos quais se lia: Homossexualismo – E fez Deus homem e mulher e viu que era bom, uma junção de dois versículos de Gênesis: (Gn 1.27 e Gn 1.31a).


A (ABGLT), foi à justiça contra a campanha, e a (VINACC) viu-se obrigada, por decisão judicial, a pôr um fim à iniciativa, retirando os outdoors da cidade e cancelando os eventos relacionados a ela.

Já que a homossexualidade é uma orientação sexual na qual uma pessoa tem atração afetiva e sexual por uma outra do mesmo sexo, a justaposição ente homossexualismo ‘e era bom’ contida na frase da campanha da VINACC deixa implícita a interferência de que ser homossexual é errado.

Ora se a homossexualidade não é doença, tampouco crime, em um Estado laico como o Brasil, que tem por preceito constitucional que não haverá discriminação de qualquer natureza, a propaganda fere esse princípio”

Em novembro de 2007, uma outra campanha da VINACC, intitulada Família – Projeto de Deus, também foi denunciada pela ABGLT. Dessa vez, os outdoors citavam os mesmos versículos da campanha anterior, mas não mencionavam o termo homossexualismo.

A ABGLT, conforme consta do pedido de providências encaminhado por ela à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, órgão da Procuradoria Geral da República, porém, entendeu que se tratava de uma reincidência no delito anterior, de uma nova “campanha homofóbica”.

Dentre as providências requeridas á subprocuradora geral da República, Ela Wiecko Volkmer de Castilho, além das retiradas dos autdoors, pediram também a retirada da página da Internet.

Segundo o pastor Euder Faber (presidente da VINACC), diz que: “O movimento homossexual não concorda com os valores familiares e quer impor uma nova ordem social. Usa argumentos falaciosos e tenta jogar a justiça e a sociedade contra os cristãos. Está tentando impor uma verdadeira ditadura, coisa que só se vê em estados totalitários. Não abriremos mão de nossos valores nem da liberdade de defênde-los”.


Contexto Histórico
É necessário criar leis que protejam as minorias sejam elas de afrodescendentes, de gays índios etc, para que não se tornem vitimas como o caso de Xapuri, no caso da nova Legislação é necessário frisar que mesmo no caso de as leis antidiscriminação serem aprovadas, não será preciso abrir mão de qualquer direito, já que o Projeto de Lei não interfere na liberdade de culto ou de pregação religiosa. O que o projeto visa coibir são manifestações notadamente descriminatórias, ofensivas ou de desprezo.

Particularmente as que incitem a violência contra os gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais. Portanto religiões podem manifestar livremente juízos de valor teológicos, que devem estar alinhados com o que chama de “contexto histórico” no qual viviam os autores bíblicos. A Bíblia, sobretudo o Antigo Testamento, deve ser interpretada levando em conta o contexto histórico em que foi escrita.

Citar a Palavra de Deus fora de contexto é pretexto para o preconceito.
Não sou expert em teologia mas no caso acima acredito que pesa a intenção de doutrinar pessoas com opções sexuais que não se alinham ao padrão existente e posto pela sociedade, se fossemos interpretar a biblia tal qual ela nos apresenta, faríamos tamanhas aberrações como assim já fizeram inúmeras sociedades até hoje.

Seria aceitável fazer uma campanha contra cegos, coxos, atrofiados, deformados, anões e mulheres com base na argumentação bíblica de (Levítico 21.17-20)?, citando a passagem em que Deus determina que os deficientes físicos de todo tipo pertencentes á linhagem sacerdotal não tomassem parte no ministério do tabernáculo.

Senhores não quero lhes ensinar o oficio, nem tão pouco ser advogado da causa ofendida mas tenho o conhecimento pleno de que a Bíblia não é um livro homofóbico, mas a interpretação descontextualizada que alguns fazem dela é homofóbica.


Para entender o Caso:
Para alguns religiosos e políticos que no caso cito o deputado Acreano do PT Henrique Afonso o qual tem organizado encontros pelos municípios do Acre para descutir esses e outros projetos de lei polêmicos – afirmou em discurso recente que a mensagem bíblica, com relação á prática da homossexualidade, é clara e independente de interpretações contextuais. As uniões homossexuais, à luz da Bíblia, são chamadas de abominação!

Afirma ainda que cada parte do corpo humano, cada órgão, tem a sua função e é preciso saber respeitar a ordem natural. Quem valoriza o matrimônio e considera a origem sagrada da família não é homofóbico, mas, sim, teófilo (palavra grega que significa amigo de Deus). A homossexualidade pressupõe práticas que quebram as leis estabelecidas por Deus. Na natureza, a reprodução pode ser assexuada ou sexuada, mas jamais homossexual.

Na verdade ouvi a mesma lorota de um pastor de Xapuri, no qual presumi que há uma verdadeira batalha religiosa no campo. Porém gostaria de me ater apenas na questão dos direitos legais da comunidade GLBT, coisa assegurada juridicamente que gera tamanha polêmica e que no seu epicentro encontra-se os dois projetos de lei que seguem seu curso, um em cada casa legislativa – o PLC 122/2006 no Senado Federal e o PL 6.418/2005 na Câmara Federal. Ambos propõem penas pesadas em resposta a ações discriminatórias em função de descriminação ou preconceito de raça, cor, nacionalidade, religião, sexo e orientação sexual.

O PLC 122/2006, o qual foi aprovado na Câmara no final de 2006, está na Comissão de Direitos Humanos(CDH), onde sua relatora, a senadora Fátima Cleide (PT/RO), pretendia aprova-lo ainda em março de 2007. Seus planos parecem ter mudado depois de uma campanha de mobilização que foi levantada sobre o teor do PLC e que se reverteu no envio de emails e telefonemas aos senadores nos quais foram manifestados pelos evangélicos o inconformismo em relação as propostas do Projeto.

