Caros Leitores, desde a sua criação o Blog Xapuri News, o intuito sempre foi de ser mais um espaço democrático de noticias e variedades, diretamente da Princesinha do Acre - Terras de Chico Mendes - para o mundo, e passará momentaneamente a ser o instrumento de divulgação das Ações da Administração, Xapuri Nossa Terra, Nosso Orgulho, oque jamais implicará em mudança no estilo crítico das postagens.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Imagem do Dia!!!


O Parque Nacional da Serra do Divisor, única região montanhosa no Estado do Acre, está localizado no Vale do Juruá, na fronteira com o Peru, e abrange os municípios de Mâncio Lima, Marechal Thaumaturgo, Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves e Porto Walter. A área divide as águas da bacia dos Rios Ucayali no Peru, e Juruá no Brasil. (Foto: Sérgio Vale/Secom)

Feirão de Cultura de Xapuri

FEM e Sebrae promovem projeto com atividades artístico-culturais focado na dinamização, comercialização e circulação de produtos culturais acreanos
Escrito por André Cezar, Assessoria FEM   Transformar o município de Xapuri num centro de circulação e comercialização de produtos culturais durante três dias é o foco principal do Feirão de Cultura, projeto formatado a partir das discussões e ideias lançadas nos encontros da  Rede Acreana de Cultura, que é composta pelos parceiros Fundação Garibaldi Brasil (FGB), SESC, SESI e IPHAN.
As principais praças, os equipamentos culturais, escolas e pontos turísticos de Xapuri serão palco de várias atividades artístico-culturais, de 25 a 27 deste mês. A solenidade de abertura que acontece nesta sexta-feira, 25, às 17 horas, no palco de eventos da Igreja São Sebastião, na praça central do município, com a presença do Presidente da Fundação Elias Mansour, Daniel Zen, representantes do Sebrae, autoridades locais e parceiros.

O Feirão conta com uma programação que envolve palestras, oficinas e apresentações de grupos artísticos de Rio Branco, Xapuri, Capixaba, Brasiléia e  Epitaciolândia, além de atrações nacionais, como o escritor Carpinejar e a contadora de histórias Rubia, além da rodada de negócios e a mostra de produtos culturais.

Um dos principais objetivos do projeto é promover e incentivar a economia da cultura gerando com isso produtos artístico-culturais, criando uma espécie de vitrine para que tenham alcance junto ao público do município. Para cumprir com esse objetivo e preparar a população para o evento, foram realizadas duas etapas de oficinas, uma básica e outra de aperfeiçoamento, que englobaram ações de Arte e Patrimônio, divididas em Teatro, Dança, Artes Plásticas e Produção Cultural.

Visando a ampliação dos trabalhos artísticos locais e a circulação dos produtos e da cultura acreana em âmbito nacional, será realizada ainda uma rodada de negócios com os produtores locais e nacionais permitindo a troca de experiências e informações.  

O Feirão é uma realização do Governo do Estado, através da Fundação Elias Mansour e o Sebrae-Acre.

“Lista negra” do TCU pode brecar candidaturas no Acre Blog do crica – AC24horas


Blog do Crica - Ac24horas

O Tribunal de Contas da União  – TCU, encaminhou ontem (segunda-feira) ao TSE a lista dos que tiveram as suas prestações de contas rejeitadas, e como tal podem ser barrados de ser candidatos com base na lei da “Ficha Limpa”.
Para que os condenados possam ser candidatos terão que conseguir uma sentença judicial que anule ou extinga as decisões do TCU para que possam registrar as suas candidaturas.
No Acre, são 92 ex-gestores públicos condenados. Entre eles os dois principais puxadores de votos do PP, o ex-prefeito de Rodrigues Alves, Francisco Wagner do Amorim, o ex-deputado José Bestene, cujo impedimentos de se candidatarem acaba com a chance do PP eleger deputados estaduais. Pega também a maior liderança da oposição, o ex-governador Flaviano Melo e o ex-prefeito Aldemir Lopes, ambos do PMDB. Do PT, atinge o ex-prefeito Francimar Fernandes. Do PTB atinge Josimar Coelho. Todos são candidatos na eleição deste ano.
A decisão, segundo entendimento do TSE, para cada caso, será do Tribunal Regional Eleitoral do Acre, que deve começar a analisar os pedidos de registros de candidaturas a partir de 5 de julho. Também são condenados por colegiados de juízes os ex-prefeitos Nilson Areal (PR), Juarez Leitão (PT), Vilseu Ferreira (PP), e a deputada Dinha Carvalho (PR). Se o TRE definir que o projeto “Ficha Limpa” pegará também os condenados pelo TCE-ACRE por rejeição de suas contas, a lista de inelegíveis no Acre deve triplicar. Mas, quem vai dar a última palavra a partir de agora é a Justiça eleitoral.
Quem diria!
A oposição, que já governou o Acre, teve a maioria dos prefeitos, deputados estaduais e federais e dos senadores, quem diria: vai depender nesta eleição da performance do candidato ao governo, Antonio Gouveia (PRTB), “Tijolinho”, para conseguir levar a disputa para o segundo turno. Mais do que ser uma tragédia política, a situação é, antes de tudo, cômica.

