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quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Charge do Dia!!!!

Procissão de São Sebastião em Xapuri reúne mais de 20 mil romeiros

Fiéis percorreram as principais ruas da cidade num percurso de quatro quilômetros. Muitos romeiros fizeram o percurso descalços e com tijolos na cabeça
Por:Tatiana Campos
Há 107 anos um grupo de 100 pessoas saiu às ruas em devoção à São Sebastião, santo padroeiro das guerras e pestes. Na época, a tensão entre brasileiros e bolivianos estava se acirrando e sete meses depois teria início a Revolução Acreana. Este é o início da procissão de São Sebastião, padroeiro da cidade de Xapuri, berço de uma das festas religiosas mais importantes do Acre.

De acordo com a Polícia Militar, mais de 20 mil fiéis participaram da Procissão de São Sebastião, que teve início às 16 horas com a Missa do Padroeiro. Os fiéis percorreram as principais ruas da cidade num percurso de três quilômetros de extensão. Muitos romeiros pagavam promessas fazendo a caminha descalço, com fitas na cabeça ou no corpo, que após a procissão foram colocadas na imagem de São Sebastião.

Maria de Nazaré de Faria, aposentada de Rio Branco, participou da procissão pelo quinto ano consecutivo. “Sempre recorro a São Sebastião quando preciso, principalmente em caso de doença. Preciso agradecer todas as graças que recebo. Tenho 70 anos e me sinto disposta, feliz e cheia de energia, isso já é uma graça e tento passar esta fé aos meus filhos”, comentou.

A cura de doenças muitas vezes nem diagnosticadas é a principal causa de agradecimentos dos fiéis. A seringueira Vera Lúcia Teixeira, 26, participa da procissão para agradecer a cura de uma dor de cabeça do filho mais velho, de 11 anos. Ela percorre a procissão descalça. “Eu fui atendida no meu pedido e agora venho agradecer a graça que recebi. O meu filho tinha uma dor de cabeça que não passava de jeito nenhum e os médicos não conseguiram descobrir o motivo. Recorri a São Sebastião e hoje meu filho não sente mais nada”, disse.

Uma dor de cabeça muito forte, não diagnosticada, e curada por intermédio de São Sebastião foi o que levou a romeira a fazer o percurso de quase quatro quilômetros com um tijolo na cabeça. “Quem recorre ao santo é abençoado se tiver fé”, comentou.

O padre Francisco das Chagas Monteiro, da Igreja de São Sebastião, ficou emocionado com a procissão e disse que o evento religioso superou todas as expectativas. Eram esperados 15 mil fiéis para a festa. Mais de 20 mil pessoas acompanharam a procissão.

“São Sebastião tem uma história muito bonita, de força e coragem. Ele teve a determinação de assumir a fé em cristo quando era um soldado romano e passou a ser perseguido pelo império. Foi pressionado a abandonar a fé cristã e não abandonou, sendo morto apedrejado após ser amarrado, pregado e flechado”, explicou o padre.

Praça São Gabriel é entregue a população de Xapuri

Por Tatiana Campos
A Praça São Gabriel, rodeada pela Igreja de São Sebastião, Sindicato dos Trabalhadores Rurais - onde o corpo de Chico Mendes foi velado - e pelo Quartel da Polícia Militar foi reconstruída e entregue para a população de Xapuri em 18 dias. O esforço, do Governo do Estado e a Prefeitura do município foi para oferecer à cidade, na festa do santo padroeiro, o aconchego da praça que é um dos símbolos do município e estava sem condições de uso.

"A Praça São Gabriel na verdade representa o começo da Festa de São Sebastião. Fica em frente à igreja, é um lugar que reúne os fiéis, que sempre esteve presente em nossa cidade. Lugar de muitas histórias, de muita simbologia. O esforço de reconstruir a praça em 18 dias para chamar o povo para a festa traduz bem o slogan da nossa administração: Todos por Xapuri", comentou o prefeito Bira Vasconcelos.

A reforma da praça custou ao Governo do Estado R$ 108 mil e será feita em duas etapas. A prefeitura entrou com a mão de obra e alguns equipamentos. A Praça Plácido de Castro, ao lado da São Gabriel, também está incluída na obra e deve ser entregue após o carnaval. As duas praças são separadas pelo corredor de ônibus intermunicipal e serão integradas com a reforma.

A professora Deise Pinheiro fez uma fala emocionada durante a reinauguração da principal praça da cidade. "Precisamos resgatar a história e a cultura de Xapuri, que consiste na essência da nossa identidade. Precisamos encontrar diretrizes para que possamos ressurgir das cinzas, de forma gloriosa e triunfante como éramos no passado. A praça é um emblema de amor por Xapuri, agora podemos voltar a sonhar".

O representante do governador na solenidade, Ermício Sena, ressaltou que durante a campanha de Bira para prefeitura, não foram feitas promessas, mas assumidos compromissos, que foram firmados em parceria com o governador Binho Marques. "O governador se comprometeu, num comício em frente a igreja, a começar uma revolução em Xapuri junto conosco e que as mudanças começariam pela praça. Foram 18 dias de obras para que ele fosse entregue antes da festa de São Sebastião. Estamos num novo tempo e tudo o que foi pactuado será cumprido".

"Nós precisamos ter sonhos. O sonho do governador Binho Marques, da Frente Popular, o meu sonho, o sonho do Bira, é termos crianças felizes e na escola, pessoas saudáveis, trabalhadores empregados, acesso a cidadania, cultura, aos direitos básicos. Temos muita coisa a fazer, mas não nos falta força de vontade. Vamos cumprir cada item do nosso plano de governo". Bira Vasconcelos, prefeito de Xapuri

Os desafios do legado de Chico Mendes

Recebi por emeail dois textos interessantes neste primeiro escrito pela Antropológa MAry Allegretty, que conviveu com Chico Mendes e é uma das principais responsáveis pelo apoio recebido de organismos internacionais na luta contra as derrubadas empleitadas na década de 80 pelo líder seringueiro e o segundo logo abaixo refere-se a uma entrevista do juiz Adair Longuini sobre Chico Mendes, onde entre outras coisas ele insinua que a própria Policia Federal na época do assassinato contribuiu ´para os acontecimentos, vale a pena ler. Em tempo.... a entrevista foi concedida no ano passado ao jornalsita Altino MAchado para a Revista Terra Magazine

A maneira como uma pessoa é lembrada depois de sua morte depende inteiramente da interpretação que fazemos de suas falas, textos, imagens. Passados vinte anos, será que estamos interpretando Chico Mendes da forma como ele gostaria de ser lembrado? Será que estamos enfatizando aqueles aspectos que lhe foram mais caros, mais difíceis de conquistar, ou, com o tempo, estamos selecionando os que mais nos agradam e os reinterpretando ao nosso próprio gosto? Tenho sempre essas questões em mente quando penso em um balanço do seu legado.


Uma idéia que vale uma vida
Independentemente das conseqüências presentes e dos desdobramentos futuros, uma idéia defendida por Chico e pelo movimento que ajudou a construir, valeu a sua vida: a de regularizar direitos de posse das comunidades tradicionais da Amazônia na forma de territórios públicos de uso sustentável de recursos. Essa, a meu ver, é sua principal contribuição à humanidade; tem alcance e gradiosidade e já beneficiou a geração dele, a de seus filhos e netos, e vai continuar gerando frutos para as que virão.

Mas não é uma idéia facilmente compreendida. Quando se referem a Chico Mendes, as pessoas simplificam dizendo que “ele defendia a Amazônia” ou que foi morto porque “defendia a floresta contra fazendeiros que queriam destruí-la”. Muita gente defende a Amazônia; o que distingue Chico Mendes e os seringueiros dos demais?

O que distingue Chico Mendes foi a revolução produzida nas relações sociais e econômicas na Amazônia logo após o seu assassinato, por meio da criação de Reservas Extrativistas. É importante entender o mérito do que está em jogo quando se cria uma unidade de conservação de uso sustentável para realmente captar o que foi diferente na vida e na morte de Chico Mendes. É preciso, também, voltar um pouco no tempo.

As comunidades tradicionais da Amazônia (seringueiros, castanheiros, pescadores, riberinhos) têm direitos de posse sobre as áreas nas quais vivem há gerações. As áreas de posse, denominadas de colocações, são em média de 300 hectares, repletas de matas, águas e riquezas da floresta. Mas essas áreas de floresta sempre estiveram em disputa na Amazônia. Antes de Chico Mendes e do movimento dos seringueiros, as pessoas que ali viviam eram expulsas cada vez que alguém resolvia grilar, invadir, ou comprar estas áreas; ainda acontece assim em alguns lugares da Amazônia.

Quando a legislação da reforma agrária começou a ser aplicada na Amazônia, na década de 1970, essas comunidades foram transferidas para projetos de colonização; em troca de suas colocações receberam lotes de 50 a 100 hectares geralmente sem água, em terra degradada, sem floresta. E não existia colonização para atividades florestais – os seringueiros deveriam ser transformados em agricultores. Eles perdiam o meio de vida e nós perdíamos a floresta, uma vez que suas antigas colocações viravam pasto.