Com o PLC 122/2006 emperrado no Senado Federal, surgiu em cena o projeto PL 6.418/2005 de autoria do senador Paulo Paim que não mencionava a discriminação por orientação sexual e a deputada apresentou relatório favorável a ele como viera do Senado no dia 2 de maio de 2007. Não se sabe por que motivo a deputada Janete Pietá (PT/SP)t, mudou de idéia e, em outro relatório – apresentado dois meses depois (no dia 11 de julho) – decidiu incluir, dentre os crimes previstos no Pl, a discriminação por motivo de orientação sexual.

Era o último dia antes do início do recesso parlamentar de julho e a deputada tomou providências para que o relatório fosse apresentado à Comissão exatamente na primeira reunião após o recesso, provavelmente visando pegar os colegas de surpresa.
No dia 8 de agosto, ao apresentar o relatório, entretanto, ela foi surpreendida com o pedido de vistas de alguns deputados evangélicos que, mais tarde, apresentaram votos em separado ao projeto.

Porém longe desse rolo todo Xapuri que sempre foi considerado como comunidade tolerante em ralação a opções sexuais se tornar um campo de batalha entre soldados do Senhor Jesus Cristo que exorciza homossexuais e bissexuais é inconcebível tal atitude, principalmente no campo religioso.

É válido frisar que antes dos humanóides habitarem a terra, já havia homossexualismo e bisexualismo, nada de novo na natureza, apenas um válvula de escape populacional que as espécies usam para se perpetuarem. Já quanto a polemica humana, o homem em sua evolução ao longo das centenas de milhares de anos de evolução e o alto índice de mortalidade muitas vezes os grupos nômades ora perdiam suas mulheres ora os homens e era muito comum haver grupos homogêneos e a "homo" sexualidade era totalmente natural até o grupo encontrar seus parceiros para reprodução, nada de novo, a "homo" sexualidade era uma forma de manter unido um grupo em sua luta pela sobrevivência, pois todo individuo isolado era eliminado pelo ambiente... Mas recentemente nos últimos 20000 anos as sociedades sucederem-se e desapareceram e essa atividade sempre existiu.

Mesmo no Egito antigo (de longe a civilização mais avançada) era comum e normal, na India, China , Gregos.. Romanos , Assírios, Caldeus..., sociedades africanas, nomades aborígenes todos sem exceção tiveram essas atividades como naturais.O que temos hoje é apenas fruto da natureza humana e a repressão hipócritas da religião ao longo dos séculos, todas as religiões também tinham e tem essa atividade bisexual.

Os mosteiros desde sua formação a milhares de anos é comum e normal devido a natureza da opressão sexual dos noviços(a) pelos seus treinadores "espirituais".De novo nada de novo FUNDADOR da igreja romana Imperador Constantino era um assassino cruel e um bissexual (normal na cultura romana) assumido..portanto um bom começo para ditar moral, dogmas e bons costumes, ao longo do papado a historia claramente mostra para quem quiser saber como eram formados os futuros padres, bispos e cardeais na opressão sexual e religiosa da primeira grande multinacional a ICR Recentemente para provar o que digo na rica sociedade americana pipocam casos escandalosos de padres pedófilos, opressores e de crianças, isso não é nada de anormal é coisa corriqueira e acontece pelo mundo afora, onde a religião e hipocrisia andam de braços dados.

Todas as sociedade dominadas por essas instituições decadentes tiveram essa lavagem cerebral ao longo dos séculos e hoje somos produtos disso..de novo nada de novo.

Portanto o bissexualismo é natural e serve aos propósitos da natureza primeiro que é perpetuar as espécies.Leiam mais Darwin e menos a Biblia e aprenderão mais rápido e menos tempo, de como a realidade natural funciona e talvez o futuro seja bem menos violento, sórdido e hipócrita.Tudo que foi dito acima está na literatura cientifica..procurem, aprendam e esqueçam o preconceito..

E uma dica aos religiosos... quem muito se preocupa com o gosto sexual do outro, esquece-se do seu padrão e tende a permitir enovações... Não quero ser estraga prazeres nem da comunidade GLBT de Xapuri, muito menos da comunidade religiosa, porem que os exageros devem ser contidos a isso devem...

E Viva a diversidade

Cientistas descobrem uma nova espécie de animal brasileiro

Cientistas descobrem uma nova espécie de animal brasileiro a partir do estudo de fósseis guardados em museus do Rio de Janeiro. O novo animal é um astrapotério, animal de casco (como cavalos e vacas) que teria vivido no país pouco depois da extinção dos dinossauros.

A identificação foi feita a partir de dentes comparados com outros restos de astrapotérios. A dentição estudade era diferente dos outros fósseis, mas por enquanto é a única prova que a nova espécie descoberta existiu.

Os pesquisadores compararam o fóssil aos restos de outras espécies de astrapotérios, que foram apelidadas de "porcofantes" por parecerem uma mistura de javali com tromba de elefante. Essas ossadas pertenciam a animais do tamanho de hipopótamos, diferente do tamanho que os cientistas acreditam que a nova espécie teve.

Segundo os estudiosos, os animais pré-históricos brasilieros eram menores, do tamanho de cachorros. A nova espécie eles acreditam que era menor e não possuia a trombinha. Eles também colocam a descoberta de um novo gênero (grupo mais abrangente que a espécie na escala evolutiva).

Os cientistas acreditam que este seja um registro único. Os astrapotérios e alguns outros animais da fauna pré-histórica brasileira não deixaram registro nos dias de hoje, estes são do período Paleoceno, cerca de 60 milhões de anos atrás. Nesta época a evolução das espécies foi muito rápida e experimental, os paleontólogos acreditam que estes animais sumiram há 10 milhões de anos, por escassez de nutrientes.

Raça Humana - Raça Animal

Ao Publicar a Postagem dignidade humana e respeito à vida, muitas discurssoes entre amigos foram feitas e pesquisando alguns videos na ocasião do julgamento sobre uso em pesquisas de células­tronco embrionárias, percebi que um ministro do Supremo Tribunal Federal dizer mais de uma vez "pessoa humana", fiquei preocupado.

