PF aumenta seu efetivo no Estado e reconhece esforço de Tião Viana
O senador Tião Viana (PT-AC), vice-presidente do Senado, teve reconhecido ontem, em Rio Branco, seu trabalho parlamentar de ajuda no fortalecimento das instituições brasileiras no combate ao crime e na afirmação da cidadania. Foi o que declarou o superintendente da Polícia Federal no Acre, Luiz Cravo Dória, durante uma solenidade na sede do órgão na qual o senador foi homenageado com o recebimento de uma placa como símbolo de gratidão e reconhecimento.
"É o reconhecimento ao senador Tião Viana que tanto tem empenhado esforços para ajudar a Polícia Federal a cumprir sua missão", disse Cravo Dória. A Polícia Federal acaba de aumentar seu efetivo no Acre em 30%. Por norma interna, a Polícia Federal não divulga os números absolutos do total de seu efetivo em atuação em cada unidade da federação.
A solenidade foi realizada para lembrar os 64 anos de criação do Departamento de Polícia Federal, comemorados ontem em todo o país, além de comemorar a promoção de três policiais que passaram à classe especial da categoria. Tião Viana agradeceu as homenagens e declarou que, como cidadão e parlamentar, hoje tem profundo orgulho das instituições brasileiras que procuram reafirmar a cidadania e combater o crime, como é o caso da Polícia Federal.
"É uma instituição forte, que tem a confiança da sociedade brasileira. No
Brasil, hoje, temos três instituições que contam com a confiança da
sociedade, a Igreja, o Exército e a Polícia Federal", disse o senador.
"Temos também, segundo essas mesmas pesquisas, um governo muito bem avaliado pelo povo brasileiro, que é o governo do presidente Lula. As outras instituições caminham para buscar mais credibilidade, mais força. Isso faz parte da construção de um Estado democrático e do estado-nação que nós queremos. Acho que todo cidadão brasileiro que procura fortalecer a Polícia Federal estará fortalecendo a democracia porque esta instituição é a guardiã da sociedade no seu manto constitucional como uma força do Estado brasileiro – não dos amigos, não dos inimigos, mas a instituição que segue as determinações de um Estado que deve ser justo", afirmou.
O senador disse também ter ficado orgulhoso em saber que a Polícia Federal reconhece as mudanças vivenciadas pelo Acre nos últimos dez anos. "Em 1998, ou pouco mais adiante, o que nós ouvíamos de um superintendente respeitável da Polícia Federal, era a informação de que ele estava enviando ao Ministério da Justiça relatório dizendo que a instituição não tinha condições de enfrentar aquele momento de crise institucional que o Estado vivia. Era como se três mil homens do aparelho do Estado recebessem ordens de uma força paralela criminosa e a Polícia Federal não tinha condições de enfrentá-los e alertava as instituições federais do grave momento que vivia o Acre com o aparelhamento pelo crime organizado e pelo narcotráfico. Nós estamos falando de apenas 10 anos de distância, quando, para a História, isso não significa nada", lembrou.
De acordo com Tião Viana, o reconhecimento, pela Polícia Federal, de que o Acre mudou o comove profundamente. "Eu fico muito comovido porque jovens que nasceram em 1992, que, portanto, têm 16 anos e que vão exercer a cidadania do voto agora em 2008, não sabem o que era este Estado antes de 1992 e muitos não vão saber o que era o Acre antes de 1998. E, quando a Polícia Federal trata com respeito as instituições deste Estado eu fico muito orgulhoso", disse. "Vejo que aqui há uma instituição que não está preocupada com uma relação pessoal, da amizade. Está agindo na impessoalidade, na grandeza das suas responsabilidades. Tudo o que o meu mandato puder fazer pela Polícia Federal, será feito e de forma institucional. Acho que agindo assim não se está prestando favores. Tenho que ter a mesma responsabilidade que tem o mais simples dos cidadãos em não cometer falhas na vida para poder ser, sempre, respeitado e tratado com dignidade. Quando um filho meu diz 'pai eu te amo', a minha responsabilidade é ainda mais profunda aos princípios com os quais vou aparecer diante dele. O mesmo tem que ser na vida institucional Quando este olhar afirmativo e positivo é posto sobre a Polícia Federal, isso significa grandeza e crescimento", acrescentou.