Ganha em folclore
Alguns acham que a entrada em cena da candidatura do Antonio Gouveia (PRTB), o “Tijolinho”, ao governo pela coligação PRTB-PSOL, não acrescenta nada à disputa entre a oposição e a FPA no campo majoritário. Discordo. Acrescenta em folclore e com certeza dará um toque de humor nesta campanha de final conhecido e que tinha tudo para não ter nenhuma graça. Por isso, viva o “Tijolinho”!

Luis Carlos Moreira Jorge

Há 30 anos matavam Wilson Pinheiro, em junho de 1980 com um tiro na nuca, pelas costas


BRASÍLIA — Nenhum mandante no banco dos réus, nenhuma nota do partido do qual foi um dos fundadores e agora mergulhado na campanha sucessória. Até meio-dia deste 21 de junho de 2010, os 30 anos do assassinato do líder sindicalista Wilson Pinheiro passam quase em silêncio.
Pinheiro foi morto em 21 de junho de 1980 com um tiro na nuca, pelas costas, a mando de latifundiários. Estava reunido numa sala, com outros dirigentes do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Brasiléia, no Acre. Além de presidente do sindicato, também presidia a Comissão Municipal do PT.
Para a compreensão da história de resistência acreana e amazônica, há diversos relatos minuciosos, cada vez mais vivos, na rede mundial de computadores. Se os assessores petistas se dessem ao cuidado de novamente apreciá-los, orientariam parlamentares a lembrar, na tribuna da Câmara e do Senado Federal, o herói de Brasiléia.
Pinheiro não era acreano, mas um amazonense. Em estudo publicado pela Fundação Perseu Abramo, o professor Francisco Dandão Pinheiro, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) em São Paulo, escreve:
”Uma casa de madeira sem pintura, em frente à pequena igreja da cidade, abrigava o Sindicato dos Trabalhadores Rurais local. Ali o trabalho era sempre maior do que o número de funcionários e voluntários para fazê-lo. O presidente, um homem alto, pele queimada pelo sol, mãos calejadas pelo ofício de seringueiro desde os primeiros anos de vida, apreciador de cigarros fortes, incansável na sua faina despedia-se de dois companheiros e resolvia ficar mais um pouco, para resolver alguns assuntos pendentes.
“Estava jurado de morte por fazendeiros da região, mas não dava muita atenção para as ameaças. Sentia-se seguro no seu ambiente de trabalho. Meia hora depois, a confiança de que nada poderia acontecer-lhe mostrava-se vã. De costas para a rua, olhando distraidamente para um aparelho de televisão, enquanto arrumava uns últimos papéis, sentiu a dor súbita de projéteis entrando pelo corpo.
“O silêncio de Brasiléia foi quebrado por quatro tiros. Wilson Pinheiro tombava sem vida. O movimento seringueiro acreano perdia o seu primeiro grande líder. E se desencadeava, imediatamente, uma onda de violência que iria, oito anos mais tarde, mudar a história das relações entre homem e meio ambiente no Brasil”.

“O Sindicato era o local de trabalho dele”
BRASÍLIA — A filha Hiamar de Paiva Pinheiro, ex-vereadora pelo PCdoB em Brasiléia, prestou um depoimento no ano 2000, quando passavam 20 anos da morte do pai. Principais trechos:
“...Éramos oito filhos, sete meninas menores...”  “... Lembro de uma vez que meu pai precisou ir a um empate enfrentar pessoas armadas e não tinha sequer um canivete no bolso. Não sei dizer se ele era corajoso ou muito inocente pra fazer isso”.
“...No dicionário de meu pai não existia a palavra covardia. O pistoleiro que assassinou meu pai, sim, era covarde porque atirou pelas costas. Com certeza que se ele tivesse chegado frente à frente meu pai não teria corrido. Ele teria morrido do mesmo jeito, mas não teria corrido”.
“... foi gratificante a luta de meu pai porque levou em consideração o lado humano. Eu tenho muito respeito por essa luta, e se tivesse que voltar tudo novamente eu acharia maravilhoso” “...Quando ele não podia voltar pra casa, o sindicato era o local de trabalho e o local de morar também”
“... Uma semana antes de meu pai ser assassinado eu encontrei com ele.
Era uma segunda-feira, e na outra segunda-feira ele morreu. Ele ainda foi me deixar no caminho da escola. Eu lembro até do último filme que meu pai assistiu... (chorando) Até hoje me pergunto por que ainda não me acostumei. Já se passaram 20 anos... Mas eu não consigo, toda vez é assim.” “... Inspiro-me na luta de meu pai” “Ninguém resgata a luta de ninguém porque cada um já nasce com a sua”.
O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, do qual ele foi o segundo presidente, surgiu com 890 sócios-fundadores e alcançou quatro mil na época dos “empates” (movimento que impedia peões e capatazes de fazendeiros de derrubar a floresta para a formação de pastagens. Foi o maior fenômeno de organização popular amazônica. (M.C.)

