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terça-feira, 10 de junho de 2008

CIÊNCIA X CORTE RASO

A investida dos governadores da Região Amazônica é de matar de vergonha: o que eles vão pedir ao governo é que a lei não seja cumprida e que grileiros e desmatadores possam ter financiamentos e vender seus produtos. Por outro caminho, a Academia Brasileira de Ciências está formulando uma proposta de investimentos maciços em ciência na região para melhor protegê-la; uma revolução científica.

O “Bom Dia Brasil” da semana passada trouxe um flagrante de um crime típico na Amazônia: a reportagem de Roberto Paiva e Jorge Ladimar mostrou, no Pará, trabalhadores escravizados no meio da floresta. Isolados, sem receber há dois meses, sem alimentação adequada, obrigados a trabalhar na preparação de outro crime: o desmatamento em área pública e protegida. O trabalho escravo sempre esteve associado ao desmatamento criminoso. O “dono” do “empreendimento” não apareceu; apresentou-se apenas o recrutador da mão-de-obra. A equipe móvel do Ministério do Trabalho deu o flagrante.

Esse “empresário” poderia receber financiamento para o seu “empreendimento” e comercializar sem medo o fruto do seu duplo crime caso a proposta dos governadores seja aceita. Segundo o jornal “Valor” de ontem, eles vão pedir, na sexta-feira, que seja adiada a resolução do Conselho Monetário Nacional que exige o certificado de propriedade e de regularidade ambiental para a concessão de empréstimos em bancos públicos e privados. Querem também que se adie o cumprimento da lei que criminaliza a cadeia produtiva e torna quem compra a produção de quem escraviza e grila cúmplice de crime.

Que vergonha governadores! É isso mesmo que pedirão ao governo federal?

Que quem grilou e desmatou possa ser financiado e comercializar seu produto? Os governadores podem dizer que há bons patrões e bons empreendedores que ficaram presos na armadilha da mudança da lei. Antes se podia desmatar 50% da propriedade; agora, apenas 20% no bioma amazônico e, portanto, estão todos fora da nova lei, mas respeitavam a antiga. Se for isso, a proposta do governo permite que quem tenha um plano de recuperação da reserva legal seja considerado como tendo regularidade ambiental. Que os bons empresários façam seu plano e cumpram a lei!

O desmatamento está aumentando nos últimos meses, mas o Inpe decidiu adiar a divulgação porque quer fazê-lo com explicações técnicas que evitem que cada número seja uma briga com o governador Blairo Maggi. O instrumento é científico e deve ser preservado.

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) pôs em seu site a versão preliminar de um documento feito por vários cientistas propondo uma “revolução científica e tecnológica para a Amazônia”. A dificuldade em ter um modelo para a região é que “não existe um modelo a ser copiado”. Os pesquisadores propõem nova abordagem: formação maciça de doutores e mestres em ciência aplicada às necessidades da região através de mais universidades públicas e institutos de pesquisas, institutos tecnológicos e uma poderosa rede de comunicação para mantê-los em contato com o mundo científico. Ao todo, seriam investimentos de 1% do Produto Regional Bruto em Ciência, Tecnologia e Informação, ou seja, R$ 1 bilhão por ano. Segundo a ABC, esses investimentos lançariam as bases “de um novo ciclo de desenvolvimento na Amazônia, alicerçado na ciência, na tecnologia e na inovação”.

O presidente da Academia de Ciências, Jacob Palis Jr., diz que o documento, que tem o apoio da SBPC, está em debate entre cientistas e no site da ABC:

— Temos muito orgulho do documento, porque ele é objetivo, enxuto e foi feito por vários cientistas de áreas diferentes. A Amazônia é muito complexa, precisamos de mais competência científica e técnica para formular planos de novos modelos.

A proposta da Academia é que o isolamento da região seja vencido pela tecnologia de comunicação: “No satélite de telecomunicações brasileiro para a Amazônia, deve ser reservado um canal para a comunicação acadêmico-tecnológica.”

