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sexta-feira, 22 de maio de 2009

Consciência das tendências

Escrito por Gabriel Perissé
A tendência é escrever menos, ou mais ou menos. A tendência é ser curto e grosso. A tendência é tomar ciência e ir em frente. Queimar o chão. Pular miudinho. Trocar em miúdos e ainda pedir desconto.

Textos longos, para quê? Parágrafos complexos e labirínticos — neles estou perdido.

Menos adjetivos. Menos conjunções. Menos confusões. Menos alusões. Menos. Menos.

Raciocínios rebuscados me buscam à noite, e eu os ponho para fora de casa. Quero imagens, elas são a última palavra, quero palavras simples, sou um escritor sem pretensões.

Esqueçam a nostalgia, não reclamem da rapidez generalizada, da fragmentação, do excesso de informação — estamos todos envolvidos e resolvidos, crie uma senha de seis dígitos.

Não, não é protesto, nem vingança, não é necessidade de afirmar uma determinada civilização, um projeto melhor, uma escola literária, uma forma de ler e pensar mais elaborada, não é questão de princípios, não se trata de saber a finalidade do que quer que seja.

Escrevo porque sim. Leio porque sim. Penso estar pensando.

As tendências são as que estão aí, tomo consciência de que o pouco é muito, o nada é tudo, o longo é curto, o dentro está por fora, o alto me rebaixa.

E lá vou eu e as palavras. Escolho ou sou escolhido, tanto faz. O texto que escrevo me leva e traz. Só queria, verdade: só queria um pouco de paz.

A respiração da escrita: inspirar, expirar, importar, exportar, in, ex, in, ex, inalar, exalar, inscrever, excrever (com "x", sim), in, ex, in, ex, in...
— Doutor, ele continua respirando?
— Ele quem?
— O texto, doutor!
— Ah, sim, o texto. Parece que sim.

O que aparece de repente some, o que desaparece já voltou, o certo duvida, o duvidoso vence, o inusitado entedia, o eterno termina.

Todos recriminam os paradigmas, e eles se tornaram paradogmas ainda mais cruéis. Eu mesmo já pensei que poderia salvar o mundo com uma frase esmerada. Que nada!

No entanto, quem desiste já dexistiu. Dexistir com "x", sim, com "x" — a decisão de quem abre mão, pendura as chuteiras, joga a toalha, lava as mãos, sai pela porta dos fundos, de fininho.

Continuar, portanto. Escrever, portanto. Muito ou pouco, isso não importa...

Importa, e muito!

Escrever é abrir aquela porta que alguém fechou há tanto tempo. Talvez eu mesmo a fechei, sem querer. Escrever sempre! E exportar.

Gabriel Perissé é doutor em Educação pela USP e escritor

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