Caros Leitores, desde a sua criação o Blog Xapuri News, o intuito sempre foi de ser mais um espaço democrático de noticias e variedades, diretamente da Princesinha do Acre - Terras de Chico Mendes - para o mundo, e passará momentaneamente a ser o instrumento de divulgação das Ações da Administração, Xapuri Nossa Terra, Nosso Orgulho, oque jamais implicará em mudança no estilo crítico das postagens.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Charge do Dia!!!!

Sem muitas Novidades!!!

Estive durante o final de semana alheio aos acontecimentos xapurienses, precisava descançar um pouco e respirar ares da capital acreana, aproveitei para rever alguns amigos, ir a show, e principalamente namorar...

O que me deixou deveras triste é que algumas pessoas da Capital estão bastante interessadas com o "pseudo" progresso que Xapuri está prolatando aos ares Acreanos, já que alguns amigos de passagem pela terrinha, tiveram acesso a uma séire de noticias que mostravam que Xapuri estava de vento em polpa, com desenvolvimento visivel nas áreas sociais e econômicas, porém segundo o relato dos mesmos, oque realmente presenciaram na chegada à Cidade na sexta-feira, foi abandono total, ruas cheias de capim, lixo nas vias públicas, a entrada da cidade nem se fala...

Está na hora dos nossos administradores reverem algumas promessas de campanha e começarem a mudar de fato a cara de Xapuri...

Essa mudança indubitavelmente, deve começar pela aparência, já que até a entrada da cidade parece com uma favela, como se pode falar em cidade turística com a aparência de Xapuri?

Sinceramente, temos que ser realistas, só temos turistas nesta cidade devido o nome do Chico Mendes e seguer cuidar do local de visita o município como um todo não faz, e digo isso não sendo como responsabilidade somente da prefeitura, cadê o governo que tanto propaga as Políticas ambientais que o Chico pregava, mas deixa um esgoto fético a céu aberto passando próximo ao Centro de Memória em Homenagem ao Líder Seringueiro? Não sejamos hipócritas ao ponto de imaginar que alguém virá aqui só por nome, é necessário que tenhamos condições de receber e receber bem estes visitantes...

Não temos uma rede de restaurantes que atenda com comodidade nossos visitantes... qual dos nossos restaurantes ou pensão é climatizado?... Não temos pessoas qualificadas para atender os nossos turistas... quem é responsável por atender e guiar os mesmos?... não temos nenhuma atração que prenda o interesse de nossos visitantes, é entrar, conhecer o Museu Xapury, a Casa Chico Mendes, a Casa Branca "com capacete" porque corre o risco de alguma peça de madeira cair na cabeça, comer algum doce da Dona Maria Cosson ou da Dona Carminha e pronto... ir embora...

Todos são sabedores que sou um apaixonado por esta cidade, e já declarei isso em diversas oportunidades,porém sou realista e de forma alguma serei conivente com a venda de uma imagem falsa da cidade onde moro, chega de proselitismo, chega de manobras eleitoreiras, chega de ganhar dividendos usandoo nome de Xapuri e de Chico Mendes, é hora de trabalhar por Xapuri, nçao de forma demagoga, como já conhecemos, mas de maneira que realemnte transforme de fato a princesinha, que de princesinha infelizmente não está tendo nada...

Triste, escrevo este artigo, porém mais triste estou vendo a realidade....

Polícia Federal prende foragido acusado de matar PM na Capital

Por volta das 16h30 da sexta-feira apssada, agentes da Polícia Federal prenderam dois suspeitos de terem matado o policial militar Edvânio da Silva Figueiredo, morto com dois tiros quando tentava impedir um assalto na Capital no início do mês, onde trabalhava de segurança em horários de folga.

O principal acusado, Gilssem Berg, estava na companhia de um menor de idade, os dois foram detidos quando entravam pela tranca que faz divisa entre às cidades de Epitaciolândia e Cobija. Os dois foram levados para a sede da delegacia da polícia federal em Epitaciolândia onde foi montado uma ‘blindagem’ por medida de segurança.

Segundo informações, estaria previsto entre às 19 e 20h00, a transferência dos dois suspeitos para Rio Branco, capital do Acre, distante cerca de 245 km da fronteira, com um forte esquema de segurança da Polícia Federal.