A proposta é criar centros de estudo de ciência aplicada em questões como água, recuperação de áreas degradadas, biodiversidade, biotecnologia, energias renováveis, entre outros, em contato direto com as empresas. “A meta é a proposição de desenvolvimento pleno de cadeias produtivas para um número significativo de produtos para o mercado global, contemplando desde fármacos até serviços ambientais”, diz o texto. Hoje a região tem menos de 5% dos doutores do país. A ABC propõe duplicar o número de mestres e doutores, mais recursos para pesquisas, mais conexão com os centros do mundo. De acordo com o texto, as grandes obras previstas de infra-estrutura dão caráter de urgência ao desenvolvimento de um novo modelo. “A importância econômica e social do rico patrimônio natural da região representa um gigantesco potencial científico e cultural, cuja transformação em riqueza está ligada à geração de conhecimento e tecnologias.”

Isso não significa parar a produção agrícola. Mas ocupar a região com a ciência, enquanto se estanca o desmatamento. O atual modelo não desenvolve. O desmatamento é feito com desperdício, violência, trabalho escravo. Não gera progresso e desenvolvimento. E é isso que os governadores da região estão pedindo que continue? Tomara que não. Tomara que nem todos!

Enquanto isso no Ministério do Meio Ambiente

Consulta pública debate ProAcre com sociedade e Banco Mundial

O Governo do Acre promove nesta quarta-feira, 11, consulta pública para discutir o Programa de Inclusão Social e Desenvolvimento Econômico Sustentável do Estado do Acre (ProAcre). O evento será realizado a partir das 8h, no auditório do Palácio das Secretarias, em Rio Branco e reunirá representantes de associações, cooperativas, sindicatos, conselhos e lideranças dos setores da educação, saúde e desenvolvimento econômico e social, do Governo do Estado e do Banco Mundial, financiador do programa.

O objetivo do ProAcre é, de acordo com a Secretaria de Planejamento (Seplan), promover a inclusão social associada ao desenvolvimento econômico comunitário sustentável de famílias acreanas que vivem nas Zonas de Atendimento Prioritário (ZAPs).

Ações integradas para inclusão social, geração de emprego e distribuição de renda com foco estratégico na oferta de serviços básicos (especialmente educação e saúde), desenvolvimento comunitário, tecnologia, desenvolvimento de competências e empoderamento comunitário com base na economia florestal, baseada no Zoneamento Ecológico-Econômico e características regionais.
O ProAcre possibilitará ampliação do atendimento às ZAPs e fará com que o Governo amplie a oferta de serviços básicos, especialmente às comunidades mais isoladas. O programa complementa os investimentos e ações em infra-estrutura social e para o desenvolvimento que vem sendo financiados por outras fontes de recursos (BNDES, BID, CEF, Governo Federal/Programa de Aceleração do Crescimento e Tesouro Estadual).
O ProAcre prevê investimentos de US$ 150 milhões.

O QUE PREVÊ O PROACRE

Serviços básicos e de segurança alimentar em ZAPs rurais
Ampliação e melhoria dos serviços do Programa Saúde da Família - PSF
Melhoria dos serviços da rede obstétrica e neonatal
Melhoria dos serviços de água potável e esgotamento sanitário
Melhoria e ampliação da oferta de educação infantil
Ampliação e melhoria da oferta de ensino fundamental - 1º segmento (1ª a 4ª série)
Ampliação e melhoria da oferta de ensino de 5ª a 8ª séries
Ampliação e melhoria da oferta de alfabetização
Ampliação e melhoria no ensino médio alternado
Ampliação dos serviços de assistência para segurança alimentar com base na produção agroflorestal e florestal local




Ampliação e modernização dos serviços para o desenvolvimento sócio-econômico sustentável em ZAPs rurais
Ampliação e melhoria dos serviços do Programa Saúde da Família
Melhoria dos serviços da rede obstétrica e neonatal
Ampliação da oferta de ensino médio (centro de educação profissional)
Melhoria e ampliação da oferta de educação infantil
Ampliação e melhoria da oferta de ensino fundamental - 1º segmento (1ª a 4ª série)
Ampliação e melhoria da oferta de ensino fundamental - 2º segmento (5ª a 8ª série)
Correção de idade-série e fluxo escolar
Aumento e diversificação da produção agroflorestal e florestal
Ampliação do valor de venda de produtos agroflorestais e florestais prioritários
Ampliação da capacidade de ação coletiva (organização, gestão, planejamento, negociação, comercialização) das comunidades


