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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Partidos e Candidatos começam o ano de 2010 aguardando para fechar alianças políticas


Por: Stalin Melo
Do oriobranco.net
O ano de 2009  terminou praticamente como começou. Sem muita movimentação e, à exceção da desfiliação da senadora Marina Silva do PT e o lançamento da sua pré-candidatura à Presidência, sem grandes novidades. À oposição faltou cabedal para se articular melhor no cenário político para 2010. Aos dirigentes da Frente Popular – a coligação governista – interessou mais deixar tudo como está para ver como é que fica.

Nesse cenário de pedras de jogo do xadrez que quase não se movimentam é que o ano de 2010 vai começar a funcionar a partir de fevereiro, quando terminar o recesso legislativo e quando o calendário eleitoral do Tribunal Eleitoral obrigar partidos, coligações e candidatos a definir quais rumos seguirão até outubro.

Há nove anos sem ganhar uma eleição majoritária de grande porte no Estado, os partidos de oposição insistem na tese de lançar mais de uma candidatura ao governo quando o cenário político tende claramente a uma polarização política. Unida, pode virar o jogo que, por enquanto, está desfavorável. Mas da maneira como insistem em caminhar alguns dirigentes podem permanecer mais alguns anos fora do poder.

Do lado do governo, o candidato majoritário está praticamente definido – o senador Tião Viana (PT) – que em tese ainda tem mais quatro anos de mandato. Também está definida, por enquanto, a primeira vaga ao Senado – o ex-governador Jorge Viana – mas a segunda vaga ainda permanece aberta. Nesse quadro, antecipar o debate não é algo que interessa politicamente aos dirigentes dos partidos governistas.

Mas nem tudo são flores para o governo e nem tudo são espinhos para a oposição que, no Acre, segundo alguns analistas políticos, sai para o embate com pelo menos 40% dos votos (percentual que tem se repetido nas duas últimas eleições majoritárias). O caso mais evidente de que um olhar mais atento pode mostrar uma outra realidade política foram as eleições extraordinárias ocorridas em Feijó em novembro passado.

Isso não significa que o candidato da Frente Popular não entrará na disputa do ano que vem como favorito. Em tese, o senador Tião Viana terá à sua disposição uma poderosa máquina governamental trabalhando para elegê-lo e uma memória eleitoral de, pelo menos, duas eleições majoritárias bem sucedidas. O problema, nesse caso, fica por conta do “cansaço” do poder.

Tião Viana terá que explicar aos eleitores do Estado por que os três mandatos da Frente Popular (dois do irmão Jorge Viana e um do governador Binho Marques) não foram ainda suficientes ainda para colocar o Acre em uma situação social e financeira melhor e explicar por que o desenvolvimento sustentável, por aqui, ainda é apenas uma mera retórica no discurso oficial.

Mas a oposição tem problemas. Problemas para apresentar uma alternativa econômica e social melhor para o Estado e mostrar que pode fazer uma administração mais eficiente. Vive assustada com os “fantasmas” do passado, com um currículo que também não é muito melhor do que o apresentado hoje pela Frente Popular.


FPA: candidaturas pré-definidas
Pelo menos no que diz respeito à candidatura ao governo, a Frente Popular saiu na frente da oposição. Desde o final de 2008 era apontada como certa a pré-candidatura do senador Tião Viana (PT) ao governo do Estado. Não que essa indicação tenha surgido de uma discussão democrática interna, mas porque o peso dos caciques políticos da coligação é bem maior.

Nesse sentido, Tião Viana tem percorrido todos os municípios do Estado. Oficialmente não faz campanha. Tratam-se de visitas como parlamentar, mas por onde passa deixa não somente os remédios do programa “saúde itinerante”, mas também a mensagem subliminar da sua condição de pré-candidato. E por diversas vezes a oposição tem denunciado essa “desvantagem” na tribuna da Assembléia Legislativa (Aleac).

