Considerado um dos projetos de maior alcance popular e político o projeto “Ruas do Povo” é visto pelo Governo do Estado e pelos prefeitos dos municípios que estão sendo beneficiados, como uma “carta na maga” ou uma “tábua de salvação” para as próximas eleições municipais, já que o projeto atinge diretamente um grande numero de pessoas é de se esperar que imbuídos por um espirito obrigação em retribuir as benfeitorias a população possa direcionar seus votos aos candidatos apoiados pela administração estadual.
É inegável que o projeto em si é de uma importância e necessidade tamanha, prova disso são as condições em que se encontravam as ruas beneficiadas, em especial as ruas da “terrinha” em que tenho conhecimento. Porém o projeto começa a apontar alguns problemas. Estive recentemente em Assis Brasil e pude constatar em rápida conversa com alguns moradores que os mesmos começam a se queixar que um dos problemas após a pavimentação é que o nível da rua ficara mais alto que de seus terrenos oque está causando com as primeiras chuvas um represamento das aguas nos quintais e esquinas. Em Brasiléia a grande discussão é qualidade dos serviços, já que algumas das primeiras ruas beneficiadas a menos de 2 meses atrás começam a mostrar problemas estruturais, inclusive com a necessidade de alguns “remendos”.
Em Xapuri além dos problemas de algumas reclamações sobre a “qualidade” dos serviços principalmente de acabamento está agora o de crime ambiental. A empresa responsável pela pavimentação dos 8 km de ruas de Xapuri, capta através de caminhão “pipa” agua para compactação do solo a ser pavimentado no igarapé Santa Rosa, logo após o término da Rua Rótere no Bairro Cerâmica, porém o que está mais do que provado que de forma criminosa está danificando aquele recurso hídrico além de contaminação do solo e de animais.
Após ter recebido a denuncia (inclusive com fotos para efeito de comprovação) de que a empresa estaria de forma desrespeitosa derramando óleo queimado à margem daquela corrente de agua, fiz uma visita no local e constatei sem cuidado algum a bomba de sucção é abastecida praticamente dentro do igarapé o que a cada procedimento boa parte do combustível , vai diretamente para dentro d’água. Nas imediações das margens é visível a quantidade de óleo queimado espalhado pelo chão, que chega inclusive a formar um pequena crosta que seque pelo declive diretamente para o igarapé.
Em alguns pontos próximos à ponte Santa Rosa (local da captação de agua), é possível constatar uma crosta superficial sobre a agua de produtos oleosos, que em decorrência da quase inexistente correnteza está estagnada em vários pontos ao longo da extensão da corrente de agua.
Não é a primeira vez que o Igarapé Santa Rosa sofre tamanha agressão, devido quase toda sua extensão estar dentro de campos, nos últimos anos sofreu com a extinção de sua mata ciliar o que o levou a uma redução no volume de agua e no movimento de sua agua. Outro grande impacto fora o despejo de resíduos de material sintético de alguns postos de lavagem (diques) no seu leito, porém o que e é vergonhoso nesse caso é que a agressão parte diretamente a partir de um projeto de Governo.
Em 2009 e 2010, projetos de revitalização do Igarapé Santa Rosa foram inclusive aprovados com recursos públicos, porém as ações resumiram a algumas visitas in loco, fotinhas e festival de diárias, porque nada de efetivo fora desenvolvido, com exceção de discursos e marketing nada de concreto é possível ver dos recursos utilizados.
Em 2003 em uma atividade acadêmica percorremos boa parte da extensão daquele Igarapé e naquela época contatamos que o órgão ambiental local (Secretaria Municipal de Meio Ambiente) sequer sabia onde nascia e onde terminava o igarapé e de que naquela época não havia nenhuma atividade voltada para aquele recurso hídrico, o que me faz lembrar que diante dos fatos nada mudou acredito que se atualmente haja algum estudo ou ação por parte da pasta do Meio Ambiente local, deve estar mais do que esquecida.
Acredito que antes de mais nada, está mais do que na hora do Ministério Público e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente tomar as providências cabíveis necessárias, ou só porque o dano ambiental é em decorrência a execução do Programa de Governo do Tião Viana pode?
E depois ainda insistem em dizer que Xapuri é cidade ecológica. Imaginem se não fosse!!!
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