Caros Leitores, desde a sua criação o Blog Xapuri News, o intuito sempre foi de ser mais um espaço democrático de noticias e variedades, diretamente da Princesinha do Acre - Terras de Chico Mendes - para o mundo, e passará momentaneamente a ser o instrumento de divulgação das Ações da Administração, Xapuri Nossa Terra, Nosso Orgulho, oque jamais implicará em mudança no estilo crítico das postagens.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Charge do Dia!!!!!!!!

Como o assunto da vez é a pseudo CPI da Petrobras hoje no Jornal Bom dia de São Paulo, ilustra bem a situação da hora....

Ah se essa moda pega por aqui também...

Boa Semana a todos!!!

O JEITO BRASILEIRO DE NÃO SER

Depois de algum tempinho com preguiça de escrever estive sentado escolhendo algumas coisas para postar e escrevendo sobre a incrível experiência de uma aula de campo realizada no dia de ontem no seringal cachoeira, espero que o poste amanhã!!! Liguei o som e por incrível que pareça estava no cd player o Cd do Ultraje a Rigor com a música “ A gente somos Inútel” e fiquei a pesnar que é melhor eu voltar a escrever, tirar um tempinho e me dedicar um pouco mais a esse espaço.

Gostaria de dividir com vocês a musica, mas ao invés disso vou apenas citar o que poderíamos nos perguntar e refletir sobre de fato o que interessa para a maioria dos aculturados na leitura das entrelinhas...

(Musica: “A gente somos inútel”, do Ultraje a Rigor)
(Refrão) NÃO ESTAMOS AQUI PARA RECLAMAR
DA FALTA DE DINHEIRO
OU DA CRIMINALIDADE
NO RIO DE JANEIRO
NOSSA INSATISFAÇÃO
(NÃO SE ASSUSTE, COMPANHEIRO)
É O PRÓPRIO BRASILEIRO


O povo precisa fazer alguma coisa para acabar com a corrupção!
Esquece isso! Melhor assistir televisão!
Menina, saí com um gato ontem!
Usou camisinha?
Fala sério! Isso é coisa de patricinha!

Sabia que o meio ambiente é o homem mesmo quem destrói?
O que me importa é uma cerveja gelada e uma playboy!

Será que nunca teremos um governo sério pra mudar essa situação?
(Personagem 2)Sei lá ! Quero saber é se meu time vai pra segunda divisão.


Se nossa comunidade se unisse, talvez as coisas não estivessem tão mal
E você já sabe que fantasia vai usar no carnaval?

E quanto à educação? O que será que nos espera?
Ai, meu Deus! Tá na hora da novela!

(Refrão) SE VOCÊ ENTENDEU DE VERDADE
O QUE TENTAMOS PASSAR
SABE QUE O BRASILEIRO O QUE PRECISA É MUDAR
OU ENTÃO SERÁ INÚTIL SER CHAMADO CIDADÃO
SERÁ QUE NÃO FALTA MAIS EMPENHO
PRA TRANSFORMAR ESSA NAÇÃO?

Desculpe-me se não compreenderam a postagem, mas é da forma que me sinto atualmente, meio que sem entender o que acontece!!!!

Museu Xapury

Meu ilustre amigo Clenes Alves, encaminhou convite a minha pessoa sobre a Sétima Semana Nacional de Museus e claro que com muito prazer que a divulgo nesse espaço onde na oportunidade convido a todos os leitores desse blog para prestigiarem a programação abixo descrita:

CONVITE

O Museu do Xapury convida todos a participarem da 7ª Semana Nacional de Museus, a realizar-se de 17 a 23 de maio de 2009, sobre o tema Museus e Turismo. Essa programação nacional dá aos museus brasileiros mais oportunidades de tornarem reconhecido seu potencial, sua atratividade, pluralidade cultural e diversidade.
A Semana Nacional de Museus é uma clara demonstração da potência, da atualização e do desenvolvimento do campo museal brasileiro, bem como da importância de se investir na relação Museus e Turismo. A programação tem o propósito de integrar os museus brasileiros e intensificar sua relação com a sociedade.
O evento contam com a seguinte programação:

De 01 a 31/05
Exposição de fotografias do Inventário de Referências Culturais de Xapuri

Dia 18/05 (Segunda-feira)
Espetáculo Teatral “Belinha e o Bêbado”
Grupo de Teatro Poronga de Xapuri
Horário: às 09:30h e às 15:30h

Dia 19/05 (Terça-feira)
Mostra de documentário Revelando os Brasis: Arte na Ruína
Horário: às 09:30h e às 15:30h

Dia 20/05 (Quarta-feira)
Contação de Histórias “Conta um conto”
Com a dupla de contadores 'Clenes & Cley'
Horário: às 09:30h e às 15:30h

Dia 21/05 (Quinta-feira)
Espetáculo Teatral “Faz-me rir”
Grupo de Teatro Poronga de Xapuri
Horário: àsc 09:30h e às 15:30h

Dia 22/05 (Sexta-feira)
Contação de Histórias “Histórias do vovô”
Contadores do Grupo de Teatro Poronga de Xapuri
Horário: às 09:30h e às 15:30h

A MELHOR CERVEJA DO MUNDO À VENDA EM COBIJA...

Pois é! Tem uma lojinha em Cobija que está vendendo a cerveja mexicana Corona. Gosto não se discute, mas das cervejas brasileiras, apenas a Skol Beats chega perto em sabor. Um pack com seis garrafas long leck custa R$ 20.

Um conselho aos apreciadores da boa cerveja: vale a pena experimentar a Corona.

Carro cai em cratera na BR 317 que existe há três anos, capota e ocupantes escapam ilesos

Três jovens que chegavam na cidade de Assis Brasil por volta das 05h00 deste domingo, dia 17, por pouco não entram para estatística de acidente nas estradas do Acre. Faltando apenas cinco quilômetros para chegar na cidade, caíram em uma cratera que existe há cerca de três anos.

O carro em estavam, chegou a ficar rodas para cima e todos, milagrosamente, saíram ilesos do veículo. Segundo informações, um carro que ia sentido contrário, tirou a visão do motorista que não viu a cratera e caiu dentro chegando a capotar ficando de rodas para cima.

O repórter Almir Andrade que estava próximo ao local presenciou o acidente e, além de ajudar, registrou quando os ocupantes saiam de dentro do veículo andando e tontos sem saber direito que havia acontecido. Já com a luz do dia, era possível ver a real condição do carro.

