Manoel Lima, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Acre (Sinteac), faz uma retrospectiva da luta da categoria e apresenta um balanço positivo das conquistas obtidas nos últimos anos. O Estado, que segundo ele assumia o 26º lugar na qualidade do ensino no país, está agora em nono. E melhorando.
Os avanços englobam a melhoria da estrutura física das escolas, a qualificação profissional dos servidores e melhores salários. Ele credita essas conquistas à luta contínua dos trabalhadores e à sensibilidade do governo, o que faz com que o Acre hoje tenha bons exemplos a oferecer ao resto do país.
Manoel Lima lembra que até bem pouco tempo o Acre assumia os piores lugares com relação ao atendimento básico às comunidades. A situação era enfatizada por aqueles que dizem que um Estado pobre (apesar de o Acre possuir muitas riquezas) sempre terá o pior serviço público.
No entanto, o crescimento da educação (assim como de outros setores no Estado) vislumbra um futuro ainda melhor para uma nova geração que surge dotada de novos conhecimentos e segura de seus direitos e deveres. Leia a seguir o conteúdo das declarações feitas pelo sindicalista sobre o novo tempo da educação no Acre.
Como o senhor avalia a luta dos trabalhadores em educação no Acre?
A educação do Acre se encontra em destaque hoje, inclusive em nível nacional. Temos a absoluta certeza de que o desafio de sermos formadores de opinião e de estar passo a passo construindo uma educação pública e de qualidade para todos, tem feito com que os trabalhadores tenham tido muitas decepções, mas também muitas alegrias.
No que o senhor baseia sua avaliação?
Para ver isto basta relembrar que há poucos anos tínhamos escolas que funcionavam embaixo de pés de árvores, com bancos improvisados e feitos pelos próprios moradores. Sabemos que ainda falta muito para chegamos aonde queremos, mas quando a gente observa os indicadores de crescimento parece um sonho de estarmos comemorando a realidade e o caminho vitorioso dos servidores.
Como era a situação dos professores naquela época?
Tínhamos professores que lecionavam para quatro séries, ao mesmo tempo em que eram serventes, merendeiras, diretores, vigias e inspetores. Na zona rural e também na zona urbana cada um trazia um produto de casa para garantir a merenda dos alunos. É preciso relembrar essas coisas para ver a importância da luta dos trabalhadores e o que temos hoje.
Quando começaram a acontecer as mudanças?
Essa radiografia anterior nos levou a um debate enfocando que a valorização profissional dos servidores da educação passava por questões importantes como a rede física adequada, política salarial e qualificação da mão de obra. Se pontuarmos como éramos antes e como estamos agora vamos verificar avanços significativos, graças, em primeiro lugar à luta dos trabalhadores e à sensibilidade do governo. Somente com a vontade dos trabalhadores não teria sido possível, assim como somente a vontade do governo não teria efetivado tantas mudanças.
O que veio primeiro?
Foi preciso que iniciássemos uma luta que fosse além da questão partidária e ideológica. Foi “bebendo” da experiência uns dos outros e debatendo sobre os prós e os contras que nós conseguimos instituir uma proposta de formação dos trabalhadores da educação, começando pelo professor. Tivemos primeiro um curso de formação em nível de Ensino fundamental, porque muitos só tinham estudado até a quarta série. Depois construímos outro curso para que eles concluíssem também o Ensino Médio. Depois disso iniciou-se uma discussão sobre a necessidade de formação do curso superior.
O que veio depois da conquista da formação dos professores?
Nós estamos finalizando agora as últimas turmas de formação de nível superior para os professores da rede Estadual. Há cerca de um ano iniciamos debate sobre a formação de ensino superior para o funcionário de escola e a negociação já está quase concluída. Nos próximos dias estaremos recebendo do governo, em parceria com as prefeituras, a data de início do curso para a primeira turma da faculdade para os funcionários.
Como funcionará esse novo projeto?
Já temos da Secretaria de Estado de Educação a garantia de 770 vagas, divididas em 22 turmas, polarizado na maioria dos municípios. O Sinteac também está elaborando um projeto para a formação continuada aos professores que concluíram o curso superior, visando a pós-graduação e mestrado. A qualificação e atualização do profissional são um debate continuo.
O que dizer dos avanços da política salarial?
Ainda não chegamos aonde queremos, mas avançamos tanto que há sete ou dez anos a folha de pagamento dos servidores do Estado era R$ 22 milhões e hoje, sem muito acréscimo no quadro de funcionários, já ultrapassa os R$ 74 milhões. Isso significa que na política salarial nós avançamos muito. Hoje, em relação à formação de nível superior somos um dos melhores salários do país. Faço toda essa retrospectiva para dizer que o funcionário da escola é responsável por isso. Seja o gestor, o diretor, o professor na sala de aula, a merendeira ou o vigia noturno. Estávamos certos em dizer que era preciso melhorar a estrutura da escola, o salário e a formação. E ainda, que a gestão fazendo isto, nós funcionários ofereceríamos o melhor, que é a qualidade do ensino. O resultado é que o município de Rio Branco é o melhor da região Norte e o Estado está no patamar nacional.
O que o senhor diria à categoria hoje?
Que ela está de parabéns por esse resultado, e por estarmos em primeiro lugar em tudo. Vamos ser o primeiro Estado Brasileiro a formar todos os professores da rede Estadual e o primeiro no país a começar a primeira faculdade para servidores de escolas. Estamos entre os melhores salários e vamos chegar em primeiro lugar em nível da qualidade de ensino. Portanto, estamos no caminho certo. O Acre tem exemplo para dar e não poderíamos deixar índices tão importantes passarem em branco. Parabéns a todos os funcionários da educação e a todos que ajudaram nessa luta. Ainda precisamos avançar, mas temos que ser gratos com aquilo que já conquistamos.
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