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quarta-feira, 17 de março de 2010

Coisas de Acre!!!

Flagelo educacional: “massa” que vai decidir a eleição no Acre é analfabeta 

Por:Jairo Carioca - AC24horas.com 

O quadro é especialmente dramático. O percentual de eleitores analfabetos no estado do Acre é bem superior a média registrada na região norte, de 8,3%. São mais de 67 mil analfabetos e mais de 92 mil analfabetos funcionais, pessoas que sabem ler e escrever, mas que são incapazes de interpretar um texto ou um simples anúncio, 20,8% dos cadastrados. No topo da pirâmide educacional, estão 138 mil eleitores que tem o primeiro grau incompleto.

O mais grave apontado ao ac24horas pela socióloga Eurenice de Oliveira, coordenadora do Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Acre, é que o modelo educacional vigente não prepara eleitores para escolher homens servidores do país.
- A educação que está sendo festejada hoje é a educação tecnicista, aquela que prepara a força de trabalho para o trabalho parcial, temporário, informal, sem garantias, sem direitos - revela.
Eurenice citou Marx, “o grande rebelde” entre os economistas políticos clássicos, que diz: “o homem faz a história, mas não segundo a sua vontade”. A socióloga explicou que neste caso, “se o eleitor votasse, apostaria na existência  de frestas de luz para construir projetos alternativos de uma sociedade onde o voto não fosse uma mercadoria”.
- Suponho que para escolher racionalmente, os motivos racionais serão tenazmente selecionados com a interferência da tecnologia da comunicação que articulará os outros motivos da ação de forma esteticamente convincente – acrescentou a coordenadora.
O tema também foi apontado no Planejamento Estratégico do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/Ac) que apresentou como principal desafio às eleições de 2010, a consolidação da instituição como instrumento efetivo de Justiça, Equidade e Paz Social.
A situação que apresenta um terreno fértil para a proliferação da picaretagem política, dividiu opiniões no parlamento acreano. O socialista Luiz Calixto (PSL) não acredita que esse eleitor seja totalmente comprometido com os esquemas políticos. “Se eles vêem filas para dar dinheiro, porque não entrar? Até eu entraria!”, diz o deputado.
- Um eleitor de baixa escolaridade não é necessariamente um eleitor politicamente incapaz. Pode, obviamente, discernir entre os candidatos sérios e os enganadores – acrescentou Calixto.
Já para o tucano Donald Fernandes, que trabalha com mais de duas mil vitimas das drogas, existe um paradoxo, entre os números educacionais mostrados pelo Estado e a realidade que vive grande parte da população. O médico afirma que esse eleitor sem formação não está preparado para escolher um governante.
- Além do linchamento educacional, esse eleitor passa fome, esta degradado moralmente. Como é que vai ter discernimento para escolher com imparcialidade um governante? – questiona o deputado.
Indo mais além, Donald afirma que esse modelo é vigente porque no Acre falta um parlamento mais atuante. “Eu me incluo nesse contexto”, disse o parlamentar ao analisar o fraco desempenho dos debates políticos da atual legislatura, relacionados a educação.
Edilton Souza, que há dez anos está desempregado e que esse ano mais uma vez foi vitima da alagação, é um dos eleitores que declarou ao TER/Ac, mal saber ler e escrever. Ele não se lembra nem em quem votou nas últimas eleições. É um dos 30% de brasileiros das classes C, D e E que não acompanha as atividades políticas e que está inserido no Brasil que a socióloga Eurenice de Oliveira chama de “um país de desempregados”.
- Quer chamem de lamúria, ou não, também não dá para ignorar que o Brasil ainda é um país de desempregados, de homens e mulheres que sobraram do processo de desenvolvimento e que foram projetados na precarização, com famílias inteiras de sobrantes, formando o grupo dos superfluos que oscilam entre a precariedade e a desfiliação.
Essa é a massa que vai digitar nas urnas, os números dos partidos e candidatos que vão governar o Estado e o País por mais quatro anos. O número de eleitores com nível superior representa apenas 1,9% do total, 8.463 pessoas. A situação é mais preocupante nos municípios do interior: em Porto Walter, no Vale do Juruá, mais de 30% dos eleitores declararam jamais ter passado pela sala de aula. No Jordão, a realidade é ainda pior: 41% dos eleitores são analfabetos. Situação semelhante também é encontrada nos municípios de Tarauacá e Feijó, ambos com mais de 33% de eleitores analfabetos.
Para Eurenice somente uma “catástrofe cultural” será capaz de mudar o cenário que apresenta uma sociedade que ainda convive com a miséria, um eleitorado enfadado pelas mazelas políticas, tentado pelas promoções de compras de votos, partidos desestruturados e um Judiciário que tem como realidade a utilização de recursos eleitorais meramente protelatórios.
- Depende das forças em confronto que está bastante marcado por posições vigilantes, tanto no Brasil quanto no Acre, – respondeu a socióloga.
"Trata-se de formar uma correnteza tão forte e direcionada que redefina o curso do rio", continuou. Ela criticou a forma como o Estado fortalece grupos da sociedade organizada, o que chama de "ampliação dos projetos políticos".
Eurenice concorda com o pensamento do TRE e diz que a afirmação sagaz e hermética do presidente do Tribunal, desembargador Arquilau de Casto [que aposta em agentes de mudanças] só não identifica quais os agentes e quais mudanças serão feitas, "o que abre um caloroso debate", concluiu.

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