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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Adeus ao amigo Adalto

Estive deste sexta passada em visita à Assis Brasil, especificamente na Reserva do Icuriã a convite de amigos pesquisadores da Funai e do programa Pró Indio, que sabedores do meu grande interesse pela cultura indígena e a vontade de colaborar em alguns projetos, envidaram-me convite a participar de um projeto de formação continuada de preservação ambiental e combate À biopirataria na área de fronteira, Projeto este que conta com o apoio de diversas Universidades da Região Norte, bem como instituições Governamentais e Não Governamentais, fiquei dcveras lisongeado e evidentimente jamais poderia recurar tal convite, bem nossa equipe saiu de Brasiléia na sexta-feira dia 13/11, às 7:45h, dividida em dois veículos. Um dos quais foi gentilmente cedido pela FUNASA.

A chegada em Assis Brasil se deu por volta das 12: 20h. Onde ocorreu uma parada para o almoço e o meu primeiro contato com as três lideranças da Aldeia Maria Montesa que estavam aguardando a equipe. Tão logo terminamos o almoço prosseguimos a viagem, dentro da Reserva Chico Mendes, “Comunidade São Pedro” a 12 km de Assis Brasil, uma árvore de Aguana (Mogno), havia caído sobre ramal Icuriã, impossibilitando a passagem de qualquer veículo. A equipe foi obrigada a retornar a Assis Brasil em busca de ajuda. Sem a remoção da árvore não era possível passar
pelo ramal e chegar até às margens do Rio Icuriã onde pegaríamos os barcos para transporte da equipe até a aldeia onde seria realizada uma reunião de apresentação do projeto e uma oficina. A equipe então, foi obrigada a pernoitar na cidade de Assis Brasil, resolvidos os primeiros problemas, “picamos mula”....... o ramal estava em ótimas condições de tráfego. Chegamos na localidade do Icuriã, onde as canoas estariam a espera para levar a equipe até a aldeia Jatobá. Mais uma dificuldade encontrada: os barcos ainda não estavam no local preestabelecido. Após contato via rádio amador com Toya Manchineri presidente da MAPKAHA, que estava na aldeia Peri, a equipe foi informada que os barcos não haviam saído da aldeia por precaução das lideranças, pois como não tínhamos chegado na hora combinada, a comunidade preferiu aguardar contato para saber das possíveis mudanças na programação da viagem. Esclarecido o imprevisto a equipe foi informada também de outra decisão da comunidade: a realização da oficina seria transferida para a Aldeias Jatobá, em virtude da baixa água do rio Iaco. Dentro do planejamento, a oficina seria realizada
na Aldeia Extrema, última aldeia da Terra Indígena Manchineri, mas segundo a previsão da comunidade, com as poucas águas a equipe levaria aproximadamente dois dias para chegar a Aldeia Extrema.

Após todos os contratempos chegamos na Aldeia Peri a equipe da SEATER, que estava a três dias realizando uma capacitação para os agentes agroflorestais indígenas. A pedido de Toya Manchineri, os agentes que participavam da capacitação, foram liberados para participar da abertura da oficina do projeto em questão na Aldeia Jatobá.

Fiquei abismado de ver a organização daquela aldeia já que no sábado pela manhã já realizaram uma reunião com lideranças da comunidade: Sr° Jaime professor da aldeia Jatobá, Luca professor da aldeia Extrema e Toya presidente da MAPKAHA, tendo pauta definida, apresentando toda a equipe, enfim deram um banho de lições de metodologia de encontros em todos nós ali presentes . Assim, a programação seguiu o roteiro e a metodologia planejada, utilizando os exemplos e outras sugestões dadas pela comunidade, mas ainda resguardada de flexibilidade de acordo com as dinâmicas apresentadas e outros fatores ou novas sugestões.

Pela tarde, às 14:00h teve inicio a oficina. As palestras para empoderamento da comunidade foram realizadas na Casa de Banquete da aldeia, contando com a participação de todas as aldeias convidadas, com exceção da Aldeia Novo Milênio, formando um público participante de aproximadamente 80 pessoas durante os três dias de trabalho.

Fiquei muito amigo do Sr. Jaime Sebastião que em todas as etapas da oficina traduzia e explicava cada assunto em língua Manchineri, e também traduzia as discussões dos participantes para o português. Os intervalos, foram um show a parte, enriquecidos com a participação de Lucas Manchineri e outros representantes que proporcionaram à todos, belíssimos momentos culturais,
cantando canções tradicional do povo Manchineri em sua língua original, os quais tive o cuidado de gravar e registrar por fotos, porém recomendado quanto á questões de publicação.

Mas oque deveras me deixou enebriado, é a cidadania cultural que aquele povo me passou, refleti sobre a prolatada “florestania” pregada pela Frente Popular e largamente defendida por Wilson, Chico e o Jorge Viana, que governou o Acre por oito anos apesar de a oposição ter pregado àquela época que os “macacos” não elegeriam o propalado “menino do PT”. Percebi que por ouvir tanto essa tal florestania neste final de semana acredito que, no atual contexto o grande desafio agora - do governo, dos políticos, das ONGs e das populações tradicionais do estado - tem de ser a exploração sustentável de produtos a partir das matérias-primas existentes em abundância dentro daquela região florestal. Nesse sentido, o Icuriã poderia se transformar num projeto piloto para a consolidação da florestania não só no Acre quanto em toda a Amazônia.

E ainda mais, de que aquela população indígena que tive contato neste final de semana, tem muito a ensinar a nossos políticos, professores, intelectuais e gestores em geral. De que o auto conhecer é fundamental para se destinar politicas diretas que atinjam as problemáticas de uma região...

Aprendi, nestes três dias o que talvez nos meus cursos com orientadores com mestrado e doutorado sequer conseguiram, dar um resumo, voltei desse primeiro contato coma cabeça muito mais aberta à temática ambiental e indígena que imaginava, a recebi verdadeiramente um presente, que foi o convite à participar do projeto, estou cheio de fotos, vídeos, entrevistas, enfim material para analisar e poder viajar nos meus delírios literários, quero continuar firme e quem sabe disso tudo não saia um material que posteriormente poderá ser dividido com todos...

Agradeço carinhosamente à todos os Irmão da Reserva do Icuriã, que tão bem me receberam e que tão bem me ensinaram o quão bom e estar em contato com as pessoas que realmente fazem a história deste nosso Estado acontecer...

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