Últimas Horas da Administração da Caneta Nervosa

Chega ao fim a Administração mais conturbada que Xapuri já teve, denominada “Pra ver Xapuri Renscer”, que desde os seus primeiros dias causou tumulto, revolta e muitas situações até hoje sem explicações. Entre agressões verbais, físicas, processos por calunia, difamação, injúria, assédio moral, assédio sexual, desrespeito a CLT entre muitos outros, Vanderley Viana de Lima comandou por quatro anos os rumos de Xapuri, altamente controvertido e detentor de uma postura paranóica de sempre pensar que seus assessores estavam lhe traindo, tomando sobre eles ações de desrespeito e baixo calão, termina seu mandato esquecido e com muitas explicações a dar.

Vanderley Viana tem uma trajetória já bastante conhecida na cidade que começa no inicio da década de 80, filho do deputado constituinte Felix Pereira e devidamente apadrinhado pelos maiores nomes da política acreana na época – Nabor Junior e Flaviano Melo – elege-se como vereador mais bem votado para o quadriênio de 81-84, apresentando projetos para época bastante inovadores, como a criação do Museu Casa Branca, transformação de ponto histórico do local de desembarque de Plácido de Castro no inicio da Revolução Acreana, entre outros. Em 1984 pelo bom trabalho desenvolvido e com apoio maciço da esquerda que na época era o PDMB, elege-se Prefeito Municipal, com apoio direto do Governo estadual – Flaviano Melo – realiza inúmeras obras, como construção de quadras, casas populares, pavimentação de ruas, escolas, postos de saúde na Zona rural, porém o seu temperamento, lhe causa sérios problemas, já que entre agressões a funcionários, agressão a militantes sindicais, entre eles o atual Governador do Acre – Arnóbio Marques – que “apanhou” em frente a prefeitura em 1987 por estar liderando um grupo de grevistas da educação, e como na época quem mandava era o prefeito ainda foi detido, e denuncias de desvio de recursos acaba por encerrar seu mandato praticamente sem muita coisa a fazer, no ultimo ano de seu mandato se envolve inclusive em mal entendido de fogos no dia do assassinato de Chico Mendes, que até hoje não está devidamente explicado.

Durante a década de 90, com problemas de ordem pessoal com a justiça, tenta se candidatar a prefeito e um grupo político impede juridicamente, tenta candidatar-se À deputado estadual e não consegue se eleger, porém em 2004 aproveita a oportunidade de que a população xapuriense desgostosa com a administração do PT e numa jogada de mestre, onde equipes da sua coligação minaram os currais eleitorais do Pt na Zona Rural, dificultando o acesso de um numero bastante representativo deste eleitores À acesso, portanto impedindo-os de votar, elege-se Prefeito Municipal com a diferença de 153 votos em relação ao candidato da situação Raimundo Mendes de Barros. Na época fiz o seguinte comentário “nunca tive tanto orgulho de meus conterrâneos em dar o poder nas mãos de um perseguido”. Assim como eu muitos se orgulharam, por que realmente qualquer pessoa merece uma chance e achávamos, que o passado comportamental, não seria nada mais que meras lembranças. Ledo engano!!!

Durante os meses de transição as ações foram marcadas por ofensas, pressão de ambos os lados, gritos pelas ruas, os famosos jornalzinhos anônimos entre outras sandices. No dia da posse o discurso já dava o tom de que a nova administração seria altamente centralizada e de que doa a quem doê-la os pseudo projetos da administração seriam implantados

Os primeiros processos surgem na primeira semana de administração, com a tentativa de invasão do recém prefeito à Radio 06 de agosto e ao Museu dos Xapurys, seguidos pelos primeiros processos trabalhistas já que Vanderley se recusa a pagar o 13 salário que administração anterior não efetuou e continua com a perseguição de funcionários petistas de desafetos políticos de pessoas com problemas pessoais entre muitas outras coisas. Porém nada disso importava a população em geral já que uma coisa temos que reconhecer a cidade estava uma “porcaria” e diurturnamente, o próprio Vanderley mais a sua equipe estavam trabalhando para dar uma nova roupagem à cidade, o que de fato conseguiu.