O desbarrancamento na pista já recebeu “remendos” nos últimos três anos pelo Governo do Acre que nada adiantou. Outros carros já chegaram a cair no buraco, mas não sofreram danos como nesta vez. Neste ano, novamente fizeram um desvio e uma precária sinalização.

Moradores e principalmente os taxistas que todo dia trafegam pela BR, reclamam das condições da mesma que a cada dia vem piorando. “Talvez o Governo espere que alguém morra para que algo de concreto seja feito”, reclamou um taxista que não quis identificar-se.

BR está prestes a romper
Nos 110 km da BR que está prestes a receber caminhões de grande porte, é possível ver a fragilidade da mesma. Até mesmo na chegada da ponte que liga o Brasil através do Acre ao Peru, um jovem que caiu da carroceria devido o desnível há dois anos e morreu após bater a cabeça no meio-fio.

Segundo informações, a comitiva que trouxe vários repórteres e assessores do presidente do Peru, Alan García, que encontrou-se com o presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, há menos um mês, o ônibus quase não subiu a ladeira devido o desnível. O remendo que foi feito está cedendo novamente.

Fica a pergunta; será que a BR 317 que não tem encostamento, sinalização devida e asfalto igual ao do Peru que liga a cidade de Iñapari até a capital do País, Lima, tem condições de receber caminhões pesando toneladas diariamente?

Talvez o governador do Estado de Rondônia, Ivo Cassol, que está rumo aos Andes peruanos para conhecer a Estrada do Pacífico, não leve boa impressão desse trecho e repense junto com os empresários que o acompanham sobre os investimentos futuros no Estado do Acre.

No trecho Epitaciolândia/Rio Branco não é diferente. Somente até o trevo que dá acesso à cidade de Xapuri, os buracos estão tomando conta da estrada. Mais a frente, após a fábrica de pisos e pra quem não conhece a BR, é preciso tomar cuidados com trechos onde o asfalto foi rompido.

Binho força a barra e Bestene pede para sair do DEAS

O governador Binho Marques parece ter encontrado um bom jeito de se livrar de alguns assessores e secretários de governo. Binho pediu em reunião que todos os ocupantes de cargos no governo que pretendem ser candidatos no ano que vem deixem seus cargos de confiança. A medida já fez a primeira vítima.

José Bestene que ocupa a presidência do Deas - Departamento Estadual de Água e Saneamento -, é a primeira vitima. Bestene já teria, inclusive, se despedindo dos funcionários no final do expediente desta sexta-feira. Sua saída deve ser confirmada hoje nesta segunda-feira.

Com a determinação, Binho mostra que não é tão bobo politicamente como pensam alguns. Agindo assim ele se livra do incômodo de secretários e assessores futuros candidatos usarem a máquina pública para a eleição. Por outro lado, complica a vida de candidatos, como José Bestene, que sem a máquina do governo nas mãos torna mais difícil a caça por votos no ano que vem. Assessores contaram ao governador que Bestene está em plena campanha para se eleger deputado estadual, realizando visitas aos municípios do interior e anunciando os investimentos do Deas no Acre graças aos recursos do PAC - Programa de Aceleração do Crescimento - do governo federal.

Sobrinho de vice-governador pode estar envolvido em escândalo no Detran-Acre

O Departamento Estadual de Trânsito do Acre deve voltar a ocupar as páginas policiais nos próximos dias. Corre em absoluto sigilo uma investigação para apurar denuncias de facilitação na aquisição de Carteira Nacional de Habilitação – CNH -, que estariam sendo concedidas para quem se dispusesse a pagar um certo valor a um pequeno grupo de servidores do órgão que manipulavam a emissão do documento no Detran-Acre.

O assunto é comentado ao pé de orelha nos corredores do Detran e os diretores do órgão evitam comentá-lo. Segundo as poucas informações que vazaram à imprensa, um dos funcionários envolvidos na operação ilegal responde pelo nome de Michel e seria sobrinho do vice-governador César Messias. Pelo que consta ele foi afastado do cargo esta semana pela secretária de segurança pública, Márcia Regina.

A reportagem de ac24horas procurou a secretária para confirmar ou não essas informações, mas o seu telefone não respondeu as chamadas feitas. A assessora de comunicação do governador Binho Marques, Tainá Pires, também está com o telefone desligado [8:43h]. O vice-governador César Messias encontra-se em viagem pelo interior do estado e através do assessor João Pereira informou que encontrava-se em audiência com uma juíza e não podia atender o telefone.

Da redação ac24horas
Rio Branco, Acre

Assis Brasil comemora 33 anos com muita festa e carnaval fora de época

A pequena cidade de Assis Brasil, localizada há 340 km da cpital do Acre, rio Branco, iniciou a festa de comemoração dos seus 33 anos de emancipação política com muita festa para os munícipes e turistas na noite desta quinta-feira, dia 14.

A gestora da cidade, Eliane Gadelha (PT), recebeu autoridades locais e do município de Brasiléia, a prefeita, Leila Galvão (PT), juntamente com o presidente da Câmara, Joãozinho (PT), no palanque oficial no centro da cidade onde aconteceu o desfile cívico no início da noite.

Após desfile e com direito a show pirotécnico, foi a vez do carnaval fora de época que teve a participação dos munícipes e muitos turistas. As festividades irá até Sábado, dia 16, além de bandas do Estado, terá a participação da Banda Chakabum, diretamente do estado da Bahia para fechar as comemorações com chave de ouro.

APELO PARA A TAM NÃO ABANDONAR OS VÔOS DIURNOS NO ACRE

“A saída da TAM inviabilizará grandes negócios de interesse do Acre. Os vôos da madrugada são terríveis para quem chega em Brasília cedo e precisa enfrentar reuniões importantes, de interesse do estado”
A deputada federal Perpétua Almeida já solicitou por escrito que a TAM Linhas Aéreas mantenha o vôo vespertino no trecho Rio Branco/Brasília. O apelo será reforçado na próxima quarta-feira, eu reunião da bancada federal acreana com diretores da empresa, no Congresso Nacional.

O encontro foi proposto pela deputada e terá a participação de todos os parlamentares. Foram convidados ainda representantes do Governo do Estado, da Prefeitura e da Câmara de Vereadores de Rio Branco, da Assembléia Legislativa, da Associação dos Municípios do Acre e das federações do Comércio e da Indústria.

Deputados e empresários irão contra-argumentar a TAM, que opera no trecho desde fevereiro deste ano, mas anunciou que irá encerrar as viagens no próximo dia 30 “por falta de demanda”. A se confirmar a ameaça da TAM, quem precisa se deslocar ao centro-sul do país a partir do Acre terá que recorrer a uma opção que desagrada a todos: enfrentar o vôo que sai de Rio Branco sempre de madrugada.