A grande revolução de Chico Mendes e do movimento dos seringueiros foi acabar com expulsões, mudar o conceito da reforma agrária e provar que comunidades pobres podem mudar o destino e formular seu próprio modelo de desenvolvimento. Eles conseguiram o reconhecimento do direito de permanecer em suas colocações e, abdicando da propriedade privada, optaram por viver em um grande território de propriedade da União, assumindo o compromisso de cuidar dos recursos da floresta, da biodiversidade, das águas. De posseiros ameaçados, transformaram-se em gestores de recursos naturais de propriedade do Estado e, portanto, da sociedade brasileira.

Essa foi a revolução: seringueiros pobres, sem poder econômico nem político, conseguiram mudar os conceitos de reforma agrária e de conservação e formular uma política pública totalmente inovadora que não existia em nenhum manual de desenvolvimento ou de meio ambiente.

Chico e vários outros líderes, com apoio de advogados, antropólogos, técnicos governamentais, formularam esse conceito em 1985, lutaram por ele, mas essas idéias eram muito revolucionárias para serem aceitas e nada havia acontecido até 1988, quando ele foi assassinado. No contexto do Acre, onde essas mudanças surgiram, os desafios eram ainda maiores. O Acre vivia da grilagem de terras públicas, do assassinato de trabalhadores rurais para lhes tomar as terras, era refúgio de assassinos que haviam cometido crimes em outros estados brasileiros; qualquer mudança ali não aconteceria sem graves confrontos.

Chico não queria morrer, mas falava que ia morrer para sensibilizar as autoridades e evitar que isso acontecesse. Mas estou certa de que ele tinha consciência de que precisava arriscar sua vida por essas idéias. Essa é a diferença que faz dele um líder revolucionário: a convicção de que não podia recuar. Ao não recuar para defender sua própria vida, seu assassinato gerou o impacto social que levou a transformações estruturais.

Na prática, a cada vez que se cria uma Reserva Extrativista o governo assegura que populações pobres não sejam expulsas, não migrem para a periferia das cidades, não percam seus meios de vida e, muito mais que isso, tenham direito a serviços públicos e adquiram status de protetores da floresta. É uma radical inversão que ainda hoje alimenta sentimentos de ódio naqueles que gostariam de se apropriar da floresta para benefícios individuais de curto prazo.

Assim, ao falar sobre a contribuição de Chico Mendes é preciso dizer: ele fez uma revolução no sistema de propriedade na Amazônia garantindo que comunidades tradicionais pobres e invisíveis se transformassem em gestores de recursos naturais valiosos e estratégicos ao nosso país. Temos vastos territórios não desmatados porque essas pessoas concordaram em ficar ali e cuidar desse patrimônio em nome do nosso presente e do nosso futuro.


Um sonho que ainda não se concretizou
Todas as vezes que uma Reserva Extrativista é criada, o sonho de Chico Mendes está sendo realizado. As pessoas que vivem naquela área deixam de ser perseguidas e ganham um projeto de futuro; a floresta e os recursos naturais que ali existem deixam de ser derrubados e destruídos. Isso, na minha interpretação, é suficiente para justificar sua consagração como herói nacional. É também a comprovação de que a idéia é viável e bem sucedida.

Embora possa ser suficiente para a proteção da floresta como patrimônio natural, não é suficiente para as pessoas que vivem ali hoje. E não será suficiente para as gerações futuras. E é esse aspecto de seu sonho e de seu legado que precisa ser analisado hoje, quando lembramos os vinte anos do seu assassinato. Estou certa de que ele ficaria muito surpreso e satisfeito se pudesse ver quão longe suas idéias chegaram, mas estaria muito inquieto por constatar o quanto ainda precisa ser feito para tornar realidade as idéias que alimentaram esse projeto revolucionário no passado.

Chico tinha consciência de que criar uma Reserva era apenas o primeiro passo de um ambicioso projeto de levar os benefícios da civilização para dentro da mata. O sonho do Chico era que, passado o risco de expulsão, começasse o tempo de construção de infra-estrutura social, de investimentos na valorização da floresta, de educação e saúde, de comunicação. Sempre foram infinitas as possibilidades abertas por uma unidade de conservação que tem como guardiões os próprios moradores.

E é aí que reside o risco do projeto, do qual todos têm consciência: se, depois de criada a Reserva, os investimentos não acontecerem e as pessoas pararem de viver dos produtos da floresta, não terão mais razões para protegê-la, e as Reservas Extrativistas perderão a motivação principal de existir. Essa é a segunda grande contribuição de Chico Mendes e do movimento dos seringueiros: mostrar que é mais eficiente a gestão quando é feita por aqueles que nascem, se criam e dependem diretamente dos recursos da natureza para obter a subsistência.

Mas se as famílias que moram nas Reservas não puderem viver da floresta nem oferecer alternativas melhores para seus filhos, elas irão mudar de atividade – e como todas as demais formas de economia requerem a retirada da mata, o desmatamento está acontecendo em algumas áreas. Se os jovens não puderem se profissionalizar na gestão da floresta, eles irão para a cidade e perderão seus laços com história de seus pais – e isso já está acontecendo em algumas Reservas.

E existem também as conseqüências da abundância. No sistema atual, o único benefício que é transferido dos pais aos filhos é o direito de continuar morando na reserva, seja na mesma colocação original, seja em outras, abertas especificamente para os filhos. Se as famílias estão vivendo melhor e conseguindo guardar algum dinheiro, no que elas vão investir? Parece lógico que o investimento seja em algo que possa ser transportado, transformado facilmente em dinheiro, se necessário, e transferido como patrimônio para um filho que se casa e começa vida nova. Essa pode ser uma hipótese para o crescimento do gado na Reserva Extrativista Chico Mendes, por exemplo. Pode não explicar todos os casos, mas pode fazer sentido para alguns.

E é preciso considerar a questão geracional e cultural. As Reservas, hoje, têm energia e as casas, televisão; os moradores da Resex Chico Mendes têm moto e vão e voltam para Xapuri em minutos; quais as influências dessa nova cultura sobre as crianças e o jovens? Nas Reservas do Amazonas o governo criou pequenas vilas e as pessoas deixaram de morar espalhadas pela beira dos rios como faziam antigamente. É uma semi-urbanização que traz grandes mudanças na vida das famílias: os jovens ficam à toa sem ter o que fazer; perdem a familiaridade com a floresta porque não se socializam andando pela mata desde pequenos como aconteceu com seus pais; a Bolsa Família, associada à oferta de alimentos da floresta, aumenta a o tempo disponível sem opções de trabalho ou de lazer.

Essa nova configuração das Reservas de Uso Sustentável precisam ser conhecidas, debatidas, analisadas e avaliadas. Em que medida o sistema de concessão de uso continua sendo o melhor modelo de gestão?Até que ponto a inexistência de opções de transferência de patrimônio entre as gerações desestimula a busca por melhores formas de produção? Não havendo alternativas de profissionalização o que farão os jovens que querem melhorar de vida a não ser migrar para as cidades?

Vinte anos depois é necessário fazer um balanço do modelo, juntamente com as lideranças originais, com as famílias moradoras e seus filhos, com os professores das escolas, com os parceiros institucionais, com os gestores das associações e cooperativas e reinventar o modelo, ajustá-lo à realidade do novo século, revitalizar conceitos e práticas.

Essa revisão inclui também o poder público: em que medida vem cumprindo com sua parte no acordo; quais os investimentos que estão sendo feitos nas reservas; quantas oportunidades estão sendo abertas para jovens que queiram fazer curso superior; quantas processadoras de matérias-primas florestais vêm sendo implantadas; quantas pessoas foram qualificadas em gestão ambiental.

A Reserva Chico Mendes é um exemplo claro da necessidade dessa revisão. Se ela está invadida por fazendeiros, como afirma o Ibama, não é suficiente expulsar os invasores, é preciso que o Ministério Público responsabilize também o Ibama por omissão, por ter deixado isso acontecer, afinal é o órgão responsável pelas unidades de conservação do país. Se o extrativismo em Xapuri está falido, como afirmou a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, Dercy Telles, é preciso avaliar as opções concretas de renda que existem para os seringueiros que moram na Reserva.

Concordo plenamente com a crítica da Dercy e acho muito constrangedor para todos os membros atuais e anteriores do Governo do Acre e do Governo Federal conviver com essa crise dentro da Resex Chico Mendes nesse momento. Não acredito que, de uma hora para a outra, os moradores passaram a ser invasores – algo está errado nessa avaliação e somente uma pesquisa poderia esclarecer.

Também acho que existe omissão do Governo do Acre na busca de justiça às outras pessoas assassinadas no mesmo contexto do Chico. É o caso de Ivair Higino, assassinado brutalmente alguns meses antes do Chico. O julgamento dos acusados pelo crime, filhos do mesmo homem que mandou matar Chico Mendes, Darli Alves, só aconteceu 20 anos depois, em agosto passado, em uma constrangedora sessão no Tribunal do Juri de Xapuri, quando foram todos absolvidos. Ficou evidente que há uma guerra na surdina em Xapuri que, se não for administrada, ainda poderá resultar em mais mortes. São muitos os que não aceitaram a criação da Resex Chico Mendes e são muitos os que torcem para inviabilizá-la, inclusive incentivando o gado nas colocações dos seringueiros.

O governo do Estado do Acre, as lideranças do Conselho Nacional dos Seringueiros no Acre, o Ibama no Acre, precisam ser mais ativos na concretização dos sonhos do Chico, que são também seus próprios sonhos. Vejo o desconforto na face de muitos companheiros de Chico em Xapuri com os dilemas que estão vivendo para manter vivas as expectativas do passado e acreditar em um futuro melhor.