Será que o STF também decidiu oficializar a redundância? Alguém me disse que era pra diferenciar de "pessoa jurídica" e "pessoa física". Não engoli, fui procurar na internet se cabia o argumento.

Achei o voto na íntegra do ministro Ricardo Lewandowski, uma dissertação de mestrado de 56 páginas (disponível em http://media.folha.uol.com.br/ciencia/2008/05/29/lewandowski.pdf). Está lá, várias vezes, o "pessoa humana".

Em todas o contexto é o usual, mesmo, ou seja, bastava "pessoa" (ou, vá lá, "ser humano"). Mas não vou pegar no pé de um ministro do STF por causa disso. Também não vou implicar com a quantidade de filósofos citada por ele (parei de contar quando até Heidegger e Husserl apareceram na lista), enquanto bastava o bom e velho Moore (autor de Embriologia Clínica, velho conhecido dos alunos de graduação em ciências da saúde).

Nesse ponto não tenho o que criticar: não só Lewandowski cita, como me pareceu ter dominado bem o conteúdo. Entretanto, como membro ativo da sociedade e critico por natureza, considero-­me pessoalmente atingido pelo seguinte trecho de seu voto (página 54): "Não se mostra, também, segundo penso, conveniente e nem jurídico, permitir que projetos de pesquisa e de terapia com células ­tronco embrionárias humanas sejam exclusivamente aprovados pelos comitês de ética das próprias instituições e serviços de saúde responsáveis por sua realização, a teor do que sugere o § 2º do art. 5º, aqui atacado. É que, seja­-me permitido o recurso a uma conhecida parêmia romana e com o devido respeito que os cientistas merecem , lupus non curat numerum ovium".

Não, senhor ministro, nós, brasileiros que pensamos sobre oque se é de fato importante para as pessoas comuns que raramente os senhores tem conhecimento, não somos lobos. E nos preocupamos, muito, com a contagem das ovelhas.

Fiquei sabendo também que o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, ao contrário do que acredita (página 52), já contempla todas as suas preocupações, assim como também no que diz respeito à composição dos comitês de ética (página 55), eles já são "pluralistas e multidisciplinares", com integrantes de diversas áreas do conhecimento.

Confesso que me escapa à compreensão tanta conversa mole jurídica, num assunto que poderia ser tratado de forma mais objetiva. O procurador geral da República, motivado religiosamente, achou por bem questionar a constitucionalidade da Lei de Biossegurança.

O que diz a constituição "Inviolabilidade do direito à vida (...) a todos os brasileiros(...)" (art. 5º.). "Direito à vida" sozinho é muito vago e poderia dar a entender qualquer "vida brasileira", o que nos proibiria de matar boi brasileiro (pessoa animal) ou colher alface brasileira (pessoa vegetal) pra comer.

O bom­senso assumirá, então, que a Constituição se refere a brasileiro­gente (pessoa humana). Quando alguém pode ser considerado gente (Não procure a resposta em Tomás de Aquino, faça­me o favor).

Concordamos, então, que a falta de sistema nervoso é um parâmetro biológico aceitável (Sim, cabe aqui feto anencéfalo). Próximo passo: a Lei de Biossegurança se preocupou em restringir o que pode ser usado em pesquisa Sim, ela se refere a "embriões inviáveis" (nesse sentido concordo com Lewandowski, quando ele defende que se explicite "inviável"), exige consentimento dos genitores e proíbe a comercialização.

o resto é balela!!!

Artesanato do Acre é atrativo

Biojóias e objetos decorativos são atrativos apresentados pelo Estado
Biojóias feitas com sementes, velas do ouriço da castanha, quadros de buriti, produtos de látex, entre outras peças regionais do Acre fazem parte da exposição do espaço Vitrine Brasil no Salão do Turismo - Roteiros do Brasil, no Anhembi, em São Paulo. As peculiaridades do que é produzido artesanalmente em cada região do país está sendo apresentada no maior evento de turismo realizado no Brasil.

Com a exposição dos produtos acreanos a expectativa dos artesãos da Cooperativa de Produtos e Serviços Econômicos e Solidários do Acre e da Associação dos Artesãos do Juruá é de serem vendidos em torno de R$ 15 mil. Para o artesão Carlos Taborga o turismo e o artesanato são complementares no sentido de promover a divulgação do Estado. “Eventos nacionais são essenciais para mostrar o que é produzido pelos artesãos. Além da importância econômica e social”, destacou Carlos Taborga.

Um dos produtos que mais tem chamado a atenção das pessoas que visitam o estande do Acre é a toalha confeccionada com látex. “Este é um objeto de desejo”, disse Alfredo Andrade da União Brasileira dos Produtores de Feiras. Ele completa enfatizando que a toalha trata-se de um elemento típico, com alto aproveitamento em termos de arte. “Sem dúvida é um material de qualidade com uma identidade das comunidades que produziram”.

Atualmente estão cadastrados da Secretaria de Esporte, Turismo e Lazer (Setul) 350 artesãos. O último levantamento, realizado em 1999, registrou mais de 12 mil artesãos em todo o Estado. Uma nova pesquisa já está em andamento para quantificar o aumento de pessoas que trabalham com artesanato.

Mãos que criam - Os processos utilizados na produção artesanal, com demonstrações ao vivo do trabalho dos artesãos podem ser acompanhados pelos turistas que visitam o Salão do Turismo. O artesão de Rio Branco Antônio Everton Ribeiro participa do evento expondo quadros com motivos da Amazônia em marchetaria. Em apenas dois dias o artista transforma madeira e laminados utilizando pequenas facas e estiletes em belos quadros que traduzem as belezas da amazônica. “É uma oportunidade única poder mostrar nosso trabalho. Isso incentiva a valorização da cultura acreana”, relatou o artesão.