O presidente da Associação Comercial, empresário Aden Araújo, informou que não conseguiu vaga no vôo vespertino da TAM desta sexta-feira para Brasília. Para ele, que estará na reunião da próxima quarta, “não é verdade que os vôos saem de Rio Branco vazios. Isso é desculpa barata”.

O setor empresarial crê que haveria “prejuízos enormes” na transação comercial diária envolvendo profissionais liberais que habitualmente têm rotina corrida e optam por realizar reuniões rápidas no Acre e voltar aos estados de origem no mesmo dia.
“Há um desrespeito com o Acre. Não é certo priorizar apenas os grandes estados. Os vôos saem de Rio Branco sempre lotados. Eu sei disso por que estou dentro do avião toda semana, indo e vindo para o Acre”, afirmou Perpétua Almeida. “É muito difícil passar a noite acordada e tocar a vida durante o dia após uma viagem tão desgastante”, concluiu a deputada.

Para João Francisco Salomão, presidente do Sistema Fieac, “a saída da TAM inviabilizará grandes negócios de interesse do Acre. Os vôos da madrugada são terríveis para quem chega em Brasília cedo e precisa enfrentar reuniões importantes, de interesse do estado”, afirmou.

“O Acre está crescendo. Isto é fato. O encontro dos presidentes brasileiro e peruano, ocorrido recentemente no estado, reforçou perspectivas de turismo para a região. É indiscutível que somos rota para o pacífico e isso foi comprovado pelo interesse do governador de Rondônia em conquistar mercados andinos a partir do nosso estado. Então, não iremos admitir retrocessos”, concluiu a deputada.

Fonte: Assessoria de imprensa Deputada Perpétua Almdeida

NOVO INSETO ACREANO

A entomologia é uma das disciplinas das ciências naturais que pode se dar ao luxo de dispor de um número absurdamente grande de espécies novas coletadas e depositadas em Museus, esperando que algum pesquisador as descrevam. São milhares de insetos em museus mundo afora que permanecem anos sem que especialistas tenham a oportunidade de examiná-los.

O inseto mostrado na figura ao lado, por exemplo, foi coletado no Acre, na região de Plácido de Castro, em setembro de 1951 durante uma expedição do Departamento de Zoologia da USP.

Só agora foi descrita e publicada.

Apenas para comparar: entre os mamíferos, a descrição de uma espécie nova leva o autor da façanha ao estrelato científico, tal a raridade com que se tem encontrado animais inéditos nas últimas décadas.

VIRUS DA GRIPE

Ameaça antiga: colunista da Ciência Hoje Online destaca a importância das pandemias para a análise de fenômenos históricos e ambientais
“Aterrava a velocidade do contágio e o número de pessoas que estavam sendo acometidas.” Lendo a frase, dá até para pensar que ela foi publicada no jornal de ontem, quando foram confirmados os primeiros casos da gripe suína no Brasil. Ou no diário de viagem de alguém recém-chegado do México. Que nada. Quem escreveu essas palavras foi o médico e escritor Pedro Nava, em 1918, ao descrever do Rio de Janeiro a terrível gripe espanhola, que dizimou milhões de pessoas entre 1917 e 1918, na pior pandemia da história recente da humanidade.

A descrição assim continuava: “Nenhuma de nossas calamidades chegara aos pés da moléstia reinante: o terrível não era o número de casualidades – mas não haver quem fabricasse caixões, quem os levasse ao cemitério, quem abrisse covas e enterrasse os mortos. O espantoso já não era a quantidade de doentes, mas o fato de estarem quase todos doentes, a impossibilidade de ajudar, tratar, transportar comida, vender gêneros, aviar receitas, exercer, em suma, os misteres indispensáveis à vida coletiva”.

A gripe espanhola, cuja origem ainda hoje é objeto de controvérsia, a princípio seria uma nova cepa do vírus influenza, surgida em 1916. O vírus só teria assumido sua forma mortal a partir de agosto de 1918, quando ganhou dimensão global – além da Europa, foram contaminados habitantes da Índia, Japão, China e das Américas.

Qualquer semelhança com os dias de hoje será mera coincidência? Espera-se que sim. Nestes tempos de gripe suína, quando o mundo mal se recuperou dos efeitos da gripe aviária, as comparações com episódios ocorridos em outros tempos são inevitáveis.

A gripe através dos tempos
De fato, embora diferente de outros males, como a febre amarela e a varíola – apenas para citar duas doenças comuns na história do Brasil –, há muito tempo a gripe já era considerada uma ameaça para a humanidade. Consta que Hipócrates, o pai da medicina, em 412 a.C. relatou casos de doenças respiratórias que em semanas matavam seres humanos.

Bem mais recentemente, quando da chegada dos espanhóis às Américas na virada do século 15 para o 16, a gripe foi responsável pela devastação de grupos inteiros de indígenas, tendo sido fundamental no próprio processo de conquista e colonização das Américas pelos europeus.

A situação de superioridade que tanto favoreceu os colonizadores no continente americano não ocorreria da mesma forma na África. Lá, as vítimas foram os europeus, que morriam das doenças locais, ao ter contato com a população. Coincidência ou não, até meados do século 19, com poucas exceções (a mais conhecida é justamente Angola, cuja capital, Luanda, foi fundada em 1575 pelos portugueses), os europeus não haviam estabelecido colônias na África, limitando-se a comerciar produtos e escravos a partir de feitorias na costa.

Os dois exemplos mostram que, além da superioridade militar e das intenções políticas, fatores como vírus e bactérias também são importantes para a compreensão do desenrolar da história das sociedades humanas. Este é um dos argumentos do interessantíssimo livro Armas, germes e aço: os destinos das sociedades humanas, do médico e biólogo norte-americano Jared Diamond.

Publicado no Brasil em 1997 (a edição original em inglês também é do mesmo ano) pela editora Record, o livro ganhou os prêmios Pulitzer e Aventis no ano seguinte. A obra teve grande impacto nos meios de comunicação: rapidamente se tornou um best-seller e foi adaptada para a televisão pela PBS em 2005, em uma série de três episódios.

Determinismo geográfico?
Diamond sustenta a polêmica tese de que a geografia e a própria biologia explicariam por que algumas sociedades se desenvolveram e outras não. Acusado de reviver o determinismo geográfico por uns e louvado por outros por levar em conta os impactos da sociobiologia em análises históricas, o fato é que Diamond voltou a inserir no panorama acadêmico a consideração das epidemias e pandemias como fatores importantes para a análise de fenômenos históricos e ambientais.