Precisamos parar de reverenciar a imagem de Chico Mendes, congelando-a no tempo, e arregaçar as mangas para viabilizar a economia da floresta hoje. Torná-la inspiradora de novos líderes, novas gerações, novas idéias. Estamos congelando seu legado e não transferindo-o para mãos mais jovens e arrojadas que queriam revitalizá-lo, reinventá-lo, recriá-lo de acordo com as necessidades dos gestores da floresta do futuro.


Mito ou inspiração?
Os herdeiros de Chico conseguiram, vinte anos depois de sua morte, o que ele sempre sonhou: reconhecimento, pela sociedade, da existência dos povos da floresta e inserção do tema na mídia nacional. Talvez fique mais fácil, a partir de agora, concretizar o seu sonho completo. Por outro lado, ao tornar familiar o tema, corre-se o risco de simplificá-lo, arredondando arestas, ocultando detalhes, cristalizando imagens e idéias. E, principalmente, reificando o passado e congelando o futuro.

Transformar Chico em um herói mítico é um erro porque oculta a principal contribuição que ele deu à Amazônia, ao país e à humanidade: a idéia de que se pode fazer mudanças estruturais com revoluções pacíficas e a idéia de que se pode inventar políticas quando elas não existem da forma como achamos que deveriam existir. Para dar continuidade a esse legado, é preciso ousar, ser criativo, rever paradigmas e revisar esse legado.

A história do Chico surpreende por ser a história de um seringueiro simples com um sonho grandioso; e um sonho que vai ficando cada vez mais atual à medida que passa o tempo. Mas hoje está evidente que a concretização do seu sonho não depende mais dos moradores das Reservas Extrativistas. Está diretamente relacionada ao futuro da Amazônia e à nossa capacidade como país de assegurar um destino digno a esse valioso patrimônio. Tem a ver, portanto, com todos nós.

Para fazer jus a essa história é preciso inventar outras; é preciso que cada um encontre o seu papel nesse imenso desafio. As bases para um novo momento estão dadas e são firmes. Investir na formação dos gestores da floresta do futuro e apostar na capacidade que terão de reinventar o legado do Chico, adequando-o a um contexto do século XXI, das mudanças climáticas e dos desafios tecnológicos, é o projeto ao qual pretendo me dedicar nos próximos anos. E o seu, qual é?

PF ajudou assassino de Chico Mendes, diz juiz

Por:Altino Machado
O caso Chico Mendes marcou para sempre a carreira do magistrado Adair José Longuini, 55, que presidiu, em dezembro de 1990, o julgamento que condenou a 19 anos de prisão o fazendeiro Darly Alves da Silva e o filho dele, Darci Alves Pereira, como mandante e assassino do líder sindical e ecologista de Xapuri (AC).

Longuini trocou o Paraná pelo Acre tendo como sonhos a compra de terras e a carreira como advogado de banco. Seis anos depois, sem a menor experiência, teve que instruir o primeiro processo criminal de sua carreira como juiz, sob a vigilância da imprensa nacional e internacional interessada naquele crime que completará 20 anos no dia 22 de dezembro.

- Magistrado novo, há seis meses na carreira, sem prática advocatícia na área criminal, diante de um processo daquele, no início, em seguida a ação penal. Tive que me desdobrar, estudar mais para fazer o melhor - relembra Longuini em entrevista exclusiva a Terra Magazine.

O juiz dedicou-se tanto que virou professor de direito penal na Universidade Federal do Acre, onde o que ganha, segundo ele, não é suficiente sequer para pagar a gasolina do carro. Casado com a juíza Regina Longuini, pai de três filhos, foi eleito pelo critério de merecimento e tomou posse, em dezembro do ano passado, no cargo de desembargador do Tribunal de Justiça do Acre.

A carreira do desembargador chama a atenção pela firmeza em seguir uma linha de coerência. Além disso, Longuini realizou o velho sonho: é proprietário de duas fazendas, que somam aproximadamente mil hectares, onde cria um rebanho bovino com 1.100 cabeças.

- A área que tenho é pequena para o padrão que impera na Amazônia, tanto que estou estacionado nessas 1.100 cabeças há oito anos. Para possuir um rebanho maior, teria que investir em tecnologia ou partir para a devastação de novas áreas - pondera.

Após 20 anos, o magistrado que presidiu o tribunal do júri de Xapuri dá a entender que Chico Mendes poderia estar vivo caso a Polícia Federal no Acre não tivesse aconselhado Darly a fugir quando o seringueiro apresentou uma carta precatória, expedida pelo juiz de Umuarama, solicitando a prisão do fazendeiro por crimes cometidos no Paraná.

Longuini não poupa a conduta de dom Moacir Grechi, ex-bispo do Acre, nem do delegado Mauro Spósito, ex-superintendente da PF no Acre, que chegou a ser acusado pelo próprio Chico Mendes, um mês antes do crime, de envolvimento no complô que planejava assassiná-lo.

- De qualquer forma decidi cumprir a precatória. Chamei o escrivão e falei: “Olha, não divulgue para ninguém: temos a carta precatória e vamos fazer a prisão de Darly. Você vai fazer o mandado dentro do meu gabinete e vamos chamar a Polícia Militar, que vai sair em campo para fazer a prisão”. E assim fizemos, na surdina. Na hora que os policiais saíram já não encontraram mais o Darly. Ele já havia fugido. Pude concluir posteriormente que a própria Polícia Federal foi quem avisou Darly para que empreendesse fuga para não ser preso. Isso me deixou muito aborrecido. Fiz denúncia ao então diretor da Polícia Federal, Romeu Tuma, para quem enviei um extenso telegrama pedindo que o caso fosse apurado - afirma Longuini.

Leia a seguir os melhores trechos da entrevista:

Terra Magazine - Foi marcante para sua carreira ter presidido o júri do caso Chico Mendes?
Adair Longuini - Sem dúvida. Foi marcante porque se tratava de início de carreira. Ingressei na magistratura em 1988 e assumi, em Cruzeiro do Sul, uma Vara Cível. Em junho de 1988 fui transferido para Xapuri. No dia 22 de dezembro de 1988 aconteceu o assassinato de Chico Mendes. Até então eu não havia atuado em processo criminal. Em Xapuri não havia promotor. Ao chegar lá, passei a atuar em processos cíveis. A comarca estava há 10 anos sem juiz e deixei de lado os processos criminais porque não havia promotor. Após o assassinato de Chico Mendes foi designado um promotor e foi quando comecei a atuar nos processos criminais. Quando a gente passa em concurso tem que dominar todas as matérias, mas devo admitir que direito penal não era o meu forte.

Fui advogado de banco durante cinco anos. Trabalhava em área cível, trabalhista. Preparei-me para o concurso de juiz, mas uma coisa é a preparação teórica. Outra coisa é botar a mão na massa. Isso me assustou um pouco. Magistrado novo, há seis meses na carreira, sem prática advocatícia na área criminal, diante de um processo daquele, no início, em seguida a ação penal. Tive que me desdobrar, estudar mais para fazer o melhor. Aí eu passei a dominar mais a área do direito penal. Depois de seis anos fui transferido de Xapuri para Rio Branco, mas nesse tempo adquiri uma boa experiência em direito penal porque tive que dar andamento a dezenas de processos criminais que estavam parados. Logo ao chegar em Rio Branco fui aprovado em concurso para professor de direito penal na Universidade Federal do Acre. Então o caso Chico Mendes acabou me dando uma direção que nem eu mesmo esperava.

Naquele junho de 1988, quando o senhor chegou a Xapuri, Chico Mendes o procurou ou chegou a manifestar alguma preocupação com as ameaças que sofria?
O Chico Mendes costumava ir muito ao fórum, sempre com alguém do lado. Ele era meio paizão dos seringueiros. Estava sempre por lá para orientar como tirar um documento, como entrar com uma ação possessória ou divisória. Nessas idas, alguma vezes ele falava comigo. No interior isso é muito comum. A gente vem para a capital e nela as partes já não procuram muito, pois são muitos os juízes. Porém, no interior, todo mundo sabe quem é o juiz da cidade. Naquela época também havia carência de advogados em Xapuri. As partes queriam orientação, não tinha advogado nem defensor, e eu acabava atendendo. Lembro de quando Chico Mendes me procurou dizendo da existência de uma carta precatória para a prisão de Darly Alves da Silva.

O que Chico Mendes disse ao senhor?
Na verdade o Chico Mendes me disse que tinha uma ordem de prisão. Respondi-lhe que achava estranho a existência de uma ordem de prisão, pois Darly era jurisdicionado de Xapuri e a ordem só poderia ter partido de mim. Argumentei que não havia processo penal nem criminal, nem precatória de fora para ter expedido o mandado de prisão. O Chico disse: “A ordem de prisão está com o superintendente Mauro Spósito, da Polícia Federal”. Foi quando comecei a me interessar pelo assunto. Até então eu sabia que havia uma litigiosidade, um conflito, entre o Chico e o Darly, que era o que todo mundo sabia, de acordo com o que era publicado pela imprensa. E ele me trouxe a cópia do documento no mesmo dia. Era uma carta precatória do juiz de Umuarama (PR) decretando a prisão do Darly. E eu perguntei: como é que você está com uma cópia e isso não está endereçado a mim? Achei aquilo estranho. Fiquei desconfiado. Telefonei para Mauro Spósito, na presença de Chico Mendes. “Excelência, está comigo, sim. Amanhã dois homens levarão o documento ao senhor”, prometeu o superintendente da Polícia Federal. Ele foi de uma presteza, mas continuei muito desconfiado. Preferi achar que uma precatória poderia vir parar nas mãos de um juiz de várias formas.

