Se a população reclamava da onda de violência que tomou conta das ruas de Rio Branco, a situação pode ficar bem pior. O efeito dos cortes de despesas anunciado em Brasília, pela presidenta Dilma Rousseff, chegou ao Acre, atingindo em cheio o setor de segurança pública, com cortes que deixaram os profissionais que atuam nas delegacias especializadas de Rio Branco, preocupados e, de mãos atadas diante da atuação de criminosos que desafiam as policias do Estado, diariamente.
Enquanto o Governo do Estado faz uma enxurrada de nomeações de cargos de confiança, foram anunciadas nesta sexta-feira, 04, as primeiras medidas de contenção de despesas na área de segurança, setor campeão de reclamações por parte da população, que sofre com a constante onda de assaltos, roubos e tentativas de homicídios.
Segundo informações de agentes de polícia, que procuraram a reportagem do ac24horas, os cortes atingem diretamente o setor de inteligência e investigação da Polícia Civil. Na próxima semana, todos os veículos descaracterizados das delegacias de Repreensão Entorpecentes, Anti Assalto e Grupo de Capturas, serão recolhidos e as viaturas terão a cota diária de combustível reduzida.
De acordo com os policiais, que pediram para ter seus nomes preservados, por medo de represálias de seus superiores, a Delegacia Anti Assalto, que contava com quatro veículos descaracterizados nas investigações, passará a contar apenas com um. A mesma medida será adotada nas demais especializadas, que não contarão com veículos não oficiais nos trabalhos de investigação e captura.
Um dos agentes chegou a ser irônico. Segundo ele, um delegado, com sarcasmo chegou a dize que seriam compradas bicicletas cargueiras para os agentes fazer os trabalhos de campo, da Polícia Judiciária. As viaturas das delegacias especializadas são abastecidas diariamente com 30 litros de gasolina, com a redução, algumas viaturas receberão até 10 litros a menos.
As medidas de contenção de despesas foram anunciadas através de circular, da secretaria de Polícia Civil. Os agentes afirmaram a decisão de fazer os cortes prejudicarão de forma direta, os trabalhos de investigação do serviço de inteligência, deixando a sociedade exposta à ação dos assaltantes e traficantes, responsáveis diretos pela onda de violência na capital Acreana.
É o efeito Dilma chegando ao Acre. Enquanto os políticos reajustam seus salários em 65%, a população sofre com a contenção de despesas em setores de necessidade premente da estrutura administrativa.
E a economia de R$ 8,5 milhões?
Pressionado pelo Ministério Público Estadual, para extinguir os Grupos de Trabalho (GT), o Governo do Estado se apressou em enviar um projeto de reforma administrativa ao Poder Legislativo do Estado, criando 1033 cargos na estrutura administrativa, um departamento e duas novas secretarias.
A criação dos novos cargos, 178 ficou subdividida entre salários de secretários, subsecretário e diretores, e 855 em cargos de segundo e terceiro escalão, escalonados de CEC 1 a CEC 5, num valor aproximado de R$ 2,3 milhões na folha de pagamento do Estado.
O mesmo projeto deixou em aberto, conforme a necessidade do governador Tião Viana (PT), acrescentar mais 30% de contratações, sobre o número de cargos criados. Na aprovação da reforma administrativa, os governistas cogitaram uma economia anual de R$ 8,5 milhões.
Passada a aprovação da reforma administrativa, e o carnaval, começa realmente o ano de trabalho da atual administração, com os cortes começando pela área de segurança, levando o contribuinte a refletir sobre a economia anunciada, se seria prudente os cortes em uma área tão fragilizada pela atuação dos criminosos.
As nomeações para os cargos criados começaram antes mesmo do carnaval, entre um edital e outro, das edições do Diário Oficial, uma nomeação.
Ray Melo, da redação do ac24horas
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