Esquecimento, uma ferida que não cicatriza


BRASÍLIA — No Brasil é assim: o marketing de herói funciona conforme o lobby, a claque, a conveniência. Pelo visto, reconhecendo-se o seu valor, Chico Mendes teve peso mundial na conservação do verde amazônico. A família dele já foi indenizada pela União, com direito a uma sessão solene no Senado Federal em três de dezembro de 2008.
Projetaram Mendes mundialmente. Já Pinheiro, sacrificado oito anos antes, permaneceu coadjuvante de um cenário ainda não desmontado, porque lhe usurparam imagem, nome e papel histórico na organização de trabalhadores rurais e de seringueiros naqueles confins acreanos.
Por defendê-los nos seus ideais, o então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional, junto com o ex-sindicalista e ex-deputado federal João Maia, entre outros.
Em reconhecimento à luta de Pinheiro, o PT criou uma Fundação com o nome dele, em São Paulo, a mais de 3,6 mil quilômetros de distância do Acre. Mas a entidade deixou de existir, cedendo lugar a um vazio nesse aspecto da luta amazônica pela posse da terra.
Talvez tenha sido esse, aliado à desinformação ou ao esquecimento de militantes e parlamentares mais jovens, o motivo da omissão do partido em apoio à família Pinheiro na sua peleja judicial contra a Warner Bros. Outra explicação plausível não há. (M.C.)

Ação contra empresa cinematográfica no STJ


BRASÍLIA —A família do Wilson Pinheiro espera, com paciência redobrada, o dia em que o advogado Paulo Dinelli ingressar no Superior Tribunal de Justiça com ação de indenização no valor de R$ 4 milhões contra a empresa cinematográfica Warner Bros, pelo uso de imagem e da história do sindicalista no filme “Amazônia em chamas” (1994).
Inicialmente, o pedido entraria em abril no STJ. Houve contratempo e o ato foi adiado. Entre outras entidades, a Bancada Federal Acreana e a Confraria das Revoluções Acreanas apóiam o pleito da família. Estranho é o governo acreano não apoiar publicamente a ação reivindicatória. Para fazer o filme, a WB não consultou a família desse personagem.
“Amazônia em chamas” continua disponível nas locadoras de vídeos do Brasil e do mundo. Rodado no México, o filme ensaiou uma biografia do líder ecologista Chico Mendes, na defesa dos direitos humanos na Amazônia. E pôs Pinheiro, um negro alto, na fita, na pele de um loiro, mediano. Chapelões mexicanos substituíram as cabeças aquecidas pelo sol forte de Brasiléia e nas quais, quando muito, só cabiam bonés.
Estrelado pelo porto-riquenho Raul Julia — que morreu poucos meses depois de seu lançamento — e pela brasileira Sônia Braga, “Amazônia em chamas” surpreendeu o público brasileiro por falhas técnicas e de conteúdo.

Seleção a brasileira

Excelente matéria publicada no (Correio da Cidadania) no dia 11 de junho escrita pelo jornalista Gabriel Brito e demonstra acima de tudo o sentimento brasileiro nesta Copa de 2010.

Finalmente se passaram quatro anos e estamos novamente às portas de mais uma Copa do Mundo. São dias demais de torcida, trabalho, jogos, expectativa, até darmos de cara com um novo mundial. Tudo para desaguar no segundo carnaval da temporada no país, no entanto, com adesão e comoção populares ainda mais intensas. Todos gostam de futebol e da seleção quando os melhores do mundo se reúnem para disputar uma taça.