A leitura de seu livro deixa claro algo que hoje em dia é mais do que óbvio: doenças têm a ver com desenvolvimento humano; é impossível distinguir a situação ambiental do mundo sem, ao mesmo tempo, levar em conta fatores econômicos e políticos.

Nesse sentido, cabe questionar – se é que a tese dele faz sentido – o que significa a sequência de gripes letais, facilmente transmissíveis entre humanos, ocorridas nos últimos tempos. Ao mesmo tempo em que a gripe suína alarma o mundo, doenças como febre amarela e dengue voltam a assombrar populações de vários países. Só na Bahia, foram 5 mil novos casos notificados em apenas quatro semanas.

Que as novas e velhas epidemias, que trouxeram de voltas doenças erradicadas e que apontaram para o surgimento de outras, têm a ver com o desequilíbrio ambiental, não há dúvida. Mas sobra incerteza quanto às reais possibilidades de criarmos soluções para todas essas questões. Afinal, problemas em escala mundial exigem soluções em escala mundial. Até porque, daqui, não há para onde fugirmos.

Keila Grinberg
Departamento de História
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Internet: projeto de lei que tramita na Câmara fere direitos fundamentais

Escrito por Mariana Tamari
O surgimento da rede mundial de computadores, mais conhecida como Internet, revolucionou a comunicação entre os seres humanos de todo planeta. Hoje, é possível ouvir música islandesa, baixar filmes iranianos e saber o que se passa do outro lado do mundo, lendo diariamente notícias em urdu ou em japonês. Além da ampliação do acesso, com a Internet deixamos de ser apenas receptores dos produtos informacionais e passamos a ser também produtores de notícias, de vídeos e de áudios que alimentam um gigantesco emaranhado de máquinas e pessoas. Surgem a blogosfera e as teias de redes sociais, como Facebook, Youtube e Orkut, que colocam as pessoas em um outro patamar comunicacional e elevam exponencialmente as possibilidades de trocas.

Para compreender o cenário acima descrito, nem mesmo o menos informatizado dos leitores precisa fazer esforço. A internet se disseminou como uma epidemia, invadindo casas e cotidianos de maneira avassaladora, em especial nos últimos 15, 20 anos. E essa "invasão" só foi possível devido à lógica de liberdade e colaboração sob a qual a rede mundial de computadores foi construída. Sem os preceitos básicos de acesso quase infinito ao conteúdo da rede e aos processos de criação coletiva que ela proporciona, sabe-se lá onde teria parado o seu desenvolvimento. Assim, é fácil entender como ela se disseminou tanto, tomando nossas mentes e inundando nosso dia-a-dia, e como evoluiu, sendo moldada pelo esforço humano coletivo.

Mas, ao mesmo tempo em que a rede amplia nossas possibilidades de comunicação, de produção e acesso à informação, aumenta a comunicação entre pessoas e faz evoluir o conhecimento, ela reflete também as características da sociedade humana, sua progenitora, que está longe de ser perfeita e unicamente positiva. Seu sistema baseado na comunicação distribuída, que permite uma interconectividade relativamente horizontal entre as máquinas, pode facilmente dar lugar a instrumentos de monitoramento e controle bastante refinados.

Desta maneira, o futuro da Internet apresenta-se como um importante campo das lutas políticas. Será ele forjado como um recurso de comunicação alternativa e de livre produção de conhecimentos? Ou se transformará em um vasto dispositivo a serviço da vigilância estatal e corporativa?

É dentro deste cenário, ao mesmo tempo complexo e novo, que gera perplexidade, excitação e ansiedade, mas também medo, que se monta o palco de uma disputa travada aqui no Brasil, quase silenciosa, entre as forças conservadoras e aqueles que sabem da importância de manter livre e cada vez mais acessível a informação que circula na rede.

No Brasil, um Projeto Substitutivo sobre crimes na Internet, aprovado e defendido pelo Senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), está para ser votado na Câmara de Deputados. Trata-se da aglutinação de três Projetos de Lei que já tramitavam no Senado (PLS 76/2000, PLS 137/200 e PLC 89/2003). Todos tinham como objetivo tipificar condutas realizadas mediante uso de sistema eletrônico, digital ou similares, de rede de computadores, ou que sejam praticadas contra rede de computadores, dispositivos de comunicação ou sistemas informatizados e similares, além de dar outras providências.

Esse substitutivo, caso seja aprovado, tornará crime inúmeras de nossas práticas virtuais cotidianas. Ele atende fundamentalmente a interesses de bancos que têm sofrido prejuízos com fraudes pela internet e a reivindicações da indústria de direito autoral dos Estados Unidos, que exige a criminalização da quebra de travas tecnológicas.

O objetivo velado do substitutivo do senador Azeredo, já conhecido também como o AI-5 Digital, é, portanto, tornar suspeitas as redes P2P, impedir a existência de redes abertas e reforçar o DRM (Gerenciador Digital de Direitos, na sigla em inglês), que impedirá o livre uso de aparelhos digitais. Entre as disposições do AI-5 Digital, como vem sendo chamado o PL por seus opositores, uma das mais preocupantes é a intenção de transformar os provedores de acesso em uma espécie de polícia privada. Trata-se, portanto, de um projeto que coloca em risco a privacidade dos internautas e que busca restringir o acesso irrestrito a bens informacionais de valor inestimável para o desenvolvimento da cultura. Ele instaura uma atmosfera de vigilantismo que vai contra toda a possibilidade de avanço tecnológico da rede e, se aprovado, elevará e muito o custo de comunicação no Brasil, que já é bastante alto.

Trata-se de uma matéria urgente, pois faltam poucos passos para a votação final que pode tornar Lei o projeto considerado por muitos especialistas como inconstitucional, vigilantista e violador da privacidade individual. Já votado em Plenário no Senado, no dia 5 de março, o deputado conservador ligado ao PSDB, Regis de Oliveira (PSC-SP), conseguiu aprovar seu parecer favorável ao projeto do Senador Azeredo na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados. Agora ele passa por análise das Comissões de Ciência e Tecnologia daquela casa e então será encaminhado para votação em Plenário. Falta muito pouco para a aprovação do AI-5 Digital.