Preocupação com o aumento
do consumo e tráfico de drogas
Tião Viana manifestou preocupação com o crescimento do consumo e do tráfico de drogas, que aumentou a média de 30% em todo o país, segundo estimativas da própria Polícia Federal. Para o senador, isso atinge dimensões dramáticas num Estado como o Acre, que faz fronteira com países produtores de drogas como a cocaína. "Outro dia, tomei um susto ao ser informado, num município do interior do Acre, que 80% da população carcerária da região estava presa por envolvimento com o narcotráfico. Isso é um drama. Se conseguimos combater a corrupção e melhoramos o Estado, temos pela frente desafios como este", afirmou. "O Acre tem enormes responsabilidades: saímos em dez anos do vigésimo sétimo lugar em qualidade de educação para o décimo primeiro. O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirma que o Acre será, até 2010, o primeiro do Brasil. Já paga o melhor salário de professor no país e todos os professores da rede pública estão na universidade e há universidade em todos os municípios, o que não há em muitos estados do Brasil. Isso está sendo possível porque a corrupção diminuiu muito e porque o investimento nos interesses públicos foi intensificado. Mas ainda temos problema: não é tanto mais a saúde, não é mais a educação. Nosso maior problema hoje é a droga. 80% de presos por narcotráfico! Isso não existe em outro estado do Brasil", lembrou.
Segundo o senador, o maior desafio do Acre é fazer com que não haja o consumo da droga e desestimular seu uso entre a população. "É preciso também o trabalho de repressão ao traficante, e efetivamente através da educação e da conscientização fazer com que as pessoas não comprem droga. Só há traficante porque há cliente, alguém está comprando. A sociedade tem dizer não à droga, que é ainda a maior causa de destruição e de desagregação de famílias e de consciências inocentes que poderiam ter um grande futuro".
O senador alertou que é preciso que a sociedade acreana e suas instituições saibam enfrentar este desfio. "Do contrário, isso vai afetar as relações éticas e institucionais do Estado. A corrupção diminuiu, mas outros problemas vão surgindo. Para este Estado de vigilância, nós confiamos na Polícia Federal, guardiã da sociedade, protetora do manto da Constituição Federal, cumpridores da lei e das exigências de uma instituição do Estado e na qual nós acreditamos para uma relação de confiança, de respeito e de independência entre as partes", afirmou Viana. "A Polícia Federal evoluiu muito. Saiu de uma polícia presa às forças dos serviços de inteligência arcaico, do SNI, que fazia mal à democracia porque tratava os amigos de um jeito e aqueles de quem não gostava de outro, usando a força do Estado, para uma polícia independente, institucional e de grandeza. E nós queremos que esta instituição cresça, seja sempre um orgulho do Brasil. Para isso, nós temos que olhar das causas e das questões salariais, além das condições de trabalho e de inteligência. Tenho certeza que o governador Binho Marques pensa como eu. Tenho certeza do apreço e da confiança que o presidente Lula tem por esta instituição. Quanto a mim, estarei sempre, ao lado de outros companheiros sérios da luta política, na defesa do fortalecimento da Polícia Federal. Vou continuar apoiando a Polícia Federal porque quando ela tira das ruas os criminosos, quando ajuda a combater a corrupção, quando ajuda a combater a ameaça à soberania da Amazônia, o crime via internet, a lavagem de dinheiro, está nos permitindo ter uma sociedade melhor, mais justa e mais verdadeira. É uma instituição que merece nossa confiança e apoio para que seja sempre impessoal e que atenda o interesse da ordem constitucional como polícia do Estado", disse.
Estratégia para enfrentar o crime com a Estrada do Pacífico
O superintendente da Polícia Federal no Acre, Luiz Cravo Dória, admitiu ontem o aumento, na ordem de 30%, do narcotráfico, mas ressaltou que a instituição está se preparando para enfrentar o problema através de um plano estratégico cuja data limite é o ano de 2022, quando o Brasil vai comemorar o bicentenário de sua independência. Além do narcotráfico, que em vários países vem diminuindo, ou se estabilizou, a Polícia Federal vai se preparar para enfrentar questões decorrentes da globalização, como os crimes de evasão de divisas, a movimentação de mercadorias e de capitais, tráfico de pessoas, crimes ambientais e através da Internet.