Sem rivais por perto, não nos resta outra a não ser torcer em uníssono por uma mesma camisa, partilhar uma preferência apaixonada e confraternizar sem distinções qualquer seja o resultado. Experiências únicas na vida, daria pra dizer. Todos esses momentos nos são transmitidos logo quando vamos ver nossa primeira copa, cercados por parentes e agregados, veteranos de outras epopéias canarinhas, que nos contam as misérias que os craques brasileiros já fizeram mundo afora contra outras esquadras.

Todo esse prólogo para admitir que, apesar de todos os maus tratos sofridos por essa instituição do futebol mundial, é muito difícil não torcer por um sismo no país no próximo 11 de julho, provocado pelo delírio da sexta estrela no peito. Mas também é preciso admitir, lamentar, praguejar, que esta seleção é um dos maiores atentados à essência do futebol brasileiro, um acinte provocado por uma cadeia de pessoas e mentes medíocres – e que ainda querem ensinar-nos a ser brasileiros.

Como todos sabem, o Brasil tinha uma excelente e vencedora seleção para a Copa de 2006, mas uma monumental onda de soberba tomou conta do escrete, tendo a CBF transformado a preparação num picadeiro para a mídia e os anunciantes. Com uma geração de talentos tragada pelo marketing incessante e um Parreira conformado antes da hora, a seleção fracassou de forma asquerosa, perdendo para uma combalida mas determinada França, sem praticamente dividir uma bola ou criar uma chance de gol.

Como nunca se vê em outros assuntos, o país exigiu cabeças. Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo, Roberto Carlos, Adriano tinham de perder a cidadania brasileira e era urgente a volta do compromisso com a amarelinha, o que exigiria drástica mudança de filosofia, pois a seleção tinha ido desfilar, e não jogar, na Alemanha. Havia 100% de razão nas críticas.

No entanto, nunca foi feita uma análise completa do fiasco, de forma a atingir os verdadeiros responsáveis. E agora pagamos caríssimo por tal ‘negligência’. Para botar ordem na casa, o presidente da CBF Ricardo Teixeira nomeou Dunga, o capitão do tetra, para o cargo imediatamente inferior ao de Lula.

Sua missão era acima de tudo reavivar o patriotismo, o orgulho e o compromisso dos atletas com a seleção, de modo que a torcida não perdesse (ainda mais) o afeto pelo time, cada vez menos identificado com a nação. Com os torcedores já tendo de se conformar em ver nossas maiores jóias pela TV em campeonatos europeus, uma seleção desinteressada em honrar as tradições nacionais no futebol simplesmente perderia sua razão de ser. Mais uma vez, correto.

Nem tanto ao céu, nem tanto a terra 
No entanto, quem inventou o circo de 2006 não foi Ronaldo, Ronaldinho, Roberto ou algum outro subalterno. Foi a CBF quem decidiu comercializar o período de treinos da seleção, vendendo ingressos para encher o pequeno estádio de Weggis (SUI) todos os dias e abrindo as porteiras para seus patrocinadores montarem tendas e enchê-las com seus famosos VIPS, trazendo todo tipo de pária da sociedade de celebridades e futilidades para o seio da família verde e amarela.

O responsável único por isso se chama Ricardo Teixeira, que está mais senhor do que nunca no futebol nacional e chefia como quer a caravana da alegria da Copa de 2014. O ex-genro de João Havelange preside a CBF desde 1989 e escapou ileso das famosas CPIs do futebol de inícios da década, quando incontáveis falcatruas ficaram claras. Nada como uma prestativa bancada de parlamentares ligados à lama futebolística para garantir impunidade e uma triunfal volta por cima.

Voltando ao assunto, Dunga chegou mostrando que as mudanças não eram de discurso, e desde as primeiras convocações abriu mão das estrelas agora desmoralizadas – inclusive as responsáveis pelo penta. Renovar era preciso, até por uma questão geracional, e aos pouco Dunga foi montando seu novo time, centrado no mantra do compromisso e do patriotismo.

Alternando bons e péssimos jogos, ganhamos a Copa América contra a Argentina em 2007. Com os bons jogadores que sempre tem, o Brasil pode ser respeitável mesmo mal montado. O time evoluiu, venceu a Copa das Confederações em 2009 e fechou as eliminatórias em primeiro lugar. Tudo nos trinques. O Brasil passara o ciclo pré-Copa refeito. E com um time mais definido, portando claras dificuldades e valiosas virtudes.