Assustados com a possibilidade de que a população brasileira tenha suas liberdades podadas, deputados e legisladores contrários ao projeto, especialistas, intelectuais, ativistas, artistas e internautas em geral chamam para um ato público de esclarecimento, pela liberdade da Internet e contra o Projeto Azeredo, no dia 14 de maio, na Assembléia Legislativa de São Paulo, às 19h. O objetivo é pressionar pela não aprovação do projeto, ou por uma redação que se limite a legislar claramente sobre crimes na Internet, como a pedofilia.

Entenda, passo a passo, ou artigo por artigo, os maiores problemas do AI-5 Digital. Assim, se você ainda não entendeu o porquê deste "apelido", vai entender agora.

Definições vagas
Para começar a entender o projeto, é importante atentar para o seu art. 16. Nele, estão as definições do que é dispositivo de comunicação, sistema informatizado, rede de computadores, código malicioso, dado informático e dado de tráfego, por exemplo.

Mas a vaguidão dessas definições abre muitas das brechas para que práticas cotidianas comuns dos internautas possam ser julgadas como infrações sancionadas pelo Código Penal.

Acesso negado
O Art. 285 é um dos mais perigosos do projeto. No Art. 285-A, há a proposta não só de legitimação do DRM, mecanismo de restrição de cópias em aparelhos e sistemas informatizados, mas também de criminalização de sua inutilização. Se O PL passar, caso você destrave seu aparelho de DVD, comprado fora do Brasil, e que, portanto, não roda vídeos produzidos na região da América Latina, você é um criminoso. Da mesma maneira, se você "puxar um gato" da TV a cabo da sua sala para o seu quarto, você virou bandido. Hoje essas práticas são ilegais e a elas cabem sanções, mas daí a se tornarem crimes, com pena de prisão, já é absurdo.

A redação do artigo 285-A diz: "Acesso não autorizado a rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado;
Art. 285-A. Acessar, mediante violação de segurança, rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado, protegidos por expressa restrição de acesso".

Se o objetivo do artigo fosse impedir o crime de invasão na rede, bastaria escrever que seria considerada prática criminosa "invadir servidores de rede e computadores sem autorização de seu responsável". Mas a equipe do senador Azeredo quis deixar a porta aberta para interpretações mais amplas.

Se você baixa música na Internet e, nos últimos anos, deliciou-se com o aumento do seu arquivo musical, prepare-se para um retrocesso. Esse artigo o afeta diretamente. As ferramentas P2P (intermediadores para a troca de arquivos) revolucionaram o acesso à cultura e à arte. Ampliaram o acesso de maneira nunca antes imaginada. E é bom também preparar os bolsos para voltar a comprar CDs e, quem sabe, até os antigos vinis. O Art. 285-B criminaliza a transferência ou fornecimento de dados ou informação (leia-se dentro disso músicas, livros e filmes), numa defesa direta da indústria fono e cinematográfica.

"Mas foi sem querer!"
Veja a proposta para o Art. 154-A do Código Penal:

"Divulgação ou utilização indevida de informações e dados pessoais
154-A. Divulgar, utilizar, comercializar ou disponibilizar dados e informações pessoais contidas em sistema informatizado com finalidade distinta da que motivou seu registro, salvo nos casos previstos em lei ou mediante expressa anuência da pessoa a que se referem, ou de seu representante legal.
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Se o agente se vale de nome falso ou da utilização de identidade de terceiros para a prática do crime, a pena é aumentada da sexta parte".

Em tese, o artigo criminaliza os crackers, aquelas pessoas que nos enviam os tão odiados spams ou lixo eletrônicos. Mas, na prática, imagine que você envia por email, para toda a sua lista de contatos, uma piada sobre a eliminação do Palmeiras da Copa Libertadores. Imagine ainda que esta lista inclui contatos profissionais. Se, além de tudo, você não enviar a mensagem com cópia oculta (que esconde os emails dos destinatários), pronto. Se um dos seus contatos profissionais for um palmeirense raivoso, segundo o Projeto de Lei, ele pode te denunciar e tentar mandá-lo para a cadeia: você divulgou emails (dado pessoal) com finalidade distinta da que motivou o contato entre vocês (profissional, lembra?) e sem a autorização expressa dele. Você cometeu um crime. E se seu email é algo como radicalchic@gmail.com, ou seja, sua conta não traz seu próprio nome, mas sim usa um apelido, o parágrafo único aumenta-lhe a pena.

O Art. 163 também traz problemas semelhantes. Você pode virar bandido sem nem perceber. Ele trata da inserção ou difusão de códigos maliciosos – os vírus são códigos maliciosos, bem como trojans e outros malwares.

Você nunca teve a intenção de espalhar vírus por aí, e mesmo que o tenha feito sem notar, pois muitas vezes disseminamos essas pragas sem nem saber, o fato de você, através de seu computador, ter espalhado cavalos-de-tróia, vírus ou qualquer outro código capaz de causar dano a computadores ou outros apetrechos de comunicação passa a ser crime.

E os Direitos Fundamentais...
E para não estragar a festa, o senador guardou a cereja do bolo para o final. Trata-se do artigo que mais fere os direitos fundamentais básicos para a garantia das liberdades individuais. O Art. 22 traz em si graves consequências para a navegação na Internet, ameaçando a privacidade e o anonimato dos usuários e transformando a rede em um gigantesco aparato de vigilância.

Um dos seus maiores problemas é a exigência de que os provedores de acesso registrem o IP (internet protocol) e a data e hora de uso de cada máquina por, pasmem, 3 anos. Isso oneraria enormemente os provedores de acesso, já que os gastos de equipamentos aumentariam muito. E, claro, boa parte dessas perdas seriam repassadas àqueles que contratam esses serviços. Mais um ponto para a restrição ao acesso.

Outra consequência desse artigo seria a inviabilização das redes abertas e livres. Todos os usuários das conexões wi-fi gratuitas fornecidas em muitos cibercafés, hotéis, restaurantes, bares e livrarias navegam pela rede com o mesmo número de IP. O mesmo ocorre em Lan Houses, todas as máquinas conectadas usam o mesmo endereçamento eletrônico. Com este registro, o provedor de acesso pode até dizer de onde foi cometido o "crime", mas não é possível saber com segurança quem o cometeu. E o que aconteceria com as cidades que estão implementando as redes sem fio abertas, como medidas de inclusão digital? Seria o fim de uma coisa que mal começou.

E como fica a vida de quem tem sua rede wi-fi doméstica invadida por um criminoso? O crime terá sido praticado a partir do seu IP. Como garantir que o criminoso é o proprietário de endereço eletrônico? Medidas como essa não coíbem o crime, somente a nossa liberdade.

