Para comemorar os cem anos da imigração japonesa no Acre, foi preparada uma programação por um grupo de descendentes de japoneses nascidos fora do Japão (nikkeis), com o apoio do governo do Estado. A programação, que tem inicio nesta quarta-feira, 18, envolve mostra de filmes, exposição de ikebana, bonsai e origami, na Biblioteca da Floresta.
Um dos momentos mais importantes acontece nesta quinta-feira, com a homenagem que o governador Binho Marques faz aos patriarcas das três primeiras famílias japonesas a se instalarem no Estado, com solenidade, às 19 horas, no Salão Dom Pedro do Palácio Rio Branco. Em seguida acontecem a apresentação musical sob a regência do maestro Mário Brasil e a homenagem do prefeito Raimundo Angelim ao médico Tetsuo Kawada, finalizando com um coquetel aos convidados.
Imigração japonesa na Amazônia
No ano de 1895, Brasil e Japão assinavam, em Paris, o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação, dando início ao centenário que ora se comemoram. Treze anos após a assinatura do acordo, chegava ao Brasil, mais precisamente ao porto de Santos, o primeiro navio com imigrantes japoneses, "Kasato Maru". A imigração japonesa na Amazônia só começaria a ser tratada em 1923, através de negociações entre o governador do Estado do Pará, Dionísio Bentes, e o então embaixador do Japão, Hichita Tatsuke.
No Acre, a história da imigração japonesa traz como um dos seus principais representantes Isao Furuno, que chegou a Rio Branco em 1920, depois de ter encarado extenuante trabalho nas fazendas peruanas e enfrentado, junto com dois companheiros, um naufrágio no rio Tahuamano. Não houve mortes, mas os náufragos não conseguiram salvar as economias amealhadas em quase três anos de labuta.
Estabelecido em Rio Branco, ele precisou recomeçar a vida. Trabalhando de sol a sol, foi criando as bases de um projeto de horticultura, próximo à Rua Seis de Agosto, na beira da praia. Muito depois mudaria para uma propriedade maior, na Rua da Capoeira. Ali plantou milho, arroz e feijão.
Depois, em 1959, vieram as primeiras seis famílias de imigrantes japoneses, que atendiam a um chamado do governo acreano, que pretendia empregá-los em um projeto de horticultura. O objetivo da iniciativa, já naquela época, era criar condições de abastecimento da cidade e reduzir, conseqüentemente, a importação de produtos alimentícios. Esses produtos chegavam ao Acre principalmente através do Rio Amazonas, e seu preço final era encarecido pelo transporte.
Naquele mesmo ano chegavam mais sete famílias de imigrantes, e como as demais, foram encaminhadas à colônia japonesa estabelecida próximo ao Quinari. Outras 37 deveriam cruzar o Oceano Pacífico no rastro das primeiras, mas por alguma razão que permanece desconhecida, não aportaram em Rio Branco. (Fonte Revista Outras Palavras Ano 1/ nº 0 - outubro de 1999 - Archibaldo Antunes)
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