Metade dos municípios do Acre é inadimplente para obter dinheiro federa

BRASÍLIA - O Acre quer repetir, em 2010, a condição de estado brasileiro que mais obteve, per capita (por pessoa) a liberação de recursos provenientes de emendas ao Orçamento Geral da União.

Numa reunião acalorada, na qual parlamentares situacionistas e oposicionistas discutiram nesta terça-feira o melhor relacionamento com o governo estadual, o coordenador da bancada federal, deputado Fernando Melo (PT-AC) disse que as obras estaduais foram avaliadas em R$ 150 milhões, dos quais, R$ 137 milhões serão transferidos pela União.

Doze dos 22 municípios, pouco mais da metade, estão inadimplentes. O vice-presidente da Associação dos Municípios do Estado do Acre (Amac), Wagner Sales (PMDB), prefeito de Cruzeiro do Sul, denunciou "desperdício de recursos" - quase R$ 38 milhões deixaram de ser empenhados - apelou com veemência contra "a maldita contrapartida". "Daqui para dezembro restam R$ 76 milhões para serem empenhados", disse.

Segundo Sales, esse resultado "faz os ministérios sorrirem, satisfeitos". Olhando para os colegas prefeitos, incentivou-os a "bater de frente". "Contrapartida para quê, se os municípios são pobres e não têm como sobreviver sem recursos federais?. Resultado disso é que sémpre somos obrigados e retirar 10% a 20% dos recursos que seriam destinados prioritariamente à saúde e à educação". O deputado Ilderlei Cordeiro (PPS-AC) sugeriu à bancada redigir uma emenda à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO, nº 12.017 de 12 de agosto de 2009) para diminuir essa contrapartida.

Os municípios devem entrar com limites mínimo e máximo de 2% e 2% até 50 mil habitantes e 4% a 8%, acima desse total, localizados em áreas prioritárias definidas no âmbito da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), nas áreas da Sudene, Sudam e Sudeco. De 8% a 40% para os demais municípios. Esses limites podem ser reduzidos mediante justificativa do titular do órgão concedente, quando se destinarem a ações de assistência social, segurança alimentar, combate à fome, defesa civil, educação básica, segurança pública, habitação, saneamento ambiental, erradicação da pobreza, urbanização de assentamentos precários, perímetros de irrigação, regularização fundiária, defesa sanitária animal e vegetal, entre outras.

Em municípios com populações inferiores a 25 mil habitantes que tenham Índice de Desenvolvimento Humano Municipal abaixo de 0,600, ou localizados em faixa de fronteira, ou em regiões integradas de desenvolvimento, desde que os recursos transferidos pela União se destinem a ações de interesse social que visem a melhor qualidade de vida. Ou ainda, em municípios com registros de certificação de comunidades remanescentes de qilombos, ciganos e ind

Inadimplência foi uma palavra repetida várias vezes no encontro, ao qual compareceram cerca de 70 pessoas, entre prefeitos, parlamentares, assessores e jornalistas, nos plenários 14 e 15. O procurador-chefe do Ministério Público Estadual, Edmar Monteiro, fbrincou: "Nós não temos nenhum tipo de inadimplência", proclamou. Segundo Monteiro, os promotores residem atualmente nas comarcas, inclusive nas mais próximas de Rio Branco, e delas só se locomovem com ordem por escrito".

Marina Silva critica uso da máquina no processo eleitoral

BRASÍLIA - A pré-candidata do Partido Verde, senadora Marina Silva, criticou, em entrevista exclusiva ao iG, o uso da máquina pública no processo eleitoral. Ela disse que as regras que evitam o favorecimento precisam ser cumpridas e que atos de governo não podem se transformar em verdadeiros comícios. “É preciso termos o devido cuidado, tanto da parte de quem está na máquina, quanto da sociedade, para que não sejam feitas burlas indiretamente, sob o pretexto de que se está fazendo a gestão pública e a fiscalização”, disse: "Lula admite que a base rachou nos Estados, mas quer coesão na candidatura presidencial"

Diante da pergunta sobre o “efeito Marina” na agenda dos candidatos, a senadora Marina Silva admitiu que um tema, relegado a segundo plano, agora é central. Para ela “chegou a hora da questão ambiental”.