Mas o Art. 22 não pára por aí. Seu ponto mais polêmico é o parágrafo III, que coloca sobre o provedor de acesso a responsabilidade de "informar, de maneira sigilosa, à autoridade competente, denúncia que tenha recebido e que contenha indícios da prática de crime sujeito a acionamento penal público incondicionado, cuja perpetração haja ocorrido no âmbito da rede de computadores sob sua responsabilidade".

Os provedores de acesso, então, passam a ter poderes de polícia. Tornar-se-ão o panóptico. O Big Brother, antevisto por George Orwell. Com medo de sanções criminais, seus responsáveis começarão a vetar nosso acesso a informações, a softwares de trocas de arquivos e a sites cujo conteúdo não passa pelos "filtros" por eles instalados. Tanto falamos da falta de liberdade de expressão na China. No Brasil será muito parecido. Estaremos sob um estado de vigilância constante. Imagine a perseguição que se instaurará a Movimentos Sociais e lideranças políticas de oposição.

O que o país precisa é definir uma lei com os direitos dos cidadãos na comunicação em redes digitais, que garantam a liberdade de expressão, a privacidade e o anonimato e a garantia do controle social dos governantes. A violação dos direitos essenciais definidos nesta lei é que deve ser considerada prática criminosa.

Mariana Tamari é jornalista.

Poupança: falsa questão

Por: Paulo Passarinho - O governo acaba de anunciar mudanças nas regras de remuneração das cadernetas de poupança e dos fundos de renda fixa.

Com a projetada queda da taxa Selic, a explicação de autoridades e analistas - caso essas medidas não fossem tomadas - é que haveria o risco de uma migração de recursos, aplicados hoje em fundos de renda fixa, para as cadernetas. Essas passariam a ser mais atraentes, pois além de garantirem uma correção de 6% ao ano, mais uma variação vinculada à TR, gozam de isenção de tributos.

Os fundos de renda fixa, por sua vez, perderiam rentabilidade frente às cadernetas, pois além da incidência de imposto de renda e de taxas de administração variáveis, dependendo do banco gestor do fundo, a redução da taxa Selic faria com que essa modalidade de aplicação financeira deixasse de ser interessante.

O prejuízo para o governo seria que, com essa alegada possibilidade de perda de recursos líquidos dos fundos, os seus títulos públicos passariam a ter maiores dificuldades de serem negociados, na medida em que são justamente os recursos aplicados nesses fundos que viabilizam a massa de recursos aplicada pelos bancos no financiamento da dívida pública do governo, através da aquisição de títulos governamentais.

O aparente imbróglio nos permite algumas considerações a respeito de um dos principais problemas macroeconômicos que temos, e que estamos, a depender do atual governo, muito longe de resolvê-lo.

O grande segredo do Plano Real, e da sua virtude em ter reduzido significativamente as taxas de inflação na economia, se deve à forma como a economia brasileira passou a ser gerida, a partir de um complexo processo de integração financeira do país com a economia internacional.

Essa integração financeira implicou, inicialmente, na tentativa – frustrada em 1998 – de se estabelecer uma rígida paridade entre o real e o dólar, e que acabou nos levando à crise cambial ocorrida naquele ano. A partir de então, e já sob o monitoramento de um programa de ajuste exigido pelo FMI, o Brasil passou a adotar um regime cambial flutuante e, dado o peso do endividamento público e a pressão dos credores, a ter de produzir superávits primários fiscais, fator de grande constrangimento orçamentário.

O problema da opção de se procurar enfrentar a questão inflacionária brasileira, pela via da integração financeira, é que acabamos por renunciar à possibilidade de dispormos de uma política monetária soberana, voltada para a criação de condições internas adequadas ao crescimento econômico, à geração de empregos e, dentro deste contexto, ao controle das taxas de inflação.

Dentro da lógica adotada, a política monetária passou a ser refém do movimento de capitais externos. A remoção, paulatina e crescente, de todos os mecanismos de controle dos fluxos cambiais, passou a exigir do Banco Central uma ativa política de venda de títulos públicos, como forma de se enxugar o excesso de reais em circulação, decorrente do fluxo de recursos externos atraídos pelo país. Destaque-se que esta atração se deu não apenas pelas oportunidades de novos negócios produtivos no país, mas especialmente pelas altas taxas de juros aqui praticadas – garantindo alta rentabilidade aos aplicadores – e também pelo chamado programa de privatizações, deslanchado no período de governo de FHC.

As conseqüências desse tipo de política são nefastas. O endividamento do Estado brasileiro em títulos é espantoso. Em janeiro de 1995, a dívida mobiliária da União era de R$ 62 bilhões; hoje, ultrapassa a gigantesca cifra de R$ 1,2 trilhão. De 1999 em diante, anualmente, deixamos de aplicar vultosos recursos orçamentários na melhoria da máquina pública e em investimentos que seriam vitais para a melhoria do cotidiano do nosso povo, em nome de uma suposta economia de recursos – o chamado superávit primário – que faria com que o endividamento público viesse a diminuir.

A dinâmica do endividamento é dada pela política monetária – refém do livre trânsito cambial - e suas altíssimas taxas de juros. Temos tido, ano após ano, uma carga de juros da ordem de R$ 150 bilhões, saldada parcialmente pelo esforço do arrocho orçamentário travestido pelo nome de superávit primário. O restante a ser pago acaba por se materializar na emissão de novos títulos, que apenas fazem com que a montanha de títulos federais não pare de crescer.

A ótica liberal, amplamente repercutida pela grande imprensa, prefere apontar como fator primordial do endividamento público os gastos com a previdência, ou com os vencimentos ou contratações de servidores públicos. Omite que, a rigor, é o Orçamento da Seguridade Social quem financia os rombos financeiros do Orçamento do Tesouro, produzidos justamente pela política monetária.

Assim o faz, pois considera os gastos da política monetária como naturais e não questionáveis. Gastos vitais para a manutenção de um modelo de funcionamento da economia brasileira que atende especialmente aos bancos e às transnacionais, interessadas na integração subalterna de nosso país no processo de globalização.

Com a mudança divulgada ontem para a poupança, o governo perdeu mais uma oportunidade de enfrentar esse principal problema macroeconômico do país, que é o brutal e permanente processo de endividamento público.

O alegado problema decorrente da necessidade de financiamento da dívida mobiliária, frente à perspectiva de uma redução da taxa básica de juros, é uma falsa questão. Caso a política econômica servisse aos interesses da geração de empregos, do crescimento econômico e do controle inflacionário, independentemente das oscilações da conjuntura internacional, o caminho deveria ser outro.

