Campanha de "esclarecimento" da lei que mudou o fuso horário do Acre afirma que a mudança é um ideal da revolução acreana (?!?!). É uma mentira histórica propagada com uso de recursos públicos. Onde anda o MP para coibir este abuso?
Todos já notaram que a campanha de publicidade relativa à implantação do novo fuso horário está em pleno andamento. Ela começou timidamente e de forma incompetente no rádio faz algumas semanas. Inicialmente haviam informado o dia errado em que o novo horário entraria em vigor. Depois passaram uma semana mandando todos 'desconsiderar' a mensagem anterior. Parecia até piada.
E a última versão da campanha que está sendo transmitida nas rádios locais contém uma informação no mínimo suspeita: ela recomenda a todos continuar a acordar no horário habitual!?!?
A agência responsável pela peça publicitária está confundindo os ouvintes, que imaginam que o novo horário não irá mudar em nada as suas vidas. Muitos pensam erroneamente que com o novo horário irão economizar uma hora na parte da manhã e que por isso poderão dormir um pouco mais etc. Ledo engano: todos terão que acordar uma hora mais cedo sob pena de chegar atrasado nos compromissos matinais.
A maior parte da população ainda não se deu conta que o projeto de Tião Viana, sem pedir permissão, usurpou 'para sempre' uma hora da vida de cada um dos acreanos.
E por que a peça publicitária está pregando este tipo de 'peça' nos ouvintes? O que mais posso pensar que não uma tentativa de livrar a cara do autor do projeto que fará os acreanos 'acordar no escuro'?
E os responsáveis pela campanha publicitária não se limitam a isso. Quem já viu o outdoor da campanha observa que eles tascam uma imagem do sol na peça publicitária. Deveriam colocar a imagem da lua pois os acreanos agora terão de madrugar! Agora vão ter que acordar olhando as estrelas no céu!
Mas o mais grave da mensagem contida no outdoor é o chavão: "Ideal da Revolução Acreana".
Que sacrilégio! Que mentira sem tamanho tentar associar a mudança do fuso horário com os ideais da revolução acreana!
E está subscrita pelo nosso Governador Binho Marques, o ordenador das despesas do Estado. Tenho certeza que ele não está de acordo com o que está escrito nos outdoors. Tampouco os acreanos autênticos foram tocados em sua acreanidade ao lerem tamanha mentira.
Em primeiro lugar, na época em que os revolucionários lutavam para incorporar o Acre ao Brasil, entre 1899 e 1903, não existia sequer o sistema de fusos horários. Ele só surgiu 10 anos depois! Naquela época, quem dirigia a vida das pessoas e determinava a hora de acordar, almoçar e dormir era a posição do sol.
Depois, todos sabem que com a mudança promovida pelo Senador Tião, o sol passará a surgir no horizonte dos acreanos depois das seis da manhã. E se o dia estiver muito nublado, correremos o risco de ter plena claridade matinal pouco antes das sete da manhã!
E para completar a aberração, nosso final de tarde tropical vai ser uma imitação das tardes nas regiões temperadas do planeta: o sol vai se pôr por volta das sete da noite! A mudança do fuso horário acreano é, portanto, um claro atentado contra a natureza e o relógio biológico dos acreanos de pé rachado, ou seja, aqueles que nasceram e se criaram na terra de Galvéz.
Mas, além de ferir as leis da natureza que imperam na região tropical onde o Acre está inserido, a mudança da hora feita por Decreto modifica não apenas o ideal da revolução acreana, mas o dos autonomistas, que sempre lutaram por um Acre Estado autônomo e dono de seu próprio destino. Um Acre onde os próprios acreanos poderiam decidir com liberdade e democracia "as questões acreanas". Sem depender, como ocorria quando ainda éramos Território Federal, das decisões unilaterais tomadas nos gabinetes de Brasília.
Ao se render a interesses empresariais e colocar a vaidade pessoal à frente do interesse público e da democracia, o Senador Tião Viana dá uma demonstração de desprezo à pluralidade de opiniões e aos verdadeiros ideais revolucionários e autonomistas acreanos.
Nessa questão de fuso horário, regredimos por um instante aos tempos de Território Federal pois o povo não teve 'autonomia' para dizer se era a favor ou contra a mudança do fuso horário.
E como desgraça pouca é bobagem, ainda temos que assistir a esta campanha publicitária eivada de equívocos históricos. Mas o pior mesmo é saber que ela está sendo paga com recursos públicos. Onde anda o MP?
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