Chico Mendes me disse que a carta precatória estava com Mauro Spósito porque a mesma fora encaminhada para ele pela Comissão Pastoral da Terra. No outro dia, os agentes da Polícia Federal trouxeram o documento. Quando abri o envelope grande e peguei o envelope original, menor, de Umuarama, o mesmo estava aberto. Falei comigo: “Epa! Tem alguma coisa nisso: um envelope aberto com carta precatória, ordem de prisão!” Olhei bem, mas não havia sinal de rompimento. Imaginei que havia macetes de descolar aquilo com água quente, por exemplo. De qualquer forma decidi cumprir a precatória. Chamei o escrivão e falei: “Olha, não divulgue para ninguém: temos a carta precatória e vamos fazer a prisão de Darly. Você vai fazer o mandado dentro do meu gabinete e vamos chamar a Polícia Militar, que vai sair em campo para fazer a prisão”. E assim fizemos, na surdina. Na hora que os policiais saíram já não encontraram mais o Darly. Ele já havia fugido.

Pude concluir posteriormente que a própria Polícia Federal foi quem avisou Darly para que empreendesse fuga para não ser preso. Isso me deixou muito aborrecido. Fiz denúncia ao então diretor da Polícia Federal, Romeu Tuma, para quem enviei um extenso telegrama pedindo que o caso fosse apurado. Tuma esteve comigo. Em seguida, o bispo Moacir Grechi procurou-me e confessou que entregara a carta aberta ao superintendente. Então flexibilizei, pois o testemunho maior seria de alguém da Comissão Pastoral da Terra, que poderia dizer que havia recebido o envelope lacrado. Isso daria um processo contra o superintente, afastamento do cargo, o diabo-a-quatro. Quando ele disse que entregara o documento aberto, ficou complicado responsabilizar a Polícia Federal.

Mas o Chico Mendes chegou a acusar o delegado Mauro Spósito de envolvimento num complô para assassiná-lo. Lembra?
Sim. Mas na verdade não sei qual era a ligação do bispo Moacir Grechi com o superintendente da Polícia Federal. Não sei se o bispo quis botar pano quente ou não quando disse que entregara o documento aberto. Aí ficou aquela zona: a polícia a procura do Darly, aquele acha e não acha. Darly ficou homiziado, escondido no mato, desde quando saiu a ordem de prisão. Ele só se entregou após o assassinato e a prisão foi intermediada pelo advogado dele, o Rubens Lopes Torres. E aí surge o argumento de que Darci, o filho de Darly, matou Chico Mendes coagido pelo ambiente de procura ao pai, por causa da pressão à qual o mesmo estava exposto. Argumentavam um estado de necessidade para o crime, inexigibilidade de outra conduta.

Existiu ou não um complô para assassinar Chico Mendes?
Acho que a questão do complô, se havia mais gente ou não por trás do assassinato, o que posso dizer, como presidente do processo, é que não existiu o mínimo de prova quanto a isso. Não só eu, mas a polícia também não conseguiu provas nesse sentido, que desse para responsabilizar mais gente.

Mas pode ter existido o complô?
Nós, que somos técnicos, que trabalhamos com processos, nos habituamos a trabalhar com provas nas mãos. É claro que quando se está investigando ou instruindo um processo é necessário estar com as antenas ligadas para se tentar captar alguma coisa envolvendo outras pessoas. Toda a investigação e instrução criminal são voltadas nesse sentido. Evidente que não tem como sair dos autos. Ou você reúne provas ou não. A gente pode até achar que existe outro em conluio com o autor do crime que foi preso, que confessou ou que está sendo investigado, mas, se não reunir provas, não tem o que ser feito.

Os jornalistas usam muito a alegoria de que a punição imposta pela Justiça não atingiu a cabeça da cobra. O que o senhor acha disso?
Uma leitura atenta do processo deixa evidente que havia uma intriga entre o Darly e o Chico. Era algo praticamente pessoal e o acirramento disso foi o seringal Cachoeira. Outras pessoas estavam por trás do assassinato de Chico Mendes? Não se descobriu nada no inquérito nem no processo. O Darly fez uma espécie de compra do seringal. Ninguém sabe até hoje se foi uma compra verdadeira ou simulada, isto é, se alguém passou o seringal para o nome dele para que ele, Darly, o desocupasse e liberasse toda a área para exploração. Na verdade o que existe é uma escritura onde Darly aparece comprando o seringal Cachoeira. No momento que o Darly vai para o seringal Cachoeira e no momento que o Chico faz o empate, aquele disse-me-disse do conflito ficou personalizado ainda mais. Darly vai em juízo com uma ação de reintegração de posse, em junho de 1988.

Como o senhor sabe disso?
Porque eu estava em Cruzeiro do Sul e o juiz em Xapuri era Jerônymo Borges, que estava casado com a ex-mulher do capataz Nilão, aquele que os trabalhadores haviam matado após a visita do então sindicalista Luis Inácio da Silva ao Acre, quando esse disse que chegou a hora da onça beber água. Borges, amparado num lei que tratava o direito de propriedade como algo sagrado, dá a liminar. Aí o pau quebrou porque Darly foi para dentro do Cachoeira com um caminhão cheio de policiais militares. Pouca gente sabe disso. Chega lá e se estabelece o confronto. Alguém do governo estadual tentou aproximar os dois, que chegaram a estender a mão um ao outro. Mas ficou aquela coisa: o Darly com uma decisão judicial na mão para resolver o problema dele, sem poder cumprir em razão do empate, tendo a política do governo estadual no meio, prometendo indenizá-lo. Um defendia a manutenção da floresta e o outro defendia a necessidade de ampliar a derrubada da floresta para plantar capim para o gado. A situação se agravou com o fato de Xapuri ser naquela época palco da impunidade.

O delegado de polícia me disse que não tinha força para controlar nada, pois quem mandava na cidade era a família de Darly Alves da Silva. Na verdade não era nem mais o Darly, mas os filhos Darci e Oloci. Eles botavam banca e já tinham acontecido várias assassinatos antes de Chico Mendes sem autoria certa. A cada mês alguém era assassinado e ninguém sabia quem matou ou mandou matar. Darci e Oloci e aqueles dois, os mineirinhos, faziam o que bem entendiam porque não havia juiz e o delegado tinha medo deles. Além disso, o delegado era subordinado politicamente ao então prefeito Wanderley Viana, que é o prefeito atual da cidade. Se o delegado fizesse algo seria removido imediatamente. O prefeito estava do lado dos grandes, seguindo uma tradição brasileira. Num ambiente desse, de impunidade absoluta, o que passou pela cabeça da família do Darly era que poderia fazer mais e tirar a pedra do caminho.

O que mudou nestes 20 anos?
Mudou muita coisa. Aquele julgamento foi uma demonstração de que, com boa vontade, dá para se fazer Justiça, condenando ou absolvendo. A imprensa estava sempre preocupada em perguntar se haveria Justiça no caso. Eu dizia que sim, absolvendo ou condenando, haverá Justiça. Geralmente as pessoas imaginam que só ocorre Justiça quando há condenação. Eu costumava dizer para a imprensa que, se fosse Chico Mendes quem tivesse matado Darly, quem estaria sendo processado era o Chico Mendes. Aquele julgamento foi um grande aprendizado para a justiça acreana, para a justiça brasileira. A Sueli Belatto, que atuava na acusação, dizia: “Este é o primeiro crime de mando no campo no qual o réu está sendo processado”. Isso me alegrava bastante. Pegar o mandante é muito difícil, mas no decorrer do processo fui percebendo indícios. Quando saiu a condenação eu falei: é um marco para a sociedade brasileira. Achei isso fantástico, aconteceu no Acre, um estado pequeno, com uma Justiça acanhada.

Darly e Darci poderiam ter sido absolvidos caso tivessem sido julgados novamente?
Essa possibilidade de mandar o réu para novo julgamento está sendo abolida. No caso Chico Mendes apliquei uma pena de 19 anos e poucos. A questão da pena fica a critério do juiz que preside o julgamento. Quem decide pela condenação é o conselho de sentença, mas a dose da pena é o juiz quem decide. O juiz tem a discricionalidade de condenar num leque de 12 a 30 anos de prisão. Apliquei 19 anos e não 20 anos de prisão para não dar margem a novo júri. Mas acredito que muito provavelmente seriam condenados na hipótese de que tivesse acontecido outro julgamento.

