Feijoada não é cabo-eleitoral

“Foi assim que o Jorge Viana se elegeu”. A frase dita pelo jornalista Washigton Aquino em seu programa de televisão, bem retrata o grotesco episódio da ação determinada pela justiça contra as comemorações do aniversário do PMN e do deputado federal Sérgio Petecão (PMN). Não estou defendendo que se pise no Código Eleitoral, mas a liberdade de expressão, uma garantia constitucional.l O equívoco não foi da Polícia Federal , que apenas cumpria um mandato judicial. Mas do Juiz Marcelo Coelho. O magistrado pode até estar recheado de boas intenções, até eu creio que tenha agido no sentido de evitar um crime eleitoral, mas deveria ter antes de tomar a decisão se cercado de cautela, até pelo instituto de presunção de inocência. Como diz Jack o Estripador, vamos por partes: não há nada no Código Eleitoral que impeça um partido de comemorar seu aniversário de fundação. Nem um político. Não existe candidatura nenhuma a prefeito, porque não aconteceram as convenções. Se não existe candidato não há como se punir alguém por fazer campanha. O PC do B comemorou o aniversário do partido com a presença de seus deputados, distribuindo bolo em uma solenidade na Assembléia Legislativa. O PMDB recentemente comemorou com um grande churrasco em Brasiléia uma aliança com o PTC e PSDC. O PT comemorou outro dia com bolo seu aniversário. Cometeram crimes à luz da legislação? Querem transformar a feijoada do Petecão em cabo-eleitoral? Não,é, em hipótese alguma. E por que o PMN não pode fazer o mesmo tipo de comemoração de forma tranqüila? E com mais um adendo: era também o aniversário do Petecão. Há poucos dias num programa de rede nacional o jornalista Jô Soares entrevistou o deputado federal Fernando Gabeira (PV), e este falou que era candidato, discorreu sobre suas metas para a prefeitura do Rio de Janeiro, e não se falou em punição. Estamos numa democracia, e as eleições no Acre não devem ser disputadas fora deste contexto. Qual é a influência que um prato de feijoada no aniversário de um partido pode influenciar uma disputa de prefeitura? Eleição, senhores da justiça, é uma festa, um congraçamento, não pode ser realizada sob uma camisa de força. Ou a justiça eleitoral daqui é diferente da justiça eleitoral do Rio de Janeiro que, não deu um pitaco nas entrevistas dos candidatos a prefeito Marcelo Crivella (PRB) e Fernando Gabeira (PV) na Rede GLOBO? Ou então, restaure-se a eleição biônica. Muitos como eu, que não tem nenhum compromisso com a candidatura do Petecão, não sou seu cabo-eleitoral, nunca votei nele, consideraram esta atitude uma ratada jurídica sem tamanho. Se fosse em jornalismo isso se chamaria “barrigada”. Este ato falho da justiça era comentado ontem em todas as rodas. E com reprovações gerais. Acho que merece uma posição de todos os partidos. Se hoje foi com o PMN, amanhã pode ser com outro partido.

Não sei quem fez a denúncia ao Juiz Marcelo Coelho. Custa me crer que tenha sido anônima. Mas, se quem formulou a denúncia pensou que poderia prejudicar a candidatura do Petecão, o transformou em vítima. Continuem agindo assim: é tudo que o Petecão quer. Em política, se transformar alguém em vítima é uma tremenda burrice por parte do adversário. O Jorge Viana passou o tempo todo servindo de saco de pancada, e podem ter certeza que o fato de virar vítima colaborou em muito para vencer várias eleições. O mais grave de todo este episódio é que não foi constatado nenhum crime eleitoral. E não falta de um culpado prenderam o bolo de aniversário. Escapou a feijoada porque esta já tinha sido consumida. E o anão Montana Jack, que se escondeu debaixo da mesa. Democracia política, já!

Feijoada não é cabo-eleitoral, tampouco faz campanha.