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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

TENDÊNCIAS NA MORTALIDADE POR CÂNCER NA CIDADE DE RIO BRANCO

Estudo mostra que entre 1996 e 2004 as taxas de mortalidade entre pessoas do sexo masculino apresentaram crescimento constante, com variação anual de 3,3%, e estabilidade nos indivíduos do sexo feminino.

O câncer tem evoluído de forma notável como uma das principais causas de óbitos entre a população brasileira. Na década de 80 era a quinta causa de morte. Em 2000 ele passou a figurar como a terceira causa mais comum e em 2007 tornou-se a segunda causa mais frequente, correspondendo a 15,4%, do total de óbitos, atrás apenas das doenças do aparelho circulatório, que representaram 29,4% do total de óbitos registrados no país.

Na Amazônia Ocidental a distribuição temporal da incidência e mortalidade por câncer ainda é desconhecida e foi com base nesse desconhecimento que uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Acre e da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz, decidiu avaliar a tendência temporal da mortalidade por alguns tipos de câncer entre residentes da cidade de Rio Branco.

O estudo, de autoria dos pesquisadores Juliano de Pádua Nakashima, Sérgio Koifman e Rosalina Jorge Koifman, avaliou apenas a mortalidade causada pelo câncer de mama, colo uterino, próstata, pulmão, estômago, cólon, reto, fígado e vias biliares, mostra que entre 1996 e 2004 as taxas de mortalidade entre pessoas do sexo masculino apresentaram crescimento constante, com variação anual de 3,3%, e estabilidade nos indivíduos do sexo feminino.

Em ordem decrescente, as taxas mais elevadas de mortalidade no sexo feminino derivaram de câncer do colo uterino, pulmão, fígado e vias biliares intra-hepáticas, estômago e mama, enquanto que no sexo masculino as maiores taxas derivaram do câncer de pulmão, próstata, fígado e vias biliares intra-hepáticas, estômago e esôfago. Foi observada uma elevação na mortalidade por câncer de próstata, câncer de mama e de pulmão em mulheres, e um declínio na mortalidade causada pelo câncer de colo uterino, câncer de pulmão em homens, e câncer de estômago em ambos os sexos.

Um dado preocupante revelado pelo estudo foi a constatação de uma alta mortalidade por câncer de fígado e vias biliares intra-hepáticas, que representaram a terceira maior causa de morte por câncer em residentes de ambos os sexos. A infecção pelos vírus da hepatite B e C, um dos fatores mais importantes para o surgimento da doença, é endêmica na região e segundo dados do Ministério da Saúde, em 2005 as taxas de mortalidade por hepatites virais B e C no Acre foram as maiores do Brasil.

A mortalidade pelo câncer de colo uterino apresentou tendência decrescente, porém não constante, com uma variação anual de -10,7% entre 1994 e 2000. Segundo os autores, essa redução pode estar relacionada à melhoria no acesso aos serviços de saúde e adesão aos programas de prevenção, e que o diagnóstico precoce de lesões cervicais e seu tratamento têm sido mais efetivos.

A mortalidade por câncer gástrico no sexo masculino também tem apresentado tendência decrescente, com uma variação anual e constante de -3,4%. Esta diminuição pode estar relacionada a uma diminuição na incidência da doença, uma vez que o tratamento específico não evoluiu significativamente nos últimos anos, e a diminuição na exposição aos fatores de risco decorrentes da universalização da refrigeração elétrica e outras formas de conservação dos alimentos, melhorias do saneamento básico e modificações no hábito alimentar, com aumento da ingestão de frutas, legumes e verduras e redução no consumo de sal.

O câncer de traquéia, brônquios e pulmão no sexo masculino também apresentou tendência decrescente, não constante, com variação anual de -2,8%. No sexo feminino as taxas mantiveram-se relativamente estáveis entre 1982 e 1984, porém foi verificado um crescimento significativo da taxa de mortalidade entre 1989 e 1996, que atingiu 14%, decaindo desde então para 2,1% até o ano de 2004.

A mortalidade por câncer de próstata apresentou aumento significativo, mas não constante, tendo sido observada grande oscilação nas taxas durante o período estudado pelos pesquisadores. A tendência de crescimento, entretanto, foi evidente entre 1988 e 2004, quando a taxa apresentou variação anual de 3,3%.

A mortalidade por câncer da mama revelou crescimento acentuado entre 1993 e 2004, com uma variação anual de 5,5%. Segundo os autores, esse aumento pode estar relacionado ao envelhecimento populacional, à exposição a substâncias químicas, como hormônios exógenos, bem como o aumento da prevalência da obesidade e fatores dietéticos. A ausência de um programa de rastreamento que atinja toda a população feminina suscetível, associada à precária assistência terapêutica prestada, provavelmente contribuirá para que a tendência na mortalidade por câncer de mama permaneça crescente por alguns anos.

O artigo Tendência da mortalidade por neoplasias malignas selecionadas em Rio Branco, Acre, Brasil, 1980-2006, de Juliano de Pádua Nakashima, Sérgio Koifman e Rosalina Jorge Koifman, pode ser lido por no site da revista Cadernos de Saúde Pública.

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