Marina criticou o Ministério da Ciência e Tecnologia por não ter divulgado até agora o cálculo de quanto o Brasil emite de gases de efeito estufa em cada atividade econômica, o chamado “inventário de emissões”. Ela tentará convocar o Ministério ao Senado para explicar o atraso dos dados. Segundo ela, não ter essas estatísticas enfraquece a posição brasileira em Copenhague.


iG: Existe mesmo o efeito Marina? A senhora acha que mudou a agenda dos outros candidatos?
Marina Silva: Tivemos, sim, uma mudança na agenda e nas posições políticas. O Brasil estava com esse tema relegado a segundo plano. Eu acho que houve um alinhamento dos candidatos com a agenda estratégica do País. Com a discussão que está acontecendo no mundo: a mudança de modelo de desenvolvimento em função do aquecimento global. Um tema que estava ao largo do processo de 2010 adquiriu centralidade. Eu diria mesmo que o assunto nesse momento, em função de Copenhague, assume o topo da agenda nacional. É positivo. Essa demanda está no mundo inteiro. Pelo trabalho das ONGs, sociedades cientificas, empresários setores do Congresso. Estamos indo com metas. No Congresso podemos instituicionalizar estas metas. O Governo de São Paulo também tem metas. É um ganho histórico para o Brasil. Espero que não seja uma posição só de conjuntura.

iG: A senhora acredita que eles mudaram a idéia sobre a questão ambiental?

MS: A questão ambiental forçou uma inflexão política e nas duas candidaturas. Não vejo isso como negativo. Acho que é positivo. O frei Leonardo Boff me falou esses dias que não tem nada mais forte do que uma idéia cujo tempo chegou. Acho que é o momento em que as pessoas percebem isso. Alguns ainda muito refratários, muito receosos de se aproximar desse tema, como se ele fosse algo que pudesse fazer no fim perder popularidade. Mas esta é a nova demanda social e política. Eu venho dizendo há muitos anos que essa é a utopia desse século. Nós que nos mobilizamos pela democracia - tanto eu, quanto Serra, quanto Dilma -, eles mais pelo preço que pagaram por isso - quando chegou o tempo certo, nós conseguimos. Agora, a hora da questão ambiental chegou. O fundamental de tudo isso é que a sociedade brasileira está nos dando a imensa oportunidade de fazermos as mudanças que os próximos 20, 30 anos exigem de nós. Às vezes, temos que tomar decisões e enfrentar desafios sem o relativo acordo social que nos dê sustentabilidade política para fazê-lo. Nesse momento, há uma grande parte da sociedade que está acenando com a força política para que façamos as mudanças. E não temos o direito de nivelar o Brasil por baixo no debate com os que querem continuar com o mesmo paradigma do século XX e até mesmo do final do século XIX. As pessoas estão nos dando a chance de transitar e, numa campanha política, obviamente que esse acordo social é mais palpável porque a sociedade vai se mobilizar.

iG: A proposta brasileira prevê um corte no que estiver emitindo de gases de efeito estufa em 2020. Ou seja emissões futuras. A Europa prevê corte em relação ao que emitia em 1990. Isso piora a proposta brasileira?
MS: Não temos um inventário atual de quanto emitimos. Nossos números são de 1994. O Ministério da Ciência e Tecnologia tem adiado infinitamente a divulgação desses dados. O governo chegou a um número graças a projeção feita pelo Ministério do Meio Ambiente. Mas ninguém sabe a base de cálculo. O melhor seria pegar 2005 para ter uma idéia melhor do desvio de rota que estamos fazendo. São Paulo está fazendo a conta a partir de 2005. Temos que pegar a base de 2005 e condicionar a um inventário a ser divulgado no ano que vem. E ter novo inventário a cada três anos.

iG: Como podem propor cortar as emissões se não sabem exatamente quanto emite hoje?
MS: Vou fazer, inclusive, um requerimento convidando o Ministério da Ciência e Tecnologia para que dê explicações na Comissão de Meio Ambiente do Senado. Por que esse inventário não é público? A proposta brasileira fica mais frágil quando, em um Fórum Internacional o Brasil, assume compromissos mas sem uma base concreta de dados. Acho importante o Ministério do Meio Ambiente ter feito a projeção na falta dos dados do Ministério da Ciência e Tecnologia.