Nesta edição do Salão 39 artesãos revezam sua apresentações em 16 núcleos de produção simultânea.

Agricultura Familiar - O espaço Vitrine Brasil inclui ainda um local destinado à apresentação e comercialização de alimentos e bebidas produzidos pelos agricultores familiares de todos os Estados do país. Os produtos vão desde pequi e sorvetes de frutas do cerrado do Centro-oeste as cachaças e doces de compota da região do Sudeste. O Acre levou ao Salão de Turismo - Roteiros do Brasil o palmito de pupunha, a farinha de banana e também os doces regionais. Todos os produtos obedecem aos critérios estipulados pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário.

Para Adelar da Silva, do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Bonal, um dos aspectos mais relevantes da participação dos produtores é a possibilidade de estabelecer contatos com empresários de outros Estados. “Além de poder divulgar nosso trabalho”, disse ele.

A participação da Agricultura familiar na terceira edição do Salão representa a parceria entre o MDA e o Ministério do Turismo, por meio de políticas, programas e ações em conjunto que têm apoiado as iniciativas de turismo na agricultura familiar, e também na valorização da produção associada em todas as regiões.

Amazônia concorre ao título das Novas Sete Maravilhas da Natureza

Depois de eleger as sete maravilhas do mundo, entre elas o Cristo Redentor no Brasil, a Ong Suíça New Seven Worders realiza uma votação mundial para a escolha das Novas Sete Maravilhas da Natureza. A candidatura da Amazônia para concorrer a uma das vagas foi oficialmente lançada durante encontro dos secretários e dirigentes de Turismo da região Norte, com representantes do Ministério do Turismo, incluindo a presença do ministro interino da pasta Luiz Barreto, durante o Salão do Turismo - Roteiros do Brasil, que acontece no Anhembi, em São Paulo, de 18 e 22 de junho.

A biodiversidade, a pluralidade dos povos, as belezas dos rios e das florestas são os maiores atrativos e itens de competição com os demais candidatos do mundo todo. Também concorrem representando o Brasil, a ilha de Fernando de Noronha, Cataratas de Iguaçu, Monte Roraima e Pantanal.

A indicação da Amazônia conta com o respaldo dos governos estaduais, o apoio das instituições privadas, representantes do trade de turismo brasileiro, e o patrocínio do Ministério do Turismo.

A eleição das novas sete maravilhas da natureza está dividida em duas etapas. Na primeira serão selecionadas 21 maravilhas finalistas, pelo voto popular. Na segunda fase, que se inicia em janeiro de 2009, as finalistas serão novamente submetidas ao voto pela internet para escolha das novas sete maravilhas da natureza. O resultado final será divulgado em 2010. Para maiores informações, acesse o site www.natural7wonders.com. E para votar na Amazônia acesse www.wonderamazon.com.

"A Amazônia por si só já atrai a atenção do mundo", destacou Aristides Cury, coordenador nacional da Confederação Brasileira de Convention & Visitors Bureaux.

Cassiano Marques, secretário de Esporte, Turismo e Lazer do Estado do Acre, acredita que a campanha para que a Amazônia seja uma das Sete Maravilhas do Mundo consolidada o momento de integração e atuação integrada entre os Estados da região Norte, além de proporcionar mais visibilidade para o processo de fomento do turismo. Segundo ele é preciso mostrar para o mundo que a floresta é uma grande solução e não um problema, e que pode promover o desenvolvimento de forma sustentável.

INFANTICÍDIO INDÍGENA: TRADIÇÃO OU CRIME?

Infanticídio põe em xeque respeito à tradição indígena

ANA PAULA BONI
Folha de São Paulo

Mayutá, índio de quase dois anos de idade, deveria estar morto por conta da tradição de sua etnia kamaiurá. Na lei de sua tribo, gêmeos devem ser mortos ao nascer porque são sinônimo de maldição. Paltu Kamaiurá, 37, enviou seu pai, pajé, às pressas para a casa da família de sua mulher, Yakuiap, ao saber que ela havia dado à luz a gêmeos. Mas um deles já tinha sido morto pela família da mãe.

Paltu enfrentou discriminação da tribo, para a qual a criança amaldiçoaria a aldeia. Relutou, porém, em sair do parque do Xingu (MT), onde vive sua etnia e outras 13, muitas das quais praticam o infanticídio.

No ano passado, ele soube do trabalho da ONG Atini, que combate a prática, por meio de sua irmã Kamiru, que desenterrou o menino Amalé, condenado a morrer por ser filho de mãe solteira. Kamiru teve contato com a entidade em Brasília, ao buscar tratamento médico para o filho adotivo.

Paltu pediu ajuda à ONG para conscientizar os índios de sua aldeia. A entidade foi criada há cerca de dois anos pelos lingüistas Márcia e Edson Suzuki, que em 2001 adotaram Hakani, 12. Devido à desnutrição em decorrência de hipotireoidismo congênito, que seus pais acreditavam ser uma maldição, Hakani, da etnia suruarrá, deveria morrer. Foi salva pelo irmão.

É Hakani que dá nome ao documentário dirigido pelo diretor e produtor norte-americano David L. Cunningham, que está em fase de finalização e deve ser lançado neste mês no Brasil e nos Estados Unidos. Rodado em fevereiro em Porto Velho (RO) com o apoio da Atini, o vídeo mostra a história de Hakani e depoimentos contra o infanticídio, na voz de índios.

Ainda praticado por cerca de 20 etnias entre as mais de 200 do país, esse princípio tribal leva à morte não apenas gêmeos, mas também filhos de mães solteiras, crianças com problema mental ou físico, ou doença não identificada pela tribo.