O senhor considera algum outro aspecto marcante?
A qualidade da instrução do processo. Como a Secretaria de Segurança Pública do Acre contou com o apoio de peritos da Unicamp e da Delegacia de Homicídios de São Paulo, o processo ficou abundante em provas. Infelizmente, até hoje não temos no Acre um laboratório para exames de DNA, que poderiam resultar em prova pericial. O melhor laboratório de DNA da Região Norte está no Amapá, que é um estado mais pobre que o Acre. Antigamente, um exame de DNA custava R$ 3 mil. Hoje, com até R$ 250,00 se faz um exame de DNA. Acho que serve de marco também nesse sentido: nós podemos ter instrução, investigação melhor. A nossa investigação aqui ainda vai em cima apenas da prova testemunhal, que a pior das provas ou, se preferir, a prostituta das provas. E as provas testemunhais equivalem à maioria das nossas condenações. O processo do caso Chico Mendes mostra também que com uma investigação bem feita a gente diminui a impunidade, o que por sua vez faz diminuir o crime. O crime e a impunidade estão sempre interligados. A sensação de impunidade faz com que a sociedade pratique mais crimes.

E como está sendo a sua nova fase profissional como desembargador do Tribunal de Justiça do Acre?
Essa é uma nova empreitada, mas tudo é Judiciário, seja em primeiro ou segundo grau. Claro que no primeiro grau existe um sabor especial, pois ficamos testa a testa com os réus, com as testemunhas, sentindo o calor de perto. No segundo, ficamos mais distanciados, em gabinetes, trabalhando mais com papel, mas nele também é possível se fazer um grande trabalho. O Tribunal acaba dando a direção para aqueles que atuam lá embaixo, através de jurisprudência ou de orientação de dotação de infra-estrutura adequada porque tudo está interligado. Um juiz para desenvolver um bom trabalho lá embaixo necessita contar com o apoio do Tribunal. Não é porque tenha sido eu, mas o que fiz no caso Chico Mendes foi uma coisa raríssima. Seria mais cômodo fazer uma instrução pífia do professo e impronunciar os réus e tudo ir para o arquivo. Mas ingressei na magistratura para fazer Justiça realmente, com o compromisso de preencher uma lacuna que havia. Daí o meu esforço. Lembro ter pedido apoio para o meu trabalho e de ter recebido à época algo como R$ 400,00.

O senhor está justificando em parte tanta oposição que enfrentou até que seu nome fosse homologado como membro da Corte?
O problema é que, quando se tem uma linha séria de atuação, a gente fere muitos interesses. Se você tem uma linha de coerência como julgador e decide que nada vai tirá-lo da linha, sem pender para lá nem para cá, isso tem um custo muito alto. Nossa Senhora! É um custo violento. Você vai encontrar uma ala que aplaude, que apóia, mas do outro lado existe uma outra ala que tenta derrubar o tempo todo. Existe uma ala que não quer correr o risco de ficar na mão de quem segue uma linha séria de atuação. São pessoas que praticam ilicitudes de toda ordem e se sentem ameaçadas. E essas pessoas pensam assim: “Estou lascado se cair um processo na mão daquele juiz”. E então essas pessoas ficam atuando contra. A sociedade tem dessas coisas. Por isso que a nossa carreira é muito difícil. No mundo político-partidário é bem mais fácil. Os políticos estão aqui hoje, amanhã estão acolá, mais adiante mudam de partido e de aliados e assim levam a vida.

Neste ano, antes de assumir o cargo de desembargador, o senhor fez publicar a sua declaração de bens. Posteriormente, o senhor fez uma correção na declaração de bens, quando incluiu mil cabeças de gado. O que aconteceu?
Esqueci de publicar a quantidade de gado que eu tinha. Na declaração do Imposto de Renda existe o item da declaração dos bens. Tirei uma fotocópia e a entreguei ao Tribunal de Justiça. Acontece que as 1.100 cabeças de gado não foram declaradas no item da declaração de bens, mas num anexo rural, que é um apêndice da declaração de bens. Então lá é que está a movimentação do gado.

Então não foi por sentir vergonha de se declarar pecuarista naquele momento?
(Risos) Nada, nada. Depois que a declaração de bens estava publicada, falei: “Caramba! Mas o gado é uma coisa que não posso negar porque tem valor econômico”. Hoje, mil cabeças de gado valem R$ 400 mil ou R$ 500 mil. Então fiz a correção, para evitar que daqui a alguns anos alguém diga que aceitei propina, que fiz patrimônio incompatível com a minha renda. Claro que teria o respaldo de minha declaração do Imposto de Renda, cujas cópias guardo desde que declarei pela primeira vez, em 1971.

O senhor possui quantas fazendas?
Tenho duas propriedades. Tenho uma no município de Senador Guiomard, com 600 e poucos hectares e uma reserva de 200 e poucos hectares, além de uma outra, de 300 hectares, na estrada de Plácido de Castro. Nas duas é que estão distribuídas as 1.100 cabeças. Nasci no Paraná, um estado muito promissor. Nasci em Atalaia, mas me criei em Uniflor. Pois bem, aquela era uma das maiores regiões produtoras de café. Nasci e me criei no meio de muita produção, no meio de grãos. A pecuária entrou em nossas vidas depois, quando começou a ocorrer muita geada no Paraná. Os paranaenses vieram para o Mato Grosso e depois para Rondônia. Meu pai era comerciante e abastecia os trabalhadores do café, de origem nordestina. Aos nove anos eu ajudava meu pai a despachar a mercadoria para os trabalhadores de cinco ou seis fazendas que eram atendidas por ele, que vendia de alumínio a botão. Quando vim para o Acre, vi uma possibilidade de trabalhar com terra. Foi isso o que me trouxe ao Acre. Isso e minha carreira administrativa no Banco do Brasil. Eu me formei em advocacia, advogava em Maringá, no Paraná. Acontece que lá era uma disputa violenta. Aí abriram assessorias jurídicas, incluindo Rio Branco, aqui no Acre.

Estava casado há pouco tempo, consultei minha mulher e ela topou que eu concorresse a uma vaga no Acre. Ela estava se formando em direito e falou: “Vamos embora, aqui tem muita concorrência”. Passei e vim como advogado do Bando do Brasil, onde ingressei com 19 ou 20 anos, trabalhando na carteira comercial e rural. Então tudo aquilo que vi na infância, ligado à produção, continuou em minha vida preparando cédulas rurais, financiamentos. Minha formação era tomar dinheiro emprestado, vender a produção, títulos, exportação. Amadureci muito cedo. Com 18 anos tinha feito censo do IBGE e chefiado a regional de recadastramento do Incra. Quando o produtor, por exemplo, informava que possuía tantas galinhas, eu já sabia quanto ovos era a produção anual tamanha a prática e vivência que eu tinha. E por isso eu também tinha vontade de possuir uma terra para poder plantar e colher, de acordo com aquilo que sempre vi e gostei. Cheguei no Acre em 1982 e em 1984 comprei a primeira terra. Advogava para o Banco do Brasil e para fora dele. Tive muita sorte naquela época que a inflação era de 40% ao mês. Pegava muita cobrança de fornecedores do sul contra comerciantes do Acre. Sempre tive um jeito muito fácil de cobrar. Dada minha vivência, tudo era facilitado. De 50 cobranças, ajuizava apenas quatro ou cinco. Negociava e parcelava tudo e logo sobrou dinheiro para comprar a primeira terrinha.

Como vê hoje a compatibilidade do que Chico Mendes defendia com a sua atividade pecuária?
Acho que tem lugar para as duas coisas. Na questão ambiental todos nós já sabemos que não existe outro caminho: nós temos que preservar o Planeta, pois ele está se esvaindo. É como dar aula. Sou professor da Universidade Federal do Acre, mas o que ganho lá não dá para pagar nem a gasolina do carro. Mas eu vou lá passar para os meus alunos o que aprendi até hoje, porque a vida para mim não teria o menor sentido sem isso. Tudo o que aprendi até agora, tudo o que absorvi de tantos processos, tudo o que li e escrevi, se não passar para quem está chegando, a vida não tem sentido. A vida é uma sucessão de legados. Dou aula por isso e não por necessidade financeira. Então eu tenho que preservar o Planeta para os meus filhos, para os meus netos.

Então o discurso do Chico Mendes está certo?
Está corretíssimo. Derrubar a floresta para que? Não existe outra maneira de criar boi que não seja de forma extensiva? Não se pode criar boi confinado? Existem muitas alternativas. É errado criar boi? Não é errado. Nós temos que produzir soja, arroz, feijão. Vamos criar boi onde não é necessário derrubar o mato? As notícias mostram que o mundo corre o risco da fome. A gente sabe que há muita má divisão das coisas no mundo. Mas há a possibilidade de faltar alimento e é uma preocupação que todos nós temos que ter também, de produzir alimentos.

Nas suas propriedades o senhor tem necessidade de expansão da pastagem?
Não, não tenho. A área de mato já é a reserva. A área que tenho é pequena para o padrão que impera na Amazônia, tanto que estou estacionado nessas 1.100 cabeças há oito anos. Para possuir um rebanho maior, teria que investir em tecnologia ou partir para a devastação de novas áreas. Acho que a produção está correta e a defesa em preservar o nosso planeta também. Mas mesmo trabalhando em área de pastagem é possível preservar. Nas minhas propriedades não permito que joguem saco plástico. Não importa quem jogou, mando que removam. Podemos preservar evitando colocar o gado em cima das vertentes. As vertentes d’água de minhas propriedades são as coisas mais lindas. Elas me descansam. Vou para lá e fico adorando porque são verdadeiras dádivas. Tenho tudo isso numa área de pastagem, que é digna de ser visitada. Ao invés de investir em Copacabana ou Ipanema o dinheiro que ganho na magistratura, prefiro investir no Acre. Todos os meus trabalhadores têm carteira assinada, recolho todos os encargos sociais e eles adoram trabalhar comigo. Instalei energia elétrica e água encanada nas duas fazendas e não cobro dos trabalhadores por isso. Faço plantação de frutas e hortaliças. Quem trabalha comigo vive na abundância e me defende em qualquer lugar porque tem consciência de que possibilito a melhoria da qualidade de vida de cada um.