Em todo o caso, não se pode dizer que não há consenso. Ao contrário, palavra firmada, compromisso realizado. Os dirigentes da Frente Popular têm feito questão até mesmo de desmentir boatos de que o ex-governador Jorge Viana poderia concorrer novamente ao cargo. Jorge, em princípio, é o candidato “natural” da coligação a uma das vagas ao Senado. É apontado como favoritíssimo e o terno da posse no dia primeiro de fevereiro de 2011 no Senado estaria apenas contando os dias para sair do armário.

Não que falte projeto político à oposição, mas falta essa unidade consensual dentro dos partidos que almejam voltar ao poder. Na frente popular a ordem é não brincar com as pré-candidaturas e, nesse caso, a estratégia para 2010 é colocar panos quentes na proposta do deputado federal Fernando Melo (PT) de realizar uma pesquisa para ver quem disputará, pela coligação, a segunda vaga ao Senado.

Entre os dirigentes, há um interesse muito maior de patrocinar a pré-candidatura do presidente da Aleac, Edvaldo Magalhães (PC do B), ao Senado. Por dois motivos importantes. O primeiro porque a escolha contempla, de cara, um forte e importante aliado da coligação. E segundo porque Edvaldo Magalhães, intrinsecamente à realização do programa Assembléia Aberta, dissemina o seu nome – como faz e faria qualquer político – por onde passa.

Já o debate em torno do lançamento da pré-candidatura do deputado federal Henrique Afonso (PV) está praticamente fora de cogitação. Nem ele mesmo ainda se decidiu – possa ser o que faça em 2010 – sobre a disputa da vaga do Senado. Quem faz isso por ele são seus aliados, os dirigentes das principais igrejas evangélicas do Estado, que aliás, não ratificaram sua decisão de permanecer na frente popular depois que decidiu deixar o PT, partido pelo o qual se elegeu em 2006.


Oposição: a salada completa
Entre os partidos de oposição, até o presente momento, não há qualquer definição sobre candidaturas. O tucano Tião Bocalom, desde que perdeu as eleições municipais de 2008 em Rio Branco para o prefeito Raimundo Angelim (PT), tem se apresentado como o candidato preferencial das oposições. O discurso deu acerto até mais ou menos o meio do ano. De lá para cá, o PMDB não tem mostrado muito a vontade para dialogar com os tucanos, principalmente com o grupo político do próprio Bocalom.

Nesse contexto, aparece a pré-candidatura do vereador Rodrigo Pinto que é importância para os peemedebistas por pelo menos dois motivos. O primeiro porque coloca para a militância a tese – sempre defendida – de que o PMDB precisa ter uma candidatura majoritária própria. E a segunda é que joga para escanteio qualquer acordo com os tucanos.

A caravana da democracia, cuja versão se iniciou na pré-campanha de 2006, voltou a se repetir este ano. Só que agora com um discurso um pouco diferente. Os dirigentes dos vários partidos pregaram a unidade das oposições ao mesmo tempo em que não abdicaram da candidatura própria ao governo. A formação de uma chapa única, defendida por um setor importante das oposições, ainda parece uma onda no mar das indefinições.

A falta de diálogo ao governo não representa quase nada diante da indefinição quanto às vagas ao Senado. Os tucanos chegaram a ensaiar uma prévia para saber quem seria o escolhido para disputar o cargo. Venceu o ex-deputado Sérgio Barros, contrariando as expectativas iniciais do grupo político ligado a Normando Sales. Quem assistiu a tudo isso de camarote foi Marcio Bittar.

Inicialmente, ele pretende disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados, mas não esconde de ninguém o desejo de concorrer a uma vaga ao Senado, desde que seu nome seja consensual. Por esse caminho a trilha política está muito mais demorada. Nem Barros, nem Sales e nem mesmo o empresário Fernando Lage desistem da idéia de concorrer ao cargo. Isso sem falar que ainda tem o deputado estadual Luiz Calixto.

Mais comedido, entretanto, Calixto prefere deixar o debate para o ano que vem. Quadro qualificado, o parlamentar tem se mostrado fiel ao projeto político da oposição há pelo menos oito anos. Juntamente com Márcio Bittar, ele defende a tese de que os partidos de oposição devem lançar candidaturas únicas tanto ao governo quanto ao Senado priorizando, nesse caso, a definição em torno de um projeto político.