Projeto de lei

O documentário aborda projeto de lei que trata de "combate às práticas tradicionais que atentem contra a vida", que tramita na Câmara desde maio passado. A Lei Muwaji, como é chamada em homenagem à índia que enfrentou a tribo para salvar sua filha com paralisia cerebral -caso que inspirou a criação da Atini-, estabelece que "qualquer pessoa" que saiba de casos de uma criança em situação de risco e não informe às autoridades responderá por crime de omissão de socorro. A pena vai de um a seis meses de detenção ou multa.

A proposta é polêmica entre índios e não-índios. Há quem argumente que o infanticídio é parte da cultura indígena. Outros afirmam que o direito à vida, previsto no artigo 5º da Constituição, está acima de qualquer questão.

"Nós vivemos sob uma ordem legal e a lei diz que o direito à vida é mais importante que a cultura", afirma Maíra Barreto, doutoranda em direitos humanos pela Universidade de Salamanca (Espanha), cuja tese é sobre infanticídio indígena.
Para ela, conselheira da Atini, há incoerência no fato de o Brasil ser signatário de convenções internacionais que condenam tradições prejudiciais à saúde da criança e não cumpri-las no caso dos índios.

Em 2004, o governo brasileiro promulgou, por meio de decreto presidencial, a Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que determina que os povos indígenas e tribais "deverão ter o direito de conservar seus costumes e instituições próprias, desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais definidos pelo sistema jurídico nacional nem com os direitos humanos internacionalmente reconhecidos".

Antes disso, em 1990, o Brasil já havia promulgado a Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU, que reconhece "que toda criança tem o direito inerente à vida" e que os signatários devem adotar "todas as medidas eficazes e adequadas" para abolir práticas prejudiciais à saúde da criança.

O antropólogo Ricardo Verdum, do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), acha o projeto de lei uma intromissão no livre-arbítrio dos índios. "Querer impor uma lei é agressivo, é uma violência."

O antropólogo Bruce Albert, da CCPY (Comissão Pró-Yanomami), diz que, para os yanomamis, "só as crianças às quais se podia dar a chance de crescer com saúde eram criadas".

O missionário Saulo Ferreira Feitosa, secretário-adjunto do Cimi (Comissão Indigenista Missionária), vê no debate conflito entre a ética universal e a moral de uma comunidade. "Ninguém é a favor do infanticídio. Agora, enquanto prática cultural e moralmente aceita, não pode ser combatida de maneira intervencionista."

Para Márcia Suzuki, presidente da Atini, o debate originado a partir do projeto traz à tona a questão da saúde pública desses povos.

Ex-presidente da Funai afirma que sofreu "dilema'

O antropólogo Mércio Pereira Gomes, que foi presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio) nos quatro primeiros anos do governo Lula, admite que sofria "um dilema muito grande" no órgão diante da questão do infanticídio. Como cidadão, é contrário à prática, mas como antropólogo e presidente do órgão, discorda de uma política intervencionista.
Segundo ele, há de cinco a dez mortes por infanticídio no Brasil por ano. Para tornar a política indigenista mais eficiente, Gomes afirma que a questão da saúde, hoje com a Funasa, deveria voltar para a Funai, de onde saiu em 1999.

Para as tribos, explica, o índio só considera um ser como pessoa quando ele é recebido pela sociedade. "Quando se pratica infanticídio, do ponto de vista cultural -não do biológico-, ainda não se está considerando um ser como completo. A antropologia analisa desse modo. Sob essa lógica cultural, não é uma desumanidade."

Segundo ele, a Funai "não toma uma posição" sobre o infanticídio, mas busca intervir em alguns casos. "Há uma busca de soluções, como a adoção." Ele é descrente em relação aos efeitos de uma lei. "Quem vai poder fazer isso vai ser uma Funai com capacidade de dialogar."

Número de crianças mortas é desconhecido
O número de índios mortos por infanticídio no Brasil é uma incógnita. Nos dados da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) sobre mortalidade infantil indígena, ele aparece somado a óbitos causados por "lesões, envenenamento e outras conseqüências de causas externas".

Esse grupo responde por 0,4% do total das mortes de menores de um ano de idade, segundo os últimos dados disponíveis da Funasa, de 2006. Naquele ano, foram 665 óbitos no país por mortalidade infantil indígena.

A explicação do órgão para a falta de dados sobre mortos por infanticídio está na forma como a identificação ainda é feita. Quem contabiliza os óbitos e os repassa para a sede da Funasa são os 34 Dseis (Distritos Sanitários Especiais Indígenas) espalhados pelo país para atender aos cerca de 460 mil índios.

Wanderley Guenka, diretor há cerca de oito meses do Departamento de Saúde Indígena da Funasa, acrescenta que muitas vezes o problema é anterior à contabilização dos dados, quando nem é possível identificar que houve infanticídio. O problema aumenta, diz o servidor, quanto mais difícil for o acesso à aldeia e o contato regular com os índios.

"Em Mato Grosso do Sul, é fácil monitorar os índios desde a gestação. Eles estão mais próximos de centros urbanos. Na Amazônia, para chegar aos yanomamis, o deslocamento tem de ser aéreo ou com barco", afirma Guenka.

De acordo com o órgão, está sendo implantada uma política de investigação das mortes para que, com mais detalhes repassados pelos Dseis, a Funasa identifique a causa do óbito.

Para Márcia Suzuki, da ONG Atini, uma forma de diminuir os casos de infanticídio seria a realização de pré-natal nas aldeias, principalmente naquelas onde gêmeos são rejeitados. "Essas pessoas têm o direito de saber, por exemplo, que existe possibilidade de tratamento ou cirurgia para resolver certos problemas congênitos."

O médico sanitarista Douglas Rodrigues, que trabalha há mais de 20 anos no Projeto Xingu da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), relata que a falta de estrutura é um empecilho. "Já existe ultrassom portátil, mas nós não temos. A gente pede, o Ministério da Saúde não manda, fica nesse vai-não-vai. Ultrassom até hoje não está disponível no Xingu nem em lugar nenhum."

