Jorge Kalume foi um dos mais atuantes políticos do Estado |
O corpo do ex-governador Jorge Kalume será sepultado no cemitério Campo da Esperança, em Brasília, às 16h30 desta quarta-feira, 27, segundo informou a filha, Márcia Kalume, por telefone. Na tarde de ontem - terça-feira, 26, ele sofreu uma parada cardiorrespiratória às 15 horas, (horário de Brasília) em sua residência, e estava acometido com um câncer no intestino. Depois de vários dias internado em um hospital de Brasília, ele havia sido levado para casa. “Meu pai já estava bastante debilitado”, lamentou Márcia. O ex-governador tinha 89 anos e faria 90 no próximo dia 3 de dezembro.
O funeral está previsto para 10 horas no mesmo cemitério em que será sepultado. Kalume tinha três filhos, Dário, Cláudio e Macia e três netos. Era casado com Terezinha Kalume.
Veja o que um jornal publicou na época em que ele se tornou prefeito de Rio Branco, em 1988
Antonio Muniz Jorge Kalume foi um dos políticos de maior expressão em nível nacional. Filho de Abib Mussa Kalume e Latif Zaine Kalume, ambos sírio-libaneses, Jorge Kalume era acreano de Xapuri, a exemplo de outros personagens, como o jornalista Armando Nogueira; o ex-ministro da Justiça Jarbas Passarinho; o ex-líder sindical e ecologista Chico Mendes e o Ministro da Saúde, Adib Jatene.
Antes de ingressar na política foi empresário ligado a compra e venda da borracha e de gêneros alimentícios. “Segui o exemplo de meu pai e minha mãe”, disse uma vez. Dono dos Seringais Porto Franco e Porto Rico, ambos em Xapuri, na década de 50 o então governador do Território do Acre, José Guiomard Santos, convidou Kalume a ser Prefeito de Xapuri. O empresário topou o desafio e, mesmo enfrentando várias dificuldades, conseguiu fazer uma administração popular, atendendo aos anseios dos xapurienses.
Em 1962 Jorge Kalume larga a área empresarial e entra na política de fato e de direito. Com a elevação do Acre a Estado por meio da lei nº 4.670 de 15.06.l962, sancionada quando o Brasil entrou no regime parlamentarista, foram realizadas eleições gerais. Dia 3 de outubro de 1962, mesmo sem dispor de tempo suficiente para fazer campanha, Kalume foi eleito em 3º lugar entre sete deputados federais.
“O trabalho que eu fiz em Xapuri agradou a maioria, mas, sinceramente, me surpreendi com a expressiva votação que tive em todo Estado”, afirmou. Aos 70 anos, ele concedeu entrevista a um jornal local que o considerou com uma memória melhor que a de qualquer garoto de 25 ou 18. “Naquela época o Presidente da República era João Gulart e o primeiro Ministro chamava-se Tancredo Neves”, disse. Ao contrário de hoje, naquele tempo só existiam dois partidos o PDS, ao qual era filiado, e o PTB.
Nas primeiras eleições gerais, o PDS elegeu quatro deputados federais ao PTB três. Havia apenas 18 mil eleitores e votaram 14 mil. Hoje são mais de 200 mil, sendo cerca de 50 por cento na capital. “Pelos números podemos ter certeza que o Acre cresceu e precisa ser defendido por seus representantes na câmara e no senado”. No início de 1956, o então governador do território do Acre, Valério Magalhães, nomeou Kalume como prefeito de Xapuri. De 1956 a 1961, a princesinha do Acre foi administrada por Jorge Kalume. E há quem diga ter sido ele o melhor prefeito da cidade de todos os tempos.
De fato e de direito a carreira política de Kalume começou a partir do convite feito por Valério Magalhães, seu amigo pessoal. O presidente da República era Juscelino Kubistchek. Em 1962 Kalume deixa a Prefeitura de Xapuri e lança-se candidato a deputado federal pelo PSD – Partido Social Democrático, comandado por José Guiomard dos Santos. Os acreanos elegeram Kalume em 3° lugar entre sete candidatos. O PSD também foi vitorioso, pois elegeu quatro deputados, contra três do PTB – Partido Trabalhista Brasileiro.
Depois de defender incansavelmente os interesses do Acre na Câmara Federal, Jorge Kalume é convidado a ser candidato a governador pelo o mesmo partido e vence as eleições. A posse aconteceu dia 3 de Março de 1966. “Fiquei no poder até 3 de março de 1970 e tenho certeza que cumpri com meu dever. Trabalhei com honestidade e dei chance a nenhum de meus assessores meter a mão nos cofres públicos”, afirmou na época em que era Prefeito de Rio Branco. Ao deixar o governo em 1970, Kalume preferiu não ser candidato a nenhum cargo eletivo, e foi trabalhar a fim de fortalecer ainda mais seu partido. Ele conseguiu.
Em 1976, assumiu a diretoria financeira do Basa da Amazônia onde ficou até 1978, quando foi convidado a ser candidato a senador. Venceu a eleição e permaneceu no senado federal até 1987. Em 1982, ele perdeu as eleições governamentais para Nabor Júnior, do PMDB. Nesse ano já havia mais PSD e sim PDS – Partido Democrático Social. Quatro anos depois em 1986, Kalume tenta voltar ao senado, mas seu partido não proporcionou legenda suficiente para elegê-lo. Aluízio Bezerra e Nabor Júnior, ambos do PMDB foram os vencedores. “Não fui reeleito, mas individualmente obtive mais votos que os demais candidatos”.
Em 1988 Kalume atende o chamado dos pedecistas e encara outro desafio: lança-se candidato a prefeitura de Rio Branco, único cargo que faltava em seu currículo político, com exceção de presidente.
Fonte: Acervo do Patrimônio Histórico do Acre
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