iG: A campanha de 2010 parece já ter começado. A senhora acha que o Brasil precisa de regras mais claras no uso da máquina das eleições ou o para o momento da pré-eleição?
MS: Nós temos regras para o uso da máquina. O que há necessidade é que as regras sejam cumpridas. É preciso evitar o favorecimento. É preciso termos o devido cuidado tanto da parte de quem está na máquina, quanto da sociedade, para que não sejam feitas burlas indiretamente, sob o pretexto de que se está fazendo a gestão pública e a fiscalização.
Esses atos são corretos e devem ser feitos, mas não podem ser transformados em verdadeiros comícios. Deve haver uma vigilância para que as regras sejam cumpridas. Em relação à pré-campanha, acho que há falta de um regramento e, na ausência desse regramento, quem está na máquina opera no sentido de fazer sempre da sua atuação, em momentos de inauguração, ou outro qualquer, um verdadeiro ato político. E quem não está numa função executiva fica sem saber como operar. Deveríamos ter normas sobre o que os candidatos podem fazer legalmente ou não numa pré campanha.

iG: O ministro Juca Ferreira fez uma crítica à candidatura presidencial do Partido Verde. Na sua opinião ele deveria deixar o ministério?
MS: O Juca é uma liderança importante do partido, ministro da Cultura. Como secretário executivo, fez um trabalho muito importante junto ao nosso querido Gilberto Gil. Tanto fez, que foi o seu sucessor. No início, manifestou suas opiniões e o PV é um partido democrático, que decidiu majoritariamente ter uma candidatura própria. Depois, o próprio Juca, enfim, colocou que ele estava alinhado com o projeto e a decisão da minha filiação e da candidatura ou não. É legitimo que as pessoas tenham suas posições. Foram manifestações depois daquele momento inicial. A decisão de sair ou não do governo, é uma decisão política que ele terá que tomar e o partido, com certeza, fará a discussão de uma forma aberta. Se ele se candidatar, terá que sair. Se não, teremos que discutir como será esse encaminhamento. O fato de estarmos no governo cria uma situação mais complexa para ser manejada. Mas as últimas declarações do ministro Juca têm sido muito de compor com o projeto e buscarmos a melhor forma de caminharmos juntos.

iG: A senhora já decidiu, então, que será candidata...
MS: (Risos) Estamos trabalhando. O partido tomou a decisão de ter a candidatura própria e me colocou como a pré-candidata. Estamos trabalhando nessa direção e a decisão será tomada no ano que vem. Precisamos trabalhar as condições para a candidatura. E, obviamente, que o partido tem se empenhado muito e me sinto honrada de estar nesse lugar.

Piada Sobre o Lula

Enterro do Lula
Fizeram então uma reunião em Brasília para decidir onde ele seria enterrado.
Um sem-terra sugeriu:
- Deve ser enterrado em Garanhuns. É a terra dele.
Então um bêbado, que não se sabe como entrou na reunião, disse com aquela entonação típica dos bebuns:
- Em Garanhus pode… Só não pode em Jerusalém!!!
Ninguém deu bola para o que ele disse.
Um petista falou:
- O companheiro deve ser enterrado em São Bernardo. Foi lá, junto com a gente, que ele viveu e fez sua carreira sindical e política.
O bêbado mais uma vez interveio:
- Em São Bernardo pode.. Só não pode em Jerusalém!!!
Novamente, ninguém lhe deu ouvidos.
- Nem em Garanhuns, nem em São Bernardo, interveio um Pemedebista:
- Deve ser enterrado em Brasília, pois era Presidente da República e todos os presidentes devem ser enterrados na Capital Federal.
E o bêbado novamente:
- Em Brasília pode… Só não pode em Jerusalém!!!
Aí, perderam a paciência e resolveram interpelar o bebum:
- Por que esse medo de que o Lula seja enterrado em Jerusalém?
E o bêbado respondeu:
- Porque uma vez enterraram um cara lá, e ele RESSUSCITOU !!!!

O que é isto, a escola?

Wilson Correia*
Em 2005, participei do IV Seminário das Licenciaturas da então Universidade Católica de Goiás, ocorrido entre os dias 6 e 7 do mês de março. A palestra de abertura coube ao renomado António Nóvoa, autor pela universidade de Genebra, Vice-Reitor da Universidade de Lisboa e Professor na Universidade de Wisconsin-Madison (EUA) e Paris V (França), dentre outras. Naquele Seminário ele dizia:

1 Sobre a especificidade da escola:
“A escola não é o princípio da transformação das coisas. Ela faz parte de uma rede complexa de instituições e de práticas culturais. Não vale mais, nem menos, do que a sociedade em que está inserida. A condição da sua mudança não reside num apelo à grandiosidade da sua missão, mas antes na criação de condições que permitam um trabalho diário, profissionalmente qualificado e apoiado do ponto de vista social. A metáfora do continente (os grandes sistemas de ensino) não convém à escola do século XXI. É na imagem do arquipélago (a ligação entre pequenas ilhas) que melhor identificamos o esforço que importa realizar” (p. 11).