Rodrigues acrescenta, no entanto, que não é só a falta de estrutura que impede o trabalho dos profissionais de saúde. "Não dá para acompanhar a hora do parto a não ser que o índio avise. Se não avisar, quando vamos lá às vezes a criança já morreu.

Um economista pelo desenvolvimento sustentável

José Eli da Veiga reflete sobre o tema e diz que o Brasil não evoluirá nessa direção se não incentivar as inovações tecnológicas
Por Débora Menezes

Polêmico? Não! Objetivo. Assim é o economista José Eli da Veiga, professor titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Adepto da chamada economia ecológica, o também pesquisador fundou e coordenou o Núcleo de Economia Socioambiental (Nesa), na mesma universidade. Escreveu 11 livros sobre desenvolvimento sustentável - o último, Emergência Socioambiental, foi publicado este ano pela Editora Senac e resenhado pelo Planeta Sustentável - e organizou 4 títulos. Também participou de diversas publicações - entre livros, revistas e jornais -, totalizando 23 capítulos e 25 artigos de sua autoria. Eis, aqui, dois dos mais recentes artigos escritos pelo especialista:
- Ambientalismo, entre crença e ciência, para o jornal Folha de São Paulo e
- O crime de só aprofundar Kyoto, para a revista Página 22.

Muito comunicativo, Veiga fala sobre o conceito de desenvolvimento e convida o leitor a refletir sobre como a sociedade precisa enfrentar a crise, ou melhor, a emergência deste século. Um de seus principais argumentos é o de que não é possível esse enfrentamento sem que haja investimento em ciência e tecnologia. Nesse livro, ele dá o recado: diz que, se houvesse maior investimento do Brasil em Ciência e Tecnologia, isso "estimularia os melhores investidores privados, em vez de promover os jurássicos que querem fazer da Amazônia e do que resto do Cerrado exatamente aquilo que seus pais, avós e bisavós fizeram da Mata Atlântica e da Caatinga".

José Eli gosta de fazer provocações. Quando participou do debate Diálogos Sustentáveis, em junho de 2007, classificou o Protocolo de Kyoto como "um equívoco". Nesta entrevista, novamente criticou o Protocolo, afirmando que são necessárias metas mais drásticas para redução de CO2 no planeta. Falou sobre atitudes individuais a favor da diminuição de impactos sobre o mundo que, na sua opinião, só fazem sentido se estiverem conectadas a ações coletivas para pressionar o Estado e se as próprias empresas também mudarem. E ainda comentou o lançamento de seu novo livro sobre desenvolvimento sustentável, em 2008: desta vez para explicar o tema para o público adolescente.

É mais comum encontrar geógrafos e biólogos que estudam e discorrem sobre meio ambiente do que economistas, não?
Há muito tempo, em muitos países, os economistas se envolveram com as questões ambientais. No Brasil, ainda há um peso muito forte do "economicismo". Esta é uma visão antiga da teoria econômica que diz que a economia não tem nada a ver com a natureza. Ainda somos poucos dentro da chamada economia ecológica (que se baseia no princípio de que o funcionamento do sistema econômico deve levar em consideração as condições do mundo biofísico, de onde derivam a energia e matérias-primas para o desenvolvimento. Leia mais sobre o assunto no site EcoEco - Sociedade Brasileira de Economia Ecológica). Mas já há vários pesquisadores envolvidos com o tema - e com a mais ampla 'economia do meio ambiente' - em muitas universidades brasileiras, como na Universidade de Campinas (Unicamp, sede da EcoEco) e na Universidade de São Paulo (USP). Desenvolvimento sustentável e sustentabilidade são termos muito utilizados ultimamente, mas, nem sempre, de forma correta...
Na verdade, eu digo que desenvolvimento sustentável não é um conceito. É, no máximo, uma noção. Quando se pode definir algo de muitas formas, deixa de ser conceito! Mas essa banalização a que você se refere acontece mais com o adjetivo "sustentável", atualmente utilizado para muitas coisas. Há abusos, mas até agora não sei se isso é realmente tão ruim. No fundo, serve para que as pessoas passem a discutir o assunto.

Quando é correto usar a expressão sustentabilidade?
A única maneira correta é entendê-la como uma preocupação com o tempo durante o qual a espécie humana vai existir. Que a espécie humana vai se extinguir é sabido, mas podemos acelerar o processo. Se o aquecimento global for do jeito que está se discutindo e divulgando, é como se a humanidade estivesse cavando a própria cova, isto é, ela está acelerando o processo de extinção da espécie com uma rapidez muito maior. E se a humanidade decidir se preocupar com as longínguas gerações, nós teremos que elaborar programas muito mais sérios para diminuir os impactos sobre o planeta, para "prolongar nossa estadia" aqui. Infelizmente, como diria o economista Nicholas Georgescu Roegen (1906-1994), aparentemente a humanidade já escolheu uma "existência mais breve e mais excitante".

O empresário brasileiro está, mesmo, caminhando em direção à sustentabilidade?
É uma pergunta difícil de ser respondida. Há coisas positivas e há estudos mostrando os limites disso. Mas, se chegarmos à conclusão de que não adianta as empresas assumirem responsabilidade socioambiental, vai ser muito difícil ter desenvolvimento sustentável, pois cada um tem seu papel nessa história.

A responsabilidade socioambiental virou uma questão séria para muitas empresas. Enquanto algumas já entraram fundo nisso, mostrando resultados, outras aderem por oportunismo, o que também pode ser positivo em longo prazo porque, se a empresa for realmente séria, o conceito evolui. Quando essa empresa começar a desenvolver um trabalho com os funcionários - com base no discurso socioambiental - e estes perceberem que o discurso não bate com as atitudes da empresa, eles vão cobrar. Daí se inicia um processo que acaba interferindo positivamente na cadeia: dos fornecedores aos clientes.