Os meus trabalhadores vivem com dignidade e nada é capaz de atraí-los para viver na cidade. Eu acho que é possível a gente conciliar, encontrar o ponto de equilíbrio para saber o que precisamos explorar e o que necessitamos preservar. Terra eu conheço como a palma da mão e é por isso que o Zoneamento Ecológico-Econômico do Acre é algo muito importante para o Estado, assim como a criação das reservas indígenas. Nós temos que ter essas correntes contrárias, divergentes, para a sobrevivência da própria democracia.

Terra Magazine
Esta notícias foi publicada em 18 de junho de 2008, na Revista Terra Magazine

Ayshawa

Em minhas andanças pela internet dei de cara com um artigo com o sugestivo título "Ayshawa: conforto e aventura" -Ecoturismo estimula o surgimento de pousadas que promovem passeios pela história, rios e floresta de Xapuri


Berço da Revolução Acreana e terra natal do sindicalista Chico Mendes que viveu e foi assassinado por sua luta em defesa da conservação da Amazônia, Xapuri que presenciou os tempos áureos da borracha, a floresta sendo derrubada para formar
pastagens, agora entra na fase do ecoturismo que já começou a gerar emprego e renda para a população.

Os atrativos da cidade não estão apenas nos casarios históricos ou museus que testemunham a riqueza e glórias do passado. Também indústrias florestais sustentáveis como a de preservativos masculinos, a de tacos, a muitas vezes premiada saboaria da Sibéria ou o modo a vida dos seringueiros e outros seringais.

E é para transformar todo esse potencial turístico em dinheiro e benefícios para os moradores de Xapuri que foi instalada a Pousada Ayshawa que além de apartamentos confortáveis com ar condicionado, garante estacionamento para veículos, café da manhã e leva os visitantes para conhecer os rios Acre e Xapuri, em caminhadas pela floresta e seringais, passeios a cavalo e bicleta, além de esportes radicais como trilhas de moto, canoagem e arvorismo.

Na área urbana o mirante da praça de São Sebastião oferece vista privilegiada do ponto em que o rio Xapuri derrama suas águas no Acre. Em frente à praça está a Casa Kalume onde o visitante pode encontrar desde instrumentos usados antigamente pelos
seringueiros, moedas e cédulas da época, além de frutos, sementes e até fósseis de animais pré-históricos como mastodontes(elefantes) e preguiças gigantes que um dia habitaram o Acre.

O visitante pode reforçar sua fé conhecendo a igreja de São Sebastião e seu santuário, na mesma calçada está a Fundação Chico Mendes com fotos que ilustram passagens de sua vida, os prêmios de reconhecimento recebidos. Do outro lado da rua, a casa onde viveu e foi assassinado o líder sindicalista que se transformou no mártir do ambientalismo mundial por sua luta em defesa da Amazônia e do modo de viver dos povos da floresta.

Depois desse giro é hora de dar uma paradinha na lanchonete de dona Maria Cosson, a mais famosa doceira da cidade. Nela, além de salgados, tortas e doces variados, o visitante pode ser surpreendido pelas queijadinhas suaves, balas de tamarindo, maracujá e outras frutas da época, além de licores de mutamba, jenipapo, mutamba ou da cada vez mais rara cajuína. Tudo feito por ela mesma.

Descanso merecido
Depois desse giro turístico pela cidade, o visitante quer mesmo é um bom banho e uma confortável para descansar para um amanhã cheio de aventuras orientadas pelo Turismólogo Vitor Pontes que apoiado pelo pai Reginaldo, deixou Rio Branco para investir suas economias na construção da Pousada Ayshawa. “Acredito no potencial turístico do Acre e mais particularmente no de Xapuri onde instalamos a Pousada Ayshawa que ainda não está concluída, mas os sete apartamentos que temos contam com banheiro, ar condicionado, televisão e frigobar, além de banheiro com chuveiro quente para maior conforto dos turistas”, esclarece Vitor.

A pousada oferece ainda um café da manhã regional, estacionamento para oito veículos, um recepcionista noturno e pequeno bosque onde o visitante pode atar a rede e descansar enquanto araras coloridas passeiam por seu galhos. Orienta sobre onde comer, fazer compras de artesanatos, doces e licores, sabonetes feitos com óleos e aromas da floresta, além de guia para acompanhá-los em giro turístico pela cidade, ou para viver aventuras na floresta.

Empreendedorismo ecológico
Vitor declarou que: “Embora tenha me formado em turismo o trabalho prático exige muitos conhecimentos e manhas que não se aprende na faculdade. Por isso minha vida passou por uma verdadeira transformação no momento em que procurei o Sebrae e a
Secretaria de Turismo que me apoiaram e passaram a apoiar minhas ações”.

Além de participar de uma série de cursos, treinamentos e debates promovidos pela Setul e Sebrae durante o ano passado, seus funcionários receberam treinamentos que vão desde a melhoria no atendimento aos clientes, até a forma de preparar e servir o café da manhã.

“Um dos momentos mais importantes deste treinamento foi ter participado da viagem promovida pelo Sebrae até Puerto Maldonado cuja realidade da população e do meio ambiente são muito semelhantes às nossas, mas que integrados à rota turística de Cusco já estão muito mais avançados no campo do ecoturismo”. Afirma ele para então acrescentar que: “Aprendi muito com eles e isso mudou meu conceito de ecoturismo tanto do ponto de vista empresarial quanto daquilo que os turistas realmente desejam quando vem visitar a floresta e conhecer nossa história”.

Localizada na rua 24 de janeiro em frente ao pólo moveleiro de Xapuri, a Pousada Ayshawa oferece de sexta a domingo hospedagem e café da manhã a R$ 40 e preços promocionais das segundas às quintas-feiras a R$ 30. Os interessados podem contatar pelo telefone (68) 3542-3295

Ebaaa!!!! Goiaba!!!

Aproveitei o dia para visitar a área rural e como minha boca é muito grande disse a um amigo que adorava goiaba. Danei-me!!! acabei tendo que rebocar uma sacola de quse 4 quilos de goiabas para casa. Claro que gostei!!! cai muito bem um belo suco nesse calor infernal que ultimamente está fazendo, masi eis que me deram uma sugestão de fazer doce caseiro. Que sugestão!!! Um diabético como eu me meter a fazer doce. Mas para quem me conhece sabem que eu sou uma formiguinha para açucar. Daí não é que resolvi fazer doce, mais um problema a vista, nunca inventei de fazer doce de goiaba, geralmente quanado quero, vou ao supermercado e compro uma lata de goiaba que creme de leite... hummm... é de lamber os lábios...

Mas prossequi com a idéia do doce... primeira coisa a receita, fui para o computador e encontrei várias receitas, porém a que mais me interessou foi os tópicos que trancrevo abaixo:

"Há basicamente três tipos de doce de goiaba:doce de goiaba, doce de goiaba cascão e doce de goiaba de semente, sendo que os ingredientes para todos eles são os mesmos:Vários pés de goiaba, alguns baldes, algumas facas, muito açúcar e algumas panelas grossas (pode ser de ferro ou de alumínio, ou panela de pressão)

Comece indo apanhar um monte, de goiaba! Quando você achar que já chega, pegue mais uns dois baldes de 20 litros.

Doce de Goiaba Cascão
É aquele que tem pedaços da fruta boiando em uma calda de açúcar.É o doce de goiaba mais rápido e mais prático de fazer.Pegue algumas goiabas, descasque (ou não, fica a seu critério), verifique se não tem bicho, se não tem podre. Tire a semente, lave as casquinhas e coloque tudo em uma panela. Se descascar, vai tirar só a casquinha verde, bem fininho. Então o que vai sobrar é tudo o que não é semente (aquela coisa no meio que parece um cérebro) e o que não é casquinha verde. Na panela, coloque açúcar. A quantidade de açúcar é mística e vou discutir sobre essa misticidade no final. Para uma panela de pressão quase cheia vão umas 3/4 xícaras de açúcar. Se quiser o doce mais simples de fazer, adicione um tiquinho de água, algo em torno de 1/2 xícara. A goiaba vai soltar mais água, mas essa água evita que você precise ficar muito em cima do doce.

Deixe no fogo sem mexer até que a calda fique bem brilhante e grossinha, ou até que as casquinhas estejam desmanchando, você decide. Se está a horas no fogo e a calda não ficou brilhante é porque falta açúcar.Esse doce pode ser feito com goiaba branca ou vermelha, inclusive com as duas juntas.

Doce de Goiaba de Semente
Peque a semente das goiabas que foram reservadas, providencie mais, muito mais! Mas só sementes, só aquela parte interna da goiaba que parece um cérebro.Coloque no fogo com açúcar e deixe até soltar água. Não adicione água! Quando soltar água você tem duas opções, ou espera mais um pouco e penera, ou bate no liquidificador e penera. Eu acho mais pratico bater no liquidificador. Mas só no pulse, para não ficar muito difícil de separar as sementinhas.Aí coloque a massa peneirada no fogo e coloque mais açúcar. Deixe no fogo pra sempre. Sempre mexendo de vez em quando. Não pense em colocar água quando bater no liquidificador. É morte na certa! Quanto mais água no doce, mais tempo ele demora pra apurar e maior será a eternidade!