Até meados do mês de março de 2005, ou seja quase três meses de administração e Vanderley começa a se desentender com seus secretários e assessores, exonerando um, nomeando outro, exonerando na outra semana o que lhe rendeu o carinhoso apelido de Caneta Nervosa,.

Festeiro como sempre foi, promove em março um show do Cantor baiano Paulo Diniz, que gera a primeira denuncia da administração, já que segundo seus opositores os recursos para o pagamento eram oriundos da educação. Nesse viés mais secretários “dançam” e sou convidado no inicio de abril de 2005 para trabalhar na assessoria de gabinete do Prefeito, por onde fiquei conciliando a assessoria e a Direção do Departamento de Divulgação Social do Gabinete do Prefeito até meados de outubro de 2005, onde tive a oportunidade de colaborar significativamente com os projetos da administração, e tendo sempre uma postura de defender acima de tudo o nome da equipe, coisa que fazia sem pestanejar.

Em outubro explode uma série de denuncias na Educação e na Secretaria de Financias e repentinamente é aberto na câmara procedimento investigatório com possível CPI para cassação do Prefeito. Novamente novo convite da administração assumo como Secretário Municipal de Educação para realizar auditoria na pasta, após o processo, sou convidado a permanecer no cargo, coisa que faço por mais 1 ano e meio, assumindo em meados de 2007 a Chefia de Gabinete do Prefeito, justamente para “apagar incêndios” – pior coisa que fiz – por duas vezes abandonei a administração e em seis meses acabei conciliando cargos como Diretor do Departamento de Planejamento e Projetos, Diretor de Finanças da FMCD, Secretário Municipal de Planejamento, Finanças e Coordenação Geral ... até decidir em janeiro de 2008 sair de vez da administração. Após minha comunicação nada foi como era antes, até o inicio de fevereiro quando deixei minhas funções de gestão pública municipal, intrigas, fofocas e muita inveja pairaram pelos corredores da autarquia, até chegar ao extremo.

A necessidade destas informações é somente para constatar que durante os três anos que passei pela Prefeitura de Xapuri, vivenciei e passei a conhecer as situações que todos comentam a baixo vocabulário pela cidade como de fato aconteceram, e que tenho propriedade para falar sobre as situações.

Durante todo esse percurso Vanderley, não deixou de lado sua postura única de fazer inimizades, de criar inimigos que o digam – Jorge Viana e Tião Viana – impressionante que nenhum ex-secretário sinta nenhuma afeição por ele, mas sim um grande repúdio e mágoa da “braba”.

A Administração Pra Ver Xapuri Renascer conseguiu a estranha façanha de bater o recorde em processos em transito por uma administração municipal no Acre, nem mesmo municípios como Cruzeiro do Sul ou Sena Madureira e Rio Branco conseguiram a marca de 380 processos, muito trabalho avista para o próximo gestor.

Vanderley Viana deixa coisa boas em Xapuri, como uma série de obras alternativas realizadas sem ajuda do governo, como o Portal de Entrada, a pavimentação asfáltica das ruas 17 de novembro e 06 de agosto e 12 escolas na zona rural – construídas qunado da minha passagem como secretário – reformas de postos de saúdes e aquisição de alguns automóveis, porém como ninguém é avaliado pelas coisas boas que fazem, mas sim pelas bolas foras, termina o seu mandato assim como em 88 –odiado por muitos, incompreendido por uma parcela maciça da população e esquecido por todos, porém é inegável que já faça parte da história de Xapuri.

Agora é esperar para uma possível volta à cena de Vanderley Viana, pelo menos mais um opositor ele ganhou para a próxima vez.....EU.....