Deveríamos restabelecer no país rígidos controles sobre os fluxos cambiais, chegando ao limite da adoção da centralização cambial, caso houvesse necessidade. Ao mesmo tempo, a taxa Selic deveria ser abandonada enquanto indexador de boa parte dos títulos públicos, com o fim das chamadas Letras Financeiras do Tesouro (LFTs).

Com medidas dessa natureza, e afastando os riscos de um processo de fuga de capitais, poderíamos seguramente reduzir a taxa básica de juros e o chamado superávit primário, além de criarmos boas condições para o alongamento do perfil dos prazos de vencimento dos títulos da dívida pública.

Medidas como essas permitiriam ao governo um aumento na sua margem de manobra para uma reconfiguração do Orçamento Público Federal, e a adoção de medidas mais consistentes para a preservação do crescimento econômico e da geração de empregos.

O único problema para a adoção de medidas desse tipo é de natureza política.

Implicaria romper com o pacto estabelecido desde o início dos anos 90 no país, e que tem no sistema financeiro e nas transnacionais os seus principais sustentáculos. Pacto este que acabou por cooptar o próprio governo Lula e dar sobrevida ao insustentável modelo que continua em curso e que agora, mais uma vez, demonstra que o rentável negócio da dívida pública é essencial para os interesses dominantes.

Paulo Passarinho, economista, é presidente do Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro.

ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E O CIDADÃO DE PAPEL

Há muitas definições entusiasmadas desse tema, todas sob a luz da Constituição da República Federativa de 1988, é dizer: fulcrados na Lei maior, o que deveras não teria outra melhor definição.

Conquanto, necessária é uma análise mais depurada no aspecto da formação e efetivação desse Estado que, a priori, no Brasil, ainda respira ares de adolescência, embora já se encontra com seus mais de 20 anos.

Não restam dúvidas de que, enquanto o maior responsável pela efetivação desse Estado Democrático de Direito, ou seja, o cidadão, não conscientizar de seu real papel, não chegaremos a maturidade tão sonhada por muitos, principalmente por aqueles que lutaram e deram muito sangue pela conquista no "papel" desses direitos e garantias inerentes à democracia.

Vale ressaltar que ao cidadão no Estado Democrático de Direito, é permitido tudo aquilo que não é legalmente proibido e ao agente das funções estatais só é permitido aquilo que a Lei prevê. Andou bem o legislador ao definir os passos do agente público, já delimitando seu caminhar na legalidade, na imparcialidade, na moralidade, na impessoalidade, na transparência etc.

Pois bem. O cidadão de papel quer se tornar realidade, no entanto, faltam-lhe mais e mais ampliação cognitiva dos seus direitos e garantias. Ora, não é concebível que numa democracia não seja efetivada a ideia de que a coisa pública realmente seja do povo e para este seja o meio de se chegar ao fim - o bem comum. Infelizmente o que ora presenciamos, lamentavelmente, é uma privatização do público. Pessoas que estão ocupando cargos e funções públicas, legislando, executando e judicando em causa própria. O que convenhamos, é um absurdo! Mas a voz do cidadão parece não ecoar! Sua mudez e timidez respeitam as arbitrariedades que são expostas a cada dia em sua vermelha e pálida face, principalmente veiculadas na rede "plim plim". Daí a grande e nefasta dificuldade na efetivação da cidadania.

O liberalismo visto pelo imaginário universitário

Por:Leonardo Bruno
A pergunta que poderia brotar nas cabeças de certas mentalidades universitárias quando exigem “regulamentação” é simples: quem controla os controladores? Quem controlará a burocracia, quando a sociedade der plenos poderes de gerência a ela?
É curioso observar que certos setores universitários usam, nas palavras do George Orwell, uma verdadeira “novilíngua”, tal como é descrita em seu famoso romance “1984”: a distorção do sentido das palavras, no intento de confundir ou mesmo destruir seu significado. Um desses conceitos vitimados pelo estigma mais odioso tem o nome de “liberalismo”, em particular, sua versão mais vulgar, “neoliberalismo”. É dado comum condenar o liberalismo como a causa de muitos males sociais. Inclusive, associá-lo indevidamente ao fascismo, ainda que a doutrina liberal seja anti-estatista e defenda a integridade do indivíduo contra a coletividade e arbitrariedade do governo, além da apologia ao livre mercado.

Todavia, se a massa de universitários adquire estigmas antiliberais, a grande maioria jamais leu um autor liberal. Seus conhecimentos provêm da mais rala propaganda marxista, disfarçada de conhecimento e disseminada nas universidades. Isso é particularmente grave, pois, além de induzir os alunos à ignorância completa, a resposta que essa propaganda nos oferece contra a solução liberal são os regimes totalitários de conotação comunista. De fato, quando se observa que a educação, atualmente, é pura formação de “ativistas sociais”, está se falando, em outras palavras, de uma disseminação em massa de militantes comunistas, ainda que estes nem observem a ideologia que estão absorvendo ou pregando.

De fato, mal se percebe o perigo dessa doutrinação ideológica massiva. Se alguém toma uma posição antiliberal e totalitária acaba se tornando inimigo de todas as instituições democráticas vigentes. Ou seja, o antiliberal universitário médio é contrário à divisão dos três poderes, ao Estado de Direito Democrático, às liberdades civis e políticas (e nisto, inclui-se, os direitos individuais, os direitos de propriedade e a pluralidade política) e à liberdade econômica, em particular, à economia de livre mercado. E o que ele prega? A concentração brutal do poder do Estado sobre a sociedade civil, a educação, a cultura e a vida em geral. E o projeto econômico apregoado por ele é o planejamento estatal centralizador, bem aos moldes soviéticos, com as mazelas e tiranias já bastante conhecidas. Ou seja, o que esses ativistas pregam é a sujeição de todas as decisões da economia a uma diminuta e iluminada burocracia estatal. Ou, na pior das hipóteses, eles mesmos sonham em ser esses burocratas.