Esse é o doce do inferno! O pior dentre todos os doces. Ele espirra até no japão! Seu fogão vai ficar um nojo, sua cozinha vai ficar um nojo. É provável que você se queime, mas é o melhor doce de goiaba que você já comeu na sua vida!

Muitos já deram a vida por um doce assim.Deixe no fogo até obter a consistência que você quer. Se quiser doce de goiaba de semente em ponto de cortar no aniversário de 15 anos da sua filha recém nascida, melhor começar já! Vai demorar umas boas 6/8 horas de fogo. De espirração. De mexer-e-mexer-e-mexer. Umas 6 ou 8 horas pra quem faz doce numa boa quantidade. Começando com uma panela de pressão quase cheia você acaba mais ou menos com meia panela de pressão. Afinal, você não vai perder tempo, nem vai sujar toda a sua cozinha, fazendo doce de semente pra ter um copinho, né? Só vale fazer com goiaba vermelha. O de goiaba branca fica com uma cor estranha.

Doce de Goiaba Caseiro
Esse é show! Você só precisa ver se a goiaba não está podre, nem com bicho, nem suja. Se quiser descasca. Senão nem isso!Bate tudo no liquidificador. Coloque o mínimo de água que conseguir! Quanto mais água, maior o tempo de fogo.Penere! Depois da peneiração o procedimento é igualzinho ao doce de semente. Só que esse fica mais grosseiro. Espirra a mesméssima coisa. Demora só um tiquinho menos.Não recomendo fazer com goiaba branca. A menos que sejam algumas poucas no meio de muitas vermelhas.


A mística do açúcar
Em qualquer doce, o açúcar é um elemento fundamental. A quantidade varia muito da quantidade de água que a fruta tem, do ponto de apuração que você deseja, e da calda. Quanto mais açúcar, mais brilhante o doce, mesmo num doce de abóbora. E quanto mais açúcar, mais fácil de apurar.

Para saber se o açúcar que você colocou foi suficiente, espera no máximo uma hora (com meia hora já dá pra ter uma boa noção pra quem entende) e veja se o doce já está brilhante, e se já está com cheiro de doce e não de fruta.Se com 1 hora nada aconteceu, mete mais açúcar na bagaça que o doce deslancha!É como saber o sal só pelo cheiro. É difícil falar, mas depois que se aprende é a coisa mais fácil de fazer.

E não é que deu certo!!! acho que vou competir com as melhores doceiras e quituteiras da cidade: A Dona Carmem e a Dona Maria Cosson!!!

Cooperativas e Associações do Acre recebem R$ 4 milhões do Pronaf

Solenidade de repasse dos recursos foi realizada pelo Governo do Estado e Banco da Amazônia nesta quarta-feira.
As Cooperativas Bom Destino, Cooperquinari, Associação de Produtores de Borracha de Rio Branco (Senador Guiomard), Coopel (Plácido de Castro), Cooperacre (Rio Branco, Brasiléia e Xapuri), Cooperfarinha (Cruzeiro do Sul), Cooperfloresta (Xapuri), estão recebendo pela primeira vez recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) Agroindústria para expansão de suas atividades na formação de capital de giro.

O agente financeiro da transação é o Banco da Amazônia que, no total está financiando cerca de R$ 4 milhões para este ano de 2009 nas respectivas entidades. O Pronaf Agroindústria visa atender produtores familiares, cooperativas e associações que desejem beneficiar ou industrializar a produção. Os interessados em acessar essa linha de crédito devem estar enquadrados nos grupos C, D ou E do programa.

No Acre, o Pronaf é gerenciado pela Secretaria Estadual de Assistência Técnica e Produção Familiar (Seaprof) com recursos do Governo Federal, através do Ministério do Desenvolvimento Social, e nesta quarta-feira haverá uma solenidade de repasse desses recursos para os representantes das cooperativas e associações beneficiadas.

O capital terá impacto direto na atividade de 1.600 produtores familiares que trabalham com, palmito, amendoim, leite, castanha-do-brasil, farinha de mandioca, madeira e borracha, gerando mais de 100 empregos diretos e um faturamento de aproximadamente R$ 15,0 milhões por ano.

A solenidade de formalização do crédito do Pronaf Agroindústria aconteceu no pátio da Cooperacre - Rodovia AC 40 - Bairro Vila Acre

O BRASIL EM RECESSÃO

Crise atinge Brasil de forma rápida, forte e inesperada, avaliam economistas

Por:Luciana Lima
Brasília - O início de 2009 vem apresentando um cenário econômico difícil para o Brasil, com a divulgação dos resultados de dezembro. Os números indicam que a crise financeira internacional chegou ao Brasil de forma repentina e bem mais forte do que as previsões feitas pelo governo e pelo mercado.

“A crise atingiu o Brasil de forma mais intensa e mais rápida do que se esperava. Até que ponto isso vai nos afetar, ainda não se sabe, mas todos os sinais indicam que ela é pior do que se imaginava e já começa a apresentar seus efeitos no mercado”, afirmou o coordenador da Carta de Conjuntura Econômica do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Marcelo Nonemberg.

Alguns dados de dezembro ainda nem foram divulgados - como o quadro de demissões, por exemplo - mas o governo já tem uma perspectiva pessimista e acredita que os números vão superar muito a média de demissões para mês, que é de 300 mil.

Para os especialistas, diante do novo quadro, o governo terá que se esforçar muito para continuar passando um clima de confiança para a população. “O papel do governo é passar essa confiança, até para não agravar a situação. Imagine se o piloto do avião demonstrasse que está com medo”, disse Nonemberg.

No entanto, os dados indicam que o primeiro semestre de 2009 será muito ruim e que essa crise deve demorar a passar, acrescentou o economista. Para ele, manter o otimismo é difícil. “As pessoas estão perdendo o emprego. As notícias ainda estão assustando as pessoas, que adiam as decisões de compra. A própria notícia da crise contribui para agravar a crise.”

Segundo Nonemberg, mesmo que o Banco Central (BC) resolva baixar bruscamente os juros para estimular o crédito, o efeito da medida só seria sentido no próximo semestre. Na próxima semana terça-feira (20), o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reunirá para definir a taxa básica de juros, e tanto o mercado quanto setores do governo esperam uma redução. Atualmente, o Brasil pratica uma das maiores taxas de juros do mundo, de 13,75%.

“Temos um efeito defasado. Ainda que o Banco Central decida cortar radicalmente os juros, continuamos sofrendo a influência da politica adotada no ano passado, mais especificamente, a partir de abril, que foi de elevação da taxa de juros. Isso vai demorar para ter efeito”, comentou.

De acordo com o economista Rogério César Souza, Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, um traço dessa crise que não esteve presente em recessões anteriores é a imediata queda no emprego.

“Normalmente, a produção industrial cai primeiro e as empresas procuram cortar horas extras, ou cortar o terceiro turno para depois pensar em demitir. Desta vez, porém, a intensidade foi tão grande que em outubro os níveis de empregos estavam firmes e em novembro já dava sinais de revés. Isso é sinal que que temos uma crise com elementos diferentes, inesperados e, por isso, difíceis de lidar.”

A análise de conjuntura feita por Rogério Souza para o Iedi aponta forte retração econômica no mês de dezembro, principalmente na produção industrial. “Os resultados serão anda piores que os de novembro”, diz o estudo, que destaca a redução da atividade industrial no estado de São Paulo.

“Os índices apontam uma queda na produção no principal parque industrial do país [São Paulo], que pode chegar a 13,5% em dezembro em relação a novembro. No estado de São Paulo, em dezembro de 2008, a retração seria de 12,6%”, destacou.

A análise também destaca dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), mostrando que a produção de dezembro, de 102 mil unidades, é a menor desde janeiro de 2000. A queda na produção de veículos foi de 38% em relação a novembro, mês que já havia registrado queda de 29,2% em relação a outubro.

Na comparação com dezembro de 2007, a produção de veículos diminuiu mais 53,8%. “O desempenho no acumulado do ano ainda pode ser considerado bom, 8,2%, embora muito abaixo dos 20,1% acumulados até setembro de 2008. Esse desempenho se deve aos nove primeiros meses do ano, quando o setor registrou um crescimento forte de produção.”

Foto: Carro Online

Raúl Castro e Cristina Kirchner dizem que Fidel está bem de saúde

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, encontrou-se nesta quarta-feira (21) com Fidel Castro, segundo a agência Noticias Argentinas. E no mesmo dia tanto ela como o presidente de Cuba e irmão de Fidel, Raúl Castro, garantiu que o ex-líder cubano está bem de saúde.

"Estive com Fidel, vi-o muito bem, foi um encontro emocionante", de meia hora, disse ela.
Em seguida, Raúl Castro afirmou que Fidel está “fazendo exercícios”, “pensando” e “escrevendo muito”.

Segundo Cristina Kirchner, Fidel disse a ela que havia acompanhado pela televisão a cerimônia de posse do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que lhe pareceu "uma pessoa sincera e com boas ideias", segundo a agência do governo argentino Telam.

A presidente argentina realiza uma visita a Cuba para renovar os laços políticos e econômicos e assinar acordos de cooperação.