Promoção da inclusão social e empreendedorismo nas ZAPs urbanas

Ampliação e melhoria dos serviços do Programa Saúde da Família
Melhoria dos serviços da rede obstétrica e neonatal
Melhoria dos serviços de água potável e esgotamento
Melhoria e ampliação da oferta de educação infantil
Ampliação e melhoria da oferta de ensino fundamental - 1º segmento (1ª a 4ª série)
Ampliação e melhoria da oferta de ensino médio - 2º segmento (5ª a 8ª série)
Melhoria e ampliação da oferta de ensino médio
Ampliação e melhoria da oferta de ensino para alfabetização e seqüência na escola
Correção de idade-série e fluxo escolar
Ampliação e melhoria de serviços sócio-assistenciais
Fortalecimento do capital humano e apoio ao micro crédito
Conscientização sobre regras e fatos ambientais


Fortalecimento e modernização de capacidade institucional

Implementação do sistema de regulação do acesso e do cuidado da mulher e da criança
Modernização da gestão do sistema de saúde
Monitoramento e avaliação das escolas
Implementação do PDE e gerenciamento de rotinas e da aprendizagem nas escolas
Fortalecimento do planejamento estratégico, gerenciamento de rotinas e gestão da rede no âmbito das Secretarias
Melhoria da qualidade, competitividade, sustentabilidade e certificação
Modernização da gestão das organizações e instituições
Modernização dos processos de planejamento, gestão e implementação dos serviços

Abertas inscrições para o curso de formação em arte e educação

O curso Ensino de arte na contemporaneidade: desafio para a cultura e a educação, promovido pela Duo Informação e Cultura e a Humbiumbi - Arte, Cultura e Educação está com as inscrições abertas até o dia 23 deste mês. A iniciativa vem encontro ao atual cenário educacional que busca a formação de educadores e agentes culturais, privilegiando a educação para e pelas artes.

O curso, que será realizado à distância, através da internet, de 1º de agosto a 28 de novembro, procura incentivar o diálogo e o intercâmbio de experiências entre profissionais da área de arte/educação, enriquecendo o trabalho que desenvolvem em suas instituições, e estimulando a pesquisa, a investigação e a elaboração de novos conhecimentos no campo do ensino de arte.

Na plataforma virtual estarão disponibilizados os conteúdos de cada aula e um fórum de debates, onde alunos e professores participam de forma assíncrona, ou seja, não haverá necessidade de estarem no ambiente simultaneamente. Algumas datas e horários serão previamente marcados em sala de discussão tipo bate-papo.

Haverá avaliação da participação do aluno no fórum de debates e, aos que atingirem o mínimo de 75% de participação nos fóruns, será outorgado certificado de curso livre, com uma carga horária estimada em 120 horas/aula, distribuída em leitura de textos e participação em fóruns de debates e bate-papo.

O projeto Ensino de arte na contemporaneidade: desafio para a cultura e a educação foi selecionado pelo Programa Petrobras Cultural e obteve o patrocínio da Petrobras para sua viabilização.

Maiores informações podem ser adquiridas através do site www.duo.inf.br .


Segue abaixo a programação:

Adaptação e Ambientação em EAD (Ensino a Distância)
Professor Luiz Fernandes de Assis
Período: 1º a 08 de agosto

Educação para o Desenvolvimento Humano
Professora Simone Al Behy André
Período: 09 a 22 de agosto

O ensino de arte no Brasil e a concepção contemporânea de arte
Professora Lúcia Gouvêa Pimentel
Período: 23 de agosto a 09 de setembro

O Valor da Arte na Contemporaneidade e seus reflexos no Ensino de Arte
Professores Maria Lívia de Castro e Paulo Emílio de Castro Andrade
Período: 10 a 25 de setembro

Juventude e Culturas Juvenis
Professora Carla Maia
Período: 26 de setembro a 09 de outubro

O Fazer Artístico no Ensino de Arte
Professores Maria Lívia de Castro e Paulo Emílio de Castro Andrade
Período: 10 de outubro a 03 de novembro

A apreciação e interpretação da obra de arte no ensino de arte
Professores Maria Lívia de Castro e Paulo Emílio de Castro Andrade
Período: 04 a 28 de novembro

Festa e homenagens marcam centenário da migração japonesa no Acre

Governo do Estado deve homenagear descedentes japoneses que se destacaram em favor do desenvolvimento do Acre.