Em nível regional, o grande teste para a Polícia Federal, segundo admite Cravo Dória, é o ano de 2010, com a inauguração da rodovia do Pacífico. À medida que será fundamental para o desenvolvimento estadual, na visão da Polícia Federal, a estrada também trará problemas para os órgãos de segurança. "Vamos viver também um maior fluxo de pessoas, de mercadorias, de pessoas. Temos, portanto, que estar preparados para atuar diante disso e de crimes que vão surgir", disse num comunicado aos policiais nas solenidades de comemoração dos 64 anos de criação da instituição no país. A melhor forma de combate ao crime é a união com outros organismos de segurança, destacou o superintendente. Um bom exemplo é a chamada "Operação Arco de Fogo".
Desenvolvida em parceria entre a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, o Ibama, a Receita Federal e órgãos estaduais. "A operação está hoje em Vilhena, em Rondônia, na BR-364. De maneira semelhante vamos atuar na BR-317, trabalhar de maneira efetiva nos dois aeroportos, com controle dos rios. Penso que assim nós teremos um excelente nível de controle e de segurança para o Estado", afirmou.
O problema do acréscimo do narcotráfico, para Cravo Dória, está relacionado ao fato de o Brasil fazer fronteira com os três países que mais produzem cocaína no mundo, Colômbia, Bolívia e Peru. "O foco do trabalho policial, que antes se limitava a formas tradicionais de controle do crime e preservação da ordem, volta-se também para a provisão de segurança mediante tecnologias destinadas à identificação, previsão e administração de riscos, tal como sempre fizeram os setores de seguro e de crédito", detalhou o superintendente. "Estão fadadas ao fracasso as velhas políticas de segurança pública baseadas na mera repressão aos crimes tipificados nas leis penais ou, na ótica militarista, que a missão da polícia é manter a qualquer custo a ordem estabelecida, através da força".
De acordo com o discurso do superintendente, "não é verdade que o aumento do crime se deve à falta de leis mais duras ou porque segundo alguns a política prende e a justiça solta ou ainda que faltem recursos materiais e pessoais nas delegacias". Para ele, as polícias devem aprender a trabalhar com foco nas ações preventivas, "com os crimes que podem vir a ocorrer e não com mera avaliação do desempenho com base em inquéritos relatados e quantidade de droga apreendida".
Prioridade é não deixar chegar ao Acre as drogas sintéticas
Para que o plano estratégico da PF possa ser aplicado, de acordo com o
superintendente, é necessário que, além das tradicionais atividades
repressivas, os agentes federais devem trabalhar de forma articulada com a
sociedade civil, órgãos públicos e demais operadores da segurança pública.
Para que o Acre possa se manter longe da ação do crime organizado, de acordo com o manifesto do superintendente Cravo Dória são necessários quatro itens de uma estratégia:
1 – Manter o Estado fora da rota das armas contrabandeadas, contribuindo
para a preservação da vida;
2 – Não permitir que as drogas sintéticas, como o ecstasy, cheguem ao
estado;
3 – Atuar na prevenção aos crimes ambientais para que o Acre continue a ser
o Estado mais preservado da Amazônia.
4 – Compreender que a polícia é fator de desenvolvimento para a sociedade, pois ao proporcionar um ambiente de segurança e tranqüilidade para o cidadão, propicia um ambiente favorável aos investimentos privados, os quais, por sua vez, geram oportunidade de trabalho e se afasta a juventude do crime.
O manifesto do superintendente também conclama: "Não imitemos alguns países desenvolvidos em relação aos países periféricos mais pobres. Portanto, não culpemos os nossos vizinhos Bolívia e Peru por eventuais crescimentos de determinados crimes. É nossa obrigação de policiamento nos pontos de entrada por terra, ar e pelos nossos rios".
Segundo Cravo Dória, os agentes federais lotados no Acre têm o dever de
exercer de fato o controle e o policiamento de toda a região de fronteira de
modo a manter a criminalidade dentro de um patamar aceitável. "É esse o
nosso desafio e a nossa meta para 2010", propôs.
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