Há três bancos bem avançados nessa questão da responsabilidade: o Real, o Itaú e o Bradesco. Mas, se por acaso, um deles tomar alguma atitude contrária ao discurso que está construindo, será, com certeza, pressionado.

Sabemos que é necessário diminuir o consumo para preservar recursos. Mas, como isso é possível num mundo onde países populosos, como China e Índia, estão justamente buscando aumentar seus padrões de vida?
Nesse discurso sobre consumo, é muito freqüente esquecer que seus impactos podem mudar por conta de inovações tecnológicas. Nunca se deve fazer o raciocínio "se todo chinês tiver um carro como os americanos", pois, quando cada chinês tiver realmente um carro, com certeza o carro não será o mesmo. É óbvio que o atual motor de explosão tem tecnologia praticamente condenada e é perigoso fazer esse raciocínio como se os padrões de consumo fossem imutáveis.

É interessante pensar que as populações - que, hoje, têm padrões baixos de consumo - só vão aumentar seus níveis de conforto devido a mudanças e inovações que permitam que as melhorias em sua qualidade de vida não sejam tão agressivas ao meio ambiente. E em várias partes do mundo se caminha em direção a mudanças. Na Alemanha e na Áustria, por exemplo, existe um movimento chamado Passivehouse (ou Passivhaus), cujo objetivo é a construção de casas que utilizem ao máximo a energia solar. É o consumo, a busca pelo conforto, mas minimizando seus impactos, com a ajuda da tecnologia.

Então, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia é básico para o desenvolvimento sustentável?
Sim, não temos, por exemplo, energias neutras em emissão de carbono, mas há pesquisas sendo desenvolvidas para encontrar formas parciais de neutralizar as emissões, como o uso de biocombustíveis ou da energia eólica. Se o planeta acelerar essas pesquisas, a idéia de desenvolvimento sustentável vai ficar muito mais paupável. O aquecimento global não tem solução se os países emissores não cooperarem em direção à pesquisa. O que vamos utilizar para substituir os combustíveis fósseis? Quando se descobre uma jazida de petróleo fazem a maior festa. O ideal seria não precisarmos mais dele porque estamos desenvolvendo tecnologias capazes de superar a era do petróleo. E parece que ainda estamos distantes disso.

Em seu livro o senhor também comenta que a sociedade brasileira deveria "consagrar mais energias à educação científica do que dedica ao futebol". Por que a ciência não se populariza?
A sociedade brasileira não enxerga que nós só temos chance de sermos alguma coisa no século XXI e conquistarmos status de país desenvolvido se levarmos a sério o desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Infelizmente a gente não ensina ciência direito na escola. Existe um desprezo grande pela educação científica. Enquanto não existir, por parte dos pais, uma fiscalização eficaz da escola, enquanto eles não cobrarem das escolas a verdadeira educação - com o mesmo empenho que o brasileiro cobra do técnico da seleção um bom resultado numa Copa -, não vamos para frente. Eu digo mais: o Brasil é uma sociedade infantil, isto é, no começo do século XXI ainda não despertamos para a ciência e a tecnologia. Admiro iniciativas como a do Instituto Sangari (fundação que promove programas de estímulo ao conhecimento científico), mas esse nível de trabalho ainda está longe da realidade da maioria das escolas públicas.

Em "Emergência Socioambiental", o senhor também critica o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado pelo governo Lula. Fale sobre isso.
Eu tenho a impressão de que o governo atual oscila muito. Eu vejo o governo distante da idéia de desenvolvimento sustentável, mas também vejo que ele não consegue sufocar as ações positivas do Ministério do Meio Ambiente. Em relação a políticas públicas, acho que existem muitas, mas o Estado não tem eficiência suficiente para aplicá-las. Temos excelente legislação no Brasil, mal ou bem também temos uma estrutura organizacional, mas estamos longe do básico como acabar com o desmatamento na Amazônia, por exemplo. Não temos estrutura de fiscais e ainda temos que enfrentar o problema da corrupção.

Como o senhor, como economista, analisa as recomendações do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas Globais (IPCC) para reduzir 25% das emissões de CO2 até 2020?
Li com muita atenção o último sumário do IPCC e, a princípio, a informação que mais chama a atenção é a de que a temperatura média da superfície não deveria aumentar mais do que 2º C em relação ao início do século XX. Para atingir essa meta, teríamos que manter a concentração de dióxido de carbono (CO2) em 450 ppm.

Mas já estamos bem perto disso, então, o que tem que acontecer? Os países responsáveis pelas emissões precisam ter metas de redução de CO2 mais drásticas e impostos que tornem a emissão mais cara e, consequentemente, desloquem o consumo para bens que provoquem menos impacto ambiental.

Outro pilar importante é a pesquisa para descobrir formas de "descarbonizar" as matrizes energéticas. Sem acelerar isso, fica um problema sem solução. O mais estranho, para mim, é que as pessoas concordam com o Relatório do IPCC e com o Protocolo de Kyoto. Lendo os dois, rasgaria o Protocolo e tomaria medidas muito mais radicais. Aparentemente, o aquecimento global é um problema muito mais sério que outros problemas internacionais, mais do que o terrorismo, talvez.

O que é preciso fazer para evitar que o termo "desenvolvimento sustentável" se banalize?
O termo já virou moda. O desafio, então, é aproveitar o modismo para discutir a questão e ir além. Se as pessoas acordaram para essa expressão, agora é a melhor oportunidade para discutir sobre isso e refletir sobre sua importância. O modismo precisa virar algo consistente.

Um indivíduo que muda suas atitudes - e consome menos, por exemplo - pode realmente mudar o mundo?
Grande parte das questões que precisam ser resolvidas infelizmente não depende somente de atitudes individuais. Até as próprias atitudes individuais são conectadas ao coletivo, como a reciclagem: você pode reciclar seu lixo mas, se não existir um sistema de coleta que funcione, é um esforço que pode ser feito em vão. Se não existirem ações coordenadas do Estado, evidentemente apoiadas na conscientização das pessoas, as atitudes individuais não têm tanto efeito. Por isso é que precisamos agir como cidadãos, cobrar da prefeitura um sistema adequado de coleta de lixo.