A colônia japonesa do Acre, composta por cerca de 50 famílias, criou a Associação Para Comemoração dos 100 Anos de Migração Japonesa no Acre com programação prevista para os dias 18, 19 e 20 de junho. Os detalhes dessa programação começaram a ser elaborados nesta terça-feira, 10, com um encontro entre o governador Binho Marques e os representantes da comunidade nipônica no Estado

No encontro, realizado na Secretaria de Estado de Educação, estiveram presentes Carlos Sassai, Melani Takeshima e Mário Yonekura, descedentes japoneses que estão há vários estabelecidos no Acre, além do presidente da Fundação Elias Mansour, Daniel Zen.

Na próxima quinta-feira, 19, segundo dia de comemoração do centenário, o Governo do Estado deve homenagear descedentes japoneses que se destacaram em favor do desenvolvimento do Acre, como o médico Teksuo Kawada. Na sexta, 20, está previsto um almoço de confraternização.

Para Carlos Sassai, da Associação da Colônia Japonesa no Acre, a presença nipônica tem importância no desenvolvimento da agricultura regional inclusive ampliando o cultivo de verduras e hortaliças. Os migrantes introduziram a cultura do amendoim na região de Senador Guiomard. Algumas sementes foram trazidas do Japão em 1959.

Ufac oferece 94 vagas para professor

Salários variam de R$ 1.576,37 (20 horas semanais) a R$ 2.535,86 (dedicação exclusiva) A Universidade Federal do Acre (Ufac) abriu nesta terça-feira, 11, as inscrições para o concurso que oferece 94 vagas de emprego para professores que atuarão no Centro de Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas, Centro de Ciências da Saúde e Desporto, Centro de Ciências Biológicas e da Natureza, Centro de Educação, Letras e Artes e Centro de Filosofia e Ciências Humanas.

Os salários variam de R$ 1.576,37 (20 horas semanais) a R$ 2.535,86 (dedicação exclusiva). As inscrições se encerram no dia 18 de junho e podem ser feitas pelo site http://www.ufac.br, onde se pode obter mais informações sobre o certame.

Os documentos exigidos no edital devem ser encaminhados à Pró-Reitoria de Graduação da Ufac, em Rio Branco. A documentação deve ser enviada junto com a ficha de inscrição.

http://www.ufac.br/homepage/editais_2008/030_edital_05_2008_conc_prof/edital_05_2008.pdf

Lula e o Complexo de Maradona,

Lula anda se achando um Deus. Apoiado nos altíssimos índices de popularidade, o presidente assumiu ares de divindade. Só falta dizer que “nunca na história desse país houve um presidente como eu”.

O programa do PT na TV, dias atrás, foi exemplar. Enquanto os apresentadores exibiam um partido que nos parecia coisa do passado, reminiscências de uma época que já não existe, de um entusiasmo que ficou sob os escombros da decepção, ainda era possível ver o programa com um misto de tristeza e de dó. Mas quando o presidente apareceu, o programa mudou. Estávamos diante de uma pessoa que falava de modo prepotente, que iria “fazer portos, aeroportos, hidroeléticas, hidrovias, etc.”, custasse o que custasse. A expressão facial traduzia de forma cristalina o que ia por dentro de sua alma. Parecia aquele general que falava com espírito semelhante, do tipo “prendo e arrebento”.

As conquistas reais que têm modificado para melhor a vida da população mais pobre pode-se listar poquissimas . Entretanto, em algumas comunidades onde projetos federais de transposição de rios, construção de hidreelétricas o risco real é serem expulsos de suas áreas para dar lugar à projetos megalomaníacos, inclusive para a cana irrigada, da mesma forma como aconteceu no regime militar. É nesses projetos, nessa concepção de desenvolvimento, que Lula diz levar à frente custe o que custar, que seu governo adquire a cara do regime militar, inclusive seu espírito assustador e autoritário.