Em épocas de crise mundial, o modismo político é falar de “regulamentação”, a história de que o mercado não funciona sozinho e que ele precisa de um Estado justiceiro para resolver todos os seus problemas e distorções. Porém, há um engodo nesta questão. Pois, de alguma forma, o mercado já é regulamentado. O problema mesmo a ser discutido é no que consiste essa “regulamentação”. Ninguém o especifica corretamente. Fala-se em termos genéricos, tal como o malvado “liberalismo”, culpado pelas mazelas mais extravagantes da humanidade. Entretanto, há uma crença perversa por trás disso, que revela um perigo fatal: a idéia sacralizada da autoridade moral do Estado e da burocracia para resolver todos os problemas econômicos e sociais. A pergunta que poderia brotar nas cabeças de certas mentalidades universitárias quando exigem “regulamentação” é simples: quem controla os controladores? Quem controlará a burocracia, quando a sociedade der plenos poderes de gerência a ela? Pelo jeito, quando os burocratas e os políticos falam em “regulamentação”, eles querem dizer “mais regulamentação”. O excesso de “políticas sociais”, de “políticas públicas” e a exigência cabal de mais leis, apregoadas por muitas universidades, disfarçam, através de uma linguagem rebuscada e vazia, tão somente a expansão e o gigantismo dessa burocracia. Até porque, quanto mais leis, mais regulamentações, mais burocratas. E mais Estado em nossas vidas. É, em suma, uma forma renovada e reciclada das velhas crenças do dirigismo estatal.

Essa pergunta já poderia ter sido respondida no século XX. As experiências do totalitarismo soviético, nazista e fascista mostram até aonde nos levam a destruição das liberdades civis e políticas. Isso implica dizer, obviamente, a destruição da liberdade econômica e dos direitos de propriedade, elementos substanciais de autonomia e independência da sociedade civil perante o Estado. Há certos indivíduos ingênuos ou mal intencionados que acreditam numa sociedade democrática sem a propriedade privada e o livre mercado. Contudo, se o Estado é detentor da propriedade e da liberdade econômica, quem será contra o Estado? O que está se propondo, basicamente, é o monopólio governamental sobre as propriedades e as atividades econômicas de milhões de pessoas. Tudo para o Estado, nada contra o Estado, já dizia Mussolini! E qual democracia sobreviveria se não há o equilíbrio dos poderes, o sistema de pesos e medidas clássico do liberalismo e de outras sociedades mais antigas?

E o capitalismo não possui suas mazelas? Não é causador de misérias, desigualdades e opressões? Isso é um grande mito disseminado por uma boa parte das universidades. Se há algo que as sociedades capitalistas conseguiram foi justamente reduzir a miséria. E quem pode falar em opressão dentro de nossas sociedades capitalistas, já que elas convivem perfeitamente com os sistemas democráticos e o Estado de Direito? Se o capitalismo, por regra, implica a liberdade econômica como um de seus princípios? Por outro lado, há a difusão do igualitarismo como um ideal a ser buscado nas sociedades democráticas. O problema mesmo é o realismo dessa teoria. A desigualdade sempre existiu em qualquer sociedade humana e sempre vai existir. As diferenças de renda, de conhecimento, de status social não são um fruto artificial das injustiças e sim um dado natural que é evidenciado mesmo no comportamento das pessoas. Em seus talentos, méritos, determinações, inteligências, vontades e perseveranças, as pessoas são desiguais. A única desigualdade que não pode ser aceitável, por ser injusta, é aquela determinada por condições legais diferenciadas entre as pessoas. É regra da boa justiça que todas as pessoas vivam sobre as mesmas leis e seus direitos sejam igualmente respeitados. Essa é a única igualdade possível. Do resto, o discurso da “desigualdade social” é artificial, um problema falacioso e inócuo. Ou, na prática, é tão somente a reprodução totalitária da utopia socialista, que precisa nivelar todo mundo por baixo, em nome da igualdade. As pessoas parecem se esquecer do sentido da palavra “justiça”. Justiça não é igualdade, é eqüilidade. É dar a quem é devido, dentro das mesmas regras comuns do direito.

É paradoxal que o capitalismo, com seus imensos sucessos no campo do bem estar das sociedades democráticas, seja criticado em favor dos mitológicos experimentos socialistas, com seu histórico de fracassos assombrosos. O problema mesmo está no desconhecimento da economia e da história, sem contar a desinformação em massa sobre essas questões. Em parte, essa desinformação revela o completo envolvimento da intelectualidade universitária com a crença auto-divinizadora da engenharia social, como se a sociedade fosse um mármore a ser esculpido. Se alguém fizer uma simples comparação entre países capitalistas e socialistas, no aspecto das liberdades e, mesmo, do padrão de vida, a situação é tão humilhante para a esquerda, que na falta de provar qualquer eficiência de seu regime, acabam estigmatizando aquilo que odeiam. A Coréia do Sul abunda em riqueza, conforto e liberdades, quando a Coréia do Norte é um grotão miserável, um Estado policial cheio de campos de concentração, cujo ditador todo-poderoso é cultuado como um deus encarnado, uma caricatura oriental de Stálin. A antiga Alemanha Ocidental capitalista, na época da guerra fria, tinha um padrão de vida altíssimo e plenas liberdades civis e políticas, enquanto sua irmã vizinha, a Alemanha Oriental, era uma verdadeira prisão cercada por um muro. Mesmo a União Soviética, que era, supostamente, o país mais rico dos Estados socialistas, não chegava nem a sonhar com os padrões de vida dos EUA. Mas o que diferencia esses dois tipos de modelos de vida, para que um tenha enormes sucessos e outro, enormes fracassos? É a liberdade e a defesa do individuo cultuadas pelas sociedades liberais contra as sociedades coletivistas que o oprimem. O igualitarismo socialista não divide a riqueza; concentra-a em favor do Estado; não socializa a riqueza, socializa a miséria. O que as pessoas precisam entender é qual a diferença básica entre a sociedade de mercado e a sociedade dirigista ou socialista. A primeira dá a liberdade a cada indivíduo de gerenciar suas riquezas e possuir propriedades como bem entender; a segunda confisca o direito de cada um gerenciar o que é seu e se dispõe gerenciar os bens alheios às custas de todo mundo. O capitalismo é a economia da liberdade individual; o socialismo é a economia da servidão estatal.

As deficiências do liberalismo não estão nas estruturas políticas da democracia constitucional, e, tampouco, na sociedade contratual e na economia de livre mercado. O mal se encontra no relativismo moral, que não é somente um vício das sociedades liberais, e sim, de toda uma época, o século XX. Entretanto, a rotulação esquerdista sobre o liberalismo, ou mais específico, sobre o “neoliberalismo”, partindo da boca de certos “ativistas sociais”, é pura fraude. Na prática, é a velha nostalgia dos totalitarismos. E isso se torna perigoso, porque influencia toda uma cultura e mentalidade comuns, no sentido de rejeitar a democracia ou mesmo destruí-la. O ódio antiliberal tem o mesmo sabor de ódio às liberdades. O preço da liberdade é a eterna vigilância.