Quando morei na Califórnia, 12 grupos de consumidores pressionaram os supermercados a abolir os sacos plásticos. Hoje, se você entrar em um supermercado de lá e usar os saquinhos, vai ser olhado como um criminoso! Mas, para que se chegasse até isso, foram realizadas não só campanhas de conscientização, mas movimentos de consumidores que pressionaram o Estado e, principalmente, os próprios supermercados, que passaram a aderir novamente aos sacos de papel. Foi uma pressão social, não só individual, mas coletiva.

Que livros o senhor recomendaria como "de cabeceira" sobre a temática socioambiental?
Vamos lá! Dois não podem faltar na biblioteca: Colapso - Como as Sociedades Escolhem o Fracasso ou o Sucesso, de Jared Diamond (Ed. Record, 685 páginas), que analisa como o colapso global pode ser evitado, levando em conta fatos históricos, e Mundo Sustentável, organizado pelo jornalista André Trigueiro (Armazém do Ipê, 365 páginas). Gosto especialmente deste último porque reúne artigos de 21 autores (incluindo o entrevistado e outras personalidades como Leonardo Boff), que associam a questão ambiental a suas áreas de conhecimento.

Para saber mais sobre o pensamento e a obra de José Eli da Veiga, navegue pelo seu site. Lá está tudo o que o economista produziu - artigos científicos e artigos para jornais e revistas, além da lista de livros que escreveu, organizou ou dos quais participou - e também as entrevistas que deu para a mídia impressa e eletrônica.

Ilderlei Cordeiro responderá no STF à ação penal por injúria

Por decisão unânime do Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado federal Ilderlei Cordeiro (PPS-AC) responderá à Ação Penal privada (AP) por injúria à ex-deputada estadual Naluh Maria Lima Gouveia dos Santos (PT), hoje conselheira do Tribunal de Contas do Acre (TCE-AC).

Ao aceitar a queixa-crime formulada contra o parlamentar, no
julgamento do Inquérito 2543, o Plenário do Tribunal
desqualificou, no entanto, as imputações de difamação e calúnia,
também constantes da queixa-crime feita contra o parlamentar, que responderá à ação no próprio STF, por ter foro especial (o direito de ser julgado pela Corte Suprema).

Agressão verbal de madrugada, num bar
Na denúncia consta que, no dia 6 de outubro de 2006, às 2h15 da madrugada, num bar em Rio Branco (AC), o deputado processado, em companhia de outro parlamentar e de uma jornalista, ao tomar conhecimento de que se encontravam em uma mesa próxima à dele assessores da então deputada estadual Naluh Gouveia, tentou agredir um deles fisicamente e, na presença de "considerado número de freqüentadores daquele local", proferiu ataques verbais à parlamentar, xingando-a de "prostituta" e a acusando de "causar grande mal ao município de Cruzeiro do Sul", local de origem e reduto eleitoral de
Cordeiro.

Em seguida ao ocorrido, um assessor de Naluh Gouveia registrou queixa-crime contra o deputado por tentativa de agressão física a ele e por agressão verbal à parlamentar. Esta, ao tomar ciência do fato, dirigiu-se à Delegacia da Mulher, levando o boletim de ocorrência dos fatos narrados.

Na queixa-crime ajuizada no STF, ela diz sentir-se agredida em sua honra e pede a condenação do parlamentar por calúnia, injúria e difamação. O Plenário, no entanto, acompanhou o voto do ministro Marco Aurélio, que descaracterizou as demais imputações e manteve apenas a de injúria (ofensa à dignidade ou ao decoro). No mesmo sentido se havia pronunciado a Procuradoria Geral da República (PGR).

Secretários de Nilson Areal faz festa com dinheiro público

A partir de um comparativo entre a prestação de contas da Prefeitura de Sena Madureira, enviada ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e a que chegou à Câmara, o vereador Célio Teixeira (PMDB) percebeu algo que ele classifica como “ilegal e imoral”. “Vinte e oito pessoas ligadas ao prefeito gastaram mais de 235 mil reais por meio de mecanismos parecidos com tais cartões corporativos do governo Lula”, afirma.

A lista dos beneficiados tem como título: “Descrição nominal dos adiantamentos concedidos pelo prefeito Nilson Areal”. Filiado ao PR, o prefeito foi eleito com discurso moralista e ético, mas segundo vereador, tudo não passa de farsa. “O prefeito cobra imposto,. Sobretudo IPTU, de forma indevida para poder bancar a farra dele e de seus amigos”, afirma Célio, o único a fazer oposição na Câmara.

A lista dos benéficos é encabeçada pelo secretário municipal de Sérvios Urbanos, Nelson Sales. A segunda maior sacadora é a secretária de Educação, Maria José e Silva. O secretário de Obras, Davi oliveira da Costa aparece em terceiro ligar. Até a vereadora Maria Viana (PR) e o secretário de Administração, Romariz Queiroz, cunhado do prefeito entraram na farra.

Ainda segundo o vereador Célio Teixeira, a diferença entre o adiantamento concedido aos secretários e chefes de setores e os gastos com cartões corporativos do governo federal é que no caso da Prefeitura de Sena Madureira, os saques são feitos com cheques e não com os cartões magnéticos. “De uma forma ou de outra, os recursos públicos são gastos sem nenhum critério”, diz o vereador peemedebista.

Providências - Célio Teixeira protocolou ontem, no Tribunal de Contas do Estado (TCE), ofício solicitando ampla fiscalização para saber ao certo a veracidade dos saques feitos por secretários, chefes de setores e até um funcionário da Fundação Nacional de Saúde. “Confio na instituição e na seriedade do presidente do TCE, Antonio Malheiros”, comenta o vereador.