Pelo sim, pelo não, as indefinições da oposição devem ser resolvidas até o primeiro semestre. Se até lá essas questões não estiverem fechadas e os partidos decidirem mesmo lançar vários candidatos ao Senado e mais de um nome ao governo, estarão repetindo os mesmos erros de campanhas anteriores. Afinal, não são apenas nove anos repetindo os mesmos erros, mais do que isso, são nove anos sem aprender com as derrotas e com as lições das urnas.


Saudades do MDA
A última grande e importante eleição majoritária ganha pela oposição no Estado foram as eleições municipais de Rio Branco, em 2000, quando o deputado federal Flaviano Melo ganhou do então candidato Raimundo Angelim (hoje prefeito no segundo mandato) com a diferença de aproximadamente três mil votos.

Naquele momento, isso se tornou possível, mesmo com a frente popular no comando do governo desde 1999 com o primeiro mandato de Jorge Viana porque existia, com todos os problemas e diferenças, o que se chamou de Movimento Democrático Acreano (MDA). Era – e é – uma aliança desdenhada pelos governistas porque sabem que uma oposição unida é capaz de derrotar a frente popular nas urnas.

E o MDA somente se tornou possível porque havia lideranças políticos, algumas até sem mandato parlamentar, que faziam as decisões políticas acontecerem e darem certo. Era o caso, por exemplo, do empresário Narciso Mendes – hoje fora da política partidária – que tinha poder de decisão e sabia fazer a leitura de todo o processo eleitoral.

Desde então, divergências aconteceram e as lideranças de oposição não mais conseguiram se juntar em torno de um projeto político coletivo. “recriem o MDA com outro nome”, chega a sugerir um oposicionista, na tentativa de que formar uma única chapa majoritária. Os próprios números e prognósticos, em tese, ajudam os partidos, que parecem não enxergar o quadro para 2010.

Há um quadro político favorável no Vale do Juruá que precisa ser trabalhado. Em Tarauacá e em Feijó os partidos de oposição podem alargar os espaços, mas precisam melhorar o desempenho e dizer para a população o que pretendem fazer caso cheguem ao poder. Em Sena Madureira e em Rio Branco – este o principal pólo político do Estado – a situação é bastante dividida. O quadro somente é desfavorável nos municípios do Alto Acre, onde a frente popular governa todos os municípios.



O fator Marina
Mas as eleições de 2010, no Estado, terão um componente diferenciado. A frente popular, que costuma apresentar suas principais estrelas, estará desfalcada de uma delas - senadora Marina Silva – que se filiou ao PV para disputar a Presidência da República. Em tese, Marina continua na frente popular, mas suas divergências com o grupo político comandado pelo senador Tião Viana e pelo ex-governador Jorge Viana são cada vez mais latentes. Há um respeito mútuo, evidente, mas o racha político está declarado.

Tão declarado que ainda esta semana a senadora chegou a declarar que não está descartada da possibilidade do deputado federal Henrique Afonso disputar o Senado por uma raia própria, independente da vontade dos dirigentes da Frente Popular. Se isso acontecer, significa que para montar um palanque à sua candidatura à Presidência, poderá haver ainda uma candidatura ao governo, ainda que sem grande densidade eleitoral.

Quem está no meio desse caminho é o governador Binho Marques (PT). Autodefinido com um “técnico”, Binho foi alçado à condição chefe do Executivo estadual sob o teto político dos irmãos Viana e da própria Frente Popular. Entretanto, amigo e quase irmão de Marina Silva desde longa data, vive o dilema de apoiá-la no plano federal e tentar não contrariar sua linha política no plano estadual.

Como candidata à Presidência, dificilmente Marina ganha esta eleição, mas independente do resultado sairá do palco eleitoral de 2010 como uma estrela que pode brilhar em 2014 e até mesmo influenciar nas decisões políticas no Estado. Em seu caso, como está longe dos dirigentes da frente popular e não tem a menor pretensão de se aproximar do que hoje é a oposição, Marina certamente poderá criar aquilo que comumente vem a ser uma terceira via política.

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