Essa marca da destruição das comunidades tradicionais e da privatização dos bens naturais – florestas, água da transposição, etc. - ainda vai ser melhor analisada quando sairmos do governo Lula. Talvez aí Lula descubra, ainda que tardiamente, a exemplo de Maradona, que Deus é um só.

Preso "Monstro de Xapuri"



Por Raimari Cardoso
Depois de quatro dias de uma verdadeira caçada humana por dentro das matas da Reserva Extrativista Chico Mendes a Polícia Militar de Xapuri conseguiu capturar, na tarde desta segunda-feira, o homem que assombrou a população do município ao matar a tiros o próprio sogro e degolar uma criança de apenas quatro anos de idade, que era seu enteado. Jorge Santos da Cunha, o Jorge do Có, ou simplesmente “monstro do seringal”, como passou a ser chamado na cidade, foi preso no seringal Riozinho, colocação Boa Água.

A primeira vítima, Francisco Pereira da Silva, foi morta com um tiro de espingarda calibre 20. O garoto Anderson da Silva Boles Filho foi degolado e teve ainda uma das mãos decepada pelo assassino. O crime, ocorrido na última quinta-feira (5), foi um dos mais bárbaros e revoltantes dos últimos anos em Xapuri, razão pela qual centenas de pessoas se dirigiram para a frente da delegacia ao saber que Jorge do Có havia sido preso no seringal e estava sendo trazido para a cidade.

A prisão aconteceu depois de a polícia receber informações sobre o real paradeiro do criminoso. Ele estava na direção do seringal Riozinho, local muito distante da zona urbana. Os policiais o perseguiram dia após dia por ramais, varadouros e trilhas de difícil acesso. Chegaram a ser vistos pelo fugitivo, conforme relatos feitos por ele mesmo a seringueiros que o encontraram durante a fuga. A um dos informantes da polícia ele disse que em certo momento, escondido na mata, chegou a apontar a espingarda para a cabeça do Sargento PM Fadúl, nas proximidades da cena do crime.

A guarnição formada por oito policiais militares, comandada pelo Coronel Amarildo, cercou a casa onde Jorge se encontrava por volta das 13h30min desta segunda-feira. Ele estava sentado no assoalho quando aconteceu a invasão, sem que houvesse tempo para reação ou tentativa de fuga. O dono da casa, que já esperava a chegada da polícia havia tido o cuidado de desmuniciar e guardar a espingarda que ele carregava consigo.

Na chegada do criminoso a Xapuri, que aconteceu por volta das 07h30min da noite, houve princípio de tumulto. Do lado de fora da delegacia cerca de duzentas pessoas gritavam por justiça, entre elas vários parentes das vítimas. Em certo momento alguns mais exaltados tentaram derrubar o portão de acesso ao pátio da unidade de segurança. Do lado de dentro, sentado no chão, um homem franzino e de baixa estatura, sempre com um sorriso enigmático no rosto, tentava explicar o inexplicável: o porquê de tamanha brutalidade.

Demonstrando ser um sujeito extremamente frio, apesar de se dizer arrependido da barbárie cometida, Jorge do Có não baixou o rosto um só instante, nem se importou com as câmeras fotográficas às quais encarava sempre que era focalizado. Perguntei pelos motivos que o levaram a tomar aquela atitude tão extrema. Afirmou que vinha sendo ameaçado pelo sogro e que matou para não morrer. Sobre o que justificaria matar uma criança de apenas quatro anos, que criou desde pequena, segundo ele, como se fosse seu filho, respondeu: "Eu não sei, acho que perdi o controle e depois não sei mais de nada".

Está sendo aguardada para a manhã desta terça-feira a chegada do delegado Mardílson Vitorino a Xapuri para dar início aos procedimentos que se seguem à prisão do acusado, que tem a previsão de ser transferido rapidamente para o presídio de Rio Branco. Preso no dia em que o presidente Lula sancionou a Lei que não permite mais o protesto do réu por um novo júri, caso a pena decretada seja igual ou superior a 20 anos, Jorge do Có figura como sério candidato à pena máxima pelos crimes que cometeu. Seria o mínimo que poderia se fazer pelas suas vítimas indefesas.