2 Teorias sobre pedagogia e escola:

“Ao longo do século XX, concepções pedagógicas, psicológicas e sociológicas da infância foram-se misturando com 'ideologias de salvação', alimentando a ilusão da escola como lugar de 'redenção pessoal' e de 'regeneração social'. No mesmo tempo histórico, a demissão das famílias e das comunidades das suas funções educativas e culturais ia transferindo para as escolas um excesso de missões” (p. 11).

3 Reformas e assoberbamento de tarefa pela escola:

“Para além do ‘currículo tradicional’, vagas sucessivas de reformas foram acrescentando novas técnicas e saberes, bem como um conjunto interminável de programas sociais, culturais e assistenciais: educação sexual, combate à droga e à violência, educação ambiental e ecológica, formação para as novas tecnologias, prevenção rodoviária, clubes europeus, actividades artísticas e desportivas, oficinas dos mais diversos tipos, grupos de defesa do artesanato e das culturas locais, educação para a cidadania... A lista poderia ocupar o resto deste artigo. Ninguém duvida que, isoladamente, cada um destes programas é da maior relevância. Mas, vistos no seu conjunto, ilustram bem a amálgama em que se transformou a nossa ideia de educação” (p. 12).

4 Da sociedade sem escola à escola sem sociedade
“Sociedade sem escolas, escreveu Ivan Illich, em 1970. Escolas sem sociedade, constatamos nós hoje. ‘Sem sociedade ‘, porque estamos perante uma ruptura do pacto histórico que permitiu a consolidação e a expansão dos sistemas públicos de ensino e que constituiu uma das grandes marcas civilizacionais do século XX. ‘Sem sociedade ‘, porque hoje, para muitos alunos e para muitas famílias, a escola não tem qualquer sentido, não se inscreve num projecto pessoal ou social. Não conseguiremos ir longe nas nossas reflexões, se não compreendermos o alcance desta dupla ausência de sociedade, que, paradoxalmente, projecta sobre os professores expectativas e missões que jamais poderão cumprir” (p. 12).

Isso me levou, tempos depois, a fazer uma palestra em uma Semana dedicada a debates sobre formação de professores, na qual eu defendi, basicamente, quatro teses. Ei-las:
Nós, profissionais da educação e sociedade brasileira, podemos tomar como desafios:

1 O resgate da escola como instituição social.
Penso que a escola não é uma empresa e nem deve atuar na sociedade sob a lei da oferta e da procura, mas como instituição social que lida com um bem socialmente produzido, o conhecimento sistematizado nos âmbitos da filosofia, da ciência e das artes. Desse modo, a escola lida com o bem comum, com a coisa pública, como o que pertence ao mundo do nosso. Não é sem motivo que as entidades privadas que oferecem serviços educacionais o fazem sob a concessão desse direito por parte do Estado, exatamente porque em nossa sociedade, o Estado é a instituição maior que cuida do gerenciamento do bem comum (ou que deveria cuidar). À medida em que ela se torna um espaço ao qual se tem acesso mediante a capacidade de pagar, quebra-se o caráter de todo conhecimento, que é produzido pelo conjunto da sociedade e isso acarreta mecanismos de exclusão, quebra o pacto social fundado na igualdade e redunda em negação da possibilidade de desfrute da condição de uma vida cidadã.

2 A concepção da escola como institucionalmente articulada.

A escola faz parte de uma rede de instituições sociais e como tal deveria ser entendida. A escola não está acima das outras instituições sociais, não está abaixo das instituições sociais, e, muito menos, do lado de fora da rede de instituições sociais. Ela age (ou deveria agir) de mãos dadas com outras instituições sociais e com elas compartilhar o trabalho de contribuir para um projeto de nação. Desse modo, em pé de igualdade, a escola deveria ser compreendida como aquela instituição que tem limites e alcances condicionados pelo conjunto de instituições sob as quais as pessoas se encontram. A escola não é maior, melhor ou mais importante do que nenhuma outra instituição social, ainda que lhe caiba a tarefa socialmente significativa que é a de lidar com o conhecimento sistematizado.

