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segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Recebi um comentário, falando de sua preocupação que em algumas postagens tenho pegado pesado no vocabulário. Pois é amigos visitantes, uma coisa que eu ainda não falei sobre mim é que eu tenho "a boca suja".

É claro que eu escovo os dentes infinitas vezes durante o dia! Afinal, além de higiênico e extremamente necessário, torna-se imprescindível quando a sua boca é dominada por arames - eu uso aparelho ortodôntico!

A "sujeira" à qual me refiro são os famosos palavrões! Eu os uso - e muito! - como advérbios de intensidade. Não conheço coisa alguma que expresse com tanta propriedade os sentimentos nada nobres que eventualmente me dominam.

Para provar o meu ponto utilizo-me de um texto atribuído a Millôr Fernades intitulado O Foda-se que publico a seguir.

O Foda-se
O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de foda-se! que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do foda-se!? O foda-se! aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta.

Não quer sair comigo? Então foda-se!. Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!. O direito ao foda-se! deveria estar assegurado na Constituição Federal.

Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia.

Pra caralho, por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que Pra caralho? Pra caralho tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?

No gênero do Pra caralho, mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso Nem fodendo!. O Não, não e não! e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade Não, absolutamente não! o substituem. O Nem fodendo! é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo ‘Marquinhos presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!’. O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicinio.

Por sua vez, o porra nenhuma! atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a gravata daquele chefe idiota senão com um PHD porra nenhuma!, ou ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!. O porra nenhuma!, como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha. São dessa mesma gênese os clássicos aspone, chepone, repone e mais recentemente, o prepone - presidente de porra nenhuma.

Há outros palavrões igualmente clássicos.
Pense na sonoridade de um Puta-que-pariu!, ou seu correlato Puta-que-o-pariu!, falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba... Diante de uma notícia irritante qualquer puta-que-o-pariu! dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.

E o que dizer de nosso famoso vai tomar no cu!? E sua maravilhosa e reforçadora derivação vai tomar no olho do seu cu!. Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: Chega! Vai tomar no olho do seu cu!. Pronto! Você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e sai à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.

E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: Fodeu!. E sua derivação mais avassaladora ainda: Fodeu de vez!. Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e autodefesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? Fodeu de vez!.
Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se...

Imagino que agora tenha ficado mais clara a minha idéia, né? Não! Eu não estou dizendo que é bacana. E é menos legal ainda quando eu tenho que me controlar horrores para não mandar uma sonora obscenidade - daquelas ditas por extenso, sabe? -bem na frente de pessoas que muito respeito ou a quem exaustivamente falamos para não usar palavreado de baixo calão. Complicado? Deveras! Só que na maior parte do tempo é muito mais forte do que eu.

Estou explicando tudo isso porque geralmente sem denotar e, fortuitamente, aparecem algumas explosões de raiva em expressões não muito simpáticas neste blog. Daí já estou solicitando as desculpas por antecipação.

Até a próxima!

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