Saúde de Fidel
A saúde de Castro, as incógnitas que semeia sua longa ausência e boatos sobre sua morte voltaram a se instalar nos últimos dias em Miami, "a outra Cuba", como exilados cubanos batizaram a cidade.

A última imagem divulgada do líder cubano Fidel Castro é de novembro de 2008, quando saudava o presidente chinês, Hu Jintao.

Dias atrás, no 50º aniversário da revolução que o sempre loquaz Fidel liderou na maior ilha do Caribe, mereceu de sua parte apenas um brevíssimo e frio comunicado de felicitações "ao povo heróico", comentaram.

Visto em público pela última vez há dois anos e meio, as "reflexões do comandante" na imprensa oficial eram seu mais recente veículo de contato, mas não são publicadas há um mês.

Semana passada, o presidente venezuelano Hugo Chávez comentou que o líder cubano Fidel Castro ainda "trabalha, escreve e acompanha a situação mundial".

"Recebi carta de Fidel. Todos sabem sobre a saúde dele, eu a conheço muito bem", declarou Chavez, respondendo a crescentes rumores sobre o estado do líder cubano.

No entanto, durante uma das edições seu programa radiofônico semanal, 'Alô Presidente', o próprio Hugo Chávez, principal interlocutor do velho líder cubano, chegou a fazer algumas referências à situação. "Sabemos que Fidel, aquele que percorria as ruas e povoados com sua figura de guerreiro, com seu uniforme, e abraçando o povo, já não voltará", disse.

Relações com a Argentina
Cristina Kirchner chegou domingo ao país, destacando o desenvolvimento da ilha na saúde e na educação, durante seu passeio pelo CIGB, uma das 50 instituições do pólo científico onde se fabricam cerca de 40 produtos biotecnológicos, incluindo vacinas, que Cuba vende para 50 países.

Essa é a primeira visita a Cuba de um chefe de Estado argentino em mais de duas décadas, após a de Raúl Alfonsín, em 1986. Nos últimos anos, as relações bilaterais se arrefeceram pelo caso da médica opositora Hilda Molina, que há 14 anos reivindica do governo cubano permissão para visitar o filho e seus dois netos em Buenos Aires.

Guerra de Agua

Estou participando do maior site de troca de informações do Brasil o DIHITT, onde jornalistas, bloqueiros e um monte de amigos troca informações de todo cunho jornalístico imaginável, e em uma dessas trocas, recebi do Jornalista Danilo Pretti Di Giorgi, um artigo originalmente publicado no Correio da Cidadania, muito interessante e resolvi partilhar com os leitores desse espaço.

"Em dias de calor paulistano, por falta de uma praia ou de um rio limpo para nadar, enchemos no quintal uma pequena piscina portátil. Dia desses, domingo de verão, deixei meu filho dentro da baleia azul de plástico e pedi para que mantivesse a mangueira ali dentro apenas até enchê-la. Saí de perto e, logo depois, quando voltei para ver a quantas andava o processo, vi que a piscininha estava cheia, mas meu menino não havia fechado a torneira: brincava com o jato d’água, direcionando-o para onde sua imaginação infantil mandava, ora regando o jardim, ora brincando de fazer chover.

Já me preparava para falar-lhe sobre a importância ecológica de economizar água, um recurso tão valioso e tal e coisa, quando me contive e resolvi deixá-lo brincar em paz pelo menos por mais alguns minutos. É que me lembrei que o uso doméstico corresponde a uma parcela ínfima da água doce usada pelos seres humanos no Brasil. Os dados variam um pouco dependendo da fonte consultada, mas a grosso modo, 70% do total é consumido no agronegócio, 20% na indústria e apenas 10% corre pelos canos das casas e apartamentos.

Entretanto, quando o problema é abordado pelos grandes meios de comunicação e em campanhas de órgãos públicos, é lembrado apenas o “comportamento leviano” dos urbanos, que aliviam o calor lavando um carro, uma calçada ou se divertindo numa piscininha. Ou que se refazem de um dia cansativo tomando um banho um pouco mais demorado no inverno. Reparem que o foco é sempre direcionado apenas para o consumidor doméstico: devemos tomar banhos de cinco minutos, usar a água da lavadora de roupas para lavar o quintal e fechar a torneira enquanto escovamos os dentes. Lavar o carro? Só se for com balde, porque assim você gasta não sei quantas vezes menos água do que com mangueira.

Por que esta patrulha, que faz-nos, cidadãos comuns, ficarmos neuróticos a ponto de censurar uma criança por brincar com a água? Por que não direcionam sua artilharia também para as gigantes da indústria alimentícia, como as processadoras de carnes, altamente poluidoras e que utilizam grandes quantidades de água limpa em seus processos, muitas vezes devolvendo-a contaminada para o ambiente?

Por que não questionam o sojicultor e o sucroalcooleiro que, ao irrigarem suas megaplantações com água limpa, levam de volta para os rios e impregnam a terra com venenos, como agrotóxicos e fertilizantes produzidos a partir de petróleo? Ou, ainda, por que não questionam a necessidade de alguns processos que consomem (e poluem) quantidades enormes de água, como, por exemplo, as indústrias de aço e de tecidos, refinarias de petróleo e cervejarias, entre muitas outras? Eu tenho um palpite: porque eles ganham rios de dinheiro com as atividades que poluem os rios.

O mesmo raciocínio pode ser utilizado com relação ao consumo de energia elétrica. Enquanto fazem-nos sentir culpados pelo banho quente ou por deixar a geladeira aberta por mais do que alguns segundos, a produção de alumínio responde sozinha por mais de 5% de toda a energia elétrica consumida no Brasil. Vale destacar que, na quase totalidade dos casos, os processos produtivos, sejam eles na indústria ou no agronegócio, não são eficientes, até porque muitas vezes as empresas contam com subsídios governamentais e pagam pouco pela água e pela energia elétrica que consomem. Quase sempre há perdas significativas desses insumos, que poderiam ser reduzidas com um pouco de boa vontade para a tomada de algumas medidas relativamente simples. Mas não se vê governo ou mídia cobrando a implementação dessas medidas. Um grande mistério.

É verdade que, na maior parte dos casos, a água usada no agronegócio e na indústria não passa por tratamento para tornar-se saudável para o consumo, como a que chega às nossas torneiras. São as chamadas águas de reuso ou aquelas captadas diretamente dos rios. Poder-se-ia, portanto, contra-argumentar por aí. Mas perceba que a alta cada vez mais acentuada no custo dos processos de purificação da água está ligada diretamente com o crescimento da poluição, a maior parte dela causada pelos, voltando para o começo, processos industriais e agropecuários. Trata-se de um ciclo interligado em todas as suas muitas fases, que não pode ser analisado separadamente.

Pior: o próprio poder público, que cobra da população uma atitude responsável, não parece importar-se: quase a metade (45%) de toda a água que se retira de mananciais para abastecer as capitais brasileiras é perdida antes de chegar às casas e atender à população, na maior parte dos casos por conta de vazamentos nas tubulações (ou, importa-se sim, mas importa-se apenas em nos culpar, não em resolver o problema). Não, não é brincadeira. São dados oficiais do Ministério das Cidades, a partir de informações fornecidas pelos órgãos estaduais: quase metade da água tratada pelas “Sabesps” Brasil afora não chega nas torneiras pela falta da manutenção. Então, ao invés de focar apenas no consumidor, os governos poderiam cuidar da parte que lhes cabe e consertar os canos. Mas, não!

Mais alguns dados alarmantes relacionados ao governo (e perceba que “governo” quando tratamos desse tipo de questão são todos, os atuais e passados, desde sempre): apesar de ser bastante divulgado que mais de 60% das residências no Brasil já contam com coleta de esgoto, pouca gente lembra que apenas 6% do esgoto é tratado. O restante é despejado in natura em rios e lagos, novamente encarecendo o tratamento da água que chega às casas e alimentando o ciclo da sujeira e do descaso.

A moral dessa história é que continuamos nós, cidadãos comuns, arcando com todo o ônus e passando longe do bônus. Para não mexer com interesses poderosos (dos quais são parte integrante), governo e mídia preferem transferir o problema para o elo mais fraco, eu, você e nossos filhos, mesmo que possamos fazer muito pouco pela solução do problema. Veja só: somos 180 milhões, responsáveis por 10% do consumo. Não seria mais inteligente compartilhar os esforços com aqueles que consomem os 90% restantes, ainda mais considerando que eles são em número infinitamente inferior? E trabalhar arduamente para eliminar as perdas na rede de distribuição e para universalizar o tratamento de esgotos?

Não vou, por conta disso, deixar de economizar água. Vou também continuar adotando as práticas defendidas nas reportagens especiais que sempre surgem nos meios de comunicação sobre o colapso do abastecimento nas grandes cidades - até porque elas são “tecnicamente” incontestáveis. Varrerei a calçada, apesar de saber que a vassoura hidráulica é muito mais divertida. Aproveitarei a água da piscininha e captarei água da chuva para regar meus vasos nos dias de seca, apesar do trabalho que dá. Fecharei a torneira enquanto escovo os dentes, apesar de adorar o barulhinho da água correndo enquanto medito durante minha higiene bucal. Farei tudo que venho fazendo, sabendo que minha parte faz diferença. Mas não me peça para não deixar as crianças se divertirem brincando de guerra de água no quintal num dia de calor.