3 O resgate da especificidade da escola.
A sociedade conta com uma rede de instituições sociais, como foi dito, as quais são reservadas missões mais ou menos delimitadas, de modo que sabemos o que as igrejas fazem, o que o exército faz, o que uma empresa faz, o que a família faz, e assim por diante. Também deveríamos olhar para a escola e ter clareza sobre o papel que ela desempenha no seio da sociedade. Escola não foi feita para lidar com assuntos religiosos, assuntos relativos à formação pessoal-familiar das pessoas. Escola não foi feita para lidar com temas ligados ao cuidado humano, cujas tarefas, voltadas para a formação pessoal, deve estar a cargo da família. Desse modo, a escola não deve substituir a empresa, o banco ou quaisquer outras instituições com as quais se relaciona. A escola pode e deve centrar-se nas tarefas atinentes à sua especificidade, identificada com a mobilização (produção, transmissão e aplicação) dos saberes socialmente produzidos e metodológica e sistematicamente organizados da filosofia, da ciência e das artes. O que passar disso poderá ser contado como assoberbamento da escola e poderá ser computado como aquilo para o que ela não existe, como aquilo com que ela não pode e não tem condições de fazer.

4 A tarefa de fazer com que a sociedade esteja na escola, assim como a escola possa estar na sociedade.
Historicamente, a escola pode ser encontrada como a instituição que nasce para formar a elite. Nas sociedades modernas capitalistas, passamos a conviver com uma escola para quem manda e com outra, para quem deve obedecer. Uma escola para os intelectuais e gestores da sociedade; outra para as classes populares, para os trabalhadores, os pensados, os administrados. Nos dias atuais, o estilo de vida baseado no ter, cujos exemplos de pessoas bem-sucedidas são aquelas ligadas ao acesso à riqueza, ao ter, esse modo de vida jogou para escanteio o valor do saber. Passa pelo resgate do valor social e cultural da informação, do conhecimento e do saber esse resgate aí do sentido social da escola. Um desafio e tanto, porque, na condição de empresa, agindo sob a lei de mercado, a escola expulsou a sociedade de seu interior. Como agência formadora para o mercado de trabalho e do cidadão, ambos identificados com a figura do consumidor, o especificamente humano embutido na ciência, na filosofia e nas artes também foi expulso da escola. Aí o social também ficou de fora. Trabalhar no sentido de reposicionar valores humanos e sociais envolvidos nessa parte refinada da cultura simbólica que é o saber sistematizado parece ser a via para que o desafio de fazer com que escola e sociedade se encontrem no interior das salas de aula possa ser levado a cabo.

Como disse antes, esses são desafios que visualizo no debate sobre a escola. Estamos caminhando no sentido do enfrentamento de cada um deles? Não sei. Talvez outras perguntas nos ajudem a pensar nessa questão: Que modelo de homem e de mulher estamos formando em nossas escolas? Estamos formando eles para eles mesmos: o humano para o humano? Que modelo de sociedade estamos pressupondo quando desempenhamos nossas funções? Que sociedade queremos para nós, nossos filhos, para as novas gerações? Queremos um modelo de sociedade mais humana, mais justa, igualitária, solidária ou uma sociedade individualista, pobremente materialista e desigual, em que as brechas para a barbárie sufocam a vida boa e a boa vida que podemos alcançar?
Questões para debate, julgamento e ação, atos sem os quais nunca conseguiremos responder a contento a pergunta-título aí de cima: O que é isto, a escola?


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Referência: NÓVOA, A. ‘Dilemas actuais dos professores: a comunidade, a autonomia, o conhecimento’. In: ARAÚJO, D. S.; BRAGA, M. D. A. & CAPUZZO, Y. C. (Orgs). ‘Perspectivas para a formação de professores: contribuições do IV Seminário das Licenciaturas’ (Anais). Goiânia: Ed. da UCG, 2005, p. 11-28.

*Wilson Correia é filósofo, psicopedagogo e doutor em Educação pela Unicamp e Adjunto em Filosofia da Educação na Universidade Federal do Tocantins. É autor de ‘TCC não é um bicho-de-sete-cabeças’. Rio de Janeiro: Ciência Moderna: 2009. Endereço eletrônico: wilfc2002@yahoo.com.br