A seleção de Dunga baseia seu jogo numa forte e segura defesa. Seu meio campo possui dois volantes limitadíssimos, que dificultam o primeiro passe e quase impedem que o time tenha grande posse de bola. A esperança é Kaká, que sofreu com lesões durante seu atribulado ano, inclusive uma pubalgia. No ataque, Luis Fabiano e Robinho impõem respeito, mas não chegam à categoria de avantes de feliz memória nossa. Fora isso, há uma grave lacuna na lateral esquerda desde o fim da era Roberto Carlos.

A esperança é que Elano, Ramires ou o lateral direito reserva Daniel Alves dêem um jeito na meia-direita, o que já qualificaria o meio brasuca. Por abrir mão da escola de técnica e refinamento, não temos um meio que retenha tanto a bola. O que nos obriga a ter boa retaguarda e letal contra-ataque, atributos alcançados por Dunga em seu trabalho.

Porém, é muito pouco para o Brasil. Contrariando o discurso inicial, a renovação dunguista foi mais moderada do que se pensava. Diversos volantes que apareceram nos últimos anos foram ignorados; Ronaldinho Gaucho se apagou, retomou a forma, mas foi descartado; Neymar e Paulo Henrique Ganso assombraram o país com suas magias no Santos, mas não foram considerados, pelo que se verá adiante.

Brameiros 
No esperado 11 de maio, dia da lista final de jogadores, os novos tempos prometidos mostraram sua face oculta. Dunga fez uma convocação ultraconservadora, ignorou os novos talentos, levou jogadores em péssima fase sob a alegação de serem parte do grupo, comprometidos, e abriu fogo contra a imprensa e meio mundo.

Acostumados a acusar duas ou três teimosias dos técnicos ao longo das copas, deparamo-nos com uma lista em que queríamos trocar uns 10. Doni, Julio Baptista e Kleberson passaram o ano na reserva de seus times e foram lembrados. Michel Bastos e Gilberto foram chamados para a lateral esquerda sem atuarem na posição em seus respectivos clubes – Michel é meia-direita no Lyon (FRA)! Apenas quatro atacantes e nenhuma opção para Kaká.

Anunciado o atentado, Dunga vociferou contra tudo e todos, ressaltando que aquele grupo de escolhidos era o dos jogadores que haviam ‘fechado’ com ele, estavam compromissados e tinham idéia da importância de vestir a camisa da seleção. E que por coerência e lealdade deveriam ser mantidos, a despeito do que se passa em campo. Foi talvez a única ocasião em que um treinador (e a entrevista durou quase duas horas) não se apoiou, em momento algum, em argumentos técnicos para justificar suas escolhas.

Como se não bastasse, seu auxiliar-pastor Jorginho rompeu o protocolo da coletiva, tomou a palavra e disparou um inesquecível sermão de brasilidade. Exclamou que somos todos brasileiros, que todos devem torcer e ser patriotas e que a imprensa deve ter pacto de sangue com o time, pois um título traria benefícios a todos, especialmente a profissionais que trabalham ligados à área. Fora isso, é claro que podemos ser críticos.

Assim, subentendia-se que só aqueles iluminados eleitos eram seres humanos capazes de se sacrificar pela seleção e entrar em campo imbuídos do espírito necessário a uma grande guerra. Sim, pois a Copa do Mundo é batalha, como atesta um famigerado comercial de TV, que transforma brasileiros de cerveja na mão em cavaleiros medievais em busca do hexa.

Com o tetra ainda vivo em si, Dunga bancou até o fim a queda de braço com seus detratores. Montou um time à sua imagem e semelhança, ignorando outras variantes de futebol. Escolheu jogadores, se não brilhantes, esforçados, que ‘compraram’ a idéia. Alguns, até por saberem da sorte que têm de integrar a seleção, se tornaram devotos dos ditames dunguistas. Os melhores, por sua vez, são disciplinados e exemplares. Não há espaço para transgressão. Talvez não houvesse para Garrincha. Ensimesmado em suas vivências e convicções, Dunga prefere morrer com suas idéias a viver com a dos outros. Não se pode duvidar de quem levanta uma taça de Copa do Mundo e se lembra em primeiro lugar de seus críticos.

E assim parte a seleção para a Copa do Mundo, carregando todos aqueles sentimentos rememorados nas primeiras linhas. Com um técnico limítrofe e recalcado, um pastor e o novo livro de Augusto Cury na concentração, patrocinadores fazendo brasileiros trocarem o samba por armaduras e lanças das Cruzadas e Don Teixeirone no comando de tudo (até 2014). E exigem que sejamos patriotas.

Pode deixar Dunga, pois o pior é que seremos mesmo. Temos direito, afinal, esperamos quatro anos para ter gosto deste país. Esse ópio é do bom e na Copa estaremos todos alucinados em busca do hexa.

Gabriel Brito é jornalista.